quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Em Abu Dá Bi

Neymar disse ao Santos que fica

É a piada que o torcedor do Inter faz sobre a participação do time em dezembro no Mundial de Clubes em Abu Dhabi, Emirados Árabes. O clube gaúcho ganhou do poderoso Barcelona em 2006 e agora, para repetir a dose, deve passar pela primeira fase para, tudo indica, enfrentar a Inter de Milão no jogo final. Outra brincadeira é que os gremistas anteciparam o fim de semana na serra e no litoral, entupindo estradas para fugir da festa colorada que invadiu a madrugada da quinta-feira.

Com o Rio Grande do Sul garantindo a quarta conquista da Libertadores, duas para cada um da dupla Grenal, é o futebol brasileiro que a trancos e barrancos mantém seu status. Apesar dos maus administradores, da desorganização e da roubalheira que vem por aí com a Copa e a Olimpíada, como já aconteceu com o Panamericano no Rio, ainda encontramos forças para ganhar títulos, repatriar jogadores e, façanha das façanhas, manter por aqui preciosidades como o Neymar. O Santos acaba de peitar o Chelsea para segurar seu craque, a peso de ouro, patrocínios e alguma criatividade na busca pelo suporte financeiro, garantia de proposta maior que a dos ingleses.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Nosso futebol vai bem, obrigado

Florianópolis está muito bem representada nas duas séries principais do Campeonato Brasileiro. Mais que isso, o futebol catarinense sobe no conceito da mídia nacional que não pode mais ignorar um Avaí batendo os quatro maiores clubes paulistas, com vitórias no Morumbi e Vila Belmiro, e atuações de impressionar na Ressacada. O Corinthians, última vítima, jogou aqui com todos os titulares- o Ronaldão não conta mais -, sem desculpa, portanto, para a primeira derrota do Adilson Batista a frente da poderosa equipe paulista. Na série B o Figueirense não se contenta em vencer, tem que golear. É um candidato sério, mesmo que não seja o campeão, a figurar como o segundo representante de Santa Catarina na elite do futebol brasileiro em 2011.

O impressionante na campanha da dupla é que ela pertence a uma cidade essencialmente administrativa, sem o potencial econômico, por exemplo, de Blumenau e Joinville. E os joinvilenses que me perdoem, mas depois da era José Elias Giuliari, um Delfim Peixoto mais esperto e refinado, e da injeção de dinheiro na época por empresários da região, acabou-se o que era doce. O JEC nunca mais foi o mesmo. Delfim é do Vale e uniu-se a outras forças que lhe convinham mais, política e economicamente, incluindo a Capital. Afinal, o dinheiro da tevê e da arrecadação de jogos acaba respingando em gotas generosas nos cofres da Federação Catarinense.

Em Blumenau o futebol não decola pela falta de recursos e também por causa da imagem que tem esse esporte nas camadas sociais de maior poder aquisitivo. O conceito básico é que futebol é esporte de pobre e traz consigo alguns males que afligem atualmente nossa sociedade, como o álcool e as drogas. Lá preferem modalidades de quadra, principalmente vôlei, handebol e basquete. Preconceituosa ou não, é a máxima que vinga onde a renda per capita supera em muito o restante do Estado e o acesso à educação é amplo, em estabelecimentos de boa estrutura de ensino e bem equipados para a prática esportiva. Os resultados positivos nas participações blumenauenses em competições regionais e nacionais, bem como a revelação de atletas em número expressivo, carimbam esta realidade.

Melhoramos por aqui em primeiro lugar porque cortamos o cordão umbilical que nos ligava ao Rio de Janeiro. Não vemos mais nas arquibancadas camisas dos clubes cariocas, processo que se deu gradativamente, junto com a profissionalização de Avaí e Figueirense. Ainda passamos por altos e baixos, as conhecidas crises da gangorra, percalços naturais e comuns até aos grandes clubes brasileiros. No caso do Avaí o problema hoje é o acesso à Ressacada, o que lhe tira um bocado de torcedor, solução distante graças à incompetência e irresponsabilidade dos nossos políticos e administradores.

De qualquer forma já temos a certeza e a segurança de que nunca mais voltaremos ao estágio dos anos 70, aquele que nos mantinha fora do mapa do Brasil e longe da elite do futebol. Anda vamos andar muito nesse Brasileirão e tudo pode mudar de um turno para outro, mas os indícios são positivos, encaminhando o torcedor de Florianópolis para um final feliz em 2010.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A mentira de pernas longuíssimas

Quinta-feira, 10h30,viaduto em Morro Alto, Torres RS. Cadê os operários? (foto Gerson Schirmer)

Na última semanada andei pela BR-101, ida e binda a Porto Alegre, a bordo de um “Anjo Class” da Santo Anjo da Guarda, uma das poucas coisas que funciona no transporte interestadual. É um ônibus muito confortável, com apenas seis poltronas leito na parte de baixo, duas delas individuais, sem chance de algum chato alugar sua cabeça com conversa fiada especial, embalada para viagem. O espaço sem muvuca, coisa meio nova e disponibilizada por algumas empresas, permite a leitura com possibilidade de eliminação do som quando não se quer aturar filminhos barulhentos e insuportáveis. Só falta trocar o local de parada para lanche. Quem como eu faz o trecho Floripa-Poa-Floripa desde o comecinho dos anos 70, sabe bem o que é um “Japonês”. E o quanto é ruim a gororoba servida aos passantes naquela casa.

O papo em questão, um longo “nariz de cera” no jargão jornalístico, introduz ou reintroduz (êpa) o lero-lero da 101. Como viajei de dia, do janelão do ônibus deu para perceber a quantas andamos (para trás) nas obras de duplicação. Nos trechos em que há alguma atividade não mais que meia dúzia de operários está lá garantindo a figuração. O DNIT silencia ou mente sobre o Morro dos Cavalos, ponte de Cabeçudas e Morro do Formigão, trecho com não mais de 11 quilômetros. Nem projeto, licitações, muito menos obras. Mas ainda há outros lotes sem conclusão, um deles já abandonado, pasmem, por sete empreiteiras.

Vamos chegar à Copa de 2014 sem estrada e com os candidatos mentindo adoidados, como acontecia desde os tempos da buchada de bode, passando depois por gente empoleirada em trator, tomando cafezinho em lanchonetes populares, segurando no colo e beijando criancinhas, andando de metrô, em lombo de burro e outros meios de transporte, sempre ao alcance das câmeras. E promessas, muitas promessas, cada uma mais mentirosa que a outra.

Está tudo documentado através de filmes e fotos pelo repórter fotográfico Gerson Schirmer no seu blog www.reporterbr101.ning.com Semanalmente, por razões profissionais, ele percorre os trechos catarinenses e gaúchos documentando a mentira e a enrolação que atravessaram dois mandatos de Fernando Henrique, com sequência em mais dois do Luiz Inácio Lula da Silva.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Garotos mostram que são bons de bola

Em todo o tempo de Dunga à frente da seleção brasileira poucas vezes se viu uma atuação parecida com a dos meninos do Mano contra os Estados Unidos. Reunidos pela primeira vez com o novo técnico os garotos classificados de inexperientes e por isso mesmo inservíveis para a Copa do Mundo na África, Ganso, Neimar & Cia., mostraram personalidade e desenvoltura para uma primeira vez. O novo time deixou o torcedor com água na boca e cheio de esperança diante do que nos foi permitido ver em apenas um jogo e do que temos pela frente.

Claro que a amostragem foi pequena, ínfima para conclusões definitivas. Mas, que deu gosto ver a bola correndo rente ao gramado, de pé em pé, ah isso deu. O amadurecimento dessa turma virá com o tempo e com as experiências que precisam ser feitas por Mano Menezes, para confirmação de uns e desaprovação de outros.

O certo é que mais uma vez ficou comprovada a capacidade infinita de produzirmos bons jogadores. Alguns países levam décadas com reciclagem e renovação. A Espanha, por exemplo, desde que inventaram a Copa do Mundo só agora conseguiu montar uma seleção campeã. Nós deixamos de ganhar títulos na maioria das vezes por falta de organização e escolhas equivocadas, somadas a políticas esportivas mal conduzidas e oportunistas. Nunca por falta de talento e de condições técnicas de nossos jogadores.

No caso presente preocupa a falta de planejamento para 2014. Sem o devido suporte de uma estrutura adequada a partir das seleções de base e setores administrativos da CBF o trabalho de Mano Menezes e sua comissão técnica pode se perder pelo caminho. De quebra corremos o sério risco de assistirmos uma reedição piorada de 1950, sem conseguirmos chegar à grande final no Maracanã. Não é cedo para avaliações pessimistas. O passado nos deixou lições duras através de resultados catastróficos e previsíveis.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os regulamentos e o sobe-e- desce no sul



Um estádio com capacidade para 50 mil pessoas e com gramado sintético será o palco em Guadalajara quarta-feira da primeira partida pelas finais da Libertadores entre Chivas e Internacional. É outra invencionice dos cartolas, bovinamente aceita pelos clubes sul-americanos. Se já não bastasse a participação do Chivas como convidado e por isso sem direito a disputar o Mundial em Abudabi caso vença a Libertadores.

Já escrevi a respeito em outra postagem e acrescento agora essa excrescência do gramado sintético. Em nenhuma das grandes competições internacionais se usa este tipo de piso a não ser em outra edição da Libertadores, a exemplo do que já aconteceu com uma equipe peruana. E como também acontece no incipiente futebol norte-americano.

São assuntos cucarachos e que nos deixam sempre um passo atrás da Europa em matéria de organização e administração esportiva. Se essa turma não aprecia a grama natural e acha que não há diferença entre um produto e outro, que tal pastar um pouquinho do sintético?

