sábado, 2 de outubro de 2010

O futebol (e o país) dos interinos



Comecemos pela terrinha com o Avaí pós Silas, Chamusca e Antônio Lopes. Os dirigentes e a parceria, com o time ladeira abaixo, optaram por pelo Edson dos Santos, que não quer mais ser chamado de Neguinho, como era conhecido nas divisões de base. Talvez pela pompa que ele pensa ter seu cargo atual, apesar de toda hora atender pelo cognome de interino.

O Ceará teve PC Gusmão, Estevam Soares e Mário Sérgio. O quebra galho da vez é Dilma Filgueiras, até então supervisor. O Grêmio Prudente experimentou Toninho Cecílio, Antônio Carlos, Marcelo Rospide, e agora vai levando com Márcio Barros, uma espécie de faz tudo no clube.

Não é só a turma de baixo da tabela que entrega o pepino na mão de interinos. O São Paulo atacou de Sérgio Baresi e o Santos depois do furacão Neymar tenta melhorar o clima com Marcelo Martelotte.

Alguns provisórios viram permanentes, como aconteceu com o Andrade ano passado, e que acabou campeão brasileiro pelo Flamengo.Aqui temos um caso raro de interino vencedor substituído por outro interino, o Rogério Lourenço, recentemente demitido e substituído por Silas, pelo jeito com prazo de validade bem curto.

Por sinal ninguém tem um centro de treinamento, o popular CT, com nome tão apropriado como o do Flamengo, o "Ninho do Urubú". Alí a crise é grande e permanente, nada de interinidade. Ha sempre carniça à disposição. Nem o Zico resistiu.

Hoje são cinco clubes (25%) entregues aos quebra galhos justo na reta final da principal divisão do Campeonato Brasileiro. Nada de espanto. Afinal, até na política e no comando do país se pratica a interinidade. Se eleita, Dilma Rousseff ficará presidente enquanto o verdadeiro titular do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva, tira umas férias e prepara sua volta para daqui quatro anos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Panfletinho básico 2, a enganação

Os marqueteiros deveriam se envergonhar do produto final. A festa da democracia brasileira é uma enganação. Nenhum candidato, de todos que vi e ouvi até hoje, apresentou alguma coisa parecida com um programa de governo. Dilma, Serra, Marina e o franco atirador, Plinio Sampaio, me mandaram mais cedo pra cama e para a leitura de “O burgomestre de Furnes, um dos livros de Georges Simenon sem o inspetor Maigret que ainda não tinha encarado, no bom sentido. Da sono, quando não provoca náusea, assistir aquele bando de marionetes fazendo jeito de gente do bem.

Não houve jornalismo, faltaram jornalistas, repórteres, embora isenção seja um produto raro hoje em dia na profissão. No fim dá tudo na mesma. Ninguém chama ninguém pra briga, ninguém faz pergunta fundamentada em algo consistente. Exemplinhos: prometer mil quilômetros de hidrovia para um Brasil desse tamanhão. Brincadeira. Nós, que estamos há mais de dezesseis anos esperando pela duplicação de míseros 249 quilômetros na 101 sul, sabemos o que é promessa não cumprida. Palavra não mantida por Fernando Henrique e pelo Lula e, talvez, pelo próximo ou próxima. Assim sendo, qual a utilidade deste último encontro (e dá pra chamar de outra coisa?) entre os candidatos antes da eleição?

Serviu, certamente, para o nobre exercício do palavrório inútil de alguns jornalistas políticos, verdadeiros porta vozes das empresas que defendem, façamos justiça, com grande competência. A chatice acaba repetida no day after. Tem uma perua emproada da Globo News, que aparece todo o dia com a perna cruzada sempre para o mesmo lado. Deve ter a coxa colada. A moça merece o troféu abobrinha do comentário político. Seu esmero na obviedade só tem comparação na escolha dos figurinos para suas inúteis aparições diárias.

O triste é que não seremos poupados caso haja segundo turno. O martírio vai continuar com a mesma fórmula, os mesmos personagens. Quem sabe até lá haja tempo para modificações, por menores que sejam, pelo menos na apresentação de algum conteúdo que me faça acreditar em dias melhores para o estado e o país.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Panfletinho básico



Acordei de mau humor. Primeiro pelas dificuldades impostas a mim nos últimos meses por todos os segmentos públicos e privados responsáveis pela saúde do cidadão. E ultimamente, com a proximidade de uma eleição complexa. É desanimador o que tenho acompanhado da política e dos políticos. Não vale a pena votar, eleger gente que mais adiante não te dá nenhum retorno no mínimo que se exige de um ocupante de cargo público, eleito pelo povo em uma nação dita democrática.

O último debate (?) promovido pela RBS na terça-feira à noite foi patético. A começar pela cobertura dos profissionais da própria rede. A não ser pelas cobras criadas do jornalismo político, no mais tive que ouvir uns pirralhos sem nenhum conhecimento não só do assunto, mas principalmente das peculiaridades locais. As perguntas no final tinham a profundidade e o alcance do tipo – “o que achou do debate”? -.

Indigência mental nesse caso é pouco. A proposta de um debate que não é debate já inviabiliza qualquer tentativa para despertar o interesse do ouvinte/telespectador/eleitor. É uma tragicomédia, encenada com competência, e de acordo com a conveniência por candidatos despreparados e desprovidos de qualquer princípio ético. Prova disso são o amontoado de promessas já não cumpridas em governos anteriores pelos candidatos de sempre. Domingo vou teclar números sem convicção, sem nenhuma esperança. Vou às urnas apenas porque tenho a obrigação legal.

O comprometimento moral, de cidadão consciente, ora, isso já empurrei pra baixo do tapete faz tempo. Aliás, pratica fartamente adotada na política brasileira, com o suporte de um sistema judiciário comprometido com o que há de pior neste país onde a ordem e o progresso não representam nada mais do que palavras aplicadas em uma bandeira desrespeitada nos 365 dias do ano.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O cirquinho da CBF



O calendário Fifa com datas para jogos oficiais e amistosos de seleções é divulgado com a antecedência necessária para que as confederações possam adequar seus planejamentos. Parece que a CBF vive completamente divorciada do assunto, como se percebe a cada convocação da seleção brasileira.

Recentemente passamos pelo ineditismo de reunirmos, só para treinos, os escolhidos por Mano Menezes. A turma ficou durante uma semana na Espanha só batendo bola e enfrentando um sub qualquer coisa do Barcelona.

Agora a CBF repete a dose chamando jogadores, inclusive dos times envolvidos na fase decisiva do Brasileirão, sem que estivessem definidos os adversários para duas datas Fifa. Ficamos sabendo, logo depois desta nova convocação, que enfrentaremos duas poderosas seleções, a do Irã 57ª do ranking, e a da Ucrânia, 27ª.

