terça-feira, 11 de novembro de 2008

Se eu fosse presidente do COB

Por ALBERTO MURRAY

Se eu fosse Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, eu:

- teria vergonha de ver meu nome estampado na primeira página do maior jornal da minha Cidade, acusando-me de ter feito uma reeleicao sorrateira;
- ficaria enrubescido no corpo inteiro ao ver o outro grande jornal da minha Cidade, acusando-me da mesma coisa que o outro;
- teria dores de estômago ao perceber que a mídia de todo País condenava os meus métodos de reeleicao;
- setirme-ia- pior ainda ao verificar que ate a mídia não especializada desviara atenção para a minha reeleicao, acusando-a de ilegitima;
- pediria para sair se constatasse que o que eu fiz não agradou a ninguem, principalmente aos Atletas, que deveriam ser a voz mais importante a ser ouvida;
- enfiaria a cabeça no primeiro buraco da praia de Ipanema, feito um siri, ao prometer mundos e fundos em algum dossie de candidatura em realização de obras de infra-estrutura para o povo da minha Cidade e não ter cumprido uma meta sequer. Não teria coragem de jogar a culpa disso em cima dos Poderes Públicos;
- teria catapora ao mostrar aos membros da Organização Desportiva Pan-Americana ("ODEPA") que não fiz construir uma única dessas obras e que os "elefantes brancos" que edifiquei não ficaram, ao menos, à disposição do povo para, livremente, praticar esportes;
- ficaria sem voz ao constatar que, apesar dos bilhoes de Reais de dinheiro público empenhados nos Jogos Pan-Americanos, a opinião especializada concluísse que o legado para a minha Cidade fora zero;
- não saberia aonde enfiar a cara se o Tribunal de Contas do meu próprio País desse um retumbante NÃO à minha prestação de contas sobre alguma competiçao internacional realizada sob os meus auspicios;
- não faria de nenhuma Cidade do meu Pais candidata à sede de Jogos Olimpicos enquanto não fossemos uma potência economica com distribuição justa de renda, em saúde, educação, transporte, moradia, segurança, meio ambiente, cultura e tantos outros itens;
- pediria ao Governo que, em vez de empenhar milhões e milhões de Reais em uma candidatura fadada ao fracasso, aplicasse esse dinheiro na base do esporte, nas escolas públicas de ensino elementar. Eu colocaria minha experiência à serviço do Governo para auxiliar nessa tarefa. Chamaria de demagogo o Prefeito, Governador, ou Presidente que quisesse trazer uma Olimpíada para o Brasil;
- eu respeitaria a lei e faria licitação para todos os servicos contratados com terceiros;
- eu acabaria com intermediários, desnecessários, como agências de viagens, que ganham comissões às custas das reservas de passagens e hoteis comprados à partir do Comitê;
- eu não deixaria que qualquer membro do Comitê tivesse qualquer relacionamento empresarial com interesses financeiros ligados à àrea de esportes;
- eu tentaria passar ao povo a mensagem de que ser potência olimpica a qualquer custo é uma idiotice. Eu diria que mais importante do que contar medalhas é desenvolver na juventude o gosto pela prática do esporte para se ter uma nação mais saudável. Que após muitos anos, criando-se no País uma mentalidade Olimpica, da quantidade tiraríamos a qualidade:
- aliás, lutaria para que o Ministerio da Educação incluisse em seu programa básico de ensino a obrigatoriedade de aulas de Olimpismo, na disciplina de educação fisica, ou de história. Isso também obrigaria aos Professores estudar a materia;
- não "babaria ovo" para Presidente, Ministro, Secretário, patrocinador ou quem quer que fosse. Agiria com educação, mas não me afastaria, nunca, de meus princípios olímpicos, sendo capaz de criticar, publicamente, qualquer autoridade que eu achasse que devesse ser criticada. E de elogiar quem eu achasse que deveria ser elogiado;
- não teria o rabo preso com ninguém;
- estimularia às críticas dos outros a mim mesmo e as analisaria com humildade para, quem sabe, corrigir rumos;
- responderia a todas as perguntas da imprensa, sem destratar qualquer repórter, mesmo quando julgasse que algumas perguntas fossem provocativas. Esse, também, é o oficio deles;
- faria definições claras para a distribuição do dinheiro da Lei Piva;
- certamente, não faria sozinho esses critérios. Chamaria as Confederações, Federações, Clubes e Atletas a dar sugestoes;
- não concordaria com a "meritocracia" em que os esportes mais ricos, por terem outras fontes de renda, estariam sempre em primeiro lugar;
- tentaria achar uma forma justa de dar mais a quem tem menos, as chamadas Confederaçoes menos prestigiadas;
- exigiria das Confederações que, como um dos critérios para o repasse de verba, fosse apresentado ao Comitê a realização de trabalhos sociais, do desenvolvimento do seu esporte em comunidades pobres;
- acabaria com essas seleções permanentes e centros de excelência "de faz de conta". Ao mesmo tempo em que exigiria disciplina dos Atletas de alto rendimento, o deixaria livres para treinar em seus clubes (célula mater do esporte brasileiro), vivendo em suas Cidades, ao lado de suas familias. As seleções poderiam reunir-se, talvez, uma vez por mes. Por princípio, os Atletas de alto rendimento devem ser responsáveis por sua vida regrada. Temos que confiar no bom senso de cada um deles;
- repassaria a maior parte do dinheiro público às Confederações, às Federações, aos Clubes e ao Atletas, porque quem menos precisa de dinheiro é o proprio Comitê, cuja função não é formar o Atleta. É a de dar condições para isso;
- acabaria com verbas altíssimas de "manutenção da entidade" e daria outra destinação a essas quantias. Certamente iria para o desenvolvimento do esporte;
- daria menos festas;
- não faria publicidade nem do Comitê, muito menos de mim mesmo, com dinheiro da entidade;
- exigiria prestação rígida de contas e não admitiria um só deslize. Tratar com dinheiro publico é coisa muito séria;
- eu daria liberdade de Associação à Academia Olímpica Brasileira, deixando com que seus próprios Membros escolhessem a sua diretoria;
- apoiaria os Estudos Olímpicos, pois a base de tudo isso nada mais é do que o Olimpismo como uma filosofia de vida a ser difundida na sociedade;
- não faria média com Confederações, levando à Jogos Olimpicos Atletas com índices fracos, apenas para inchar a delegação e sair por ai dizendo "essa é a maior delegaçao bla, bla, bla…" E daí que é a maior delegação? Jogos Olímpicos coroam a vida de um Atleta e não é lugar para se ganhar experiência;
- reduziria meu próprio mandato para uma eleição de quatro anos, com direito a uma única reeleição;
- lutaria para que o mesmo fosse feito com as Federações e Confederações;
- eu revogaria, de cara, o artigo 26 dos Estatutos do Comitê, que impede que qualquer cidadão brasileiro seja candidato à Presidente e Vice-Presidente da entidade, a qual, hoje, vive do dinheiro do povo;
- faria constar dos contratos de patrocínio assinados com empresas privadas, uma cláusula inversa à de confidencialidade. Uma cláusula que exigisse do Comitê dar publicidade àqueles contratos. Se as partes não têm nada a esconder, esse é o único caminho;
- incentivaria a literatura olímpica e esportiva de uma maneira geral, de forma mais democrática;
- tentaria dar aos nossos talentos excepcionias o tratamento especial que eles merecem. Mas não os confinaria em "campos de concentração". Eu teria que acreditar no bom senso desses Atletas e em sua auto-disciplina. Se ele quer ser um grande Atleta, deve partir dele, antes de tudo, a responsabilidade pelos seus atos. Atleta-talento sem responsabilidade não é Atleta. Quem tem a perder é somente ele. E perderia mesmo, se fosse um irresponsável e não soubesse aproveitar as boas oportunidades;
- eu daria mais ênfase às competições nacionais estudantis e universitárias. O esporte universitário é uma das coisas mais bonitas que existem nesse meio;
- lutaria pela criação de uma agência nacional de esportes, a ser tocada por técnicos com mandato, livres de influências politicas, para fazer um planejamento a longo prazo para o esporte brasileiro;
- eu acabaria com a Casa Brasil em Jogos Olímpicos, que acaba não servindo para nada. Ou se quisessem fazê-la, que fosse por conta e ordem da iniciativa privada;
- eu não levaria presentinhos para os Membros do Comitê Internacional Olímpico. Isso não dá prestigio a ninguém. Eu tentaria obter o prestígio deles pela seriedade e clareza de minhas posições;
- exerceria a função com autoridade, mas, nunca, com autoritarismo;- eu acho que eu seria o maior crítico de mim mesmo, que seria capaz até de me fazer auto-oposição em alguns momentos.
Postado no blog de Juca Kfouri na segunda-feira
http://albertomurray.wordpress.com:80/

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Salve-se quem puder

O Avaí joga às 19h30 desta terça-feira contra o Brasiliense no estádio da Ressacada. A perspectiva é de casa cheia porque uma vitória colocará o Avaí na série A. A direção do clube admite que dormiu no ponto e tentou muito tarde a mudança, perdendo o prazo de dez dias previsto pelo Estatuto do Torcedor para alterações de horário ou local das partidas. Tudo bem que temos uma legislação a cumprir, mas faltou força política e de argumentação para convencer a diretoria da CBF sobre a impropriedade do que determina a tabela. Nesse caso o bom senso e questões de segurança deveriam se sobrepor, uma vez que o fluxo de trânsito no horário previsto para a partida deixará parte da Ilha paralisada. Usuários do Aeroporto Hercílio Luz e moradores da região, principalmente, conhecerão o inferno.

É uma casa brasileira, com certeza

A CBF faz jus hoje, como nenhum outro estabelecimento do gênero, à denominação de “casa da Mãe Joana”. Como justificar um amistoso em Brasília semana que vem contra Portugal em cima da fase final do Campeonato Brasileiro e da Copa Sul-Americana? São Paulo, candidato ao título da competição nacional, e Internacional, na semi-final sul-americana, têm jogadores convocados. A burrice e a irresponsabilidade andam juntas nesse episódio. Acrescentemos, ainda, a viagem de Dunga a Portugal para promover o amistoso. E desde quando a seleção brasileira precisou de promoção para seus jogos? Ricardo Teixeira e sua trupe não cansam de se superar.

O Gallo cantou certo

O técnico Alexandre Gallo saiu do Figueirense porque não aceitou as diretrizes do departamento de futebol do clube e a fragilidade do time para enfrentar o Campeonato Brasileiro. Na época, lembro bem, Gallo pediu a contratação de reforços de qualidade e não apenas de jogadores que viessem a aumentar o come e dorme, como acabou acontecendo. O treinador abandonou o barco antes que afundasse, realidade atual para desespero do seu torcedor, enganado antes, durante e depois do canto profético do Gallo. A situação do Figueirense hoje já é pior do que a do Criciúma, porque abaixo, na primeira divisão, tem somente o Ipatinga. Na série B o CRB de Alagoas está matematicamente rebaixado.

A "via crucis"

A possibilidade de rebaixamento para dois times catarinenses é concreta. O Figueirense é o penúltimo da série A com 35 pontos e quatro jogos a cumprir: São Paulo (f), Náutico (c), Botafogo (f) e Inter (c ). O Criciúma é o primeiro na zona de rebaixamento da série B, 36 pontos, e também com quatro jogos pela frente: Marília (f), Gama e Santo André (c ) e Ponte Preta (f). A diferença é que na série A as quatro vagas estão em aberto.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Campeão de audiência

Outro dia fiz um comentário sobre as qualificações de Muricy Ramalho e Mano Menezes, para mim os melhores técnicos em atividade hoje no futebol brasileiro. Por inúmeras razões, uma delas descrita abaixo, deixei fora da análise Wanderlei Luxemburgo, até dias atrás o mais badalado de todos. No dia em que a coluna foi publicada fiquei sabendo da participação de Wanderlei como comentarista da Globo no jogo em que o time B do Palmeiras enfrentava fora de casa o Argentino Juniors pela Copa Sul-Americana. Além de não viajar para a Argentina – a pretexto de preparar o grupo que ficou em São Paulo para o confronto contra o Grêmio pelo Brasileiro -, ainda mandou um grupo de apenas 14 jogadores, entregues pelo seu comandante à fúria dos argentinos que prometiam forra das brigas que aconteceram no jogo de ida no Parque Antártica. Alguns conselheiros palmeirenses foram tirar satisfações da diretoria pela postura nada profissional do seu treinador, useiro e vezeiro em incidentes extra-campo, além da inconveniente duplicidade de ações, como técnico e agenciador de jogadores. Que a Globo se preste, aceitando o homem como comentarista eventual, vá lá, é briga por audiência, coisa e tal. Mas é com esse e outros comportamentos similares que Luxemburgo derruba seu currículo de técnico competente, cheio de conquistas. Os holofotes e a mídia fazem muito mal ao Luxa e lhe tiram, (e felizmente, a meu modo de ver) qualquer possibilidade de um dia virar empregado de Ricardo Teixeira na CBF.