Na terrinha os assuntos domésticos estão quentes por conta da goleada sofrida pelo Avaí diante do modesto Guarani e a avassaladora vitória do Figueirense sobre o Icasa. Os dois resultados estão plenamente justificados e são fáceis de entender: a derrota avaiana se deve, em grande parte, à insistência do “professor” Antônio Lopes com alguns jogadores que já não deram certo com o técnico anterior, não por acaso chamado de Chamusca. Ainda dá tempo de corrigir. No Orlando Scarpelli nada de assombroso, graças à boa fase do Figueira e sua grande superioridade sobre o time cearense.

A gangorra que embalou o final de semana dos torcedores de Florianópolis balançou com mais força a rivalidade Grenal. Cheguei a Porto Alegre domingo à tarde, bem na hora da abertura do parquinho de diversões da torcida gaúcha. O Grêmio perdeu em casa para o Fluminense, derrota que serviu para a demissão de Silas, um treinador que nunca empolgou os gremistas, apesar de ter vencido o campeonato gaúcho. Enquanto isso os rivais saboreiam a desgraça alheia com a presença do time colorado na final da Libertadores e na fase decisiva do Mundial de Clubes.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Santos e Inter festejam com chope aguado

O Internacional perdeu para o São Paulo por 2 a 1, mas fez a festa em pleno Morumbi para comemorar a classificação à final da Libertadores e a vaga no Mundial de Clubes. O mexicano Chivas, mesmo que saia campeão da América do Sul diante dos gaúchos , não poderá jogar a decisão do Mundial em Abudabi. É convidado, sua turma é da América do Norte, onde as competições são regidas pela Concacaf, similar à nossa Conmebol. Um dia antes os torcedores baianos viram em Salvador o Santos levar o título da Copa do Brasil, mesmo perdendo para o Vitória pelo mesmo placar de São Paulo e Inter.

Os placares dos jogos de ida em Santos (2 a 0) e Porto Alegre (1 a 0) garantiram o festerê para santistas e colorados. Comemorem, pois. Maluquice total, coisa de regulamentos que só a cartolagem do futebol é capaz de produzir. Jeito mais sem graça esse de festejar com derrota. É como beber chope aguado. Mas é assim que os dirigentes e o mercado da bola querem, e assim será para todo o sempre. Até que o sistema mude. Alguém acredita?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Confirmado: repetimos 2006 em 2010


As mentiras de 2006 com Parreira repetidas em 2010 com Dunga - foto gospelblogspot

Kaká fez na Bélgica uma artroscopia de joelho – não sei em qual deles – por causa de uma lesão de menisco e vai ficar de três a quatro meses afastado do futebol. Fora isso continua administrando aquelas dores provocadas pela pubalgia que o acompanha faz tempo e vem atrapalhando seu futebol.

A lesão de joelho é notícia nova, bem fresquinha. A pubalgia é velha e fez parte do noticiário pré e pós Copa da África do Sul. O resultado todo mundo sabe e as consequências nós vimos dentro do campo, apesar das constantes negativas da Comissão Técnica, médicos e fisioterapeutas da seleção brasileira.

Resumo da ópera: em circunstâncias diferentes repetimos 2006/Alemanha em 2010/África e perdemos dois mundiais seguidos. Na Copa alemã Ricardo Teixeira vendeu os treinos da seleção brasileira e transformou nossa concentração em um verdadeiro circo. Parreira, o técnico da ocasião, fechou os olhos para tudo, inclusive para a má forma física dos principais jogadores. Ele e seus parceiros negaram sempre a zorra em que vivia o grupo e o excesso de peso de Ronaldo & Cia.

Na Copa africana Dunga cometeu outro excesso, mas na contramão do que acontecera na Alemanha. Fechou as portas e armou a carranca para tudo e para todos, defendendo a formação de uma equipe medíocre e também a má forma de alguns dos seus protegidos, incluindo Kaká. Voltamos pra casa mais cedo e com aquela máxima do “eu já sabia” entalada na garganta.

Vamos torcer para que Mano Menezes e seus auxiliares – a comissão médica será a mesma – não caiam na tentação da mentira. Mano já avisou que não mente, apenas omite em algumas ocasiões. Eu tento entender, faz duas Copas, a diferença entre uma e outra situação. A mentira, se sabe, tem pernas curtas, bem curtinhas, aliás. Quanto à omissão, tomara que em 2014 não tenhamos que aprender seu significado e sofrer com seus desdobramentos com os novos comandantes do time brasileiro.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O futuro do nosso futebol começa por aqui

Ainda não se conhece a fundo os planos de Mano Menezes para a seleção brasileira. A mídia tem batido na tecla de que o treinador deve olhar mais para o futebol que se joga no país e esquecer um pouco os jogadores que estão fora, já bastante conhecidos pelo destaque que alcançaram para serem negociados.

É a minha tese e já escrevi sobre ela, sobretudo porque a fronteira dos técnicos que passaram pela seleção sempre esteve limitada a Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, seus campeonatos regionais e ao Brasileirão. No tempo do Zagalo, nem isso. Ele só conhecia os craques (?) que jogavam no Maracanã ou quem aparecia na televisão.

O Mano começou obedecendo à antiga cartilha e imitando o velho e rabugento Lobo. Domingo foi ver Flamengo e Vasco. Quinta-feira pode marcar presença na decisão da semifinal da Libertadores entre São Paulo e Inter. Quer dizer, não muda o trajeto, com um campeonato brasileiro em andamento nas suas principais divisões, sem contar as inúmeras opções oferecidas pelas atividades das divisões de base.

Por exemplo: terminou domingo em São Paulo uma Supercopa de futebol júnior, competição com participação de clubes estrangeiros e vencida pelo Santos em decisão com o Flamengo. Pelo visto representou um bom campo de observação apenas para empresários. Depois estranhamos que parte dos nossos jogadores de futuro carimbem seus passaportes cada vez mais cedo e de repente, completamente desconhecidos por aqui, apareçam com destaque nas principais equipes européias.

Tudo isso e o fato de não termos que disputar as eliminatórias para a Copa de 2014 mais a exclusividade, exigência da CBF, deveriam fazer de Mano Menezes um caixeiro viajante. Há tempo e motivação de sobra para muitos amistosos e para viagens por esse país de dimensões continentais. O espaço para experiências com jogadores das diversas regiões brasileiras é imenso e a disponibilidade de Mano idem.

A convocação de Renan, o jovem goleiro do Avaí, pode ser um bom indício. Até hoje os jogadores catarinenses que jogaram na seleção, como escrevia aquele eterno colunista social de Florianópolis, “foram vistos” só depois de atuarem por grandes clubes no Brasil ou na Europa. Então caro Mano Menezes, mala nas costas e pé na estrada. O futuro do outrora melhor futebol do mundo é aqui.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dás um banho de lágrimas



“Sentimental eu sou
Eu sou demais
Eu sei que sou assim
Porque assim ela me faz”


Homem não chora. Mentira. Chora e muito. O Paulo Brito segunda-feira chorou discursando no lançamento do livro sobre o Roberto Alves e quarta à noite conheci outro chorão dos bons, o Fenelon Damiani, na sua festa de 50 anos de comunicação, no teatro Pedro Ivo. E como chorou o homem. Soluçou pela homenagem, pela família, pelos amigos, pelo seu querido Figueirense, pela vida, enfim. Respirou fundo o tempo inteiro para não sucumbir à emoção.

Tem chorão por todo o canto, sei de vários, emotivos, sentimentais, inspiradores, quem sabe, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, compositores preferidos do Altemar Dutra. Lembram dele? Cantor da “Sentimental Demais”, ídolo das moças da madrugada, dos tempos do, “paga um cuba bem”?

Vem mais choradeira por aí, sempre sob chancela da Associação Catarinense de Imprensa e do seu presidente, Ademir Arnon, que já programou mais festas e homenagens a jornalistas. A fila vai andar com Valter Souza – mestre de cerimônias do chororó do Fenelon -, Osmar Teixeira e outros que forem chegando aos 50 anos de profissão ou ganhando prêmios pelo caminho. Agosto não será o mês do desgosto, apesar das lágrimas esperadas para o dia 16, na Arena Multiuso de São José, quando a dupla Paulo Brito/Roberto Alves sobe novamente ao palco para mais um lançamento do “Dás um banho”.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tem catarinense no fraldário do Mano

Renan, futebol de gente grande (foto site do Avaí)


A convocação da nova seleção brasileira agradou a gregos e troianos, quero dizer, a paulistas e cariocas. E a nós catarinenses também, por que não? Afinal de contas lá está o menino Renan, da divisão de base do Avaí, de apenas 19 anos.

Há muitas surpresas na lista do Mano Menezes, a maior delas para Santa Catarina, sem dúvida a do goleiro avaiano, natural da vizinha São João Batista e que acaba de assumir a posição de titular com a lesão do Zé Carlos.

Além das suas boas atuações observei que, apesar da pouca idade, ele mostra muita segurança também ao se comunicar com a imprensa. É objetivo e foge dos “com certeza”, “vou dar o meu melhor”, “o jeito é trabalhar e levantar a cabeça”, e muitos outros chavões que fazem parte do reduzido vocabulário da boleirada. Pode ser que isso não o encaminhe para a Academia Brasileira de Letras, mas com certeza – desculpem – facilitará seu entendimento do meio em que vive e de como contornar as dificuldades que surgirão mais adiante.

O trabalho de preparação sob o comando de Mano Menezes inclui a seleção olímpica para 2012, antes da principal em 2014. É a chance da carreira do Renan e não há tempo nem espaço para deslumbramentos, o que acredito não vai acontecer pela maturidade que tem mostrado apesar de recém ter largado a chupeta e as fraldas.