O primeiro jogo, contra os iranianos, será dia 7, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos que, por sinal, tem sua seleção em 90º lugar no ranking da Fifa. Quatro dias depois o circo estará montado em Derby, uma pequena cidade do interior da Inglaterra, reduto de imigrantes ucranianos. A seleção brasileira jogará no pequeno Park Stadium, com capacidade para pouco mais de 33 mil torcedores.

Mesmo com as melhores seleções européias disputando as eliminatórias para a Euro 2012, com um mínimo de planejamento a CBF daria ao Mano Menezes coisa melhor para testar a nova seleção. Sem contar que os jogadores seriam poupados de viagens para os quintos dos infernos e os clubes, três rodadas desfalcados em partidas decisivas, teriam de volta seus craques menos desgastados.

Mas para que servem os clubes brasileiros a não ser para pagar taxas escorchantes à CBF, sustentar espetáculos mambembes e ajudar Ricardo Teixeira a arrecadar milhões de dólares em amistosos caça níqueis?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

E agora, Luxa?


Luxemburgo, cara feia para o gosto amargo do fracasso

O endeusamento de profissionais que militam no futebol é o grande pecado da mídia esportiva brasileira. Qualquer destaque logo vira craque, fenômeno, grande técnico, o melhor preparador físico, um dirigente excepcional, e por aí vai. Não faltam adjetivos.

Vanderlei Luxenburgo é a mais nova vítima do excesso de expectativa e de elogios desmesurados ao seu trabalho. Vanderlei realmente é dono de um currículo invejável como técnico dos principais clubes do país, títulos estaduais e nacionais, e também com fracassos retumbantes memoráveis na seleção brasileira e no Real Madri.

“O melhor treinador do Brasil” acaba de ser demitido no Atlético Mineiro, depois de 15 derrotas no Brasileirão e de manter o time na zona de rebaixamento durante 15 rodadas. Será difícil reverter a situação, no mínimo curiosa, para um grupo que tem o goleiro Fábio Costa, o zagueiro Rever (recém convocado por Mano Menezes), o meia Ricardinho e os atacantes Diego Souza e Diego Tardelli, entre outros menos votados, mas todos bons jogadores.

Talvez seja melhor o “Luxa”, como alguns jornalistas bobamente o tratam, dar uma parada, tirar umas férias. Ultimamente por onde passou tem acumulado resultados negativos, sempre provocando a pergunta inevitável. O que está acontecendo com o elegante, bom de prosa e empresário bem sucedido, Vanderlei Luxamburgo? Ultrapassando os limites do pedantismo, misturando profissões inconciliáveis, parece que o “Luxa”, o treinador mais caro do Brasil junto com Muricy Ramalho e do Felipão, está virando lenda.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mano também pisou na bola



Dizer que os treinadores de futebol são corporativistas é chover no molhado. Quem não o é? Que categoria escapa da autodefesa? Médicos, engenheiros, jornalistas, todos aplicam a autoproteção corporativa.

Mano Menezes agiu assim ao deixar Neymar fora da convocação divulgada nesta quinta-feira. Indiretamente manifestou claramente seu apoio a Dorival Júnior, demitido do Santos por causa do bololô com o menino mimado do Santos.

O treinador da seleção brasileira ao apoiar Dorival e punir o jogador está abrindo mão da qualidade em troca de uma duvidosa ação disciplinadora. O técnico do Santos já havia cometido esse erro, conduzindo mal o litígio e a insubordinação do atacante. A reação dos dirigentes foi ainda pior e culminou com a sua demissão.

Faltou em todas essas instâncias no mínimo a conversa cara a cara, aquela que poderia encaminhar uma solução melhor para o conflito. Ao deixar Neymar fora da sua lista de convocados, Mano Menezes sacramentou a falta de tato para chegar à solução de um assunto rotineiro no futebol e que equivocadamente o clube e o time acabam sendo punidos, ao invés do infrator. Neymar, por seu talento hoje raridade entre nós, merecia outro desfecho para esse episódio, com Dorival Júnior, Mano Menezes e os dirigentes da sua agremiação. Todo mundo pisou na bola.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Rebuliço na Vila





Depois de uma overdose de esporte na cobertura dos Jogos Abertos e de alguns percalços pessoais que me tiraram a vontade de escrever, tentarei manter em dia a escrita. Começando pela grande polêmica da semana no futebol: quem errou mais, Neymar, Dorival Júnior ou o Santos?

Todo mundo pisou na bola nesse episódio constrangedor para todas as partes envolvidas. O jogador já deu provas suficientes da sua falta de educação. Essa história de garoto rebelde, coisa da idade, tem limites. Neymar acumulou atos de indisciplina e de incivilidade que não foram reprimidos nem em casa, tantas foram as manifestações de apoio do pai, tornadas públicas através da imprensa.

Por seu lado o treinador extrapolou na punição, prejudicando apenas o time, sem reflexos sobre a conduta do jogador. Deixá-lo fora até do banco e num clássico contra o Corinthians, provocou a intervenção dos dirigentes, diante dos prejuízos evidentes à equipe. Aqui outro erro,a demissão do Dorival. A não ser que ele tenha colocado na condição de irrevogável sua decisão de afastar o jogador até de um jogo tão importante. O clube está acima do conflito entre Neymar e o técnico, como ficou claro na decisão dos dirigentes.

Enfim, todo mundo errou feio na Vila Belmiro. Dorival, preocupado em preservar sua autoridade, exagerou na dose, provocando reação na mesma medida de outra autoridade, a presidência do Santos. Neymar nessa hora precisa vir a público com um pedido de desculpas sincero, jogando seu bom futebol e dando bons exemplos à meninada bem mais jovem que ele e que o toma como referência de craque. O Santos perdeu um bom treinador e vai ter dificuldade para arrumar outro em seguida, pela escassez da hora. Dorival já virou grife e pode arrumar logo novo emprego (São Paulo?). Neymar é que levará mais tempo para desfazer o estrago, melhorar sua imagem e apagar a fama de rebelde sem causa.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Seleção pé de página

Só treino dá sono (uol esporte)


A chamada grande mídia esportiva parece que perdeu o senso crítico em relação à seleção brasileira e à CBF. Depois de tanta pancada no Dunga e nos seus rapazes do bem tudo indica que a turma resolveu dar um tempo a Mano Menezes & Cia. Até surgir a primeira oportunidade para recomeçar o jogo duro com o time que está sendo preparado para a Copa de 2014.

Caso contrário, como explicar o silêncio com a temporada européia criada por Mano exclusiva para treinamento? A desculpa é a falta de adversários. A rodada pelas eliminatórias da Eurocopa foi semana passada. E as datas Fifa estão aí para serem aproveitadas contra muitas das seleções européias que passaram ou não por aquele compromisso. Tanto é verdade que Argentina e a campeã do mundo Espanha aproveitaram para jogar um amistoso nesta terça-feira.