Circo mambembe

Façam uma visita aos principais equipamentos esportivos existentes em Florianópolis e tentem descobrir algum que hoje possa receber um grande evento. A busca será infrutífera. Não temos nada que preste, apesar das muitas promessas de candidatos ou mesmo prefeitos eleitos. Como piada li e ouvi outro dia sobre a possibilidade de se construir uma Arena em Canasvieiras, pasmem, para apenas cinco mil pessoas. Para a cobertura poderão utilizar aquelas lonas remendadas dos cirquinhos mambembes que circulam pelo interior do Brasil.



quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O crepúsculo da autoridade

No final da tarde da quarta-feira sai de casa de carro, no meio de mais um temporal que em poucos minutos inundou ruas, desligou semáforos e deixou o trânsito daquele jeito que todo mundo imagina. Policiais militares e guardas municipais nessa hora devem correr pra baixo das marquises ou para seus quartéis, o que é mais provável. Desaparecem todos das ruas, justamente no momento em que a cidade mais precisa deles. Os tapetes pretos do Dário espalhados pela Capital dão a sua contribuição ao caos, graças à péssima qualidade do asfalto e aos bueiros rebaixados servindo de armadilhas para rodas e suspensões de nossos carrinhos populares. Além de não darem conta da vazão da enxurrada, inundando ruas e avenidas, ditas vias de escoamento rápido. Só se for dos policiais e guardinhas, pela rapidez com que desaparecem. A propósito, vou lançar campanha para aquisição de capas e guarda-chuvas para que a chuva não volte a intimidar nossas autoridades do trânsito e assemelhados. E também vou ficar torcendo para que a bandidagem não se dê conta do estado de abandono a que fica submetida a população ao cair da tarde.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Invasão de privacidade

“Há muito tempo o jornalismo esportivo deixou de ser uma atividade do jornalismo, porque qualquer um pode ser comentarista, até ex-jogador que não domina a escrita e muito menos sabe falar. Pela lógica de quem os contrata, o juíz e o delegado para julgar e prender um ladrão terá que ser um ex-ladrão.Na verdade, estamos cheios de torcedores privilegiados que ganham para torcer e não para relatar os fatos. O que interessa é o Brasiiiiillll e não o evento, o esporte e a reputação deste”. (Paulo Brito, jornalista e comentarista da Rádio CBN) Esse assunto levantado pelo colega da RBS já vem me incomodando há muito tempo, na verdade desde que os primeiros casos começaram a acontecer nas emissoras de rádio. As tevês abertas seguiram o rastro e passaram a ter comentaristas “convidados” – para burlar a lei - entre ex-jogadores e treinadores ainda em atividade. Estes últimos invadiram o espaço dos jornalistas como um jeito de permanecer na vitrine, fazendo um conveniente vai-e-vem entre as duas profissões. Agora as tevês por assinatura estão enchendo suas transmissões esportivas e programas de debates com a mesma toada de ex-atletas, alguns sem terem passado pelo Mobral. A ausência do senso crítico e a falta de preparo, trocados pelo ufanismo inconseqüente, tiraram do telespectador/ouvinte a possibilidade de receber a informação séria e condizente com os princípios básicos do bom jornalismo.

Bons moços

A escolha de Maradona para técnico da seleção argentina virou polêmica no mundo inteiro, basicamente por causa do envolvimento com drogas no seu tempo de jogador. Ele já foi pré-julgado sem ao menos sentir o gostinho dos primeiros passos em sua nova profissão. As discussões continuam em cima também da sua inexperiência, a exemplo do que aconteceu com Dunga que agora começa a ser duramente contestado por causa dos resultados da seleção brasileira. Num e outro caso as críticas deveriam se resumir ao trabalho, ao desempenho como comandantes de grupos importantes como são as seleções destes dois países. A não ser que a vida particular interfira, hipótese que mistura o passado com o presente de Maradona. Nada a ver, acho eu. O bom mocismo de Dunga por enquanto não tem ajudado muito na sua função de treinador.

Muricy Menezes

Muricy Ramalho e Mano Menezes são os melhores técnicos em atividade hoje no Brasil. O trabalho dos dois, um provável campeão da série A com o São Paulo, o outro da série B com o Corínthians, os coloca em evidência não só no Campeonato Brasileiro, mas também como sérios candidatos a um futuro na seleção brasileira. O único empecilho para ambos seria, quem sabe, a política que permeia as relações da CBF e Ricardo Teixeira com os profissionais escolhidos para o cargo. Muricy e Mano têm um traço comum, às vezes confundido com mau humor, que é a seriedade com que encaram a profissão. Ao contrário de outros treinadores em atividade, muito suscetíveis à mídia e às luzes da ribalta.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tapando o sol com a peneira

A delegação do Figueirense voltou de Porto Alegre reclamando muito da arbitragem do baiano Jaílson Macedo Freitas. As críticas mais contundentes partiram do técnico Mário Sérgio que classificou Jaílson de árbitro caseiro, uma queixa comum nesta fase final do Campeonato Brasileiro. Concordo com o xará no que se refere a alguns lances no empate com o Grêmio no Olímpico e acrescento minha opinião no que diz respeito à arbitragem de um modo geral, uma porcaria este ano. No jogo em questão, não se justifica a escalação de um árbitro de segunda linha em confronto que envolvia, até então, o líder da competição. No mais o Figueirense começa a perder a razão com a falta de qualidade do time, principalmente dos atacantes. Contra o Grêmio eles apenas aumentaram a série impressionante de gols perdidos e que têm derrubado a equipe em vários jogos. As arbitragens são muito ruins, tenho dito, mas não muito abaixo da condição técnica exibida atualmente pelo Figueirense, razão principal para sua colocação na zona de rebaixamento. A situação é tão ruim que, em outros tempos, um empate na casa do Grêmio seria comemorado como vitória e serviria para melhorar ainda mais a classificação e não para empurrar o time para o grupo da morte.

Ganhou mas não levou

Foram tantas as trapalhadas da Ferrari em 2008 que nem uma vitória em casa do seu piloto número um no último GP serviu para salvar a temporada de Felipe Massa, encerrada com o pódio mais triste de um vencedor de prova. A equipe tem uma grande dívida a saldar com o brasileiro tantos foram os erros de box no ano. Em Interlagos Massa foi campeão por exatos 38 segundos, o tempo que Lewis Hamilton levou para garantir o quinto lugar e o título na última curva na última volta da última prova.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Asas à imaginação

Preparem a Branca de Neve e os seis anões para a recepção ao sétimo, que qualquer dia destes estará em Florianópolis para uma visita à Ressacada e, quem sabe, assistir a um jogo do Avaí. O rebuliço já é grande por causa da vinda de Dunga. Imagino no dia em que o técnico da seleção brasileira pisar em solo catarinense. Tudo isso é normal. O que me espanta é a expectativa de alguns setores da mídia, acreditando que Dunga poderá observar jogadores avaianos. Quem, cara pálida, do atual elenco, mereceria uma convocação? Sinceramente, esse time do Avaí cumpre com louvor seu papel na série B do Brasileirão. Daí a sonhar com alguém vestindo a camisa da seleção vai uma distância muito grande. Deixem a CBF fazer a mediazinha dela com seus afiliados e afilhados políticos – presidentes de Federação -, mas não entrem nessa viagem. É jeca demais para o meu gosto.

A Copa do apagão é nossa

Apagão para deixar meia cidade às escuras durante três dias, apagão moral, apagão ético, apagão técnico no time do Figueirense, tudo isso o morador de Florianópolis já viu. Faltava o apagão mental que acometeu um engenheiro da Celesc na explicação que deu para a falta de luz no Orlando Scarpelli. Disse ele que a culpa foi das fitinhas utilizadas pelos torcedores para saudar a entrada do time em campo e que, levadas pelo vento, atingiram alguns fios próximos ao estádio, provocando curto circuíto e desativação do sistema. O episódio é ridículo, como são as seguidas explicações da Celesc e tende a se repetir em outras situações, como tem acontecido com freqüência em Floripa. É uma temeridade, não só pela temporada que se aproxima, mas pela candidatura pretendida pela Capital a uma das sedes da Copa de 2014. É muito apagão para uma cidade só.

É proibido fumar

Durante a confusão por causa da falta de luz no Orlando Scarpelli, o presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, apareceu no meio de atletas, dirigentes e arbitragem baforando um grosso charuto. Enquanto conversava animadamente com os que o cercavam, espalhava o fumacê provavelmente cubano pelo gramado e redondezas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pergunte ao prefeito

Gostaria de, como eleitor e cidadão, ter a chance de fazer uma pergunta aos prefeitos eleitos por toda Santa Catarina. Uminha só, olho no olho: Prefeito, o senhor já sabe que promessas não poderá cumprir? Fico imaginando – só na imaginação, claro – o ilustre alcaide acometido de um ataque de sinceridade respondendo tintim por tintim a constrangedora indagação. Digamos que a campanha tenha rendido, modestamente, cerca de dez promessas. O leitor calcula que percentual os eleitos poderiam – ou deveriam –atender? Vamos ser generosos e pensar em factíveis 50 por cento. Bom demais. A outra metade então caberia nas justificativas que nós, eleitores crédulos e otimistas, ouviríamos com respeitosa atenção. No caso de Florianópolis, acredito que o assunto-promessa transporte marítimo continua imbatível. Menos mal que o alemão Dário não embarcou no teleférico do Nildão, caso contrário era mais uma pra lista. E a saúde, educação, transporte coletivo? Nossa, quanta promessa boa de não cumprir está embutida nestes temas. Esporte, áreas de lazer como parques e outros equipamentos? Ora isso não vale nenhum tipo de comprometimento com a população. É bobagem, tanto que nem constou de qualquer manifestação dos candidatos. E pra encerrar esse papo que já ficou comprido demais, uma boa justificativa para promessas não cumpridas pode vir da comissão que estuda o orçamento para a futura administração de Floripa: o chefe, “Il Capo di Tutti Capi” nesta operação chama-se Juarez Silveira. O da moeda verde, lembram?

Um elefante alvinegro

Um estádio moderno, que custou R$ 380 milhões, utilizado recentemente para os Jogos Pan-Americanos, segundo a CBF não tem condições para abrigar o clássico entre Botafogo (mandante) e Flamengo pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro. Vai ser no Maracanã. Há quem diga que esse é mais um dos fortes indícios sobre a necessidade de “fazer” o Flamengo campeão brasileiro de 2008, lembrando que ano passado já foi um escândalo a mudança de tabela com adiamento de partidas para que o clube pudesse recuperar e contratar alguns jogadores. É um episódio emblemático por tudo que o envolve. Esta praça esportiva vetada pelo Rei Ricardo e sua corte e que é a casa do Botafogo, serviu de palco para o confronto contra o São Paulo ontem à noite e tem sido utilizada em todos os jogos do Campeonato Brasileiro. Vale dizer que a administração do estádio depois do Pan passou para o sem teto Botafogo que, lógico, aceitou a incumbência. Isso se deu porque as autoridades estaduais decidiram não encarar os compromissos assumidos com um equipamento esportivo daquele porte, que custou os olhos da cara, financiado com recursos dos nossos impostos, e que acabou enjeitado pelos gestores públicos. Cada vez que assuntos como esse vêm à tona a gente lembra o relatório do Tribunal de Contas da União sobre os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro e que permanece misteriosamente retido em algum gabinete na capital federal.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Dunga e Dieguito

A Associação de Futebol da Argentina (AFA) arrumou uma boa encrenca com o torcedor ao confirmar Diego Armando Maradona como técnico da seleção. É uma aposta de risco. Claro que os cartolas tiveram o cuidado de formar uma comissão técnica que tem Carlos Bilardo, campeão do mundo pela Argentina em 1986. Surpresa e desconfiança estão juntas nas primeiras avaliações da mídia e da arquibancada. Para consolo de Dunga que agora passa a dividir críticas com um vizinho igualmente sem experiência como treinador.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Os senhores dos anéis"

Em tempo de aspirações brasileiras a sedes de Copa do Mundo e Olimpíada, e após a realização no país dos Jogos Pan-Americanos, é bom ler o texto que fui buscar no blog do Juka Kfouri, um dos poucos jornalistas da nossa mídia que marca em cima e denuncia as intermináveis travessuras da cartolagem, seja no futebol ou no esporte amador, que hoje de amador não tem mais nada.

Por LINO CASTELLANI FILHO

Do "Observatório do Esporte"

No COB, seu atual mandatário já tem assegurado o mando até 2012, quando completará 17 anos na sua presidência.
O presidente da CBA já está no poder a 21 anos, o mesmo número de anos do presidente da confederação de Taekwondo.
Na CBDA são 20 anos.
No boxe, 11.
Lá fora também é assim.
Pergunto: e daí?
Na "pátria das chuteiras" o presidente da CBF não sai de lá até 2014, quando o Brasil (?) sediará a Copa do Mundo.

A comissão por ele composta para "coordenar" os procedimentos organizacionais da competição nos faz de tolos, assim como os editais que se avolumam em sucessivas edições do "Diário Oficial" fazendo alusão aos recursos públicos liberados pelo Ministério do Esporte por conta da candidatura (só dela!) do Brasil (?) à sede das Olimpíadas de 2016, enquanto aguardamos as respostas aos pareceres do TCU acerca dos gastos do PAN/2007.