Todos os caminhos levam à Assembléia



Ele é o cara da mídia esportiva, com a cara de Florianópolis, a sua cidade. Roberto Alves, multimídia, é o personagem desta noite, companheiro de infância e de profissão do jornalista e professor Paulo Brito, autor do livro “Dás um banho – o rádio, o futebol, a cidade”. Brito escreveu sobre a vida do Roberto , sua vivência no rádio, na tevê e outras mídias que dominou mais recentemente nos seus mais de 50 anos correndo atrás da bola e das notícias do esporte.

Conheço bem o Paulo Brito, com quem trabalhei no jornal O Estado na década de 70, depois de conseguirmos o canudo no curso de jornalismo da PUC em Porto Alegre. Sua irreverência confunde e atrapalha principalmente aqueles que gostam do “prato feito”, consumido apenas no cardápio do mau jornalismo.

Já o Roberto Alves fui conhecendo aos poucos desde que cheguei a Florianópolis em 1972. Primeiro subindo o Morro da Cruz, na época sem luz e sem asfalto, para participar com outros companheiros e convidados do “Terceiro Tempo”, na TV Cultura. Sob o comando do Roberto, curtíamos um bate-papo livre e descontraído que invadia a madrugada, sem tempo para terminar, graças à permissividade de uma nada rígida grade de programação. Depois trocamos figurinhas no rádio, veículo da minha paixão desde os tempos de garoto quando ouvi a Copa de 58 cheia de chiados. Foi o Roberto quem me deu a primeira chance no microfone apesar de eu ser até então um homem só de jornal.

Interessante, não Alves? Com sua devida vênia, todos os caminhos nesta segunda-feira levam à Assembléia Legislativa. Vamos lá, a partir das 19h30, confraternizar com o Roberto e com o Brito.

sábado, 24 de julho de 2010

Mais um Judas para a malhação

E agora Mano?

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, atirou no que viu e acertou no que não viu. Normal. Tem sido assim na sua gestão. O episódio do novo treinador da seleção brasileira põe a nu mais uma vez a administração amadora da entidade que deveria dar um rumo seguro ao nosso futebol. Temos material humano de sobra, matéria prima desde o berço para grandes times e grandes seleções. Pecamos no essencial porque não sabemos o que fazer com essa capacidade de produzir craques, ou pelo menos bons jogadores.

Nosso problema não é só de técnicos. Tem aos montes. Dependendo dos resultados cada ano nasce um. Nossa gigantesca carência é muito mais de gestão, de falta de bons dirigentes, de administrações sérias, competentes e que tenham compromisso com o plantar e regar para colher bem no futuro.

Nada é assim no Brasil e no futebol, então, nem se fala. Fiquei com a impressão que o Muricy Ramalho deu uma de esperto. Orgulhoso com o convite foi conferir a conversa do Ricardo Teixeira, não gostou do que ouviu e colocou a decisão nas mãos dos dirigentes do Fluminense. E ficou com os dedinhos cruzados torcendo para que desse “errado”, para que o clube não o liberasse. Tirou um peso dos ombros.

Mano Menezes, mais novo no mercado e ansioso por uma oportunidade de chegar à seleção brasileira, como bom gaúcho não deixou passar o cavalo encilhado. Montou nele. Tomara que não caia ali adiante.

Não por falta de competência. Mas por ausência absoluta de um projeto sério e do tamanho da responsabilidade de montar uma equipe que não poderá perder de novo uma Copa do Mundo em casa.

Falta a estrutura que dê o necessário suporte ao técnico e à sua comissão. Não aquela convencional com um homem para escolher hotéis, reservar passagens e sacudir o pó dos seus ombros fazendo que não é com ele quando a casa ruir. Vem aí o de sempre, com um treinador, preparadores físicos, treinador de goleiro, fisioterapeuta, quem sabe um psicólogo, treinos na Granja Comary sob frio e neblina, enfim, tudo como dantes. Ah, sem esquecer o assessor de imprensa que não fede nem cheira.

Nada de gente gabaritada para trabalhar as divisões de base e olhar um pouco além do Maracanã e Morumbi. O país é muito grande e se joga futebol do Oiapoque ao Chuí, só os dirigentes não sabem disso.

Mano Menezes desde já vai se submeter àquele jogo de gato e rato, com a mídia cobrando tudo, muitas vezes com açodamento e pouco entendimento sobre o que está acontecendo. Quando não, movida por aquele regionalismo idiota. Como agora, quando apenas andou atrás de nomes, sem se dar conta do tamanho da encrenca. Corremos sério risco de repetir os mesmo erros e chegar aos mesmos resultados, que podem ser tão trágicos ao ponto de chorarmos mais um “Maracanazo”. 1950 dói até hoje e o Judas Barbosa já morreu. Precisaremos de outro e no momento oportuno ele vai aparecer. Se é que ele já não foi escolhido.

terça-feira, 20 de julho de 2010

No handebol, como no futebol

Estão de olho na gente por causa do Mundial de Handebol em 2011 que nos comprometemos a organizar e até agora nada. Tem até uma Arena Sapiens no norte da Ilha para 8 mil pessoas cujas obras ninguém sabe, ninguém viu. Houve uma reunião em Florianópolis na Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte com representantes de todas as sedes catarinenses, menos Florianópolis. Será que o Brasil, no caso Santa Catarina, vai repetir com o handebol o que já fazemos no futebol? A Folha de São Paulo e o portal Uol produziram matéria sobre o assunto.

Handebol patina para fazer Mundial

Torneio feminino, que será em SC no fim de 2011, não tem comitê organizador e fonte definida de recursos

DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO


O primeiro Campeonato Mundial feminino de handebol que será disputado no Brasil, em dezembro de 2011, está longe de tomar forma.

O país conquistou o direito de sediar a competição em fevereiro de 2009, batendo países estruturados como Holanda e Austrália. Mas, a um ano e meio da abertura, só estão definidas as sedes.

Nem um COL (Comitê Organizador Local) foi montado ainda e não há previsão de quando serão captados recursos do governo federal.
A morosidade fica aparente se comparada com as demais competições internacionais no país. Os Jogos Mundiais Militares serão no Rio de Janeiro em 2011 e desde 2007 já se sabe onde, quando e como serão organizados. O Mundial de futsal, em 2008, começou a ser organizado em janeiro de 2006.

"Não estamos atrasados", declarou Fabiano Redondo, diretor de marketing da CBHand (Confederação Brasileira de Handebol). "Não é uma competição que precisa ser organizada quatro anos antes. No Mundial da França, em 2007, as sedes foram escolhidas seis meses antes da abertura", comparou.

Florianópolis, Joinville, São José, Brusque e Balneário Camboriú receberão as 24 seleções. Apenas Brasil, por ser sede, e Rússia, a atual campeã, estão garantidos.

A estimativa de gastos da CBHand caiu de R$ 18 milhões para R$ 12 milhões, segundo a entidade. Isso porque os governos municipais assumiram as despesas de pessoal para limpeza e administração das instalações no intervalo entre os jogos.

"Para chegarmos ao orçamento previsto, vamos contar com apoio privado, de parceiros da confederação, prefeituras e governo do Estado, além do ministério do Esporte, via lei de incentivo", citou Fabiano Redondo.
Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do ministério do Esporte não havia confirmado se o Mundial estava previsto no orçamento da pasta.

Nos R$ 12 milhões, estão incluídos os gastos com passagens dos membros da IHF (sigla em inglês para Federação Internacional de Handebol), hospedagem, alimentação e transporte terrestre.

As adequações nas arenas são de responsabilidade das prefeituras. A maior delas será a Sapiens Arena, em Florianópolis, com capacidade para 8.000 pessoas e que deverá receber as finais.

O "Diário Oficial" de SC publicou a criação do Comitê Gestor, com membros dos governos estadual e municipal e da CBHand. Ele está hierarquicamente acima do COL, mas não é responsável pela execução dos planos.


Sede do próximo mundial feminino de handebol, Brasil engatinha na organização

Do UOL Esporte
Em São Paulo



Sede do Mundial feminino de handebol pelo primeira vez, o Brasil ainda não se mobilizou em praticamente nada para estruturar o torneio, marcado para dezembro de 2011, em Santa Catarina. Cerca de um ano e meio após ganhar o direito de receber a competição, apenas as cidades-sede estão definidas: Florianópolis, Joinville, São José, Brusque e Balneário Camburiú.

Nem um comitê organizador foi definido pelas autoridades, e não se sabe quando serão captados recursos federais para agilizar a estrutura da competição. Mesmo assim, os dirigentes não acham que há atrasos em relação ao evento.

“Não estamos atrasados. Não é uma competição que precisa ser organizada quatro anos antes. No Mundial da França, em 2007, as sedes foram escolhidas seis meses antes da abertura”, alegou o diretor de marketing da Confederação Brasileira de Handebol (CBHand), Fabiano Redondo em entrevista à Folha de S.Paulo.

Contudo, as estimativas de gastos já estão previstas pela CBHand e cairam de R$18 milhões para R$12 milhões pois os governos municipais assumiram custos de alguns setores, como limpeza. Nesse valor, estão incluídos gastos com passagens, hospedagem, alimentação e transporte terrestre.

“Para chegarmos ao orçamento previsto, vamos contar com apoio privado, de parceiros da confederação, prefeituras e governo do Estado, além do ministério do Esporte, via leia de incentivo”, completou Redondo.

Além do Brasil, país-sede, apenas a Rússia, atual campeã, já está classificada para o torneio.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O jogo sujo da impunidade

Tenho observado que há muita gente pisando em ovos quando se trata de abordar qualquer assunto polêmico referente à entidade que manda no futebol de Santa Catarina. Todo mundo sabe que em sua sede no balneário mais badalado do Estado reina há quase um quarto de século um ser adepto da eternização nas presidências de clubes, federações e confederações.Por isso mesmo o homem faz parte de uma seita de muitos seguidores no país inteiro.

