quinta-feira, 10 de julho de 2008

Quinta-feira

A esculhambação nossa de cada dia

Em matéria de preparação da seleção brasileira para a Olimpíada vamos muito mal, obrigado. Não houve planejamento, a convocação está saindo em cima da hora e sem o devido cuidado com a possibilidade de negativa por alguns clubes europeus. Ronaldinho é o caso mais gritante, pois além de estar completamente fora de forma a menos de um mês da competição, o Barcelona vem anunciando aos quatro ventos que não vai liberar o jogador. O mesmo pode acontecer com outros nomes escolhidos por Dunga porque os clubes europeus não se sentem na obrigação de atender as convocações da CBF sob a velha desculpa de que a Olimpíada não é evento FIFA. Resultado é que hoje não temos um grupo definido e muito menos um time. Como preparação fizemos apenas dois amistosos, um contra os melhores do Brasileiro de 2007, com derrota de 3 a 0, outro contra uma seleção carioca formada pelos times do terceiro mundo, os madureiras da vida. Vitória brilhante por 1 a 0. Nos dois casos os jogadores se reuniram no aeroporto, fizeram o aquecimento no avião e desceram para o gramado direto do ônibus da Infraero. Ou seja, a CBF está andando para o time que vai representar nosso futebol em Pequim. É bom não esquecer que medalha de ouro olímpica ainda não foi pendurada no peito de jogador brasileiro.

Dois senhores

Meu amigo e companheiro de muitas jornadas há mais de 30 anos, o jornalista JB Telles, está assumindo a assessoria de imprensa da Federação Catarinense de Futebol. Trago isso a público como notícia. A mim não cabe discutir escolhas, apenas lembrar ao amigo, como já fiz em conversa, olho no olho, que não se pode acender uma vela pro santo, outra pro diabo, caso do Telles que no momento é assessor da diretoria do Figueirense. Sei que aí tem santo e demo nos dois lados e que a opção profissional tem a ver com questões financeiras. Mas não há nada mais incompatível no nosso futebol do que servir a um clube e à Federação ao mesmo tempo.

O sul não é Brasil

Alguns setores da mídia esportiva de Rio e São Paulo, o chamado eixo, às vezes do bem, às vezes do mal, tem uma má vontade evidente contra o futebol do sul do país, incluindo arbitragem. Entre os treinadores, a vítima da hora é Dunga, seguido de perto por Renato Gaúcho e o paranaense Cuca. Antipatia que se estende a árbitros e times, sempre olhados com desdém, avaliados com desconfiança e preconceito. Não adiantam títulos nacionais e internacionais, grife FIFA no caso dos árbitros, o reconhecimento só acontece diante do indesmentível. Assim como reza a lenda de que durante muito tempo americano pensava que Buenos Aires era a capital do Brasil, cariocas e paulistas ainda se consideram o centro do planeta em matéria de futebol, classificação que mudou faz tempo.

Maus alunos

A maratona de jogos nas duas séries do Campeonato Brasileiro nas próximas semanas promete fazer estragos em quem não conseguiu a preparação adequada ou promoveu desmanches já a partir do início da competição, sem a reposição necessária. Três clubes em especial chamam a atenção nestas primeiras rodadas: o Internacional, mais uma vez relacionado como favorito, não confirma. Perdeu primeiro o técnico Abel, depois Fernandão, Yarlei e Gil e ainda pode ficar sem o argentino Guiñazu. Por enquanto só o zagueiro Bolívar, que já foi do Inter, apareceu como reforço e ainda assim para ser aproveitado só a partir de agosto. Os exemplos domésticos vêm de Figueirense e Criciúma que negociaram vários jogadores e trocaram de técnico durante o Brasileiro. Os resultados no Orlando Scarpelli agora começam a melhorar ainda que não se traduzam em confiança absoluta do torcedor. Em Criciúma a situação é muito mais complicada e aquela nuvem negra com ameaça de rebaixamento começa a pairar sobre o estádio Heriberto Hulse, trazendo junto a perspectiva de uma nova troca de treinador. É tudo uma repetição de anos anteriores com lições não assimiladas pelos dirigentes que reproduzem erros monumentais, intranqüilizam e desesperam o torcedor.

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