Tudo isso nos fez lembrar das palavras ditas, logo na introdução, pelos autores do já clássico "Os senhores dos anéis" (The Lord of the Rings, VyvSimson e Andrew Jennings, 1992).
Não da trilogia sucesso das bilheterias dos cinemas, mas sim a que faz referência a uma dura realidade, por mais que pareça, tal qual a primeira, obra de ficção, e que trás como subtítulo "Poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas Modernas":A elas:"Para nossa surpresa, nos deparamos com a investigação mais difícil de nossas vidas. Nos últimos anos escrevemos e fizemos documentários para a televisão sobre a Máfia, o caso Irã-Contras, o terrorismo, a corrupção na Scotland Yard e outras áreas sombrias da vida pública.O mundo do esporte amador olímpico provou ser o mais difícil de penetrar. Jamais encontramos tantas dificuldades em conseguir entrevistas autorizadas, documentos e fontes primárias...".

No dito popular, vão-se os anéis, ficam os dedos.

Se não tomarmos cuidado nem eles sobrarão!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Eleição e futebol

Tem coisa mais sem graça hoje do que ser eleitor ou torcedor? Não tem. Vivemos na democracia, mas sob o tacão da lei do não pode. Na eleição proibiram muita coisa aos eleitores e aos candidatos. Os debates não têm debates. Não pode boca de urna, bandeiras só até a véspera, falar mal do adversário só em ocasiões especiais, a mídia pisa em ovos, medindo segundos na televisão e no rádio, centímetros em jornais. Tem que ser dois pra lá, dois pra cá, se não o TRE ferra. Tudo em nome de um equilíbrio de condições. Ridículo e hipócrita é o mínimo. A Lei Falcão era mais sincera. O torcedor em Santa Catarina passa pelo mesmo aperto e constrangimento das proibições. Em nome da segurança as arquibancadas e proximidades dos estádios viraram templos descoloridos de meditação e pureza. Vibração agora somente em shows do padre Marcelo. As torcidas aos poucos vão perdendo o embalo, despindo de cor e emoção as rivalidades tão importantes para um jogo de futebol como eram os comícios em época de eleição. Daqui a pouco a PM precisará saber até a cor da cueca do torcedor visitante. Se for parecida com a camisa do seu clube, tira e pega na saída. Bandeiras entram, mas sem mastro. Cervejinha só a quilômetros de distância. Se o jogo for em Florianópolis pode beber lá em São José, e vice-versa. Desse jeito é mais honesto o fim do voto obrigatório e proibição total de torcida nas arquibancadas. Usemos a eletrônica em nome do equilíbrio e da segurança: acabem com as seções eleitorais e quem quiser que vote pelo celular ou outros métodos que a modernidade criar. E o torcedor que fique em casa vendo jogos pela tevê. Assim os tribunais regionais eleitorais, ministério público, polícia militar, federações de futebol e associações de clubes viverão tranqüilos e felizes para sempre. E com muitos e bons motivos para comemorar o fim da emoção nas urnas e arquibancadas.

Goleadas históricas

O PT nasceu em São Paulo e, grosso modo, se criou no Rio Grande do Sul, justo onde acaba de sofrer as maiores derrotas de sua historia em eleições municipais. Marta Suplicy na capital paulista e Maria do Rosário, em Porto Alegre, foram responsáveis pelos grandes fracassos eleitorais petistas em 2008. Um mico nas urnas e uma grande goleada de votos que os petistas não imaginavam acontecer, confiando no favoritismo em um caso, equilíbrio no outro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Pra que serve o esporte

O percurso do fogo simbólico dos Jogos Abertos começa dia 27, passando pelas 36 secretarias regionais até chegar às quatro sedes do evento que será disputado a partir de 13 de novembro em Pomerode, Timbó, Indaial e Rio dos Cedros. É o escracho do aproveitamento do esporte por políticos, nada mais. Apoio que é bom não merece a atenção da classe política capaz, isto sim, de acabar com o pouco que existe, como ocorreu com a Fundação Municipal de Esporte de Florianópolis e outras instituições similares de vários municípios catarinenses.

Lembrete ao Prefeito de Floripa

Tomara que o prefeito de Florianópolis, ao comemorar no final deste domingo o resultado das urnas, não esqueça de uma das maiores prioridades da Capital, mote inclusive para muitas promessas e discussões na campanha eleitoral. Estou falando dos acessos ao sul da Ilha e ao aeroporto Hercílio Luz, até hoje uma obra inconclusa e razão de grandes transtornos para a população. Sofrem os que chegam, quem precisa viajar, quem procura as praias do sul e quem, nestes dez bicudos anos avaianos, fez o trajeto para o estádio da Ressacada. A diretoria do Avaí, prestes a sentir os ares e compromissos mais sérios da divisão de elite do futebol brasileiro, quer 12 mil torcedores no jogo desta noite de sábado contra o Marília. Seria bom que Dário e Amin – esse já conhece o difícil caminho da roça – experimentassem chegar à Ressacada perto da hora da partida.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Manobra dissimuladora

Ganha corpo no Figueirense a idéia de que o clube deve trabalhar forte junto à CBF a questão das arbitragens para as últimas rodadas. Entendo isso como uma conveniente inversão de atenções, coisa típica de quem não teve o cuidado necessário na preparação para um campeonato tão longo e difícil como o nosso Brasileirão. Com a água próxima do queixo e a torcida impaciente é hora de tapar o sol com a peneira ou arrumar uma boa e espessa cortina de fumaça capaz de encobrir os verdadeiros motivos para o fracasso na temporada.

Falcão por Falcão

Saudei o final do Mundial de Futsal sem nenhum incidente que pudesse, como dizem os mais prolixos, empanar o brilho da competição. Desinformação minha. À noite, ao assistir os programas esportivos, tomei conhecimento da agressão de Falcão a um jogador espanhol, e sua corrida para se proteger atrás de uma fila de torcedores. Como é mesmo que se chama isso? O incidente por si só explica Falcão, atleta consagrado por sua qualidade técnica, mas sempre contestado por atitudes nada condizentes com um ícone do esporte. Como são muitos os envolvimentos de Falcão com jogadores e torcida adversária, confirma-se a suspeita de que ele sempre foi um ídolo de pés de barro.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Mesa de bar

Noite dessas fui a um bar tradicional de Florianópolis, um dos poucos que sobreviveu às pizzarias e aos bufês a quilo. Ali encontrei muita gente em torno de uma mesa dividida entre jornalistas, sindicalistas, professores aposentados, desempregados, blogueiros, entre outros desgarrados. Uma das figuras me chamou a atenção, dedicado unicamente ao seu computador portátil, sem se incomodar com a gritaria em volta, o vai e vem de copos e garrafas. Conheço o personagem de longa data e só ouvi dele quando cheguei, como cumprimento, algumas frases desconexas, gritadas no meio daquela barulheira. O pouco que pude entender tinha a ver com a disputa entre Dário e Amin, assunto predominante naquele canto do bar. Fui para outra mesa, atendendo outros interesses, mas de lá não tirei o olho do cara, obcecado como criança manipulando um brinquedo novo. Fiquei preocupado com o seu estupor, olhos fixos na tela, dedilhando um texto interminável. Não tomou um copo, não comeu nada, não conversou com ninguém durante cerca de duas horas. Lá pelas tantas o pessoal começou a circular, e ele sozinho, sem dar bola para o que se passava em volta. Só queria escrever, escrever e escrever. Na saída consultei um ex-companheiro de redação dos tempos da brilhantina e comentei sobre aquela esquisitice do amigo comum. “E o pior é que o Amin acredita que ele vai ajudá-lo a ganhar a eleição”, ouvi como resposta.

domingo, 19 de outubro de 2008

Os fantasmas do Mário

Mário Sérgio viu má fé na atuação do árbitro Sérgio Carvalho no empate do Figueirense com o Ipatinga. Foi um péssimo resultado para o seu time e Mário conseguiu fazer elucubrações fantásticas para chegar à conclusão que Carvalho, que é Distrito Federal, tinha interesse em prejudicar o Figueirense para beneficiar clubes cariocas que estão na zona de rebaixamento. Isso é o que se chama de imaginação fértil.

Craque pornô

Eva Roob, 23 anos, decidiu trocar definitivamente de nome e profissão. Vai se chamar Samira Summer, nome que passará a usar como atriz do cinema pornográfico alemão. Eva, ou Samira, decidiu abandonar o Nuremberg, da segunda divisão alemã, por causa dos baixos salários e ao estresse a que estava submetida acumulando profissões. Terminava de gravar às 5 da manhã e às 10 horas já estava em campo para treinar. Isso aconteceu na Alemanha, país das campeãs mundiais e de salários bem mais altos que no Brasil. Com o que se paga por aqui vai faltar filme para tantas ex-jogadoras.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O esporte que se lixe

Falar em esporte na campanha eleitoral parece desmerecer os candidatos. Sinto isso desde os embates do primeiro turno. Em Florianópolis Dário Berger e Esperidião Amin não apresentaram nada concretamente, como mostrou o debate da quinta-feira. A não ser quando cobrados por rara intervenção de algum eleitor comprometido com o assunto, nesse tempo todo de campanha nada de novo apareceu pela boca dos candidatos. Os programas, tanto de Dário como de Amin, ignoram o esporte completamente. Levando em conta o que o atual prefeito, licenciado para a campanha, fez com a Fundação Municipal de Esportes, só poderemos esperar pelo pior. Além de colocar lá um ex-atleta do voleibol, olímpico nas suas conquistas, mas zero à esquerda na administração da FME, Dário acabou com o pouco que tinha aquela instituição. Esperidião Amin não sei se vai fazer muito caso eleito. Tanto o alemão como o turco, me permitam a intimidade, estarão mais preocupados em acomodar aliados de ocasião, o que vai dar naquilo que tem acontecido nos últimos governos estaduais graças ao irresponsável loteamento de cargos. Pior toda a vida para o esporte, sempre encarado como tema menor, e que acaba parando na mão de incompetentes, de gente que não tem nenhum comprometimento com o segmento em todas as suas variantes.

Vexame internacional

O Mundial de Futsal está chegando ao fim como começou, carregado daquelas impurezas que vivem contaminando a modalidade, tais como escores absurdos, baixo nível técnico e times inteiros legalizados a base da naturalização. Tudo isso sob a tutela da FIFA e em paralelo à permanente campanha para sua transformação em esporte olímpico. O real é que o futsal não toma jeito, não mostra a seriedade necessária para atingir seu maior objetivo. A semifinal entre Espanha e Itália foi mais um episódio a lamentar neste evento. Um árbitro de Cuba e outro do Panamá, representantes de países que sequer têm uma liga, mudaram irregularmente o resultado final do jogo e decretaram a eliminação italiana. A competição ainda não terminou, falta a final entre Brasil e Espanha e estamos na expectativa, claro, de um título brasileiro. Tudo de acordo com as leis do esporte para que o vexame não aumente de tamanho.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Burro, burro, burro...

O Brasil entrou em campo para enfrentar a Colômbia, no Maracanã, com três volantes. E nosso temido adversário estava desfalcado de três titulares. Mas Dunga fez mais. Escalou o zagueiro Juan sem condições totais de jogo, tanto que acabou queimando a terceira substituição no segundo tempo. Elano passou o jogo cobrando escanteios quando o time dispunha de gente mais habilidosa para tal. E as substituições? Deixou Alex no banco para insistir com o trio casca grossa e ainda por cima, na hora da troca, tirou Elano, o mais técnico dos três. Colocou Alexandre Pato para se juntar ao desassistido Jô, entregue isolado à marcação da zaga adversária. Com o meio campo pedindo um armador de ofício, Dunga tirou Mancini da cartola. Essa, digamos, ausência de inteligência do treinador, criou um monstrengo chamado de time que por sinal não fez nenhum treino tático antes da partida contra a Colômbia. Dunga limitou-se a “orientar” uma brincadeira inoportuna e de mau gosto no gramado do Maracanã. Mais de 50 mil torcedores vaiaram, xingaram e deram adeus mais uma vez ao Dunga, técnico de um time que não faz gols em casa há 270 minutos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Anarquia oficial

Os dirigentes da Federação Catarinense de Futebol não se dão ao respeito e trabalham para desmoralizar o seu melhor produto. É a única leitura que se pode fazer com o desenvolvimento dos campeonatos das divisões inferiores, chamadas de acesso ou outro apelido qualquer. É estarrecedor ver, a cada ano, times sem a mínima condição de enfrentar uma competição profissional participando dos eventos da FCF. O resultado é uma verdadeira caravana da miséria, esmolando até para pagar transporte e alimentação de seus times, terminando com o abandono do campeonato. Felizmente para a Federação e seu presidente Delfim a grande mídia anda ocupada demais com Avaí, Figueirense e Criciúma, futebol carioca e paulista, sem fazer o mínimo registro sobre essa bagunça oficializada justamente pela instituição que deveria zelar pela boa organização de suas competições e respeito aos seus filiados. Sem contar outros comprometimentos que impedem uma análise séria e isenta das atividades da Federação.

