sexta-feira, 12 de junho de 2009

Para reflexão dos nossos dirigentes

Vale a pena vender guris por estrelas ou dívidas?

Do blog Almanaque Esportivo – RBS


Um dilema tem assolado os dirigentes dos clubes brasileiros de elite. Vale a pena vender um garoto das categorias de base e jogar fora dinheiro para pagar dívidas urgentes? Ou para contratar jogadores mais afirmados? Existem casos negativos e exemplos de como isto pode ser uma aposta errada também para o comprador...

Tudo depende de como o garoto é avaliado internamente, e se o jogador a ser contratado representa investimento com retorno praticamente garantido. Por dívidas, não vale a pena pagar. Há casos de jogadores que não confirmaram as expectativas, mas também existem exemplos de grandes craques que saíram por ninharias do futebol brasileiro.

Nesta semana li que o Flamengo quer três garotos das categorias de base do Grêmio, incluindo Mário Fernandes (aquele que sumiu), Saimon e Maylson, ou parte do passe destes garotos. Tudo isto em troca de sete milhões de reais que o Tricolor ainda deve pela compra de Rodrigo Mendes junto ao Flamengo, na Era José Alberto Guerreiro, dívida em fase de execução.

Provavelmente o time carioca não conseguirá tudo que quer, mas o Grêmiocorre risco de perder uma parte do passe destes garotos, sob pena de não liberar todas as penhoras do Olímpico, ponto crucial para a construção da nova Arena, no Humaitá. Flamengo que, aliás, tem negociado garotos de nível médio do time júnior por ninharias para o futebol europeu, apenas para manter as contas mais ou menos (mais pra menos) controladas...

Ainda sobre o Grêmio: a venda do volante Tiago Dutra para o Villarreal por 1.2 milhões de euros deve manter Souza no Olímpico. Isto seria ótimo para o time, já que não existe substituto para Souza no elenco principal e a diretoria tricolor não vê um futuro tão brilhante assim no jovem das categorias de base, que já foi preterido ano passado por William Magrão e Renato Carioca, e que tem Bruno Renan como grande promessa do clube.

Li que o Corinthians, com grande prejuízo em 2008 e no primeiro semestre de 2009, vai conseguir equalizar as contas vendendo o garoto Dodô, zagueiro de 17 anos dos juniores, por valores em torno de 6 milhões de euros. O guri nem jogou no profissional, mas já está sendo observado pelo Manchester United há tempos e deve ser apresentado no início do ano que vem, quando completa 18 anos. Pena que 30% da transferência vai direto para o bolso da Traffic, que tem percentual do passe do garoto...

Quando isto deu certo para o comprador? Em 2006, o Fluminense negociou os gêmeos Fábio e Rafael para o Manchester United. Então com 16 anos, os garotos só foram para a Inglaterra aos 18. Hoje os dois são jogadores do elenco principal do gigante europeu, e Rafael deve assumir a titularidade da lateral-direita.

Outro exemplo clássico ocorreu em 2001, quando o Flamengo vendeu Reinaldo e Adriano, jovens e com atritos com a torcida, pelo já veterano Vampeta. O PSG agradeceu, pois negociou imediatamente Adriano para a Internazionale e Reinaldo jogou bem na França. Já o Flamengo...

Mas isto pode ser também uma negociação vantajosa para o clube brasileiro. Em 2004, Fernandão foi comprado por uma quantia junto ao Olympique Marseille, mais percentuais do passe de João Guilherme e Rodrigo Paulista. O primeiro sumiu e o outro está na China, enquanto Fernandão virou o mais importante jogador do Internacional na história. Negociação semelhante ocorreu no ano seguinte, quando Tinga veio em troca do passe de Marcelo Labarthe e 50% do passe de Cleiton Xavier para o Sporting Lisboa.

Curiosamente os times europeus nunca mais aceitaram negócios assim. Porquê será?

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