Só o Brasil não conseguiu um sparring decente. Enfrentou em jogo treino o Barcelona B. Tinha esperança que Mano mudasse pelo menos um pouco a maneira de trabalhar com a seleção. Por enquanto nada feito. Nunca vi, na história do nosso futebol, um grupo de jogadores reunido na Europa com todo o entourage da Comissão Técnica apenas para treinos.

A desculpa esfarrapada da falta de adversário na verdade encobre o desinteresse de qualquer confederação internacional disposta a gastar, e muito, com a apresentação de uma equipe recém formada e em processo de laboratório. Hoje nós é que precisamos pagar, a não ser que joguemos contra um time cacareco. Como a CBF só visa o lucro, independente do resultado técnico, pagamos é um grande mico com essa mini-temporada de luxo na Europa.

Está na cara. Pena que a grande mídia, concentrada nos principais estados brasileiros, tenha ignorado as evidências. A não ser pelo fato de ter destinado o menor espaço possível em jornais, rádios e tevês. Quando que uma seleção brasileira mereceria não mais do que um pé de página? Eu vi – e me neguei a ler -, ninguém me contou. Começa do pior jeito possível a era Mano Menezes.

domingo, 5 de setembro de 2010

O judiciário explica o país

Incomodado com o que leio, vejo e ouço todos os dias ainda dei de cara com o texto abaixo no blog do Canga. Não resisti e tomei emprestado para republicá-lo aqui. Conhecendo o judiciário que temos vamos entender o país onde vivemos.

Por Edison da Silva Jardim Filho

Li, semana passada, notícia publicada em coluna política de um jornal de Florianópolis, informando que o ministro-catarinense-do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Jorge Mussi, iria receber o título de cidadão honorário do município do Rio de Janeiro. Na mesma solenidade, outros dois ministros do STJ também seriam homenageados pela Câmara dos Vereadores daquela cidade.


O Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC) agracia, em datas festivas, personalidades com a medalha da Ordem do Mérito Judiciário nos graus de Grande Mérito, Mérito Especial, Mérito e Insígnia. Certamente, todos os demais tribunais do país também criaram e mantém as suas comendas em graus diferentes. Em 2.004, o TJ/SC comemorou 113 anos de sua instalação no Estado. Era o seu presidente o ministro Jorge Mussi. Na sessão solene alusiva à data, receberam honrarias o então senador da República, Jorge Bornhausen, e o ex-governador do Estado, Casildo Maldaner. Também foram homenageados empresários e outros profissionais. Não me parece despiciendo que, no Brasil, os tribunais devessem contar até o infinito antes de homenagearem os políticos e um certo tipo de empresário, histórica e umbilicalmente ligado ao poder público.


A prática de dar e receber títulos honoríficos, medalhas e condecorações, pelos ministros e desembargadores de tribunais país afora, para mim, e eu creio não estar sozinho neste pensar, atenta contra a “independência” do poder judiciário (artigo 2° da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”). Afinal, o poder judiciário não são os seus juízes?... Essa seria uma das muitas questões que, fosse a Ordem dos Advogados do Brasil também independente, deveriam estar merecendo a sua reflexão há muito tempo: se é ou não lógica e razoável a coexistência dos princípios da “harmonia” e da “independência” na cláusula constitucional: “independentes e harmônicos entre si”, em relação ao poder judiciário? A palavra: “harmonia” não é a melhor para representar o “sistema de freios e contrapesos” que perpassa e submete os três poderes, pois também serve para admitir e justificar essa e outras práticas do poder judiciário que, aparentemente, pelo menos a um juízo moral mais rígido, não seriam muito republicanas.


Outra prática que considero, igualmente, insustentável em face do princípio da “independência” do poder judiciário, embora agasalhada pelo artigo 67 da Constituição do Estado de Santa Catarina, é a de o desembargador presidente do TJ/SC substituir o governador, nas ausências conjuntas-propositais, diga-se de passagem-dos seus dois sucessores legais imediatos: o vice-governador e o presidente da Assembléia Legislativa. O presidente do TJ/SC é o terceiro na linha de sucessão do governador. A justificativa é sempre a homenagem, repentina e merecida, que, incontidamente, o governador, o seu vice e o presidente da Assembléia Legislativa desejam prestar ao presidente do TJ/SC. Mas seria, mesmo, homenagem, ou verdadeiro “presente de grego”?... Essa prática, vista sob a ótica dos interesses mesquinhos que vêm norteando, já há um bom tempo, o poder político no Brasil, deve ter por escopo o comprometimento da credibilidade do poder judiciário.


Não encontrei fecho melhor para este artigo do que a antiga lição, infelizmente de aplicação atual, de um dos brasileiros com maior autoridade intelectual e moral em todos os tempos: o jurista Roberto Lyra, contida no seu livro: “Como julgar, como defender, como acusar”: “Togas limpas não aceitam, sequer, formas sutis e, por isso, mais perigosas de corrupção. Como o poder moderador na democracia, a Justiça deve repelir as ‘cortesias’ das ‘relações públicas’, as ‘homenagens’ de títulos e medalhas. A moeda não será em espécie, mas açula o soldado da luta direta e inerme contra as ilegalidades e injustiças.”

sábado, 4 de setembro de 2010

PQP, FUCK YOU



Jogo de pouco público com arquibancadas praticamente vazias. Palco ideal para se ouvir tudo o que se fala e se grita dentro de campo e às margens do gramado, onde ficam comissões técnicas, reservas e auxiliares da arbitragem, incluindo o quarto árbitro. Não vamos esquecer, é claro, da torcida, que tem um vocabulário extenso e diversificado de xingamentos.

O linguajar utilizado por todos esses personagens é chulo. O áudio das tevês reproduz tudo com clareza e fidelidade. O palavrão hoje faz parte de um dialeto próprio do esporte. Pode doer mais que uma agressão física. Tem para todos os gostos e conhecimentos. Jogadores do mesmo time, a começar pelo goleiro, não conhecem outra linguagem a não ser a do palavrão. Quando o objetivo é insultar o adversário a criatividade abunda. E vale também para o companheiro de time.

O árbitro não escapa mais nem dos jogadores e dos técnicos, ainda que às vezes a resposta venha na forma de um cartão colorido, defesa dos indefesos ou pusilânimes. Falta educação esportiva pela ausência de orientação desde as chamadas categorias de base. Os treinadores repreendem seus atletas com o pior dos repertórios, quando não, chegam quase à agressão.