Lições não assimiladas

A festa antecipada nunca fez bem ao futebol brasileiro. Basta lembrar dois significativos acontecimentos de conseqüências trágicas para a seleção, como as Copas de 1950, no Maracanã, e a de 2006 na Alemanha, quando o favoritismo escancarado e a festa antes da hora derrubaram o Brasil. Eventos menores seguem mostrando que a turma da CBF não aprende. Na terça-feira Kaká e Robinho foram tirados da concentração para homenagens no Maracanã, um colocando os pés na calçada da fama, o outro brindado com uma seqüência de fotos dos dribles que deu contra uma atarantada e ingênua defesa equatoriana. Recentemente a seleção brasileira foi ao Chile, ganhou bem, voltou cantada em prosa e verso, mas na sequência sofreu para garantir um zero a zero contra a Bolívia. Escrevo sem saber o resultado da quarta à noite contra a Colômbia, mas o episódio de agora, precedido de uma festejada vitória sobre a Venezuela, é parecido com tantos outros acima referidos. E nós da mídia também temos parcela de responsabilidade neste ufanismo e análises de ocasião.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Venezuelanas

A FIFA e a Conmebol, sempre tão zelosas de suas leis, parece que não dão a mínima para a eliminatória sul-americana, ignorando as condições de certos estádios e manobras anti-desportivas de alguns mandantes. É o que se pode entender desta aventura brasileira na Venezuela onde, apesar de todos os obstáculos, nossa seleção conseguiu um resultado expressivo. Foram trajetos em duas etapas de avião com pousos em aeroportos com limitações, longos traslados de ônibus na ida e na volta, incluindo passagens por zonas dominadas pela Asfarc. Houve ainda problemas com alimentação e treino de reconhecimento boicotado pela administração do estádio, tudo combinado para causar o maior transtorno possível à seleção brasileira. A volta em grande estilo de Kaká e a inspiração de Robinho, quebraram as chaves que a Venezuela imaginou ter encontrado para abrir o caminho de uma improvável vitória sobre o Brasil.

A hora é essa

Insisto no tema porque me parece evidente. A classificação do Brasil está logo ali, apesar de faltarem ainda oito jogos para o final desta eliminatória. Então acho que está na hora de o Dunga dar chance aos novos para testar de uma vez recém convocados como o meia Alex, o centro avante Jô, o ala Mancini e uma nova zaga com o aproveitamento de Thiago Silva. Já sabemos o quanto pode o time atual, o que rendem os velhinhos Kleber, Josué, Elano e Gilberto Silva, quem é Adriano, quem são Robinho, Kaká e os ausentes de ocasião, como o Luís Fabiano. A Colômbia é o próximo adversário e jogaremos em casa. Melhor oportunidade que essa para se pensar em caras novas, impossível. Deixemos o ufanismo de lado e aproveitemos a oportunidade para começar a necessária renovação. Mas aí, cadê coragem?

O Mundial da lambança

A turma do futsal não tem muito do que se orgulhar com este Mundial com sedes no Rio e em Brasília. O nível técnico risível é retratado em jogos com escore de basquete. A Itália vai roubando a festa, primeiro com aquela derrota programada para o Paraguai visando escolher adversários a serem enfrentados por um time de “brasilianos”. Como aconteceu domingo, no jogo contra o Brasil, com direito a pancadaria e os brasileiros da Itália com a mão no peito cantando o hino “deles”. Uma farsa, uma comédia, um desperdício de tempo e de recursos que poderiam ter aplicação muito mais decente no esporte.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Mulheres de Atenas

Li esta semana que a diretoria da CBF (leia-se Rei Ricardo) está discutindo a premiação dos homens pela classificação nessa eliminatória para a Copa. Quando interpelado sobre uma compensação financeira para nosso time feminino medalhista na última Olimpíada, Ricardo, o Grande, não titubeia na resposta: “a medalha foi o prêmio conquistado pelas mulheres”. Ou seja, a seleção feminina não vai ver a cor da premiação em dinheiro, como Ricardo Teixeira entende seja justa a dos homens com estas apresentações forrecas diante de adversários mais forrecos ainda.
"(...)Se um homem se colocar, sem truques de encenação, no papel de uma mulher e se uma mulher se colocar no papel de um homem, será mais fácil distinguir as diferenças naturais e inultrapassáveis, mas será também inevitável descobrir-se que ambos são pessoas e, neste conceito, iguais. Lisístra e outras mulheres em Atenas, quando tentavam tomar a Acrópole. (Ou à Marta o que é de Marta e de suas companheiras de seleção)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

As entrevistas dos boleiros

Texto do jornalista gaúcho Luiz Pilla Vares, que morreu esta madrugada em Porto Alegre. Apaixonado por futebol, formado em direito, estudioso de política e filosofia, foi militante do PCB, Secretário de Cultura do município na gestão do prefeito Tarso Genro e do Estado no governo Olívio Dutra.
"Não existe coisa mais chata em rádio e televisão do que entrevistas com jogadores de futebol. Nos jornais impressos ainda dá para agüentar porque, quando tem talento, o repórter sabe organizar o texto e vez por outra transformar a entrevista em uma leitura até agradável. Mas quando é com o microfone fica uma coisa lamentável. São sempre as mesmas obviedades, as mesmices, as monótonas repetições de termos e expressões, a tal ponto que os mais diversos jogadores parecem um só.
É, sim, uma indigência cultural de doer. O mais mauricinho dos nossos craques, o Kaká, do Milan, não escapa disso. E, na maioria das vezes, os entrevistados são jovens ricos, todos eles muito acima do nível de vida do povo dos quais eles são originários. Mas não se pode culpá-los. Os meios de comunicação também se renderam à mesmice e às obviedades. Fazem sempre as mesmas perguntas e, é claro, ouvem invariavelmente as mesmas respostas.
É preciso levar em conta que esses jovens jogadores de futebol têm uma baixa escolaridade e os estudos não fazem parte de seus projetos de vida. Por isso acredito que os meios de comunicação devem repensar o tipo de entrevistas que fazem com os jogadores: apelar para a criatividade, buscar a autenticidade e a singularidade de cada um dos boleiros, enfim, mudar o tipo de entrevista, procurar fazê-los falar de uma forma irrepetível, se é que as entrevistas com os jogadores são imprescindíveis.
Para mim, elas só servem para "encher lingüiça" antes das partidas começarem — o que, para quem adora futebol como é o meu caso, é o que interessa. Também penso que as direções dos clubes deveriam ter mais preocupações nesse sentido. Não simplesmente paparicar esses jovens deslumbrados com a riqueza que chegou de um dia para o outro, mas realizar programas com eles, levando-os a pensar sobre a vida, sobre a importância de um mínimo de nível cultural e que suas trajetórias não podem se limitar à bola (ainda que esta seja o principal objetivo de suas profissões) e mostrar, com exemplos concretos e individuais, que um jogador de futebol pode, também, ser um cidadão articulado, como Falcão, Sócrates e Tostão. Quero deixar bem claro que nunca me ocorreu a bobagem de pretender transformar um boleiro num Sartre. O grande intelectual fica bem na arquibancada. Que eu saiba o único que tentou jogar foi Albert Camus. E nem sei se ele era bom de bola."

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Esporte e infidelidade

O esporte nem sempre é garantia de sucesso nas urnas e fidelidade do torcedor, como aconteceu agora com Ademir da Guia, Vladmir e o mineiro Reinaldo, rejeitados por eleitores descontentes com quem tentava a reeleição, ou desconfiados com aqueles que buscavam o primeiro mandato. Foi assim em Florianópolis com o dirigente esportivo Aluísio Machado, o Alú, e os ex-árbitros Osvaldo Meira Júnior e Clézio Moreira dos Santos, o Margarida. Túlio Maravilha e Tarcísio, ex-ponteiro gremista, foram eleitos em Goiânia e Porto Alegre. Só que, antes mesmo de assumir, Túlio já acena com infidelidade aos seus eleitores, aceitando a possibilidade de renunciar caso seja contratado em 2009 por um clube de outra cidade.

Esporte contaminado

Custou mas aconteceu. O Mundial de Futsal com sedes em Brasília e no Rio de Janeiro acaba de ser manchado pelo comportamento dos italianos – na verdade brasileiros – que jogaram para perder do Paraguai para fugir do Brasil nas semifinais. De quebra o resultado acabou eliminando Portugal, que não tinha nada a ver com a preocupação da Itália. Goleadas absurdas e times fortes como Espanha e Itália formados por brasileiros naturalizados já desenhavam a caricatura de uma grande competição internacional e de uma modalidade que luta para ser olímpica. A “macarronada” italiana era o prato que faltava nesse cardápio espúrio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

RBS x RICRECORD

Pode parar na justiça a pendenga entre Federação Catarinense de Futebol, Associação de Clubes e Rede Record pelos direitos de transmissão do Campeonato Catarinense de 2009. A Record ainda tem um ano de contrato, mas Federação e clubes querem a RBS transmitindo o campeonato. Para isso será necessário assinar um destrato com a atual detentora dos direitos de transmissão, além do pagamento de multa em caso de rescisão. A rede gaúcha preferiu o silêncio até que o assunto esteja completamente resolvido, enquanto a Record continua noticiando no seu site que vai transmitir o Catarinense, reforçando a divulgação através de anúncios nas páginas esportivas do jornal Notícias do Dia. Pesa contra a Record a qualidade das transmissões do campeonato deste ano, segundo alegam Federação e representantes dos clubes.

Sede da Copa vai para Manaus

Quem garante é o radialista Valter Souza, hoje na Assembléia Legislativa cuidando da TV AL. Falei com ele no final da manhã de ontem, no seu local de trabalho, quando lembrou de uma conversa que tivemos no dia da palestra do Juca Kfouri. Valter não revela sua fonte, mas fala com a convicção de quem está diante do fato consumado: Florianópolis garante ele, perdeu para Manaus a vaga de sede para a Copa de 2014.

Eleição clandestina

No sábado, véspera das eleições municipais, achei um esclarecedor texto no blog do Juca Kfouri, onde ele confere medalha de lata para o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, reeleito há pouco em processo conhecido como "eleição clandestina".
"CARLOS NUZMAN chegou ao paraíso. Atingiu aquele ponto que só a pessoa sem nenhum problema de consciência, ou com todos, alcança: dane-se o que vão dizer de mim. O que tem a consciência tranqüila sabe que nada pode feri-lo. O que perdeu a vergonha na cara não está nem aí mais para coisa alguma, só quer desfrutar, pensem o que pensarem as pessoas, a opinião pública, o país.A velhacaria de se realizar uma eleição clandestina para mais uma reeleição dá a medida da desfaçatez, do absoluto desprezo pela imagem, até então objeto de preocupação, fosse pelo exagero no uso de perfume, fosse pelo tique nervoso de quem queria aprovação. Inesquecível, por exemplo, um encontro do cartola com este colunista, em 1995, quando alguém maliciosamente soprou em seus ouvidos que a revista "Placar" preparava uma reportagem contra ele. Eis que, sem agendar, ele surgiu suado em minha sala para de lá sair em paz, ao ouvir que seria o primeiro a saber se fosse verdade, porque evidentemente seria procurado para dar sua versão. Pois hoje em dia nem isso. Não se envergonha ao ver a vil manobra exposta na primeira página do principal jornal da cidade onde mora, ele que preferiu usar jornais menores para publicar o edital da convocação de sua clandestina reeleição, em desobediência ao estatuto da entidade que preside. A Nuzman bastam as excelentes relações que mantém com o governo federal, seja na figura do ministro do Esporte, mais um que achou para carregar suas malas -a exemplo do cordeiro anterior-, seja com o presidente da República. Nada mesmo como um dia após o outro. Nuzman fez aquilo que caracterizava o movimento sindical peleguista que Lula combatia nos primórdios e para o qual hoje fecha os olhos porque, como se sabe, feio, em eleições, é apenas perder. Até quando o esporte brasileiro viverá desse modo? Lembremos que Nuzman quer comandar a operação Rio-16 como Ricardo Teixeira, sua filha e sua turma, comandarão a Copa-14. Só para planejar a candidatura do Rio, Lula assinou uma medida provisória que destinou R$ 85 milhões ao projeto. E já foi publicada no "Diário Oficial", do dia 1º de outubro, a isenção de ICMS para erguer e reformar estádios para a Copa, convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária com o Distrito Federal e todos os Estados. Tudo, portanto, feito com o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho. Mas, em vez de indignação popular, o que se vê é o presidente do STF, Gilmar Mendes, receber Teixeira e pedir a ele apoio da CBF para o programa de recuperação de presidiários do Conselho Nacional de Justiça, iniciativa, é claro, prontamente abraçada pelo cartola. E não por solidariedade ou porque o seguro morreu de velho. Mas por real interesse por quem não conseguiu escapar das grades. Como se vê, ainda, Lula receber Nuzman, ser bajulado por ele com os mesmos elogios já feitos a FHC ("O presidente que mais fez e fará pelo esporte") sem que se faça menção ao relatório do TCU sobre a gastança do Pan-2007. Bom domingo. Vote bem."

