Foi um tedioso treino, não mais que isso, com camisas oficiais e arbitragem da Fifa, suficiente para a seleção brasileira fazer jus aos dois milhões de dólares recebidos pela apresentação. O time mostrou a habilidade de alguns jogadores, a má forma do Kaká, o futebol medíocre do irritadiço Felipe Melo, e a fragilidade do meio de campo na proteção à zaga.
No mais foi curioso e ao mesmo tempo triste ver, sem nenhum registro ou comentário das alienadas transmissões brasileiras de tevê, o ditador do Zimbabwe, Robert Mugabe, descer ao gramado cercado por um bando de aspones e dos seus seguranças, naquela pose típica de governantes autoritários e mal queridos pela humanidade..
Além do teste, este amistoso em Harare, a capital do país, revelou para nós brasileiros, acostumados aos regimes ditatoriais de direita e esquerda, algumas peculiaridades que explicam a postura de determinados jogadores e do técnico Dunga quando da passagem por Brasília.
Perfilados para os tradicionais cumprimentos, eles desfilaram em frente ao presidente Lula e dona Marisa com uma das mãos no bolso. Agora se sabe a razão desta suposta falta de respeito, que na verdade era uma preparação para Zimbabwe, onde qualquer movimento com a mão aberta é confundido com um gesto característico da oposição ao regime de Mugabe. O infeliz que for pego em flagrante tem a mão decepada.
Como estavam em Brasília, e no Palácio, chegou-se a pensar também que a mão enfiada no bolso era para proteger a gorda diária recebida pouco antes do embarque para a África do Sul.
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