Vejo muito disso também em outros esportes. É só ficar à beira de uma quadra. Mesmo com ginásio cheio dá pra entender a comunicação utilizada durante os jogos, seja qual for a modalidade ou, pior, a faixa etária dos atletas e demais envolvidos no confronto. Já vi muito menino levar cascudo e muita menina ouvir o que talvez não ouça em casa dos pais. Acontece já em eventos escolares. Comportamento de professores de educação física transformados em técnicos, originalmente educadores. São homens e mulheres mostrando o pior dos caminhos a jovens que estão começando no esporte.

Mais tarde, transformados em atletas de rendimento, quando o bicho pega em razão de patrocínios, altos salários e obrigação de respostas positivas rumo ao pódio, não tem mais conserto. Nos gramados ou nas quadras, impera a falta de respeito ao adversário, companheiros e controladores da competição.

Tribunais lenientes e regulamentos omissos contribuem significativamente para esse desvio de comportamento. Não tem mais jeito. Quem xinga e bate mais, chora menos, fica mais próximo da vitória. Assim como os políticos, esse bando de deseducadores e alimentadores do círculo vicioso do roubo e do poder. Não estou generalizando. Quem tiver touca que faça bom uso.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

A Copa é nossa, a balbúrdia também

Fonte Nova, quase 60 anos de história no futebol baiano (foto Gazeta)


Afinal, começamos ou não os trabalhos para a Copa de 2014? Parece que sim, com a implosão da Fonte Nova e o anúncio do estádio do Corinthians, o “Fielzão”. Como o povo é rápido para botar apelido já inventaram essa bobagem.

Vamos lá, por enquanto ao som e ao ritmo da banda copeira. Mas é bom ficar de olho e pé bem atrás. Estamos em período pré-eleitoral e depois de as urnas vomitarem (sim, é isso mesmo, dá ânsia ouvir e ver candidatos e candidatas) os eleitos, veremos com quantos reais, dólares ou euros se faz um estádio. Ou uma arena como gostam de mentir e apregoar os arautos de qualquer governo que não se preza.

O fato é que vivemos uma balbúrdia nacional quando se fala em Copa do Mundo no Brasil. Lá se vão quase três anos depois que a FIFA nos passou essa bola e ainda não marcamos nenhum gol. Timidamente mexemos no Mineirão, exilando Cruzeiro e Atlético aos “Ipatingões” da vida. Os resultados de ambos no Campeonato Brasileiro estão aí para provar o quanto dói o distanciamento da torcida.

É por isso que os cariocas se borram de medo de perderem o Maracanã por um bom tempo. O Fluminense festeja a boa fase e esperneia tentando adiar pela terceira vez o fechamento do estádio que já foi o maior palco do futebol brasileiro e que hoje segura a barra dos clubes do Rio de Janeiro. Sem o Maracanã o poderio do Flu, Flamengo e Botafogo cai pela metade. O Vasco tira de letra porque tem o São Januário.

O “Engenhão”, emprestado ao Botafogo, não faz bem nem ao locatário, muito menos ao locador (governo do Rio), que jamais verá a cor do dinheiro. Quando era garoto os locutores de rádio confundiam visitante com donos da casa. Era muito engraçado ouvir o Inter jogando nos Eucalíptos, seu velho estádio, sendo chamado de “clube locatário”.

Falando nos gaúchos, juram que vão mexer no Beira Rio sem a necessidade de jogar o Inter para um estádio periférico. Qualquer um, menos o do bairro Azenha, claro, onde mora o inimigo. Sem trocadilho, de concreto, até agora nada.

Na Bahia implodiram a Fonte Nova, uma senhora de 59 anos, e em São Paulo anunciaram um novo estádio do Corinthians em Itaquera, bairro que os próprios paulistas chamam de dormitório. No entanto, reza a lenda que o local já dispõe de infra estrutura urbana para agüentar o repuxo. Interessante, e nem imaginávamos diferente, é a discussão sobre quem paga a conta. André Sanches, o presidente corintiano, disfarça e sai de fininho, falando em reengenharia financeira. Como, se não se sabe nem a engenharia? Pior é ouvir prefeito e governador prometendo que não haverá dinheiro público na jogada. E pior ainda é a dúvida atroz: estádio para 48 mil ou 65 mil torcedores como exige a FIFA para uma Copa do Mundo? Tudo indica que uma varinha mágica – ou mão no baleiro mesmo – na hora do vamos ver dará conta do recado.

Enquanto isso, Presidente, Ministros – o do Esporte é um deles – e demais autoridades, como bons cabos eleitorais, acenam bandeiras em todas as esquinas do país. E nós, que no final de tudo arcaremos com a despesa, ficamos feito bobos a espera de um milagre. E qual seria esse milagre? Cofres da nação intocados. Quem lembra das estripulias do Pan 2007 no Rio de Janeiro – sempre lá - sabe que não existe milagre no Brasil em se tratando de dinheiro público. Oremos, pois.


Frase premiada na Escola Presidente Getúlio Vargas, em Aracaju.


"O horário político é o único momento em que os ladrões ficam em cadeia nacional".

sábado, 21 de agosto de 2010

Mais uma do Brito e Roberto, agora em Criciúma


Depois de Florianópolis e São José, Paulo Brito, o professor e jornalista, e Roberto Alves, o personagem, chegam a Criciúma nesta segunda-feira. Aproveitando a 23ª edição dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina, a dupla estará na cidade para o terceiro lançamento do livro, “Dás um banho – o rádio, a vida, o futebol e a cidade”, às 19 horas, no Centro de Eventos José Ijair Conti.

O livro foi editado pela Insular, trabalho de outro jornalista, o Nelson Rolim. Nele Brito conta a vida pessoal e profissional do Roberto, com 53 anos de crônica esportiva e boas histórias que marcaram a carreira deste manezinho multimídia. Esta noite de autógrafos, iniciativa da Fesporte, será ilustrada por um vídeo realizado pela Multitarefa do amigo César Valente, com flashes da atividade do Roberto Alves como homem de rádio, tevê e jornal.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Em Abu Dá Bi

Neymar disse ao Santos que fica

É a piada que o torcedor do Inter faz sobre a participação do time em dezembro no Mundial de Clubes em Abu Dhabi, Emirados Árabes. O clube gaúcho ganhou do poderoso Barcelona em 2006 e agora, para repetir a dose, deve passar pela primeira fase para, tudo indica, enfrentar a Inter de Milão no jogo final. Outra brincadeira é que os gremistas anteciparam o fim de semana na serra e no litoral, entupindo estradas para fugir da festa colorada que invadiu a madrugada da quinta-feira.