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Afundação Municipal de Esportes

Alguns dos candidatos à Prefeitura de Florianópolis fizeram discretas manifestações sobre o esporte em seus programas de governo. E os que tocaram no assunto foram unânimes em prometer uma completa reformulação na Fundação Municipal de Esportes, o maior descalabro administrativo do esporte catarinense sob a tutela de um consagrado atleta olímpico que até hoje não disse a que veio. E que também nunca se sabe por onde anda e o que tem feito a não ser comentar voleibol para os canais da Sportv.

E daí?

A mídia do centro do país está mobilizada, dedicando espaços generosos nas programações de rádio e tevê e nas páginas de jornal, com respingos na província. Os canais fechados, principalmente, não deixam passar nada. Falo do Campeonato Mundial de Futsal, com sedes em Brasília e no Rio de Janeiro. Nunca vi coisa tão medíocre e desinteressante. Os escores parecem de basquete, são altíssimos, criando a ilusão de que a emoção está presente em todos os jogos. Não é nada disso. O nível técnico é baixíssimo, o Brasil pode ganhar de 12 a 1, como na estréia contra o Egito, ou no segundo jogo massacrar os deslumbrados jogadores das Ilhas Salomão com 21 a 0. No final os goleados ainda fizeram questão de fotos ao lado dos seus algozes brasileiros, liderados pelo ídolo Falcão. Nem em jogo de solteiros contra casados isso acontece. Os maiores adversários do Brasil na competição são Espanha e Itália, em cujos times a língua oficial é o português. É por isso que a FIFA não briga pelo futsal na Olimpíada. Embora seja praticada no mundo todo, ainda é uma modalidade muito rastaqüera em termos técnicos para se tornar olímpica. Menos, é claro, para o nosso salomônico Ministério do Esporte, que investiu no evento a modesta quantia de R$ 25 milhões. Depois falta dinheiro para financiar atividades muito mais importantes para nosso esporte de base como as Olimpíadas Escolares, uma competição nacional que este ano só aconteceu por causa da chiadeira de pais e professores pelo país inteiro.

O banquete dos miseráveis

Informa a página de esportes do DIARINHO que o jantar dos clubes no Hotel Marambaia, em Balneário Camboriú, foi pago pelo Marcílio Dias. Depois do Congresso Técnico que definiu o Campeonato Catarinense de 2009 foram todos confraternizar à custa dos salários atrasados dos jogadores que defenderam o Marinheiro na série C do Brasileiro.

A voz da consciência

O sábado é do futebol, o domingo das eleições que envolverão cerca de 129 milhões de brasileiros em mais de cinco mil municípios. Em Itajaí, sede do DIARINHO, o clima andou quente, em Florianópolis, casa deste colunista, a temperatura não passou de moderada, talvez para acompanhar o início da primavera, estação muito inspiradora e divisora dos extremos emocionais e climáticos. Encerrado o nariz de cera, vamos ao que interessa, a escolha de candidatos. No caso da Capital, as opções calcadas em dezenas de promessas, variam do tapete preto ao transporte marítimo, passando pelo teleférico, construção de mais escolas, creches, hospitais, aumento de oportunidades de emprego, esporte como fator de inclusão social, sede da Copa de 2014, segurança, desenvolvimento sustentável, crescimento organizado e obedecendo a legislação vigente (coisa rara em Floripa), um cardápio extenso para paladares na maioria das vezes não muito exigentes. Seja qual for a sua opção na boca da urna, tenha em mente o conselho singelo do professor de ética e política da Unicamp, Roberto Romano, divulgado no site da UOL: “Ouça a voz da consciência e da vergonha”.

Tudo como dantes

A RBSTV retomou as transmissões do Campeonato Catarinense por mais três anos. Para felicidade de Delfim Peixoto, seus áulicos, e também dos clubes, que não viam na TV Record até então detentora dos direitos, o menor empenho e competência para tornar mais visível o produto futebol. Aliás, amigo meu e conhecedor do ramo, garante que essa é uma especialidade dos atuais administradores da Rede Record em Santa Catarina. Parecem um Midas às avessas.

As ligações perigosíssimas do doutor Ricardo

Sempre é bom ficar de olho no blog do Juca Kfouri e nas páginas esportivas de jornais como o Correio Braziliense. Só através destas fontes podemos, por exemplo, conhecer algumas das relações de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Este assunto foi levantado em abril pelos jornais associados Correio Braziliense/Estado de Minas. Por aqui não se fala nada, não se escreve nada, não se toma conhecimento de nada. Parece que vivemos em outro planeta.

Por que a CBF não fala com o Correio Braziliense?

Anteontem, em Brasília, Ricardo Teixeira se recusou a responder uma pergunta de um repórter do "Correio Braziliense", em entrevista coletiva.
O motivo está abaixo: ter sido citado numa reportagem feita pelo jornal sobre o maior lavador de dinheiro do mundo.
O grifo na parte referente ao presidente da CBF é do blog.

O elo perdido da corrupção mundial

Por LUCAS FIGUEIREDO
Correio Braziliense - 13/04/2008

Advogado e mecenas instalado no paraíso fiscal de Liechtenstein, Hebert Batliner é apontado como grande mentor da ciranda empresarial na qual traficantes, ditadores e políticos desonestos esquentam fortunasSuíça e Liechtenstein — O que alguns dos piores ditadores, mais temidos traficantes internacionais de drogas e maiores corruptos de todos os tempos têm em comum com o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira?

Resposta: em algum momento de suas vidas, todos eles fizeram suspeitas transações financeiras com um dos maiores lavadores de dinheiro do planeta. Seu nome: Herbert Batliner, advogado de Liechtenstein, paraíso fiscal da Europa. A especialidade de Batliner é ajudar seus clientes a movimentar dinheiro pelo mundo sem deixar rastros. Ele já foi acusado de prestar serviços para gente do calibre de:

1) Pablo Escobar, o megatraficante colombiano, morto em 1993, que faturava anualmente US$ 30 bilhões com a venda de cocaína;

2) Mobuto Sese Seko, que por três décadas foi ditador do antigo Zaire (atual República Democrática do Congo), período no qual acumulou uma fortuna de US$ 5 bilhões;

3) Ferdinando Marcos, ex-presidente das Filipinas, conhecido como um dos homens mais corruptos do mundo;

4) Jorge Hugo Reyes-Torres, o maior traficante de drogas do Equador, que antes de ser preso enviava mensalmente 500 quilos de cocaína para a Espanha;

5) Família Real Saudita, que controla com mão de ferro o país responsável pela maior produção mundial de petróleo.

O que liga Maluf a Batliner é um endereço. Já com Ricardo Teixeira, a conexão se dá por intermédio de uma pessoa. Paulo MalufMuita coisa já se falou das famosas contas bancárias de Paulo Maluf no exterior. Sabe-se que, na década de 1990, Maluf utilizou laranjas para movimentar pelo menos US$ 350 milhões em bancos europeus – principalmente na Suíça, na França e na Ilha de Jersey (Canal da Mancha). Sabe-se também que, por decisão da Justiça desses países, cerca de US$ 250 milhões estão congelados. O que não se sabia é que o ex-governador e ex-prefeito de São Paulo utilizou os serviços de Herbert Batliner para movimentar boa parte dessa fortuna.

Uma das contas de Maluf na Suíça, de onde partiram remessas milionárias para Jersey, tinha como titular a fundação White Gold (ouro branco). Conforme documentos em poder do Ministério Público, a fundação foi constituída por Maluf na cidade de Vaduz (capital do minúsculo principado de Liechtenstein), na rua Aeulestrasse número 74, caixa postal 86.

Como constatou o Correio/Estado de Minas, no entanto, nesse endereço não funciona nenhuma fundação White Gold, mas sim a First Advisory Group, empresa que tem como sócio Herbert Batliner.

A First Advisory Group funciona como uma espécie de biombo para empresas fantasmas. Calcula-se que pelo menos 10 mil empresas de fachada utilizam o endereço comercial de Batliner.
A fundação White Gold é uma delas. Há outras, como a fundação Pérolas Negras, controlada por Flávio Maluf, filho do deputado.

Especialista em crime organizado, que durante duas décadas trabalhou como agente infiltrado em máfias da Europa e da América do Sul, o ex-comissário de polícia da Suíça Fausto Cattaneo analisou a coincidência de endereços das empresas de Batliner e das fundações abertas pela família Maluf.

Com os resultados da pesquisa, Cattaneo afirmou que não há dúvidas de que existe uma conexão suspeita entre o advogado de Liechtenstein e o deputado brasileiro.
Ouvido pela reportagem, o Procurador-geral de Genebra, Daniel Zappelli, confirmou que, por ordem judicial, há dinheiro de Maluf congelado em bancos da Suíça. "Fizemos tudo o que pudemos no caso Maluf." Segundo ele, é possível que os recursos sejam devolvidos aos cofres públicos brasileiros. "Mas primeiro o Brasil tem de provar que o dinheiro congelado na Suíça é produto de corrupção", afirmou Zappelli.

O Correio/Estado de Minas perguntou à assessoria de Maluf se o deputado e seus familiares confirmavam serem responsáveis pelas fundações em Liechtenstein, e se foram beneficiados com a movimentação financeira dessas fundações. Perguntou também se o deputado tinha conhecimento das conexões de Herbert Batliner com traficantes, ditadores e corruptos.

A assessoria se limitou a responder que Maluf nunca teve contas bancárias no exterior.

Ricardo Teixeira

As ligações perigosas de Herbert Batliner no Brasil também se estendem a Ricardo Teixeira, presidente da CBF e principal articulador da escolha do Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014.

Como ficou comprovado em 2001 na CPI da CBF/Nike, uma das empresas de Teixeira, a R.L.J. Participações, tomou emprestado de uma firma de Liechtenstein, a Sanud Etablissement, uma quantia equivalente à época a R$ 2,9 milhões. Antes de o empréstimo ser pago, porém, a Sanud Etablissement fechou. Integrantes da CPI chegaram a classificar a transação como lavagem de dinheiro, mas nada foi comprovado.

Porém, um dado suspeito passou ao largo da CPI: a Sanud Etablissement era uma costela de Herbert Batliner. Dois dos representantes da Sanud Etablissement — Alex Wiederkehr e Hans Gassner — eram sócios de Batliner na empresa Prokurations Anstalt.
Hans Gassner tem um passado complicado. No final dos anos 1990, ele se envolveu no escândalo do banco espanhol Banesto, no qual dirigentes da instituição desviaram de seus cofres cerca de 10 milhões de euros (o equivalente a R$ 27 milhões). A função de Gassner era movimentar o dinheiro e apagar sua origem. Em 2002, vários ex-dirigentes do banco foram condenados. Mario Conde, ex-presidente do Banesto, pegou 20 anos de prisão. Gassner, no entanto, conseguiu se safar.

Após analisar informações referentes a transações financeiras da empresa do presidente da CBF e da Sanud Etablissement, o ex-comissário suíço Fausto Cattaneo afirmou que, "assim como Paulo Maluf, Ricardo Teixeira tem conexões com Herbert Batliner".
A assessoria de imprensa da CBF afirmou que Ricardo Teixeira não iria comentar o caso.


Fortunas

Com apenas 32 mil habitantes (número suficiente para encher apenas metade do estádio do Mineirão), o minúsculo principado de Liechtenstein — paraíso fiscal encravado entre a Suíça, Alemanha e Áustria — é um dos estados mais ricos do mundo. O produto de exportação de Liechtenstein são as empresas fantasmas (há duas para cada habitante) e as instituições financeiras. Nesse verdadeira lavanderia VIP, destaca-se o nome de Herbert Batliner.
Um gesto de generosidade de Batliner dá a dimensão de sua riqueza. Em 2006, ele e sua mulher, Rita Batliner, doaram ao Museu Albertina de Viena (Áustria) uma coleção de 500 quadros, avaliada em 400 milhões de euros (R$ 1 bilhão). Entre as obras, há preciosidades de Picasso, Monet, Renoir, Francis Bacon, Matisse, Cézanne, Modigliani e Miró.
No ano 2000, a imagem do advogado foi arranhada com o escândalo da movimentação financeira do Partido Democrático Cristão da Alemanha (CDU). Mas Batliner sempre negou.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Tem raposão no galinheiro

A primeira reunião do Comitê Executivo que trata da Copa de 2014 no Brasil aconteceu faz uns três meses, mais ou menos, em Brasília. Catarinenses que vivem e trabalham na capital federal e que foram dar uma espiada no encontro do Comitê ficaram de cabelo em pé quando viram quem eram os representantes de Santa Catarina. Constataram que dois deles eram figurinhas carimbadas e muito mal vistas no esporte do Estado, mas que inexplicavelmente continuam merecendo a confiança do governador Luiz Henrique e, por extensão, do secretário Gilmar Knaesel. Esse assunto veio à baila por causa da recente reunião no Rio de Janeiro, quando Florianópolis se apresentou como candidata a uma das sedes à Copa 2014. Os acima citados, para alívio geral, não faziam parte da comitiva catarinense. Um deles, por sinal, é uma raposa que não para de engordar tão fornido é o galinheiro que lhe entregaram para cuidar.