Será medo diante de tanto poder amealhado ao longo de décadas neste reinado? Ou haverá interesses convergentes e facilitadores que encaminham a uma aproximação? Podemos considerar as duas hipóteses. Na primeira há um estranho silêncio, justificado talvez pela conivência com irregularidades administrativas e contas aprovadas de afogadilho e por aclamação. Vale também nepotismo, arranjos para a proteção escancarada a determinados árbitros, composição na medida para uma gestão arcaica e contaminada por tudo o que há de ruim. No segundo caso o jogo é mais pesado, pois envolve negócios e contratos que dificilmente mudam de mãos.

A violência de um assessor da tal entidade contra o radialista Rodrigo dos Santos, da Rádio Cidade, de Brusque, fato ocorrido em Joinville, no último sábado, dá bem a medida de como se toca o futebol profissional e outros setores da vida pública por aqui. O agressor agiu com a benção paterna e protegido por seguranças para invadir a cabine da emissora nz Arena. Nada vai acontecer, a não ser pelo registro policial da ocorrência, iniciativa do agredido, que teve o nariz fraturado e ganhou escoriações pelo rosto.

O silêncio quase total, a conivência e a falta de solidariedade não só avalizam este tipo de comportamento como incentivam a impunidade diante da corrupção e da truculência que acostumamos a acompanhar nos últimos tempos por toda Santa Catarina.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O mundo do futebol agradece à "La Roja"

Del Bosque na festa com jogadores campeões (Site RFE)

Os espanhóis deram um belo exemplo de que o futebol coletivo e de comprometimento pode ser jogado com técnica e habilidade, sem matar a essência deste esporte. Jogaram bem quase toda a Copa, apesar do susto da estréia quando perderam para a Suíça. Na final souberam envolver os holandeses com um futebol bonito, de muito toque, e aguentaram a pancadaria adversária tolerada pela péssima arbitragem inglesa.

O amor pela camisa não precisa descartar a habilidade para formar “grupos fechados” nem responder à violência com truculência verbal e física. Com 32 câmeras em cada transmissão não há como mentir para o torcedor. Hoje o público tudo vê, nos estádios ou fora deles. Ficou impossível enganar a quem quer que seja.

A insistência com declarações distantes da realidade beira o ridículo e descredencia cada vez mais os que privilegiam a incoerência e não admitem o fracasso. Brasil, França, Itália e Argentina, os sócios mais antigos e assíduos do clube dos campeões, acabaram a Copa da África do Sul como ícones de teorias envelhecidas. A Alemanha, da revelação Thomas Muller, contou com o título antes da decisão e se deu mal, mas sua equipe jovem virá muito forte para o Brasil em 2014. O Uruguai, comandado por Forlan, o melhor da copa africana, salvou os sul-americanos com um time guerreiro e uma campanha eficiente, de acordo com suas limitações.

Ao Brasil resta torcer para que dois bicudos consigam se beijar e levar adiante nosso projeto que precisa mostrar eficiência já em 2013 na Copa das Confederações. Ricardo Teixeira cutucou Lula na entrevista coletiva em Johannesburgo, com queixas sobre as carências dos nossos aeroportos e outras deficiências de infra-estrutura urbana. Lula, como sempre avesso às críticas, já respondeu à Teixeira com sérios reparos à sua administração na CBF. Pior é que os dois têm razão.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Começamos mal, muito mal



A Copa da África do Sul ainda é um moribundo e já temos a próxima vítima, a Copa de 2014 no Brasil. Cercada de polêmica e de incertezas a quatro anos de sua realização, nossa Copa vem merecendo as primeiras ações preventivas em forma de antídotos injetados pela própria Fifa, com o objetivo evitar a contaminação pela falta de projetos consistentes e do atraso na implementação do que foi apresentado como garantia. O primeiro alvo são os aeroportos, as obras de reformas e construção de estádios também estão na mira. Falam em quatro anos, que na verdade são três por causa da Copa das Confederações, o evento teste. Estamos a passo de cágado.

O Financial Times atacou nosso planejamento que “até agora tem sido tipicamente brasileiro, ou seja, burocrático, desorganizado e lento”. Destaca ainda que o custo das obras será altíssimo e sem retorno e que pelo menos 12 estádios vão virar elefantes brancos. A entrevista coletiva na África do Sul do presidente da CBF no lançamento da Copa 2014 foi um desastre, a começar pelo anúncio da divisão do país em quatro regiões para “evitar o caos aéreo” com a movimentação de turistas e seleções. As primeiras impressões e/ou previsões sobre o que teremos pela frente começaram a pipocar negativamente na mídia brasileira.


Brasil cogita a estupidez de setorizar a Copa

Por Erich Beting, do portal Uol


A Copa do Mundo de 2014 deverá dividir o Brasil em quatro. O presidente Ricardo Teixeira acaba de revelar que se estuda a chance de "fatiar" o país em diferentes regiões para melhor atender à demanda de transporte e evitar grandes deslocamentos dos torcedores durante o Mundial.


Se a proposta de fato vingar, o Brasil cometerá um dos maiores erros no que diz respeito a saber fazer dinheiro e faturar com uma Copa do Mundo.
Até 1994, o Mundial era "setorizado". Cada grupo ficava numa única sede. Até então, a Copa acontecia em países relativamente pequenos, com facilidade e agilidade de deslocamento entre as diferentes cidades-sedes. Quando o Mundial foi para os Estados Unidos, país de dimensão continental tal qual o Brasil, acabou-se esse história de que um time ficava numa única sede.


E o raciocínio americano foi simples, lógico e claro. Deixar um torcedor cerca de duas semanas num mesmo lugar é estúpido do ponto de vista turístico. Se ele vai para o país da Copa, não pode ficar "confinado" a um único lugar. Tem de viajar, conhecer diferentes regiões, pagar pela passagem, hospedagem, consumo...
Desde então, até mesmo a Copa de 2002, dividida entre Japão e Coreia do Sul, contou com deslocamento entre países de torcedores.


Ao fatiar o país em quatro, o Brasil assume sua incompetência no que diz respeito à infraestrutura de transporte. Sem estradas decentes, sem malha ferroviária e com aeroportos sucateados, o país não conseguirá atender à demanda de uma Copa do Mundo.
Durante quase dois anos, as cidades, com a conveniência do Comitê Organizador Local, preferiram fazer balão de ensaio político em vez de trabalhar para organizar, decentemente, o Mundial.


Fatiar o país, além de atestado de incompetência, é de uma burrice tremenda no que diz respeito a aumentar a receita com o turismo. Além de perder uma grande oportunidade de mostrar o quão diverso, e rico, é o Brasil.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A propósito

Minha amiga do "Tijaí", que já morou na Espanha e atualmente está em Brasília, a jornalista Simone Garcia, lembrou da composição do Milton Nascimento e da Leila Diniz, "Um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco". E só pra constar: não registrei em cartório nem apareci na televisão como aquele polvo, palpiteiro dos bons, mas tenho o testemunho confiável dos amigos> Minha projeção para a final, feita antes de a Copa começar, apontava para Espanha e Holanda.

A poesia do Milton e da Leila

Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
O mar é das gaivotas
Que nele sabem voar
Brigam Espanha e Holanda
Pelos direitos do mar
Brigam Espanha e Holanda
Por que não sabem que o mar
Por que não sabem que o mar
Por que não sabem que o mar
É de quem sabe amar

Um gol pra lá de ilegal

Giba no jogo de Pelé no Adolfo Konder


O Gilberto Nahas, ex-árbitro, agora também em todos os sentidos um ex-combatente (foi sepultado nesta quarta (7)no Itacorubi), tinha boas histórias para contar, vividas em campos de futebol e cercadas de muita polêmica. Algumas engraçadas, como aquela bem conhecida do estádio Adolfo Konder, quando expulsou os 22 jogadores de Avaí e Figueirense. Era um jogo em homenagem ao aniversário da Marinha e virou “o clássico da vergonha”. Como bandeira lembro do Nahas no amistoso entre Avaí e o Santos do Pelé, ainda no velho Adolfo Konder. Nunca aquela carequinha levou tanta laranja de uma torcida.

Giba, como gostava de ser chamado, não tinha vergonha nem medo da encrenca e da polêmica, muito menos das críticas duras que às vezes envolviam suas arbitragens. Sempre tinha uma explicação. Testemunhei uma atribulada atuação dele, em fins de 1971, jogo no Orlando Scarpelli entre Figueirense e Juventus de Rio do Sul, estréia de Santa Catarina na Loteria Esportiva.

Era minha primeira vez também em gramados da Capital. Ainda estava em Blumenau, no Jornal de Santa Catarina e jogo da Loteria Esportiva era uma festa, uma atração para rádios de todo o país. Para Florianópolis vieram Globo, Tupi, Bandeirantes, sei lá quem mais, para ver os catarinenses começando na LE.

O narrador JB. Telles trabalhou como repórter neste jogo para uma das emissoras de fora. Não lembro qual. Pelo jornal fiquei atrás de um gol, à esquerda das cabines. Árbitro, Gilberto Nahas, placar de 1 a 0 para o Juventus, segundo tempo.

Lá pelas tantas aconteceu um cruzamento alto para o meio da área. O ponteiro Caco pulou mais alto que um zagueiro e marcou com a mão o gol de empate do Figueirense. Foi como uma cortada do voleibol, de cima para baixo, e bem na minha frente. O Giba, sem vacilar, confirmou o gol, apesar da chiadeira juventina. Fiquei surpreso, o toque de mão fora muito claro. O Telles saiu do seu posto e veio correndo me consultar, dada a minha posição privilegiada. Dei a informação baseado no que meus olhos viram e no que realmente aconteceu. Gol ilegal.