Com o Rio Grande do Sul garantindo a quarta conquista da Libertadores, duas para cada um da dupla Grenal, é o futebol brasileiro que a trancos e barrancos mantém seu status. Apesar dos maus administradores, da desorganização e da roubalheira que vem por aí com a Copa e a Olimpíada, como já aconteceu com o Panamericano no Rio, ainda encontramos forças para ganhar títulos, repatriar jogadores e, façanha das façanhas, manter por aqui preciosidades como o Neymar. O Santos acaba de peitar o Chelsea para segurar seu craque, a peso de ouro, patrocínios e alguma criatividade na busca pelo suporte financeiro, garantia de proposta maior que a dos ingleses.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Nosso futebol vai bem, obrigado

Florianópolis está muito bem representada nas duas séries principais do Campeonato Brasileiro. Mais que isso, o futebol catarinense sobe no conceito da mídia nacional que não pode mais ignorar um Avaí batendo os quatro maiores clubes paulistas, com vitórias no Morumbi e Vila Belmiro, e atuações de impressionar na Ressacada. O Corinthians, última vítima, jogou aqui com todos os titulares- o Ronaldão não conta mais -, sem desculpa, portanto, para a primeira derrota do Adilson Batista a frente da poderosa equipe paulista. Na série B o Figueirense não se contenta em vencer, tem que golear. É um candidato sério, mesmo que não seja o campeão, a figurar como o segundo representante de Santa Catarina na elite do futebol brasileiro em 2011.

O impressionante na campanha da dupla é que ela pertence a uma cidade essencialmente administrativa, sem o potencial econômico, por exemplo, de Blumenau e Joinville. E os joinvilenses que me perdoem, mas depois da era José Elias Giuliari, um Delfim Peixoto mais esperto e refinado, e da injeção de dinheiro na época por empresários da região, acabou-se o que era doce. O JEC nunca mais foi o mesmo. Delfim é do Vale e uniu-se a outras forças que lhe convinham mais, política e economicamente, incluindo a Capital. Afinal, o dinheiro da tevê e da arrecadação de jogos acaba respingando em gotas generosas nos cofres da Federação Catarinense.

Em Blumenau o futebol não decola pela falta de recursos e também por causa da imagem que tem esse esporte nas camadas sociais de maior poder aquisitivo. O conceito básico é que futebol é esporte de pobre e traz consigo alguns males que afligem atualmente nossa sociedade, como o álcool e as drogas. Lá preferem modalidades de quadra, principalmente vôlei, handebol e basquete. Preconceituosa ou não, é a máxima que vinga onde a renda per capita supera em muito o restante do Estado e o acesso à educação é amplo, em estabelecimentos de boa estrutura de ensino e bem equipados para a prática esportiva. Os resultados positivos nas participações blumenauenses em competições regionais e nacionais, bem como a revelação de atletas em número expressivo, carimbam esta realidade.

Melhoramos por aqui em primeiro lugar porque cortamos o cordão umbilical que nos ligava ao Rio de Janeiro. Não vemos mais nas arquibancadas camisas dos clubes cariocas, processo que se deu gradativamente, junto com a profissionalização de Avaí e Figueirense. Ainda passamos por altos e baixos, as conhecidas crises da gangorra, percalços naturais e comuns até aos grandes clubes brasileiros. No caso do Avaí o problema hoje é o acesso à Ressacada, o que lhe tira um bocado de torcedor, solução distante graças à incompetência e irresponsabilidade dos nossos políticos e administradores.

De qualquer forma já temos a certeza e a segurança de que nunca mais voltaremos ao estágio dos anos 70, aquele que nos mantinha fora do mapa do Brasil e longe da elite do futebol. Anda vamos andar muito nesse Brasileirão e tudo pode mudar de um turno para outro, mas os indícios são positivos, encaminhando o torcedor de Florianópolis para um final feliz em 2010.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A mentira de pernas longuíssimas

Quinta-feira, 10h30,viaduto em Morro Alto, Torres RS. Cadê os operários? (foto Gerson Schirmer)

Na última semanada andei pela BR-101, ida e binda a Porto Alegre, a bordo de um “Anjo Class” da Santo Anjo da Guarda, uma das poucas coisas que funciona no transporte interestadual. É um ônibus muito confortável, com apenas seis poltronas leito na parte de baixo, duas delas individuais, sem chance de algum chato alugar sua cabeça com conversa fiada especial, embalada para viagem. O espaço sem muvuca, coisa meio nova e disponibilizada por algumas empresas, permite a leitura com possibilidade de eliminação do som quando não se quer aturar filminhos barulhentos e insuportáveis. Só falta trocar o local de parada para lanche. Quem como eu faz o trecho Floripa-Poa-Floripa desde o comecinho dos anos 70, sabe bem o que é um “Japonês”. E o quanto é ruim a gororoba servida aos passantes naquela casa.

O papo em questão, um longo “nariz de cera” no jargão jornalístico, introduz ou reintroduz (êpa) o lero-lero da 101. Como viajei de dia, do janelão do ônibus deu para perceber a quantas andamos (para trás) nas obras de duplicação. Nos trechos em que há alguma atividade não mais que meia dúzia de operários está lá garantindo a figuração. O DNIT silencia ou mente sobre o Morro dos Cavalos, ponte de Cabeçudas e Morro do Formigão, trecho com não mais de 11 quilômetros. Nem projeto, licitações, muito menos obras. Mas ainda há outros lotes sem conclusão, um deles já abandonado, pasmem, por sete empreiteiras.

Vamos chegar à Copa de 2014 sem estrada e com os candidatos mentindo adoidados, como acontecia desde os tempos da buchada de bode, passando depois por gente empoleirada em trator, tomando cafezinho em lanchonetes populares, segurando no colo e beijando criancinhas, andando de metrô, em lombo de burro e outros meios de transporte, sempre ao alcance das câmeras. E promessas, muitas promessas, cada uma mais mentirosa que a outra.

Está tudo documentado através de filmes e fotos pelo repórter fotográfico Gerson Schirmer no seu blog www.reporterbr101.ning.com Semanalmente, por razões profissionais, ele percorre os trechos catarinenses e gaúchos documentando a mentira e a enrolação que atravessaram dois mandatos de Fernando Henrique, com sequência em mais dois do Luiz Inácio Lula da Silva.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Garotos mostram que são bons de bola

Em todo o tempo de Dunga à frente da seleção brasileira poucas vezes se viu uma atuação parecida com a dos meninos do Mano contra os Estados Unidos. Reunidos pela primeira vez com o novo técnico os garotos classificados de inexperientes e por isso mesmo inservíveis para a Copa do Mundo na África, Ganso, Neimar & Cia., mostraram personalidade e desenvoltura para uma primeira vez. O novo time deixou o torcedor com água na boca e cheio de esperança diante do que nos foi permitido ver em apenas um jogo e do que temos pela frente.

Claro que a amostragem foi pequena, ínfima para conclusões definitivas. Mas, que deu gosto ver a bola correndo rente ao gramado, de pé em pé, ah isso deu. O amadurecimento dessa turma virá com o tempo e com as experiências que precisam ser feitas por Mano Menezes, para confirmação de uns e desaprovação de outros.

