A mídia impressa e alguns setores da mídia eletrônica, com razão, não engoliram o amistoso disputado pelo Brasil em Zimbabwe, muito menos a cobrança de dois milhões de dólares pela apresentação. O país vive há trinta anos sob uma ditadura cruel de Robert Mugabe, a condição de miserabilidade é explícita, o índice de desemprego chega a 60% e a inflação beira os 98% dia.
A repercussão negativa eclodiu nesta quinta-feira na maioria dos veículos de comunicação do Brasil, exceção feita à TV Globo, cuja opção é sempre pela cobertura obaobista. As fotos da soldadesca à beira do gramado cercando os governantes, bem como as imagens do bando de seguranças em torno de Mugabe e seus comparsas, são suficientemente esclarecedoras e indícios bastante significativos sobre o tipo de regime vivido por aquele povo.
Nem os nossos jogadores escaparam impunes, seja pela absoluta omissão em declarações ou posicionamentos, ou simplesmente por um gesto até agora sem explicações ou entendimento do lateral Michel Bastos. Justo ele, um dos novos na seleção e destaque positivo da equipe neste infausto evento. Marcou o primeiro gol, muito bonito, por sinal, e em seguida, de frente para a arquibancada onde estava Mugabe, bateu continência. Uma comemoração irônica e debochada? Tomara que fosse.
A discussão aqui nunca foi sobre a qualidade do adversário, 110º no ranking da Fifa, número até irrelevante diante do que se sabia de antemão sobre o futebol inexpressivo praticado no Zimbabwe. O que conta é a absoluta impropriedade da visita àquele país e os trinta dinheiros exigidos pela CBF.
Não tivesse isso tanta importância, o governo brasileiro, que nunca sabe de nada, não se apressaria em justificativas, lavando as mãos para dizer que não tem nada a ver com o assunto, alegando que houve apenas um negócio direto entre a CBF, e Confederação do Zimbabwe.
De qualquer forma a polêmica escancara a falta de critério e inteligência dos homens que dirigem a Confederação Brasileira de Futebol, da sua Comissão Técnica liderada por Dunga e, principalmente do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, nosso Judas de plantão, sempre a interpretar ao seu jeito as virtudes da democracia.
Cinco dias em Curitiba, com a seleção trancada em um bunker? Pra que? Adaptação ao frio? Bobagem. Extendendo um pouco a estada na capital paranaense o Brasil poderia isto sim, ter feito os primeiros treinos e até disputado um jogo amistoso, concretizando uma despedida muito mais proveitosa e agradável para o torcedor brasileiro. Várias das seleções que estarão na Copa continuam em seus países, treinando e fazendo amistosos interessantes e distantes de qualquer constrangimento diplomático.
Não olhei o jogo mas achei completamente absurda essa cobrança, ainda mais em um país miserável como o Zimbabwe.
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