O entusiasmo com o desempenho da seleção brasileira tem sua razão de
ser. Nas últimas semanas empatamos com a Inglaterra, ganhamos da França,
do Japão, rasgamos a touca mexicana e garantimos antecipadamente uma
vaga nas semifinais da Copa das Confederações. O otimismo de torcedores e
imprensa é explícito e o jogo deste sábado contra a Itália, acredito,
será disputado sem sustos.
Como Luiz Felipe Scolari fala sempre de um time em construção, não
custa olhar o futuro com um pouco de cuidado. Se passarmos bem pelos
italianos estaremos prontos para um possível confronto com a Espanha
campeã do mundo e bicampeã europeia?
Dependemos do brilho da nossa maior estrela. Neymar, através dos seus
lampejos de craque, tem mostrado aos investidores do Barcelona que vale
o quanto foi pago pelo seu passe. A seleção brasileira bebe dessa fonte
de talento e com ela ameniza a seca de jogadores de alto nível em meio a
uma safra nada generosa. A produção tem sido baixa e o consumidor
externo leva o pouco que produzimos, prejudicando o consumo interno.
É arriscado lembrar o passado até mesmo recente. Vivíamos outros
tempos em que não havia um protagonista isolado, uma andorinha solitária
fazendo verão. Pelé, por exemplo, tinha um time quase inteiro de
jogadores excepcionais ao seu lado. Ronaldo, Zico, Falcão, Ronaldinho
Gaúcho e Rivaldo marcaram época. Mesmo o contestado grupo campeão, em 94
nos Estados Unidos não era de se jogar fora. Bastante unidos lá estavam
o goleiro Taffarel, os laterais Cafu, Leonardo e Branco, atacantes como
Romário e Bebeto. Era um bom time com força de conjunto.
Hoje, a um ano apenas da Copa do Mundo em casa, não temos certeza do
nosso potencial. Por enquanto comemoramos resultados isolados com o
otimismo que começa a tomar conta das arquibancadas e de alguns
microfones. Já escrevi parecido outro dia e reforço com o chavão contido
naquele provérbio português: cautela e caldo de galinha não fazem mal a
ninguém.
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