O certo é que mais uma vez ficou comprovada a capacidade infinita de produzirmos bons jogadores. Alguns países levam décadas com reciclagem e renovação. A Espanha, por exemplo, desde que inventaram a Copa do Mundo só agora conseguiu montar uma seleção campeã. Nós deixamos de ganhar títulos na maioria das vezes por falta de organização e escolhas equivocadas, somadas a políticas esportivas mal conduzidas e oportunistas. Nunca por falta de talento e de condições técnicas de nossos jogadores.

No caso presente preocupa a falta de planejamento para 2014. Sem o devido suporte de uma estrutura adequada a partir das seleções de base e setores administrativos da CBF o trabalho de Mano Menezes e sua comissão técnica pode se perder pelo caminho. De quebra corremos o sério risco de assistirmos uma reedição piorada de 1950, sem conseguirmos chegar à grande final no Maracanã. Não é cedo para avaliações pessimistas. O passado nos deixou lições duras através de resultados catastróficos e previsíveis.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os regulamentos e o sobe-e- desce no sul



Um estádio com capacidade para 50 mil pessoas e com gramado sintético será o palco em Guadalajara quarta-feira da primeira partida pelas finais da Libertadores entre Chivas e Internacional. É outra invencionice dos cartolas, bovinamente aceita pelos clubes sul-americanos. Se já não bastasse a participação do Chivas como convidado e por isso sem direito a disputar o Mundial em Abudabi caso vença a Libertadores.

Já escrevi a respeito em outra postagem e acrescento agora essa excrescência do gramado sintético. Em nenhuma das grandes competições internacionais se usa este tipo de piso a não ser em outra edição da Libertadores, a exemplo do que já aconteceu com uma equipe peruana. E como também acontece no incipiente futebol norte-americano.

São assuntos cucarachos e que nos deixam sempre um passo atrás da Europa em matéria de organização e administração esportiva. Se essa turma não aprecia a grama natural e acha que não há diferença entre um produto e outro, que tal pastar um pouquinho do sintético?

Na terrinha os assuntos domésticos estão quentes por conta da goleada sofrida pelo Avaí diante do modesto Guarani e a avassaladora vitória do Figueirense sobre o Icasa. Os dois resultados estão plenamente justificados e são fáceis de entender: a derrota avaiana se deve, em grande parte, à insistência do “professor” Antônio Lopes com alguns jogadores que já não deram certo com o técnico anterior, não por acaso chamado de Chamusca. Ainda dá tempo de corrigir. No Orlando Scarpelli nada de assombroso, graças à boa fase do Figueira e sua grande superioridade sobre o time cearense.

A gangorra que embalou o final de semana dos torcedores de Florianópolis balançou com mais força a rivalidade Grenal. Cheguei a Porto Alegre domingo à tarde, bem na hora da abertura do parquinho de diversões da torcida gaúcha. O Grêmio perdeu em casa para o Fluminense, derrota que serviu para a demissão de Silas, um treinador que nunca empolgou os gremistas, apesar de ter vencido o campeonato gaúcho. Enquanto isso os rivais saboreiam a desgraça alheia com a presença do time colorado na final da Libertadores e na fase decisiva do Mundial de Clubes.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Santos e Inter festejam com chope aguado

O Internacional perdeu para o São Paulo por 2 a 1, mas fez a festa em pleno Morumbi para comemorar a classificação à final da Libertadores e a vaga no Mundial de Clubes. O mexicano Chivas, mesmo que saia campeão da América do Sul diante dos gaúchos , não poderá jogar a decisão do Mundial em Abudabi. É convidado, sua turma é da América do Norte, onde as competições são regidas pela Concacaf, similar à nossa Conmebol. Um dia antes os torcedores baianos viram em Salvador o Santos levar o título da Copa do Brasil, mesmo perdendo para o Vitória pelo mesmo placar de São Paulo e Inter.

Os placares dos jogos de ida em Santos (2 a 0) e Porto Alegre (1 a 0) garantiram o festerê para santistas e colorados. Comemorem, pois. Maluquice total, coisa de regulamentos que só a cartolagem do futebol é capaz de produzir. Jeito mais sem graça esse de festejar com derrota. É como beber chope aguado. Mas é assim que os dirigentes e o mercado da bola querem, e assim será para todo o sempre. Até que o sistema mude. Alguém acredita?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Confirmado: repetimos 2006 em 2010


As mentiras de 2006 com Parreira repetidas em 2010 com Dunga - foto gospelblogspot

Kaká fez na Bélgica uma artroscopia de joelho – não sei em qual deles – por causa de uma lesão de menisco e vai ficar de três a quatro meses afastado do futebol. Fora isso continua administrando aquelas dores provocadas pela pubalgia que o acompanha faz tempo e vem atrapalhando seu futebol.

A lesão de joelho é notícia nova, bem fresquinha. A pubalgia é velha e fez parte do noticiário pré e pós Copa da África do Sul. O resultado todo mundo sabe e as consequências nós vimos dentro do campo, apesar das constantes negativas da Comissão Técnica, médicos e fisioterapeutas da seleção brasileira.

Resumo da ópera: em circunstâncias diferentes repetimos 2006/Alemanha em 2010/África e perdemos dois mundiais seguidos. Na Copa alemã Ricardo Teixeira vendeu os treinos da seleção brasileira e transformou nossa concentração em um verdadeiro circo. Parreira, o técnico da ocasião, fechou os olhos para tudo, inclusive para a má forma física dos principais jogadores. Ele e seus parceiros negaram sempre a zorra em que vivia o grupo e o excesso de peso de Ronaldo & Cia.

Na Copa africana Dunga cometeu outro excesso, mas na contramão do que acontecera na Alemanha. Fechou as portas e armou a carranca para tudo e para todos, defendendo a formação de uma equipe medíocre e também a má forma de alguns dos seus protegidos, incluindo Kaká. Voltamos pra casa mais cedo e com aquela máxima do “eu já sabia” entalada na garganta.

Vamos torcer para que Mano Menezes e seus auxiliares – a comissão médica será a mesma – não caiam na tentação da mentira. Mano já avisou que não mente, apenas omite em algumas ocasiões. Eu tento entender, faz duas Copas, a diferença entre uma e outra situação. A mentira, se sabe, tem pernas curtas, bem curtinhas, aliás. Quanto à omissão, tomara que em 2014 não tenhamos que aprender seu significado e sofrer com seus desdobramentos com os novos comandantes do time brasileiro.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O futuro do nosso futebol começa por aqui

Ainda não se conhece a fundo os planos de Mano Menezes para a seleção brasileira. A mídia tem batido na tecla de que o treinador deve olhar mais para o futebol que se joga no país e esquecer um pouco os jogadores que estão fora, já bastante conhecidos pelo destaque que alcançaram para serem negociados.