E passarinho na muda

Entre as várias versões que circulam sobre as chances de Florianópolis como sede da Copa ganha corpo, forma e intensidade, o surgimento de concorrências muito fortes que inviabilizariam mais uma candidatura do sul do país. A FIFA estaria inclinada a privilegiar o norte brasileiro e seus paraísos ecológicos. O presidente da Federação, Delfim Peixoto, um dos amigos do rei, finge que não é com ele e evita grandes pronunciamentos sobre o assunto. Prefere o laconismo ou bico calado.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

ABC

A segunda-feira é dia de avaliação dos avanços e estragos provocados pela rodada do fim de semana nas três séries do Brasileirão. Na série C, na parte que toca ao futebol catarinense, já estava tudo encaminhado com a eliminação precoce do Marcílio Dias, último colocado do grupo 28. Na B a lavada de sábado sobre o Bahia manteve as chances de classificação do Avaí, embora a situação continue inquietante. Com o Corinthians festejando o título e a subida para a primeira divisão, sobraram três vagas para seis clubes sendo que a diferença do segundo colocado, o Vila Nova, para o sétimo, a Ponte Preta, é de apenas seis pontos. Nesse meio está o Avaí com míseros dois pontos a frente do Barueri quarto e o Santo André em quinto lugar. Detalhe: estes dois adversários importantes jogarão a próxima rodada em casa, enquanto o Avaí vai a Caxias enfrentar o Juventude. O Criciúma é o primeiro da zona de rebaixamento, bastante conflagrada, graças à pequena diferença do Paraná e ABC, em 12º (33 a 30), para o chamado G-4 do mal. São nove clubes enrolados nessa luta para fugir das três vagas na terceira divisão que já tem o alagoano CRB, só com 18 pontos, condenado a cumprir tabela até o final.

O Grêmio no vermelho

Na série A acompanhamos um dos campeonatos mais equilibrados desde o início da disputa por pontos corridos. Para se ter uma idéia, faltando onze rodadas, o novo líder Palmeiras tem 50 pontos junto com o Grêmio, mas fica a frente com uma vitória a mais. O espaço que separa os dois de Cruzeiro, Flamengo e São Paulo é de escassos quatro pontos, o que deixa completamente em aberto a luta pelo título, apesar de os apressadinhos e pitonisas de plantão começarem a transferir a faixa para o Palmeiras, faixa essa que já teve vários donos. Problema concreto é que o Grêmio agregou à sua acentuada queda de rendimento no returno a ressaca pela goleada que sofreu no Grenal. O prejuízo, por enquanto, é a vice-liderança. Ao contrário da série B, o rebaixamento continua indefinido e com oito candidatos para as quatro vagas: a fila começa com Náutico e Santos, 30 pontos, passa pelo Figueirense um ponto abaixo, e termina com Vasco e Fluminense, ambos com 26 pontos. A matemática e as projeções demonstram que, entre os 20 integrantes da série A, cinco estão diretamente envolvidos com a luta pelo título, outros seis, a partir do Botafogo com 43 pontos, até o Sport com 39, podem chegar à Libertadores. O Atlético Mineiro com 34 pontos está na chamada zona morta, ou seja, suas chances de subir ou descer são praticamente nulas.

Explica mas não justifica

Alguns dos atingidos pelas críticas com os gastos do Pan-Americano no Rio de Janeiro, contidas nos números estarrecedores revelados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), começaram timidamente a se explicar. O Ministro do Esporte, Orlando Silva, é um deles, sem manifestar arrependimento em razão das dificuldades que diz ter encontrado para a organização do evento. “Era o nome do Brasil que estava em jogo e fizemos o que tinha que ser feito”, rebateu ele na entrevista rápida que concedeu no Rio de Janeiro para explicar porque um orçamento inicial de R$ 390 milhões passou dos R$ 3,3 bilhões. É bom lembrar que as avaliações do TCU sobre desperdício do dinheiro púbico ainda esperam por números de outras instituições que tiveram gastos assombrosos com o Pan-Americano de 2007. Acrescente-se a isso as análises que precisam ser feitas em cima de equipamentos esportivos transformados em verdadeiros elefantes brancos pela falta de projetos e planejamento para utilização pós-Pan.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Só mudou o humor

Dunga apareceu sorridente e afável para conversar com os jornalistas na coletiva de quinta-feira, ao contrário do que tem sido sua rotina desde que assumiu a seleção brasileira. Trocou a carranca pelo sorriso e pela fala tranqüila, sem retrucar às perguntas com respostas desaforadas e carregadas de mau humor. Parou aí a metamorfose. Doni continua um dos goleiros preferidos, bem como o lateral Kleber e o meia Gilberto Silva. Novidade boa mesmo só a ausência de Ronaldinho Gaúcho, que repete no Milan suas últimas atuações pela seleção, tanto que está na reserva. Com Kaká deu a lógica e com Mancini alimentamos a expectativa que ele confirme sua boa fase no futebol italiano.

O substituto

Os paulistas deixaram um pouco de lado a campanha em favor de Vanderlei Luxemburgo. O mais novo queridinho para treinar a seleção brasileira a partir de 2009 chama-se Mano Menezes.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Sessão grampo

A festa com o nosso dinheiro no Pan (direto do blog do Juca Kfouri)

“O relatório do Tribunal de Contas da União sobre os gastos públicos no Pan-2007, divulgado hoje (24/09), é ainda parcial, porque faltam dados não só do Ministério do Esporte como também das diversas estatais que apoiaram o evento.
O Ministério tem 30 dias para apresentar suas contas definitivas e as estatais, 15.
Seja como for, há dados que dão a medida do descalabro cometido com o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho.
Sabe quanto custou aos cofres públicos a diária de cada atleta hospedado na Vila Pan-Americana?
A incrível quantia de R$ 1.137, 00 por dia, repita-se, algo muito superior ao que cobram os melhores hotéis cariocas, como, aliás, o relatório faz questão de observar.
Mas há muito mais.
O documento faz referências a gastos "despropositados" e volta a mencionar o escândalo cometido com o sistema de credenciamento, originalmente orçado em R$ 55.000,00 e que chegou à casa, pasme, de nada mais nada menos do que 26,7 milhões de reais.
O cálculo, repita-se, ainda parcial estima em 3,3 bilhões de reais o total de dinheiro público gasto no evento, alguma coisa de assombroso numa competição da terceira divisão internacional e de apenas duas semanas.
Lembremos que, segundo o orçamento inicial, os gastos públicos seriam da ordem de R$ 523,84 milhões.
Há casos ainda como os de materiais importados, dardos, varas de salto e material para o taekwondo, encontrados pelos fiscais do TCU nos depósitos do Comitê Olímpico Brasileiro, que simplesmente não foram usados porque chegaram ao país depois do fim dos Jogos.
Não é mesmo de se tirar o chapéu para Carlos Nuzman e Orlando Silva?”

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Deixa que eu chuto

“Orlando Silva(PCdoB), ministro dos Esportes, gravou comerciais da campanha eleitoral de Ângela Albino(PCdoB) à prefeitura de Florianópolis, durante viagem oficial, paga pelos cofres públicos. Isto é crime eleitoral. Punição já.” (Coturno Noturno – Blog do Coronel em 21 de setembro). Os colunistas do Diarinho, meu amigo César Valente e o brasiliense Claudio Humberto, reproduziram detalhes sobre a viagem do Ministro Orlando a Floripa e suas travessuras. Como essa bola passou quicando na minha área não podia deixar de chutá-la com mais força ainda, publicando na íntegra a denúncia do Coronel.

“No último dia 19 de agosto de 2008, em agenda oficial, o Ministro dos Esportes, Orlando Silva, marcou um compromisso pago pelos cofres públicos, em Florianópolis: instituir o Comitê Executivo da candidatura da cidade à Copa 2014. O evento foi cheio de pompa e circunstância, com a presença, inclusive, do Governador do Estado, foi apartidário. Logicamente, ali estava a candidata comunista à Prefeitura de Florianópolis, Ângela Albino, para aproveitar a presença do maior nome do partido no país. Até aí, senhoras e senhores, nada de errado. Promover a Copa do Mundo é parte do seu trabalho e ele estava trabalhando. O crime eleitoral começou a acontecer quando, durante o compromisso oficial, o Ministro dos Esportes foi realizar gravações no Comitê da candidata comunista à Prefeitura de Florianópolis, Ângela Albino. Usando dinheiro público. Usando transporte oficial. Recebendo diária. Trazendo assessores que também foram custeados pelo erário. A gravação realizada durante a visita oficial foi amplamente divulgada pela imprensa, inclusive pelo Vermelho.org, órgão oficial do PCdoB. Mas a confissão de culpa não pára por aí. Eles nem tentaram esconder, tanto é o sentimento de impunidade que acompanha esta gente. Em foto postada no site da candidata, está lá a legenda: “em agenda concorrida o Ministro do Esporte Orlando Silva também passou pelos estúdios da coligação Inovar Florianópolis, e gravou depoimento com a futura prefeita da Capital”.(...) É revoltante. É nauseabundo. É nojento. É como se nós, eleitores e cidadãos brasileiros, pagássemos um cachê ao Ministro dos Esportes, a gasolina do seu jatinho, as tapiocas do seu lanche, para que ele, um funcionário público a serviço e em compromisso oficial, saia por aí a fazer propaganda eleitoral para candidatos do seu partido. Temos aí um crime eleitoral. Com a palavra a Imprensa que tanto fiscaliza a campanha eleitoral em Florianópolis. Prisco, Moacir Pereira, Cacau Menezes... Com a palavra o Tribunal Regional Eleitoral e o Juiz Portelinha. Com a palavra o Ministério Público, especialmente o Procurador Celso Três. É preciso dar um basta nisto tudo. A tapioca não serviu de lição ao ministro e aos seus correligionários. Chega de corrupção. Chega de impunidade.”
Com a palavra eu também, que deixei essa passar mesmo conhecedo bem a aldeia e seus camaradas.

Quanto mais longe melhor

Uzbekiston Respublikasi, em bom português, República do Uzbequistão, país localizado no centro da Ásia e escolhido por Zico para o seu exílio futebolístico. O Galinho vai cantar nesta distante freguesia ao lado de Rivaldo, como se não houvesse outro lugar no planeta para o trabalho de um treinador ou para um jogador de bom nível, ainda que em fim de carreira. O time é o Bunyodkor , que deve pagar salários estratosféricos para convencer um ser humano na plenitude de sua faculdades mentais a ir tão longe para se esconder, mesmo que o contrato dure apenas 12 meses. Talvez o medo de serem lembrados pela CBF para a atual seleção brasileira tenha aterrorizado os dois profissionais. Zico preferiu o risco de um convite para dirigir a seleção daquele país do que de repente virar aquele auxiliar experiente prometido por Ricardo Teixeira a Dunga.

Sul maravilha

A ESPN Brasil vai retratar em uma série de programas o estado de penúria dos nossos clubes. A idéia partiu de uma análise do economista Alberto Matias, diretor do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração) e professor da USP de Ribeirão Preto, que fez um estudo aprofundado das finanças dos principais clubes do Brasil através dos seus balanços. Os escolhidos foram os quatro primeiros colocados do Brasileiro de 2007 – São Paulo, Santos, Flamengo e Fluminense -, mais os rebaixados Corinthians, Juventude e Paraná. Palmeiras, Vasco, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético Mineiro e Botafogo, por serem clubes de grandes torcidas, também foram incluídos no trabalho do professor Matias. O primeiro programa da série mostrará como o passivo da maioria dos clubes cresceu tanto que alguns não conseguiriam pagar suas dividas mesmo vendendo todo o patrimônio. Entre os analisados apenas o São Paulo, Grêmio, Inter e Juventude fecharam o ano no azul. Aqui por Santa Catarina ninguém mereceu atenção do economista, mas o Figueirense seria nosso único representante com situação estável.

Um paraíso de mentirinha

Essa movimentação intensa em pleno período eleitoral por uma das sedes da Copa de 2014 em Florianópolis está mais para campanha política do que para a concretização dos reais anseios da comunidade em termos de infra-estrutura e prestação de serviços. A Capital catarinense, cumpridas todas as promessas de autoridades e políticos, vai virar um paraíso terrestre. O velho Gepeto é quem deveria presidir o Comitê Executivo criado para tratar do assunto Copa, tantos são os narigudos entre os seus componentes. Quem acredita que todas as obras, algumas de alta complexidade, e os investimentos necessários estarão disponíveis no máximo até 2012? Um aeroporto praticamente novo e a conclusão dos seus acessos, em função do que foi feito até aqui é a maior mentira que vem sendo pregada para a população.