Jogo de Loteria, confusão das grandes. O fotógrafo do Jornal de Santa Catarina era o J.B Scalco, já falecido, um gaúcho que passou por aqui e acabou na Revista Placar. Dia seguinte foto do Scalco na capa do JSC e nos principais jornais do Brasil com o Caco em primeiro plano no momento em que socava a bola para marcar o gol do Figueira.

O árbitro, claro, disse que viu o lance como legal, com o bandeirinha nem aí pra confusão. Giba enlouqueceu, não admitiu o erro documentado por testemunho e fotografia, e aprontou um escarcéu. Disse que era montagem, pediu o negativo para periciar na polícia, ameaçou o jornal, pintou e bordou. Não teve jeito. A solução foi esperar o assunto esfriar, voltar às boas com a imprensa e acrescentar o episódio às histórias e ao folclore do futebol catarinense. Valeu Giba

A seleção e os selecionados



Baixada a poeira da eliminação do Brasil, a demissão via internet da comissão técnica e o encaminhamento dos finalistas – acertei a Holanda, faltava confirmar a Espanha -, vamos começar de novo, e logo. Não sem antes lembrar algumas coisinhas que não estão sendo ditas nem somadas às razões do nosso fracasso na África do Sul.

Tratemos especialmente da falta de entendimento do significado das palavras seleção e selecionado, fatal para as nossas pretensões. Seria o menor dos problemas tivesse o Dunga consultado um bom dicionário logo que assumiu. Em português bem simplesinho, estamos falando da “escolha dos melhores”.

Tá lá no Aurélio, bastava abrir a página destes verbetes para descartar Doni, Kleberson, Josué, Michel Bastos, Gilberto e Felipe Melo, entre outros. Deixando de fora jogadores mais jovens e realmente selecionáveis, Dunga e seu fiel escudeiro Jorginho tiveram que lidar com uma série de dificuldades com desfecho no pé na bunda diante do primeiro adversário mais encorpado que encontramos pela frente, no caso a Holanda.

Os supracitados certamente não se enquadram na definição oferecida pelo dicionário. Mas estão entre os comprometidos, como gostava de salientar o técnico. Não se sabe bem que tipo de comprometimento, talvez com a truculência e o destempero, seguindo o mestre, como ficou demonstrado pelas reações do banco e dentro do campo.

Leite derramado vamos em frente, começando pela renovação, agora apregoada até pelo presidente Ricardo Teixeira. Novamente problemas com o dicionário, pois na Copa de 2014 no Brasil o homem vai completar 25 anos à frente da Confederação Brasileira de Futebol. Mudou até o estatuto da instituição que preside para se garantir até lá.

sábado, 3 de julho de 2010

Sonhos



Vamos imaginar outra competição logo após o fiasco nesta Copa. Na verdade logo teremos com o que nos distrair, mas apenas um amistoso dia 10 de agosto nos Estados Unidos. Já serve. Quem sobraria desta seleção? Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan. E...? Robinho, quem sabe. Do banco resgataríamos o Nilmar. Alguém mais?

Fora das quatro linhas eu começaria dispensando Ricardo Teixeira, o presidente da CBF. Em seis Copas na sua gestão, somente duas conquistas. Aliás, bom tema para reflexão. Não podemos mais encher a boca para dizermos que somos os melhores do mundo. Da década de 70 para cá, jogamos dez mundiais e ganhamos só dois (94 e 2002), justo os do seu Teixeira. Mas esse é imexível. O sistema e os podres poderes da cartolagem brasileira não permitem sua substituição.

De resto não sobraria nem o Rodrigo Paiva, assessor de imprensa insosso, despreparado e covarde. Dunga e Jorginho seriam os primeiros a receber o bilhete azul. Ô duplinha incompetente. O preparador físico Paulo Paixão poderia ir junto pra onde quisesse. Nunca explicou convincentemente os problemas da sua área. É aí que entra o médico Luís Runco, um péssimo contador de histórias. Como a do Elano, por exemplo, vítima dos segredos da seita dungueana.

E acreditem. Sexta-feira à noite, ainda mal do estômago por causa do suco de laranja azedo ouvi, ao vivo e a cores de um ex-dirigente da CBF, a mais nova teoria da conspiração. Fomos eliminados pela Holanda porque o Brasil não poderia ser hexa campeão na África do Sul e hepta em 2014 no Brasil. O homem garantiu que estava falando sério e invocou seus conhecimentos de bastidores.

De volta pra casa, depois desta conversa que aconteceu à noite no programa "Conversas Cruzadas, da TV Com, e ainda sacudido pelas turbulências do dia, tomei um chá de camomila para poder dormir tranquilo e sonhar com a Copa brasileira em 2014. Sem sustos, sem roubalheira, cheio de otimismo e com um grande time para torcer.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Ele é o cara




Avinagramos o vinho chileno e pela primeira vez nesta Copa nossa torcida deve ter gostado do que viu em campo. O time do Dunga teve momentos do mais puro futebol brasileiro, misturando talento e jogo coletivo com velocidade e o sempre citado comprometimento. Aqui a conversa é com o Lúcio, misto de zagueiro, meio campo armador e atacante.

Falando nesse atleta excepcional e vendo sua figura imponente dominando o campo inteiro, lembrei do cinema e do ator Mickey Rourke no filme de Quentin Tarantino, “Sin City, - A cidade do pecado”. A cara do Marv, um lutador de rua durão, personagem do Rourke, é a do Lúcio, nosso vigoroso zagueirão, pra mim o grande destaque do Brasil até aqui. E quem viu este filme noir baseado nos quadrinhos de Frank Miller (assinou a direção com Tarantino) reconhece o justiceiro Marv no Lúcio, mesmos traços duros e fortes, correndo pelo campo inteiro, defendendo, arrancando rumo ao ataque, sob a proteção e companhia do fiel escudeiro Juan.

Fica esquisito destacar dois zagueiros numa partida com placar de 3 a 0 a favor de um time que tem Kaka, Robinho e o artilheiro Luís Fabiano como referências. Quem prestou atenção nos jogos anteriores percebeu a importância do Marv, quer dizer, do Lúcio, para colocar a casa em ordem em situações de grande dificuldade. Pelo jeito vai ser assim até o fim da Copa, ou até onde for a seleção brasileira.

E caso venha a conquista do hexa, entreguem duas faixas para o Lúcio, costas largas para carregar o piano e encobrir os devaneios de um treinador do auto-elogio oportunista. Ou será que Dunga escalaria os eficientes Ramires e Daniel Alves se Felipe Melo e Elano não estivessem machucados? Que venha a Holanda, temos o Lúcio.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Galvão não cala a boca



Foi durante a transmissão do GP Europa de Fórmula 1 em Valência, Espanha, no domingo pela manhã. Galvão Bueno aproveitou uma observação do comentarista Reginaldo Leme sobre o bom humor de Maradona nas entrevistas e a boa participação sul-americana na Copa para dar uma porradinha em Dunga.

Além de endossar a admiração de Reginaldo sobre o inusitado bom astral do técnico argentino nas coletivas, Galvão não perdeu a chance para, ao seu estilo e no seu tempo, destravar a língua e mandar um recadinho ao Dunga: “Educação e bom humor são fundamentais na vida, principalmente para quem ocupa cargo importante.”

O narrador da Globo nunca foi exemplo em matéria de educação e gentileza, tanto com os que trabalham com ele nas transmissões, sejam repórteres ou comentaristas, como com os convidados do “Bem Amigo”, programa que apresenta na Sport TV na noites de segunda-feira. Ele fala praticamente o tempo inteiro dando pouca chance aos companheiros de jornadas ou entrevistas. É o tal do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

domingo, 27 de junho de 2010

Alô Brasil, olha o bom futebol aí gente

Show alemão com Miroslav Klose e Thomas Mueller

Já andava enjoado com a mediocridade desta Copa e do nosso time. Felizmente apareceu esse jogo de 4 a 1 entre Alemanha e Inglaterra com todos os ingredientes de uma grande decisão. Qualidade individual de alguns jogadores, principalmente da Alemanha, jogadas bonitas, apenas treze faltas e um erro clamoroso do árbitro uruguaio Jorge Larrionda e do seu auxiliar Maurício Espinosa. Tipo do lance que Mário Vianna, com dois enes mesmo, como fazia questão de lembrar sempre, e o primeiro comentarista de arbitragem do Brasil. A manhã domingueira ouviria seus gritos carregados de erres ao microfone da Rádio Globo do Rio: ERRRRROU.

Coisa horrorosa e injustificável no momento do jogo em que a Inglaterra reagira podendo conseguir a igualdade de 2 a 2 no placar. A bola chutada por Lampard, o melhor entre os ingleses, entrou quase um metro depois de uma aproximação em vôo visual, sem a necessidade de instrumentos para pousar além da linha do gol. Vem a tona outra vez a utilização de um chip na bola ou de um árbitro atrás de cada trave, ou de cada goleira como fala a gauchada. No fim deu Alemanha com méritos para encarar Argentina ou México.

Tomara Dunga e seus soldados tenham assistido com atenção ao confronto entre Alemanha e Inglaterra. E com o devido cuidado para o a seleção brasileira não entrar na pilha da imprensa nossa de cada dia que está na África do Sul. Para essa turma, entre Chile, Suíça e Espanha, os chilenos seriam os adversários mais fáceis para enfrentarmos nas oitavas “porque deixa jogar(?)”.