É a minha tese e já escrevi sobre ela, sobretudo porque a fronteira dos técnicos que passaram pela seleção sempre esteve limitada a Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, seus campeonatos regionais e ao Brasileirão. No tempo do Zagalo, nem isso. Ele só conhecia os craques (?) que jogavam no Maracanã ou quem aparecia na televisão.

O Mano começou obedecendo à antiga cartilha e imitando o velho e rabugento Lobo. Domingo foi ver Flamengo e Vasco. Quinta-feira pode marcar presença na decisão da semifinal da Libertadores entre São Paulo e Inter. Quer dizer, não muda o trajeto, com um campeonato brasileiro em andamento nas suas principais divisões, sem contar as inúmeras opções oferecidas pelas atividades das divisões de base.

Por exemplo: terminou domingo em São Paulo uma Supercopa de futebol júnior, competição com participação de clubes estrangeiros e vencida pelo Santos em decisão com o Flamengo. Pelo visto representou um bom campo de observação apenas para empresários. Depois estranhamos que parte dos nossos jogadores de futuro carimbem seus passaportes cada vez mais cedo e de repente, completamente desconhecidos por aqui, apareçam com destaque nas principais equipes européias.

Tudo isso e o fato de não termos que disputar as eliminatórias para a Copa de 2014 mais a exclusividade, exigência da CBF, deveriam fazer de Mano Menezes um caixeiro viajante. Há tempo e motivação de sobra para muitos amistosos e para viagens por esse país de dimensões continentais. O espaço para experiências com jogadores das diversas regiões brasileiras é imenso e a disponibilidade de Mano idem.

A convocação de Renan, o jovem goleiro do Avaí, pode ser um bom indício. Até hoje os jogadores catarinenses que jogaram na seleção, como escrevia aquele eterno colunista social de Florianópolis, “foram vistos” só depois de atuarem por grandes clubes no Brasil ou na Europa. Então caro Mano Menezes, mala nas costas e pé na estrada. O futuro do outrora melhor futebol do mundo é aqui.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dás um banho de lágrimas



“Sentimental eu sou
Eu sou demais
Eu sei que sou assim
Porque assim ela me faz”


Homem não chora. Mentira. Chora e muito. O Paulo Brito segunda-feira chorou discursando no lançamento do livro sobre o Roberto Alves e quarta à noite conheci outro chorão dos bons, o Fenelon Damiani, na sua festa de 50 anos de comunicação, no teatro Pedro Ivo. E como chorou o homem. Soluçou pela homenagem, pela família, pelos amigos, pelo seu querido Figueirense, pela vida, enfim. Respirou fundo o tempo inteiro para não sucumbir à emoção.

Tem chorão por todo o canto, sei de vários, emotivos, sentimentais, inspiradores, quem sabe, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, compositores preferidos do Altemar Dutra. Lembram dele? Cantor da “Sentimental Demais”, ídolo das moças da madrugada, dos tempos do, “paga um cuba bem”?

Vem mais choradeira por aí, sempre sob chancela da Associação Catarinense de Imprensa e do seu presidente, Ademir Arnon, que já programou mais festas e homenagens a jornalistas. A fila vai andar com Valter Souza – mestre de cerimônias do chororó do Fenelon -, Osmar Teixeira e outros que forem chegando aos 50 anos de profissão ou ganhando prêmios pelo caminho. Agosto não será o mês do desgosto, apesar das lágrimas esperadas para o dia 16, na Arena Multiuso de São José, quando a dupla Paulo Brito/Roberto Alves sobe novamente ao palco para mais um lançamento do “Dás um banho”.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tem catarinense no fraldário do Mano

Renan, futebol de gente grande (foto site do Avaí)


A convocação da nova seleção brasileira agradou a gregos e troianos, quero dizer, a paulistas e cariocas. E a nós catarinenses também, por que não? Afinal de contas lá está o menino Renan, da divisão de base do Avaí, de apenas 19 anos.

Há muitas surpresas na lista do Mano Menezes, a maior delas para Santa Catarina, sem dúvida a do goleiro avaiano, natural da vizinha São João Batista e que acaba de assumir a posição de titular com a lesão do Zé Carlos.

Além das suas boas atuações observei que, apesar da pouca idade, ele mostra muita segurança também ao se comunicar com a imprensa. É objetivo e foge dos “com certeza”, “vou dar o meu melhor”, “o jeito é trabalhar e levantar a cabeça”, e muitos outros chavões que fazem parte do reduzido vocabulário da boleirada. Pode ser que isso não o encaminhe para a Academia Brasileira de Letras, mas com certeza – desculpem – facilitará seu entendimento do meio em que vive e de como contornar as dificuldades que surgirão mais adiante.

O trabalho de preparação sob o comando de Mano Menezes inclui a seleção olímpica para 2012, antes da principal em 2014. É a chance da carreira do Renan e não há tempo nem espaço para deslumbramentos, o que acredito não vai acontecer pela maturidade que tem mostrado apesar de recém ter largado a chupeta e as fraldas.

Todos os caminhos levam à Assembléia



Ele é o cara da mídia esportiva, com a cara de Florianópolis, a sua cidade. Roberto Alves, multimídia, é o personagem desta noite, companheiro de infância e de profissão do jornalista e professor Paulo Brito, autor do livro “Dás um banho – o rádio, o futebol, a cidade”. Brito escreveu sobre a vida do Roberto , sua vivência no rádio, na tevê e outras mídias que dominou mais recentemente nos seus mais de 50 anos correndo atrás da bola e das notícias do esporte.

Conheço bem o Paulo Brito, com quem trabalhei no jornal O Estado na década de 70, depois de conseguirmos o canudo no curso de jornalismo da PUC em Porto Alegre. Sua irreverência confunde e atrapalha principalmente aqueles que gostam do “prato feito”, consumido apenas no cardápio do mau jornalismo.

Já o Roberto Alves fui conhecendo aos poucos desde que cheguei a Florianópolis em 1972. Primeiro subindo o Morro da Cruz, na época sem luz e sem asfalto, para participar com outros companheiros e convidados do “Terceiro Tempo”, na TV Cultura. Sob o comando do Roberto, curtíamos um bate-papo livre e descontraído que invadia a madrugada, sem tempo para terminar, graças à permissividade de uma nada rígida grade de programação. Depois trocamos figurinhas no rádio, veículo da minha paixão desde os tempos de garoto quando ouvi a Copa de 58 cheia de chiados. Foi o Roberto quem me deu a primeira chance no microfone apesar de eu ser até então um homem só de jornal.