A lista do Dunga

Colômbia e Venezuela aguardam com ansiedade a convocação para a seleção brasileira que Dunga vai anunciar ao país nesta quinta-feira. Nossos próximos adversários nas eliminatórias para a Copa ficarão muito chateados caso Ronaldinho Gaúcho não faça parte desta lista. Jogar com dez seria uma maneira de equilibrar um pouco os confrontos de outubro.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A mesa está balançando

Pensei que estava tudo resolvido em matéria de campeonato brasileiro com o anúncio da criação da série D. Futebol organizado a partir de quatro divisões representaria um sinal de novos tempos, ou pelo menos um caminho aberto para a administração de Ricardo Teixeira começar a se redimir. Engano. Surge de repente a figura do senhor José Neves, amigo do avaiano Zunino e presidente da Futebol Brasil Associados, a tal FBA, entidade que reúne clubes da segunda divisão. Esse cidadão pretende impedir o surgimento de uma quarta divisão, atendendo interesses de Santa Cruz e Remo. Neves já presidiu o clube pernambucano, do qual é hoje conselheiro, e aceitou a parceria paraense para chutar o balde. Santa e Remo não conseguiram assegurar seus direitos dentro de campo e querem resolver a parada virando a mesa. A entrevista do dirigente pernambucano à Rádio Guarujá de Florianópolis é de fazer corar um frade de pedra pela desfaçatez com que defende até recursos na justiça comum para fazer valer a vontade dos insurretos que não conseguem através apenas do futebol colocar seus representantes nem na quarta divisão.

sábado, 20 de setembro de 2008

Atenção jornalistas

Grampeei do blog do Juca Kfouri -

Milton Coelho da Graça (*)
Quanto mais avança a democracia, quanto mais avança a tecnologia, mais o poder quer xeretar nossas vidas e menos aceita que os jornalistas descubram e divulguem um pouquinho do resultado dessa xeretice.
Por que o ministro da Justiça não mandou um projeto de lei ao Congresso com penas mais duras para violações do sigilo bancário dos cidadãos, como aquela ordenada pelo ex-ministro Antonio Palocci (e respeitosamente cumpridas por dirigentes de estatais) contra o pobre caseiro da casa de diversões mais famosa de Brasília?
Por que Legislativo e Judiciário nada fizeram depois que João Paulo Cunha, presidente da Câmara Federal, graças a informações obtidas por grampos, mandou parar a enxurrada de convocações de empresários pela Comissão de Fiscalização de Atividades Financeiras, onde eram polidamente "escalpelados"?
E, porque nada fizeram, o "Coringa" dessa Comissão continuou subindo na vida. Agora, como presidente da Constituição e Justiça, a mais importante nas duas casas do Congresso, é o pior espinho parlamentar contra o presidente Lula, exigindo sempre um "presentinho" para dar andamento a qualquer iniciativa do Governo. O mais recente "presentinho" exigido é o fundo de pensão Real Grandeza, dos funcionários de Furnas, um dos mais bem administrados do país.
Estou contando tudo isso antes que seja aprovado esse projeto provavelmente elaborado de comum acordo entre os três poderes da República (embora Lula esteja calado). O ministro Tarso Genro explicou hoje (sexta, 19/9): "Quem diz que o texto abre brecha para punir jornalistas não leu o projeto ou não teve clareza jurídica e técnica para compreendê-lo".
Ministro, li umas três ou quatro vezes. Reconheço que talvez não tenha clareza jurídica para compreender o que V. Exa. pretende. Mas os únicos textos ministeriais que às vezes não consigo compreender são os do ministro Mangabeira Unger.
Em quase 50 anos de carreira, sempre entendi bem todos os outros. E está claríssima a intenção de impor medo e punir qualquer investigação jornalística que se inicie ou inclua informações obtidas através de um e-mail ou grampo, referentes a um tema de interesse público, mesmo que a matéria não reproduza nem se refira a essa origem. "Utilizar o RESULTADO de interceptação" é bastante vago para nos sujeitar a prisãode quatro anos e multa, com anuência e até aplauso, suspeito, de uma significativa parcela do Judiciário.
O projeto modifica o artigo 151 do Código Penal. O parágrafo 1º e seu inciso II (clique aqui para conhecer bem a ameaça) estão cuidadosamente redigidos. As palavras "imprensa" e "jornalista" não aparecem, mas é a nós que se referem.
E já está no forno outra paulada, desta vez anunciada pelo ministro Nelson Jobim, visivelmente entusiasmado pelas fotos com uniforme de combatente. O alvo é o sigilo da fonte.
Todo governante sonha com a absoluta fidelidade do aparelho de Estado, mas a democracia depende vitalmente da lealdade de cada funcionário público o interesse do Estado e da legalidade constitucional acima dos desejos de superiores hierárquicos. Quando o governante usa uniforme e a lei não nos protege, ele não apenas sonha, baixa o sarrafo.
Falo de cadeira porque peguei um mês no DOI-CODI e uma condenação a seis meses no presídio do Hipódromo, por fazer com outros companheiros um jornal clandestino (Notícias Censuradas) quando o ditador Médici proibiu a divulgação de notícias sobre uma epidemia de meningite e prejudicou o combate à doença. Se os médicos no Rio e em São Paulo tivessem baixado a cabeça e não divulgassem o que estava acontecendo, teria havido um número ainda maior de mortes.
Mencionei lá em cima que o presidente Lula até agora está calado sobre esses dois temas. Tenho sincera esperança de que ele ordenará "meia volta volver" a todos os ministros, parlamentares e juízes que sonham com um Brasil sem jornalistas xeretas.

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O ovo ou a galinha?

Os questionamentos sobre a falta de investimentos no futebol feminino começam a se diluir nos argumentos apresentados por quem conhece marketing e seus resultados. Enquanto a CBF não tiver um calendário definido para as meninas, nada feito. Quem sabe quando Marta & Cia voltarão a campo? Sem vitrine não tem investimento, sem recursos não há como garantir a criação de equipes e a manutenção de suas jogadoras, o que resulta na falta de competições. Afinal de contas, os clubes brasileiros hoje mal dão conta dos marmanjos. É o impasse.

Dura lex sed lex

A velha discussão sobre o que o jogador pode fazer nos seus momentos de folga não foi adiante entre os dirigentes do Milan. As últimas notícias vindas da Europa dão conta de que Ronaldinho Gaúcho está sendo punido pelo presidente do clube onde recém estreou porque teria participado de uma festa logo após o jogo da seleção brasileira contra a Bolívia. No mesmo dia ele viajaria de volta para a Itália e, lá chegando, dois dias depois entraria em campo para disputar uma partida pelo campeonato italiano. Tempo pra lá de escasso, portanto, para dois jogos em quatro dias com uma viagem intercontinental e uma balada no meio. O brasileiro Leonardo, manager do Milan, conhecedor das manhas da turma e dos dois lados do balcão, já deve ter alertado o dentuço sobre o que pensam os italianos quando se trata de irresponsabilidade profissional. Quem sabe Ronaldinho se dê conta de que no futebol italiano a lei é dura, mas é a lei e talvez isso o ajude a recuperar seu condicionamento físico e sua técnica.

O diferencial

Atravessando uma das piores crises de sua historia por causa da má campanha no Brasileiro os dirigentes do Figueirense conseguiram descobrir esta semana, se não um céu de brigadeiro, pelo menos uma boa maneira de desanuviar um pouco o ambiente. Primeiro com a visita de garotos da divisão de base ao Hospital Infantil Joana de Gusmão, passando do discurso à prática quando se trata de inclusão social e conhecimento da nossa realidade. Depois com o resgate da torcida feminina, atualizando uma iniciativa que teve origem em meados da década de 70. Quem sabe o aumento da participação de mulheres entre os torcedores seja um jeito de acalmar aqueles marmanjos que vão para a arquibancada só pra arrumar confusão. Estão aí dois exemplos concretos de que atividades extra campo podem se transformar em ações positivas para a imagem de um clube em períodos de muita turbulência.

A imitação

Parece que não estamos nos limitando apenas a importar jogadores e técnicos de outros centros. De uns tempos para cá resolvemos copiar os piores exemplos de torcidas organizadas que infernizam a vida de quem vê o futebol como mais uma opção de lazer. Os protestos são legítimos desde que não ultrapassem a fronteira da boa educação e da civilidade. Na Europa grande parte desse problema foi resolvido com prisão e banimento dos arruaceiros dos estádios. Os jogadores do Figueirense, molestados em período de trabalho, são as últimas vítimas dessa barbárie de arquibancada. Sem combate enérgico e imediato, vamos empurrado com a barriga até que aconteça uma grande tragédia.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O Mário sabe o que faz

Mário Sérgio é o quarto treinador do Figueirense na temporada, pela segunda vez no clube desde que perdeu a decisão da Copa Brasil para o Fluminense. Voltou ao Orlando Scarpelli de nariz empinado, olhando para cima, ou seja, mirando a parte superior da tabela, falando em classificação para a Sul-Americana, negando-se a aceitar a hipótese de rebaixamento. A situação é crítica, seu discurso de chegada foi otimista sem ser visionário, com base na realidade, sem prometer o céu, mas também sem lembrar o inferno. Pra começo de conversa é um retorno em grande estilo. Como Mário vai reverter o quadro e atingir os objetivos por ele propostos, é outra história. O moral está baixo, o time é fraco e a possibilidade de bons reforços é quase zero. Quem sabe a premiação prometida ao técnico produza o milagre aguardado ansiosamente pelo torcedor e salve nosso único representante na divisão de elite do Brasileiro.

O Peixoto sabe o que diz

Sentindo a euforia da torcida do Avaí escrevi outro dia que seria conveniente um olho no padre, outro na missa, por parte principalmente da Comissão Técnica e dos jogadores. O movimento da arquibancada reflete o comportamento do gramado e dos bastidores, resultado do trabalho de quem está eventualmente no comando do clube e do time. O resumo desse trololó é cautela ou, como diz o presidente da FCF, Delfim Peixoto, é bom não contar com o ovo no bumbum da galinha. Como o vento mudou de lado e Delfim virou um assíduo freqüentador da Ressacada, é recomendável ficar de olhos e ouvidos bem abertos para os conselhos deste probo e sábio senhor. A derrota para o Vila Nova derrubou o Avaí de novo para o quarto lugar. E o que é pior, com 45 pontos está ameaçado por Bragantino, com 42, a Ponte Preta com 40 e o Barueri um ponto abaixo se assanhando. Logo acima estão o próprio Vila, 47 pontos, e Santo André com 46. É possível, claro, chegar à série A, a diferença é pequena, nada assustadora, mas não custa lembrar que o Corinthians já garantiu uma vaga. Sobraram apenas três, portanto, para um catarinense, um goiano e um monte de paulistas, sempre mais poderosos quando houver alguma interferência extra-campo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Quando as aparências não enganam

Com a saída de PC Gusmão o Figueirense vai para o seu quarto treinador na temporada. Todo mundo acha isso normal no futebol brasileiro onde a troca de técnico está incorporada à rotina dos clubes de qualquer porte. É verdade que muitos fazem por merecer o pé na bunda, mas a maioria termina sendo vítima da incompetência administrativa de grande parte da cartolagem que assola o universo do nosso cada vez mais empobrecido futebol. Invariavelmente é o “professor” quem dá a cara pra bater e no Figueirense não foi diferente. Depois da goleada para o Sport nenhum dirigente apareceu para enfrentar a tradicional entrevista coletiva de pós-jogo com as explicações de praxe. Mandaram um funcionário repetir frases ensaiadas e sem conteúdo, algumas até mentirosas. Aliás, comunicação não tem sido o forte do Figueirense faz tempo. Quem fez a porcaria toda em 2008 preferiu a trincheira da hierarquia e do mando, que nessa hora é muito conveniente e serve para manter as aparências. Será?

domingo, 14 de setembro de 2008

Fé demais

Caroline Célico, mulher de Kaká, pode virar bispa de igreja evangélica. Graças aos ganhos, digamos, modestos do maridão, Caroline já é tratada na Igreja Renascer de São Paulo como “ministra da arrecadação”.

Fé de menos

Ouvi em boletim de uma emissora da rádio carioca que o presidente da CBF pretende integrar à Comissão Técnica da seleção uma espécie de interventor. Seria, na visão de Ricardo Teixeira, um profissional experiente para ajudar Dunga e seus companheiros. Parece que o cartola maior do futebol brasileiro não está levando muita fé no trabalho dos homens que ele mesmo escolheu para levar o Brasil à Copa do Mundo na África do Sul. A informação circula no Rio de Janeiro como coisa plantada por gente que pretende ver Dunga pelas costas, mas não tem coragem para tomar a decisão. Seja o que for, venha de onde vier, é pressão para induzir qualquer pessoa com um tiquinho de amor próprio a chutar o balde e pedir o boné.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Frigideira no fogo

Foi Ricardo Teixeira quem colocou Ronaldinho Gaúcho na seleção para os jogos contra Chile e Bolívia. Todo mundo sabe disso, como também é sabido que se Dunga tivesse reagido com a personalidade do jogador e capitão do time que ganhou a Copa nos Estados Unidos, metade dos problemas que ele hoje enfrenta estariam resolvidos. Inclusive a convocação de Ronaldinho seria descartada. Danou-se o técnico a partir deste episódio que pode se repetir com outra imposição do presidente da CBF na sua ameaça velada de incorporar à atual Comissão Técnica da seleção um auxiliar mais experiente. Veremos como reagirão Dunga e Jorginho porque esse é o jeito Teixeira de agir e a manifestação clara do seu descontentamento. O fogo está aceso com a frigideira em cima. Só falta acrescentar o óleo para a fritura.

