terça-feira, 17 de julho de 2007

Terça-feira

E agora?

A vitória do time de Dunga na Copa América, graças a um expressivo resultado diante da arrogância e da empáfia argentina, está provocando uma grande discussão no jornalismo esportivo. Era evidente o descontentamento com os métodos e conceitos do treinador brasileiro. Incluo-me entre os contrários, no mínimo por desconfiança. Após o título conquistado domingo, mais que tudo, ficaram evidentes as questões regionais, divididas entre um grupo que reúne cariocas e paulistas, e outro que podemos chamar de “sulistas”. Estes últimos gravitaram sempre entre o muro e a defesa intransigente das posturas técnico-táticas assumidas por Dunga. Os do “eixo” Rio-Sampa radicalizaram até no cabelo espetado do treinador. A melhor leitura, no entanto, pelo que pude deduzir de inúmeras opiniões emitidas após a consagradora vitória de domingo, fica mesmo no terreno do regionalismo exacerbado. Como a seleção brasileira tem pela frente, até o final do ano, um amistoso em agosto, dois em setembro, e eliminatórias para a Copa do Mundo a partir de outubro, muita água vai correr por baixo dessa ponte. E muita gente vai morrer afogada.

Vaia é vaia

Outra questão que invadiu o final de semana e chegou à segunda-feira, sem prazo para terminar, foi a vaia ao presidente Lula na abertura dos Jogos Pan-Americanos. Um Maracanã lotado ignorou o solene e a beleza da festa para atazanar Lula e comitiva. As versões navegam entre orquestração do prefeito César Maia e o descontentamento da classe média carioca. De qualquer forma, vale pensar sobre os níveis de popularidade do presidente revelados pelos institutos de pesquisa que parecem não refletir o sentimento do povo.

O preço de um pódio

Enquanto as redes brasileiras de televisão fazem mais celebração do que jornalismo acompanhando o Pan, tem gente virando a moeda para revelar histórias que a Globo não conta. Como, por exemplo, o caso de Diogo Silva, lutador de taekwondo primeira medalha de ouro do Brasil nestes jogos. Como muitos de nossos atletas, ele deixou a infância miserável e as drogas em uma comunidade violenta de Campinas (SP) atraído pelo esporte, mas hoje é obrigado a conviver com a falta de apoio, denunciada logo após receber sua medalha. Contou que pediu reforço aos R$ 600 que recebe da Confederação de sua modalidade e não levou. Para competir no circuito europeu lançou mão dos R$ 5 mil de suas economias, enquanto outro atleta da equipe, Márcio Wenceslau, vendia o carro para acompanhá-lo.

Vício de origem

Governantes e dirigentes esportivos de Santa Catarina precisam repensar as funções e a formação do Conselho Estadual de Desportos. Entre outras coisas para evitar decisões como a anistia à ginástica artística, uma ilegalidade e um desrespeito total à legislação esportiva, pela qual o Conselho deveria zelar. Com 21 membros, o órgão criado para estimular e estabelecer políticas para o esporte, além de ser sustentado pelo dinheiro público vive hoje contaminado pela política e interesses eleitoreiros, razão principal para a decisão esdrúxula na sua última reunião. Gente séria, de capacidade e muita história esportiva, não deveria estar lá para, uma vez por mês, apenas discutir o sexo dos anjos ou rasgar regulamentos aprovados pelo próprio Conselho.

Brasileiros I

Na série A o time do Figueirense mantém regularidade e sustenta as arengas de Mário Sérgio, cujo perfil está bem mais próximo de um treinador da seleção argentina do que de um clube médio brasileiro.

Brasileiros II

O Avaí precisa evitar a volta à zona do rebaixamento da série B. Para isso deve pontuar nos próximos dois jogos, ambos fora de casa, contra São Caetano e Portuguesa. Já o Criciúma pode lamber as feridas da derrota para a Ponte com duas partidas seguidas no Heriberto Hulse, Vitória e Ituano, missão bem mais fácil do que a dos avaianos.

Um comentário:

  1. Ora caro Mário, o CED hoje é uma simples filial da Fesporte. Quando precisa tomar decisões, importantes mesmo que duras como a retirada de modalidades dos Jasc ou Joguinhos, seus membros ficam tomados de receio pelas reações contrárias. Mas quando é pra agradar e fazer política, lá estão eles na linha de frente.
    Para piorar tudo, o governo indica seis integrantes para se garantir, e hoje ainda tem três membros que tb são funcionários da Fesporte - o presidente, o diretor administrativo e a diretora de desportos.

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