Não entendo essa lógica, uma vez que ficou muito claro ser a Suíça o pior time daquela chave. O Chile tem bons jogadores, uma equipe razoável e um treinador atrevido, o argentino Marcelo (Louco) Bielsa. É perigoso levar em conta apenas os resultados das eliminatórias para considerar tranquilo o enfrentamento desta segunda-feira. Eu preferia ter os suíços pela frente para não correr o risco de ver os brasileiros voltarem mais cedo pra casa.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A ditadura dos treinadores

Celso Roth, militante e fundador do regime


Ando muito incomodado com o manda e desmanda dos técnicos, brasileiros. Qualquer pé de chinelo, iniciante ou não, é autoridade. Escalações viram segredo de estado, distanciando cada vez mais o torcedor dos seus times. O palavreado é cheio de números, esquemas, mantras cheios de abobrinhas tecnicistas recheadas de chavões. A imprensa, seja de que veículo for, está eleita como inimigo número um, impedida de assistir aos treinamentos e de transmitir as informações para o seu público. Jornalistas são hoje os primeiros adversários a serem batidos, se possível abatidos, já que a relação virou uma guerra.

Liderada hoje pelo comandante Dunga a turma da beira do gramado extrapola em suas funções. E reclama muito, de tudo e de todos. Se duvidar corre até com o presidente do clube. Infelizmente com o espaço que lhes é concedido por algumas emissoras de rádio e tevê, além dos jornais, o corporativismo se instala e aumenta a cada dia nas redações. Em prejuízo dos profissionais do jornalismo, refugiados em seus guetos, verdadeiros focos de resistência organizados por algumas televisões a cabo.

Corporativismo nosso? Nesse caso pode até ser. Acho mesmo que tem que ser. Não se pode mais criticar ninguém nem emitir opiniões, a não ser elogiosas, sem ouvir como resposta dos sábios dos vestiários, os professores: “vocês não sabem nada.” É claro que não sabemos. E como vamos saber se não assistimos treinamentos, não temos mais uma convivência natural e civilizada com jogadores, preparadores físicos, médicos e outros membros da comissão técnica? Tudo é proibido pelos treinadores, cujo poder atualmente é ilimitado. Não há plano de marketing que resista a esta ditadura implantada a partir dos vestiários e que se estende por todos os setores dos clubes.

A última novidade neste mercado em expansão vem de Porto Alegre, mais exatamente do Beira Rio, onde o recém contratado Celso Roth marcou treinos em dois períodos para o dia do jogo do Brasil contra Portugal. Duvido que vingue, mas este campeão de simpatia e comunicação já avisou: “Seleção? Seleção aqui é o Inter”.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ninguém se entende na dupla



Aproveitando a cortina de fumaça erguida pela Copa da África do Sul dirigentes de Avaí e Figueirense seguem aprontando. E como ninguém comenta, pergunta ou cobra alguma coisa a cartolagem nem disfarça mais. Faz tudo à luz do dia mesmo, sem medo de ser feliz, ainda que a custa da infelicidade dos seus torcedores. E tome campanha para novos sócios.

Então resolvi dar uma folguinha para vuvuzelas e jabulanis para comentar algumas travessuras da nossa dupla. O Figueirense, por exemplo, contrata e manda embora sem o mínimo critério, além de manter no elenco atacantes ineficientes como a dupla Júnior Negrão/Marcelo Nicácio. Seria melhor mandá-los como reforço para uma das seleções africanas que estão na Copa dando vexame. O técnico Márcio Goiano trabalha com os jovens, mas pede jogadores experientes. Dirigentes e parceiros fazem o contrário.

O resultado é que, sem um time forte, o Figueirense deixou de lutar na Copa Santa Catarina por uma vaga na Copa do Brasil do ano que vem. Quem não passa nem por uma competição mixuruca como essa da nossa Federação não merece mesmo outro destino. Tomem cuidado com o futuro na série B.

Pelos lados da Ressacada o rítmo de dirigentes, empresários e da comissão técnica liderada pelo treinador Péricles Chamusca é no sentido contrário, porém com o mesmo resultado. A campanha neste início do Campeonato Brasileiro é sintomática. Estão detonando com jogadores da base em troca de contratações recomendadas pela parceria.


Exemplo: acabaram com o futuro no Avaí do melhor volante de Santa Catarina, o jovem Rodrigo Thiesen, de apenas 23 anos e do seu companheiro Johny, que voltou às divisões de base. Depois de várias manobras do Chamusca & Cia para desgastar Thiesen - não sei com que propósito - junto à torcida, mandaram-no embora para o Vila Nova de Goiás, atualmente na segunda divisão do Brasileiro. Desculpa: ele precisa ganhar experiência.

Só que dez dos novos contratados também são jovens como Thiesen. O lateral Pará, o meia Robinho e o atacante Marcelinho têm 23 anos; o zagueiro Juninho tem 20; o meia Matheus, os zagueiros Branca e Clayton e o lateral Patric têm 21; o atacante Anselmo Ramon e o volante Roberto Silva têm 22 anos. Acrescentemos nesta lista os mais velhos que não jogam como Sávio, Leonardo e Vandinho, mais Fredson e Dinelson, todos assíduos freqüentadores do departamento médico. Na ponta do lápis a conta fecha no vermelho e o detector de mentiras explode.

terça-feira, 22 de junho de 2010

De Maradona, Dunga e leões


Maradona esbanja bom humor e tiradas irônicas nas entrevistas coletivas. Quem diria. Enquanto isso Dunga só ri das suas próprias piadas e das frases debochadas que costuma dedicar invariavelmente aos jornalistas brasileiros. Mesmo quando a pergunta é corriqueira, feijão com arroz, sem questionamentos contundentes ou constrangedores para o entrevistado, nosso treinador acha um jeito de bater forte na imprensa da casa.

O assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, não sabe mais o que fazer. Aliás, acho que nunca soube. Um pouco de tudo isso é responsabilidade dele, da sua frouxidão. Não adianta ser gentil com os jornalistas e aceitar que um destrambelhado assessorado pinte e borde nas entrevistas. Acrescentando: Dunga resolveu xingar com palavrões árbitros e adversários depois do jogo, mesmo com vitória, como aconteceu logo após a partida contra a Costa do Marfim.

Talvez Maradona esteja mais tranqüilo apesar de pressão que sofre desde as eliminatórias sul-americanas. O time argentino vai bem, infelizmente, e ele não tem um pai hospitalizado sofrendo do Mal de Parkinson. Esse é o desconto maior que se pode dar ao técnico brasileiro. O que não justifica seu mau humor constante e a falta de educação.

Sempre levando em conta que a Copa do Mundo não é um acontecimento caseiro. É um evento internacional e o Brasil, por sua importância no contexto futebolístico mundial vive sob o foco dos holofotes do planeta, mais que qualquer uma das outras 31 seleções que estão na África do Sul.

A última grande encrenca envolveu Alex Escobar, apresentador e repórter da TV Globo, interpelado por Dunga no momento em que falava ao telefone com um editor. Pra carimbar seu destempero, o treinador, sem se dar conta do microfone aberto, terminou por brindar Alex com alguns xingamentos. Soube-se agora, que a Globo acertara com a CBF entrevistas exclusivas com três jogadores para serem apresentadas no próximo domingo no Fantástico. Dunga vetou e era esse o motivo para o papo de Escobar comunicando a decisão ao colega. A CBF não se manifestou até agora, em nenhum dos casos, embora corresse o risco de ver Dunga punido com suspensão, advertência ou multa, o que não vai acontecer por "falta de provas" anunciou um representante da Fifa.

E assim “La nave va”, levando adiante essa relação cercada de turbulências e com a seleção brasileira cada vez mais distante do torcedor. O global Alex Escobar preferiu trocar as perigosas coletivas do irascível técnico brasileiro por matérias mais leves, dentro dos cercados do Parque dos Leões, ponto turístico visitado por muita gente em Johannesburgo. Sentiu, na matéria para o Bom dia Brasil, que o risco é menor junto aos felinos sul-africanos. Bem educados por tratadores, só rugem,não mordem e não ameaçam quem deles se aproxima.

domingo, 20 de junho de 2010

Futebol, cadê você?

Menos mal que o Brasil ganhou. E ganhou bem, apesar da expulsão boba do Kaká e do gol do Luis Fabiano “con los brazos de dios”. Além de salvar a nossa pele e de confirmar a boa participação sul-americana nesta Copa, a seleção brasileira é a única entre as grandes que até aqui não nos frustra por inteiro, ainda que sob suspeição da mídia e de boa parte dos torcedores. França, Itália, Espanha, Inglaterra e Alemanha, estas sim estão assombrando torcidas, enganando “experts” e apostadores.

Europeus e africanos são enormes decepções no momento. O bom futebol desapareceu, na maioria dos casos por motivos ainda desconhecidos, especialmente quando tratamos de espanhóis, italianos e franceses. A tese não é original por ser óbvia, mas na minha modesta opinião não é coincidência que o mau futebol esteja justamente com os países que mais importam jogadores.

Na hora de suas seleções, com os nativos em campo, mostrarem serviço em uma competição tão difícil como a Copa do Mundo é o que se vê. Ou o que não se vê. Cadê o futebol destes times considerados favoritos, cheios de nomes badalados e de contratações milionárias? As equipes da África também estão caprichando nas más apresentações, embora vítimas de um fenômeno inverso ao que atinge a Europa. Nem os anfitriões sob a batuta de Parreira escaparam do fracasso. Por sinal, faz tempo que o homem não ganha um título ou faz algum trabalho que preste.

Consideremos que estamos no começo, recém concluindo a segunda rodada da primeira fase, mas é preocupante este equilíbrio, para mim falso e muito emblemático.Já ouvi que o imprevisível é que dá graça ao futebol. Também, acho, só que com selo de qualidade.

