Um dia inventaram o
treino secreto. Não sei quem, nem em que lugar do planeta Terra esse monstrengo
foi criado. Zico no Japão, Pepe Guardiola, Mourinho, Alex Ferguson, Mano, Abel,
Luxemburgo, Felipão, Parreira, Adilson Batista, algum mal humorado de plantão?
E são muitos. Quem afinal teve a infeliz ideia de esconder do torcedor o que se
passa nos treinamentos?
A finalidade seria preparar
jogadas ensaiadas com esquemas capazes de surpreender os adversários, não
importa qual. Poderia ser o Cacimbinhas Futebol Clube ou um campeão do mundo.
As novidades deixariam boquiabertos torcedores e jornalistas. Pensou-se, então,
em repórteres sherlocks, “fresteiros”, puladores de muros, escutadores de trás
das portas e experts em adivinhações.
Providência inútil. Os mistérios
e segredinhos têm frustrado os mais ansiosos por novidades. Apesar da overdose de frescura o resultado
visto após dias de treinamentos às escondidas é o pior possível, igual a nada
vezes nada. Os escanteios continuam batidos do mesmo jeito, idem os tiros de
meta; as saídas de bola dos goleiros são, geralmente, na base do chutão, e as
faltas continuam dependentes de um bom cobrador. Nada surpreende, dado a falta
de criatividade, ou de opções, dos “professores”.
Nos meus tempos de
repórter, quando acompanhávamos os treinamentos a qualquer hora, a qualquer
tempo, em qualquer lugar, conversávamos com jogadores, com o técnico,
preparador físico, presidente do clube, tesoureiro, quem estivesse ao alcance e
rendesse um bom assunto, uma entrevista reveladora, provocativa, até. Não era
preciso pular muro, espiar pelas frestas. Escutar atrás da porta só com crise
no clube. Ou ameaça de demissão do técnico, especialidade brasileira que não mudou
até hoje. Por último quero explicar ao leitor que, em função do horário de
fechamento do jornal, antecipei a coluna, mantendo em segredo meu comentário
sobre o jogo do Brasil contra o México.
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