Impunidade à brasileira

A nadadora Rebeca Gusmão está banida do esporte. O atacante Dodô acaba de ser punido com suspensão de dois anos. São decisões da Corte Internacional do Esporte para casos de doping e que no Brasil receberam tratamento diferenciado. A opção aqui é por absolvição ou penas brandas, bem ao gosto dos nossos tribunais mais políticos do que esportivos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Tudo como dantes

Três dias depois da derrota para o Brasil, o Chile desancou a Colômbia com uma goleada de 4 a 0. O jogo foi em Santiago, no mesmo local onde a seleção brasileira, movida a muitas críticas, enganou todo mundo com uma vitória por 3 a 0 e um futebol vibrante. O que aconteceu nesse reduzido espaço de tempo para voltarem a apatia e as más atuações dos principais jogadores, junto com a confirmação da má fase física e técnica de Ronaldinho? Nada demais. Simplesmente esquecemos na bagagem da euforia e enganação o futebol que jogamos na capital chilena, enquanto os donos da casa, ao contrário, refeitos do susto conseguiram a recuperação diante dos colombianos. Quanto a nós, voltamos à estaca zero, com os jogadores dando de ombros, dizendo que futebol é assim mesmo, que não se pode jogar bem todos os dias, coisa e tal. Já o técnico Dunga continua com aquela cara de paisagem devastada, cheio de mau humor, respostas evasivas e carregadas de obviedades. O segundo lugar nas eliminatórias é o que ainda sustenta Dunga e seus pupilos, muito pela irregularidade dos nossos adversários, somada à letargia da CBF e do Rei Ricardo. O certo é que nem a Comissão Técnica, nem a mídia e, muito menos o torcedor, sabem com que time o Brasil jogará a Copa de 2010 na África do Sul.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Suor e lágrimas sem pieguice

O atleta brasileiro tem a emoção á flor da pele como vimos recentemente na Olimpíada com a choradeira geral, com ou sem pódio, ganhando ou perdendo. Fosse assim na seleção de futebol talvez metade dos problemas pudessem ser resolvidos com mais rapidez e facilidade, como parece ter acontecido no jogo contra o Chile, quando bastou suar um pouco mais a camisa. A espinafrada presidencial surtiu efeito, tocou os intocáveis, insensíveis aos clamores da torcida e às críticas da mídia. Precisou uma chave de galão para dar uma acalmada na arrogância e na soberba, uma contaminação provocada por maux exemplos e moedas mais fortes do que o real. Os plebeus tupiniquins, de repente elevados à condição de nobres da comunidade européia graças às burras carregadas de euro-dólares, perderam completamente o apreço pelas coisas da terra natal. A camisa da seleção é uma delas. Virou obrigação, um compromisso desagradável e fora de propósito, tarefa menor para os que daqui ainda não saíram.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A invertida

A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, elogiou a atuação do Brasil contra o Chile e a dedicação de Robinho. O goleiro Abodansieri, titular da seleção argentina, não gostou e respondeu que Cristina deveria renunciar e se mudar para o Brasil onde, aliás, ela passou o final de semana acompanhando com o presidente Lula as festas da Independência.

O divã do Lula

A seleção venceu o Chile com autoridade. Foi uma atuação condizente com o futebol de cinco títulos mundiais e com jogadores rotineiramente indicados como os melhores do mundo. Exceção feita ao hoje burocrata Ronaldinho, inexplicavelmente preso a uma estreita faixa de campo e sem nenhuma inspiração, os principais selecionáveis mostraram o talento que têm. Mas acima de tudo responderam aos anseios da torcida com garra e a tal atitude, o lugar comum na linguagem da boleirada. Vocabulário de que se valeu o presidente-torcedor Lula para alinhavar uma boa espinafrada na turma às vésperas da partida contra o Chile. Teve gente que não gostou, caso do goleiro Júlio César, que além de não aceitar as críticas à falta de dedicação e amor à camisa de alguns, respondeu com uma grosseria. Dunga e seus pupilos devem agradecer. Lula parece ter mexido com os brios do pessoal que passou pelo Chile em Santiago com criatividade e muita garra. Como o jogo de quarta-feira contra a Bolívia será no Brasil, quem sabe nosso presidente dá uma passada pelo vestiário para uma conversinha ao pé do ouvido. Para receber e saudar o Presidente em nome do grupo sugiro Júlio César.

A galinha do Delfim

O presidente da Federação Catarinense de Futebol, como político e tribuno que foi, armazenou experiência suficiente para evitar dizer tantas bobagens em algumas entrevistas. É impressionante sua facilidade para misturar fanfarronice com palavreado chulo e nada condizente com o status de dirigente de uma instituição tão importante e de tanta visibilidade. No final de semana deu entrevista à rádio Guarujá, de Florianópolis, quando lembrou ditados populares e repetiu gabolices. O ápice aconteceu ao falar sobre o quanto tinha fé em que uma das sedes da Copa de 2014 virá para Florianópolis: “Acredito muito nisso, mas não quero fazer como aquela história da galinha, coisa que não posso falar aqui na emissora”. Então diga outra coisa, presidente. Até porque não é bom mesmo contar com o ovo no da galinha. Na seqüência desfiou uma lista visionária de promessas, lorotas ouvidas todo o dia da boca de um bando de inconseqüentes formado por gente de grosso calibre. A lista inclui a ampliação do aeroporto Hercílio Luz, o complemento da via expressa sul, metrô de superfície, transporte marítimo, mais estradas, melhoria da rede hoteleira, um estádio maior. Faltou o teleférico, mote da campanha de um candidato à prefeitura da Capital. E por ai vamos. Ou não vamos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

"In the mood" (O Edmundo)

“O homem não sabe o que faz”. Uma versão, uma letra de música? Um bad boy com vergonha na cara. Existe? Pelo menos na pele do Edmundo sim. Ele é o que é, fez o que fez, diz o que diz e ainda chora de vergonha pela humilhação de uma derrota em casa, no estádio de São Januário, onde vai encerrar sua tumultuada carreira. O seu querido Vasco perdeu de 3 a 1 para o Cruzeiro, quinta-feira, com ele no gol, gesto extremo de solidariedade com os companheiros atordoados pelos incidentes do jogo, duas expulsões e um placar inesperado. Esse é "O Edmundo", versão brasileiríssima e atualizada de “In the mood”, cantada divinamente por Elza Soares, ou na interpretação mais cômica de João Penca e seus Miquinhos Amestrados. Tudo cabe nessa figura.

A pátria sem chuteiras

Quatro anos sem vitórias fora de casa nas eliminatórias para a Copa do Mundo. São quatro empates e três derrotas nesse período. E lá isso são números para se chegar ao dia da pátria nossa em noite de sessão coruja contra os destemidos e perigosos chilenos? E tem mais: estamos em quinto lugar nesta eliminatória, em caso de derrota podemos cair para sétimo. Hoje ocupamos a sexta colocação no ranking da FIFA, ganhamos um bronze mixuruca na Olimpíada. Cadê o outrora respeitado futebol brasileiro? Virou Conceição, sumiu, ninguém sabe, ninguém viu. Por onde anda nossa amada e idolatrada seleção? Aquele carisma, aquela atração, aquela vontade de ir ao estádio, de sentar à frente da tevê, olho na telinha, ouvido no rádio (nem todo mundo agüenta o Galvão), a paixão, o orgulho do torcedor, tudo isso desapareceu. O talento vai embora todo ano, passa pelas tais janelas abertas para nossos craques cada vez mais raros, empobrecendo nossos clubes, nossos jogos. O respeito virou atrevimento diante de um time cada vez mais apequenado. Até nosso escudo foi arrancado do peito na rusga interminável entre COI e FIFA. Daqui a pouco o amarelo da camisa também vai sumir. Por maluquice de algum designer ou falta de respeito mesmo. Zagalo perderá o seu bordão, aquele da amarelinha, e o torcedor o pouco que resta para se ver em campo, correndo e chutando pelas pernas de um “onze” que tanto nos fez orgulhosos e respeitados planeta a fora. Que venha o Chile, mas que não nos encha de vergonha justo no 7 de Setembro.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Sexo dos anjos

Discute-se no país inteiro a tal paradinha na cobrança de pênalti. É o tipo da conversa inútil, pois a própria regra se encarrega de legalizar o que o talento do jogador brasileiro executa em campo. Querem limitar a criatividade e transformar jogadores em robôs manipulados por um monte de técnicos brucutus. Como se já não bastassem a omissão e os erros de arbitragem que têm ajudado a transformar a maioria dos nossos jogos em peladas de fundo de quintal.

Fatos e versões

Outro dia ouvi entrevista do técnico de natação, Carlos Camargo, quando ele disse que um nadador brasileiro pode obter os mesmos resultados em competições internacionais treinando no Brasil. Achei estranha esta afirmação do Camargo, que foi técnico do Fernando Scherer no Clube 12 em Florianópolis e hoje é ligado à Unisul, onde faz um trabalho com escolinhas no Parque Aquático daquela instituição. Camargo estava obviamente puxando a brasa para o seu assado. Para quem não sabe, a medalha de prata e a inédita de ouro foram conquistadas em Pequim graças a um treinamento de três anos que Cielo fez nos Estados Unidos para onde deve voltar. Tudo graças a um investimento da família que inclusive se desfez de bens pessoais. O único maiô que Cielo recebeu da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para nadar em Pequim tinha numeração feminina. Os pais do nadador não receberam nem ingressos para ver as provas do filho na Olimpíada. Depois disso e das medalhas Cielo fez questão de dizer que não queria vincular de nenhuma forma sua conquista à CBDA, cujo presidente, Coaracy Nunes, tem opinião idêntica a de Camargo. Vale lembrar ainda que os nadadores que treinam no Brasil não ganharam medalha em Pequim. Não adianta disfarçar e nem é surpresa a postura de César Cielo. A falta de apoio é ampla, geral e irrestrita. Depois que o atleta, por esforço e recursos próprios, consegue sucesso, a cartolagem aparece toda assanhada para aparecer na fotografia junto com os políticos e demais oportunistas de plantão.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A bronca é com o Teixeira

Perguntemos ao empregado se o patrão pretende demiti-lo e ouviremos o óbvio como resposta. A pergunta está sendo feita à pessoa errada. É o caso de Dunga. Até hoje ninguém foi ao presidente da CBF e empregador da Comissão Técnica da seleção brasileira saber qual é a verdadeira situação do técnico. Desde o fim da Olimpíada e na medida em que se aproxima a partida contra o Chile o vespeiro não para de aumentar em torno de Dunga e as especulações crescem até para o nome de um eventual substituto. O preferido, não se sabe de quem, é o Luxemburgo. O único que não disse uma palavra até agora foi Ricardo Teixeira. É o seu estilo e a grande mídia ainda não entendeu isso. A pressão deve ser em cima dele e não sobre o coitado do treinador que já tem muito com o que se ocupar.

A turma não aprende

Cansados de piadinhas e das suspeitas manifestadas constantemente por alguns jornalistas de Rio e São Paulo sobre a qualidade do time os jogadores do Grêmio resolveram botar os pingos nos is. O porta-voz foi o atacante Marcel, logo após a vitória sobre o Vasco, enquanto era entrevistado ainda à beira do campo. Consolidada a liderança com vantagem de cinco pontos sobre o Palmeiras, Marcel mandou seu recado: “Está na hora de o pessoal respeitar o Grêmio. Somos candidatos ao título sim”. Foi o bastante para a repercussão e as más interpretações correrem os programas esportivos da segunda-feira. Teve gente que entendeu como um sintoma de soberba as declarações do jogador, afirmando que o técnico Celso Roth se viu obrigado a intervir no vestiário para amenizar a situação e evitar um possível clima de “já ganhou”. Sem dúvida é mais uma maldade do “eixo” que até hoje provincianamente costuma fazer leituras mentirosas e equivocadas sobre o futebol "faltoso e violento" praticado no sul do país. Bastaria listar as conquistas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul para despertar alguns sonolentos da mídia paulista e carioca e fazê-los entender que as fronteiras do futebol brasileiro não estão demarcadas nos portões ou no gramado do Maracanã.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Independência ou morte

Dunga não é D. Pedro, mas terá que fazer por si e pelos seus nesta semana que antecede o jogo do Brasil contra o Chile dia 7 em Santiago. Depois do fracasso na Olimpíada a missão Copa 2010 volta a atormentar a cabeça do treinador que não consegue botar um time decente em campo. Temos que sair do quinto lugar e o único jeito é não marchar justo na data da nossa independência. O Chile já sabe as armas que tem para nos enfrentar, mas Dunga ainda não decidiu se põe na roda novos jogadores, especialmente aqueles que se destacaram (embora o lateral Marcelo nem tenha sido convocado) em Pequim, ou mantém o aproveitamento de muita banana que já deu cacho.