Consolo em caso de um desastre domingueiro


A charge do Galhardo em blog da Uol mostra como se sente uma parte dos brasleiros em relação à insuportável chatice de um ser chamado Dunga

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tão longe, tão perto

Na medida em que diminui o tempo para organizarmos a Copa de 2014 aumentam os problemas e desentendimentos entre governos de estados, municípios sedes e a CBF. São Paulo puxa a fila graças à implicância de Ricardo Teixeira com o São Paulo por conta de uma rinha com Juvenal Juvêncio, presidente do clube. O Morumbi está oficialmente fora dos planos da Fifa para a abertura. Não consigo imaginar a maior cidade da América do Sul, capital de um estado de economia forte como São Paulo, sem um joguinho da Copa do Mundo para figurar na sua história.

O Paraná acaba de se manifestar oficialmente através do governador Orlando Pessuti (assumiu no lugar de Requião): não haverá dinheiro público para construir ou reformar estádios. É o que todos dizem. No Rio Grande do Sul ainda se discute a isenção de impostos para obras no Beira Rio, o Grêmio aproveita e se atravessa oferecendo sua futura Arena. O Maracanã continua lá, intocável. Falam que em agosto o estádio será fechado para reforma, mais uma. No restante do país não há nenhum sinal de Copa, a não ser pela Bahia com o início da demolição da Fonte Nova.

Enquanto isso o Ministro do Esporte, Orlando Silva, ensaia alguns passos sem o menor jeito para dançar em um baile de cobras como este. O presidente Lula saiu em socorro do seu ministro e já calçou as botas para entrar na festa. Meteu o BNDES na jogada, oferecendo “empréstimo” para quem estiver meio atrapalhado e precisar de financiamento. Como nem só de estádios vive um evento de tal porte, ainda temos que lidar com a imprevidência e incompetência sem exceção de governantes mais preocupados com o futuro político, seus e dos respectivos partidos.

Obras de infra-estrutura urbana e questões importantes como segurança e saúde, que hoje não atendem nem as necessidades básicas da população, não figuram na pauta de discussões. Parece que as soluções cairão do céu. E não podemos esquecer que um ano antes do Mundial teremos que organizar a Copa das Confederações, competição teste que dará a medida da estrutura montada pelo Brasil para 2014. Nossa esperança é que a Fifa seja tão tolerante com nosso país como foi com a África do Sul.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Comida espanhola com sobremesa suíça

Paella com carne de zebra (cá entre nós, uma ignomínia) e chocolate suíço de sobremesa. Valeu todo tipo de piada depois do resultado surpreendente da tarde. A Suíça ganhou da melhor seleção espanhola dos últimos tempos, dizem seus próprios torcedores. Eu acredito e fico imaginando se isso acontecesse com a seleção brasileira estreando na Copa cheia de banca.

O torcedor espanhol, pelo menos segundo relatos madrilenhos, mesmo com a derrota aplaudiu o time e o treinador Vicente Del Bosque, reafirmando sua confiança em uma boa campanha e na conquista do primeiro título de uma Copa do Mundo. Ao contrário de nós que (e que ninguém nos ouça), mesmo ganhando, caímos de pau no técnico, jogadores e em quem mais se atravessar no caminho de uma imprensa exigente e de uma torcida apaixonada, todos mal acostumados.

O Uruguai se deu bem na abertura da segunda rodada e praticamente eliminou a África do Sul. Tem o lado bom, pois o ruído das vuvuzelas deve diminuir bastante. Por enquanto estamos todos bem. A participação sul-americana é positiva. Além da nossa seleção e a dos uruguaios, Argentina, Chile e Paraguai começaram positivamente e podem passar de fase. Oremos.

Dunga vai treinar a Coréia do Norte

Esperei a poeira baixar antes de falar sobre a estréia brasileira na Copa. É bom não falar muito ou escrever qualquer coisa ainda sob o impacto de uma apresentação pífia do nosso time. A desculpa, já se sabe desde a criação do mundo, é o nervosismo, a ansiedade, o friozinho na barriga que dá no primeiro jogo até nos mais experientes.

Aceitemos que sim, não adianta dizer o contrário. Afinal, outras seleções bem cotadas na bolsa de apostas como Inglaterra, França, Itália e Argentina passaram pelos mesmos obstáculos. Menos a Alemanha, que deve ter um terapeuta muito eficiente e tratou de mostrar logo que não está na África do Sul para um safári, mas sim para jogar um futebol bonito e eficiente.

Pode ser a primeira impressão e, quem sabe, mudaremos de opinião nas próximas rodadas. Em se tratando de Brasil, estou pessimista, mais do que antes da Copa, quando a soma de incoerências acabou parindo a tal de “coerência dungueana”. O treinador brasileiro insiste em responder sobre temas que não lhe foram perguntados para, no final, jogar pedras na sua Geni preferida, a imprensa. Em campo vemos nossos “melhores” jogadores atuando com a coerência que lhes é transmitida.

Não tem importância. Já estamos acostumados com essa chatice. Para compensar o estômago e o humor arruinados, descobriu-se uma seleção ideal para o Dunga treinar: a Coréia do Norte, justo nossa adversária da estréia. Kim Jong-II, o ditador da casa, não permite a transmissão direta dos jogos. O povo só pode assisti-los em compactos gravados com os melhores momentos, mesmo assim apenas em caso de vitória coreana. Treinos então, nem pensar.

Perfeito. Mas, como o Dunga é um sujeito muito ético, tem mantido o assunto em sigilo. Não seria legal anunciar agora que Kim Jong-Hum, o atual técnico, perderá o emprego em julho, logo após a Copa.

domingo, 13 de junho de 2010

Farinhada do mesmo saco

Escrevo estas mal traçadas aproveitando o relato do jornalista Juca Kfouri em seu blog e um mal estar que me bateu na volta do supermercado. Juca foi a Rostemburgo, distante pouco mais de 100 quilômetros de Johanesburgo, onde assistiu Inglaterra x Estados Unidos. Levou quatro horas para ir, outras quatro para voltar. Esse know how já temos por aqui mesmo. Basta ir a um jogo do Avaí na Ressacada.

Segundo Juca, o estádio Real Bafokeng, além de imundo, tem pontos cegos cobertos por plásticos nas cadeiras. Nenhum dos dois placares eletrônicos funcionou, as informações tipo escore e tempo do jogo vinham na voz de um locutor. Ah, e tinha fosso, coisa que a Fifa abomina e proíbe. Em torno do estádio formou-se um espetacular congestionamento e os voluntários eram mais desinformados que os espantados jornalistas a procura de uma orientação.

Testemunhos como este se repetem desde antes de a bola começar a rolar na África do Sul. Pelo que tenho lido, visto e ouvido dos profissionais que lá estão para fazer jornalismo sem oba oba, vamos organizar a nossa Copa em 2014 com uma mão nas costas. Ainda mais depois que o presidente Lula ofereceu o Banco Nacional do Desenvolvimento, o BNDES, para o que der e vier.

Como a Fifa não quer dinheiro público no negócio Copa do Mundo, a não ser para obras de infra-estrutura urbana, Lula teve o cuidado de avisar sobe o dinheiro que vai liberar através do BNDES: será empréstimo, não doação. Esse dinheiro tem ida e volta. Conta outra presidente, os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro não nos deixam mentir. Ao contrário, nos enchem de motivos para suspeitar da roubalheira que teremos por aqui com a chancela oficial.

No que toca à Fifa, estrategicamente faz um grande jogo de cena de acordo com seus interesses. A picuinha com os projetos do Morumbi é um exemplo, coisa de Josef Blatter, o presidente atual, em solidariedade a Ricardo Teixeira, Il Capo da CBF candidato na próxima eleição da Fifa e que não gosta de Juvenal Juventus, presidente do São Paulo. O desentendimento por enquanto, como queria Teixeira, rendeu a desistência paulista da abertura da Copa.

As observações iniciais nos levam à conclusão que os africanos devem ter retribuído às gentilezas e à tolerância da Fifa, não se sabe em que termos e em que medida. E em se tratando de Brasil os porões deste governo saberão contornar as dificuldades que possam atrapalhar os planos da pátria amada, salve, salve.

Isso tudo me veio à cabeça hoje pela manhã, depois que vi o Mário Cavalazzi às gargalhadas por entre as gôndolas de um supermercado.Lembram dele? O secretário de Turismo da Prefeitura do Dário envolvido no sumiço do dinheiro de um show e de uma árvore de natal e em outras falcatruas de menor porte. Voltei pra casa irritado e com ânsia de vômito. Estaria rindo de que este senhor? Com certeza de nós, os trouxas que votamos nessa ratatulha, pagamos impostos e os seus salários.

sábado, 12 de junho de 2010

Vamos aprender com a África do Sul

A festa na África do Sul está bonita, colorida, com o povo mais nas ruas do que nos estádios. O país é lindo, mas de riqueza mal distribuída, parecido com o nosso. E por trás do entusiasmo popular e do que representa um evento desse porte para o continente africano chegamos ao que precisamos entender e tomar como lição para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Os estádios custaram milhões de dólares, bilhões de reais, e não estão cheios. O que fará a África do Sul, de futebol incipiente, com essas portentosas praças esportivas? Os ingressos são caros, a própria Fifa reconheceu depois de perceber o encalhe.

Os problemas de mobilidade urbana transformam em perigoso e demorado rali o trajeto para os locais onde estão sendo disputados os jogos mais atrativos incluindo, é claro, os que terão a participação do país sede, como já aconteceu na abertura entre África do Sul e México.

Não há transporte coletivo, a não ser Vans, a maioria clandestinas, táxi é raridade e o trânsito é caótico. Tem gente da imprensa levando até quatro horas para chegar a um estádio, por mais curto que seja o percurso. Em certos casos é preferível ir a pé, como já fez uma turma da Globo.

