Outro dia ouvi entrevista do técnico de natação, Carlos Camargo, quando ele disse que um nadador brasileiro pode obter os mesmos resultados em competições internacionais treinando no Brasil. Achei estranha esta afirmação do Camargo, que foi técnico do Fernando Scherer no Clube 12 em Florianópolis e hoje é ligado à Unisul, onde faz um trabalho com escolinhas no Parque Aquático daquela instituição. Camargo estava obviamente puxando a brasa para o seu assado. Para quem não sabe, a medalha de prata e a inédita de ouro foram conquistadas em Pequim graças a um treinamento de três anos que Cielo fez nos Estados Unidos para onde deve voltar. Tudo graças a um investimento da família que inclusive se desfez de bens pessoais. O único maiô que Cielo recebeu da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para nadar em Pequim tinha numeração feminina. Os pais do nadador não receberam nem ingressos para ver as provas do filho na Olimpíada. Depois disso e das medalhas Cielo fez questão de dizer que não queria vincular de nenhuma forma sua conquista à CBDA, cujo presidente, Coaracy Nunes, tem opinião idêntica a de Camargo. Vale lembrar ainda que os nadadores que treinam no Brasil não ganharam medalha em Pequim. Não adianta disfarçar e nem é surpresa a postura de César Cielo. A falta de apoio é ampla, geral e irrestrita. Depois que o atleta, por esforço e recursos próprios, consegue sucesso, a cartolagem aparece toda assanhada para aparecer na fotografia junto com os políticos e demais oportunistas de plantão.
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