O pior por enquanto ficou com a segurança. Os primeiros alvos de assalto foram alguns jornalistas portugueses, franceses, espanhois e chineses, roubados dentro dos próprios hotéis e na rua. É como mosca no mel, graças aos computadores portáteis, máquinas fotográficas e dólares, muitos dólares.

O custo de uma Copa do Mundo não pode ser medido apenas pelos investimentos de infra- estrutura física e sistema de comunicação, por exemplo. A segurança talvez seja um objetivo tão importante quanto as reformas e construção de estádios. Até lá, para não fazer feio e cair na boca do mundo, teremos que assimilar muitas das lições que serão dadas pela África do Sul, para o bem ou para o mal.

Jabulani faz a primeira vítima

Green, protagonista do primeiro "frango" da Copa (site da Fifa)

Dois dias de Copa na África do Sul e nada de novo. Jogos chatos, nenhuma inovação tática, nenhum jogador a destacar, a não ser os goleiros da Nigéria e dos Estados Unidos. O goalkeeper da Inglaterra, Mr. Robert Green, apanhou da bola, Miss Jabulani, e deixou verde de raiva a torcida da Rainha graças ao sensacional “frango” engolido na partida que teve a boa arbitragem brasileira de Carlos Simon. E nada de Messi ou Rooney, e outras atrações menores das duas primeiras rodadas onde aconteceram três empates, dois em 1 a 1, um de zero a zero, com o maior escore na vitória da Coréia do Sul sobre a Grécia por 2 a 0. É cedo ainda, mas se for assim até o final veremos com segurança a pior Copa do Mundo de todos os tempos em termos técnicos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O exterminador do futuro

Chamusca (foto site do Avaí)

O Avaí chamou a imprensa para anunciar com alarde que firmou convênio com o Santa Fé da Argentina, clube formador de atletas. Pra que, pergunto eu? Talvez para fornecer jovens jogadores ao clube argentino. Só pode ser, porque diante das atuais circunstâncias não vejo o menor sentido nesta parceria. O Avaí tem se notabilizado pelo péssimo aproveitamento de suas divisões de base. Os cadáveres ainda não esfriaram, fruto do extermínio cometido pelo treinador Péricles Chamusca a partir do fim do campeonato catarinense com chancela dos homens do futebol, leia-se direção e parceiros.

Os jovens são escalados, substituídos e retirados até do banco de reservas sem o menor critério. Por essa experiência já passaram o goleiro Renan, os meias Gustavo e Medina, os atacantes Laerte e Cristian. Os casos mais emblemáticos são os de Rodrigo Thiesen e Johny, titulares eficientes do meio campo até Chamusca decidir por defenestrá-los sem nenhuma justificativa digerível. Cada vez que tentou se explicar o treinador só aumentou o tamanho da mentira. A última foi de doer, quando Rodrigo Thiesen estava em lugar incerto e não sabido há mais de mês e de onde de repente apareceu para virar titular contra o Fluminense.

A emenda foi pior do que as explicações anteriores: tinha empresário na arquibancada para observá-lo. Significa dizer que as questões técnicas e de interesse do time ficam em segundo plano. Enquanto isso, sabe-se lá a que custo, chegam ao Avaí pencas de jovens jogadores da mesma posição, com alguns mais velhinhos passando por extensas temporadas no departamento médico. Leonardo, Vandinho, Sávio e outros menos votados seguem como esperanças para um futuro tão distante quanto a possibilidade de o Avaí fazer boa campanha neste Brasileirão.

Pelo jeito e pelo andar desgovernado desta carruagem o único a lucrar com a parceria nas atuais circunstâncias serão os argentinos do Santa Fé. Prejuízo certo para o clube que possivelmente ainda terá que procurar um treinador com métodos mais palatáveis e coerentes.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eles sabem o que dizem e o que fazem



A mídia impressa e alguns setores da mídia eletrônica, com razão, não engoliram o amistoso disputado pelo Brasil em Zimbabwe, muito menos a cobrança de dois milhões de dólares pela apresentação. O país vive há trinta anos sob uma ditadura cruel de Robert Mugabe, a condição de miserabilidade é explícita, o índice de desemprego chega a 60% e a inflação beira os 98% dia.

A repercussão negativa eclodiu nesta quinta-feira na maioria dos veículos de comunicação do Brasil, exceção feita à TV Globo, cuja opção é sempre pela cobertura obaobista. As fotos da soldadesca à beira do gramado cercando os governantes, bem como as imagens do bando de seguranças em torno de Mugabe e seus comparsas, são suficientemente esclarecedoras e indícios bastante significativos sobre o tipo de regime vivido por aquele povo.

Nem os nossos jogadores escaparam impunes, seja pela absoluta omissão em declarações ou posicionamentos, ou simplesmente por um gesto até agora sem explicações ou entendimento do lateral Michel Bastos. Justo ele, um dos novos na seleção e destaque positivo da equipe neste infausto evento. Marcou o primeiro gol, muito bonito, por sinal, e em seguida, de frente para a arquibancada onde estava Mugabe, bateu continência. Uma comemoração irônica e debochada? Tomara que fosse.

A discussão aqui nunca foi sobre a qualidade do adversário, 110º no ranking da Fifa, número até irrelevante diante do que se sabia de antemão sobre o futebol inexpressivo praticado no Zimbabwe. O que conta é a absoluta impropriedade da visita àquele país e os trinta dinheiros exigidos pela CBF.

Não tivesse isso tanta importância, o governo brasileiro, que nunca sabe de nada, não se apressaria em justificativas, lavando as mãos para dizer que não tem nada a ver com o assunto, alegando que houve apenas um negócio direto entre a CBF, e Confederação do Zimbabwe.

De qualquer forma a polêmica escancara a falta de critério e inteligência dos homens que dirigem a Confederação Brasileira de Futebol, da sua Comissão Técnica liderada por Dunga e, principalmente do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, nosso Judas de plantão, sempre a interpretar ao seu jeito as virtudes da democracia.

Cinco dias em Curitiba, com a seleção trancada em um bunker? Pra que? Adaptação ao frio? Bobagem. Extendendo um pouco a estada na capital paranaense o Brasil poderia isto sim, ter feito os primeiros treinos e até disputado um jogo amistoso, concretizando uma despedida muito mais proveitosa e agradável para o torcedor brasileiro. Várias das seleções que estarão na Copa continuam em seus países, treinando e fazendo amistosos interessantes e distantes de qualquer constrangimento diplomático.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A razão das mãos no bolso

Foi um tedioso treino, não mais que isso, com camisas oficiais e arbitragem da Fifa, suficiente para a seleção brasileira fazer jus aos dois milhões de dólares recebidos pela apresentação. O time mostrou a habilidade de alguns jogadores, a má forma do Kaká, o futebol medíocre do irritadiço Felipe Melo, e a fragilidade do meio de campo na proteção à zaga.

No mais foi curioso e ao mesmo tempo triste ver, sem nenhum registro ou comentário das alienadas transmissões brasileiras de tevê, o ditador do Zimbabwe, Robert Mugabe, descer ao gramado cercado por um bando de aspones e dos seus seguranças, naquela pose típica de governantes autoritários e mal queridos pela humanidade..

Além do teste, este amistoso em Harare, a capital do país, revelou para nós brasileiros, acostumados aos regimes ditatoriais de direita e esquerda, algumas peculiaridades que explicam a postura de determinados jogadores e do técnico Dunga quando da passagem por Brasília.

Perfilados para os tradicionais cumprimentos, eles desfilaram em frente ao presidente Lula e dona Marisa com uma das mãos no bolso. Agora se sabe a razão desta suposta falta de respeito, que na verdade era uma preparação para Zimbabwe, onde qualquer movimento com a mão aberta é confundido com um gesto característico da oposição ao regime de Mugabe. O infeliz que for pego em flagrante tem a mão decepada.

Como estavam em Brasília, e no Palácio, chegou-se a pensar também que a mão enfiada no bolso era para proteger a gorda diária recebida pouco antes do embarque para a África do Sul.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ora bolas


O Dunga, misto de treinador da seleção brasileira com psicólogo e corregedor da mídia, acaba de descobrir que nem todo mundo gosta de sexo, sorvete ou vinho. E ele, gosta do que? Favor encaminhar respostas à concentração do Brasil em Johanesburgo, África do Sul.

Mas a melhor de todas é que nossos jogadores não gostam de verdade é da bola, o que de certa forma já se sabia, não chega a ser novidade. Nessa turma tem alguns que até a odeiam. A Jabulani, como é chamada a bola no país desta Copa, está levando chutes verbais de todo o lado, a começar pelo goleiro Júlio César, que lembrou daquelas compradas em supermercado por quem quer fazer caridade baratinha e sem maiores compromissos.

O Felipe Melo, com a sutileza e falta de tato que já lhe renderam cinco expulsões no campeonato italiano e duas na seleção brasileira, fez uma inexplicável comparação entre a mulher de malandro, que gosta de apanhar e de maus tratos, e a patricinha, metida a besta e que se julga a melhor de todas. O que ele quis dizer com isso em relação à bola da Copa, ninguém entendeu. Junto com as respostas sobre Dunga, enviem também perguntas ao Felipe Melo.

O que todo mundo percebe é que a cada Copa do Mundo as primeiras críticas são para a bola, sempre cheia de defeitos. Quanto mais a tecnologia avança, mais ela desagrada, do goleiro – o brasileiro Júlio César, o espanhol Casillas e o italiano Buffon - ao ponta esquerda, como se dizia antigamente. A grande coincidência está no fato de que os que reclamam da bola da vez são patrocinados pelo fabricante concorrente, no caso a Nike, já que a “porcaria” de hoje é produto da Adidas.