Interessante, não Alves? Com sua devida vênia, todos os caminhos nesta segunda-feira levam à Assembléia Legislativa. Vamos lá, a partir das 19h30, confraternizar com o Roberto e com o Brito.

sábado, 24 de julho de 2010

Mais um Judas para a malhação

E agora Mano?

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, atirou no que viu e acertou no que não viu. Normal. Tem sido assim na sua gestão. O episódio do novo treinador da seleção brasileira põe a nu mais uma vez a administração amadora da entidade que deveria dar um rumo seguro ao nosso futebol. Temos material humano de sobra, matéria prima desde o berço para grandes times e grandes seleções. Pecamos no essencial porque não sabemos o que fazer com essa capacidade de produzir craques, ou pelo menos bons jogadores.

Nosso problema não é só de técnicos. Tem aos montes. Dependendo dos resultados cada ano nasce um. Nossa gigantesca carência é muito mais de gestão, de falta de bons dirigentes, de administrações sérias, competentes e que tenham compromisso com o plantar e regar para colher bem no futuro.

Nada é assim no Brasil e no futebol, então, nem se fala. Fiquei com a impressão que o Muricy Ramalho deu uma de esperto. Orgulhoso com o convite foi conferir a conversa do Ricardo Teixeira, não gostou do que ouviu e colocou a decisão nas mãos dos dirigentes do Fluminense. E ficou com os dedinhos cruzados torcendo para que desse “errado”, para que o clube não o liberasse. Tirou um peso dos ombros.

Mano Menezes, mais novo no mercado e ansioso por uma oportunidade de chegar à seleção brasileira, como bom gaúcho não deixou passar o cavalo encilhado. Montou nele. Tomara que não caia ali adiante.

Não por falta de competência. Mas por ausência absoluta de um projeto sério e do tamanho da responsabilidade de montar uma equipe que não poderá perder de novo uma Copa do Mundo em casa.

Falta a estrutura que dê o necessário suporte ao técnico e à sua comissão. Não aquela convencional com um homem para escolher hotéis, reservar passagens e sacudir o pó dos seus ombros fazendo que não é com ele quando a casa ruir. Vem aí o de sempre, com um treinador, preparadores físicos, treinador de goleiro, fisioterapeuta, quem sabe um psicólogo, treinos na Granja Comary sob frio e neblina, enfim, tudo como dantes. Ah, sem esquecer o assessor de imprensa que não fede nem cheira.

Nada de gente gabaritada para trabalhar as divisões de base e olhar um pouco além do Maracanã e Morumbi. O país é muito grande e se joga futebol do Oiapoque ao Chuí, só os dirigentes não sabem disso.

Mano Menezes desde já vai se submeter àquele jogo de gato e rato, com a mídia cobrando tudo, muitas vezes com açodamento e pouco entendimento sobre o que está acontecendo. Quando não, movida por aquele regionalismo idiota. Como agora, quando apenas andou atrás de nomes, sem se dar conta do tamanho da encrenca. Corremos sério risco de repetir os mesmo erros e chegar aos mesmos resultados, que podem ser tão trágicos ao ponto de chorarmos mais um “Maracanazo”. 1950 dói até hoje e o Judas Barbosa já morreu. Precisaremos de outro e no momento oportuno ele vai aparecer. Se é que ele já não foi escolhido.

terça-feira, 20 de julho de 2010

No handebol, como no futebol

Estão de olho na gente por causa do Mundial de Handebol em 2011 que nos comprometemos a organizar e até agora nada. Tem até uma Arena Sapiens no norte da Ilha para 8 mil pessoas cujas obras ninguém sabe, ninguém viu. Houve uma reunião em Florianópolis na Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte com representantes de todas as sedes catarinenses, menos Florianópolis. Será que o Brasil, no caso Santa Catarina, vai repetir com o handebol o que já fazemos no futebol? A Folha de São Paulo e o portal Uol produziram matéria sobre o assunto.

Handebol patina para fazer Mundial

Torneio feminino, que será em SC no fim de 2011, não tem comitê organizador e fonte definida de recursos

DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO


O primeiro Campeonato Mundial feminino de handebol que será disputado no Brasil, em dezembro de 2011, está longe de tomar forma.

O país conquistou o direito de sediar a competição em fevereiro de 2009, batendo países estruturados como Holanda e Austrália. Mas, a um ano e meio da abertura, só estão definidas as sedes.

Nem um COL (Comitê Organizador Local) foi montado ainda e não há previsão de quando serão captados recursos do governo federal.
A morosidade fica aparente se comparada com as demais competições internacionais no país. Os Jogos Mundiais Militares serão no Rio de Janeiro em 2011 e desde 2007 já se sabe onde, quando e como serão organizados. O Mundial de futsal, em 2008, começou a ser organizado em janeiro de 2006.

"Não estamos atrasados", declarou Fabiano Redondo, diretor de marketing da CBHand (Confederação Brasileira de Handebol). "Não é uma competição que precisa ser organizada quatro anos antes. No Mundial da França, em 2007, as sedes foram escolhidas seis meses antes da abertura", comparou.

Florianópolis, Joinville, São José, Brusque e Balneário Camboriú receberão as 24 seleções. Apenas Brasil, por ser sede, e Rússia, a atual campeã, estão garantidos.

A estimativa de gastos da CBHand caiu de R$ 18 milhões para R$ 12 milhões, segundo a entidade. Isso porque os governos municipais assumiram as despesas de pessoal para limpeza e administração das instalações no intervalo entre os jogos.

"Para chegarmos ao orçamento previsto, vamos contar com apoio privado, de parceiros da confederação, prefeituras e governo do Estado, além do ministério do Esporte, via lei de incentivo", citou Fabiano Redondo.
Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa do ministério do Esporte não havia confirmado se o Mundial estava previsto no orçamento da pasta.

Nos R$ 12 milhões, estão incluídos os gastos com passagens dos membros da IHF (sigla em inglês para Federação Internacional de Handebol), hospedagem, alimentação e transporte terrestre.

As adequações nas arenas são de responsabilidade das prefeituras. A maior delas será a Sapiens Arena, em Florianópolis, com capacidade para 8.000 pessoas e que deverá receber as finais.

O "Diário Oficial" de SC publicou a criação do Comitê Gestor, com membros dos governos estadual e municipal e da CBHand. Ele está hierarquicamente acima do COL, mas não é responsável pela execução dos planos.


Sede do próximo mundial feminino de handebol, Brasil engatinha na organização

Do UOL Esporte
Em São Paulo



Sede do Mundial feminino de handebol pelo primeira vez, o Brasil ainda não se mobilizou em praticamente nada para estruturar o torneio, marcado para dezembro de 2011, em Santa Catarina. Cerca de um ano e meio após ganhar o direito de receber a competição, apenas as cidades-sede estão definidas: Florianópolis, Joinville, São José, Brusque e Balneário Camburiú.

Nem um comitê organizador foi definido pelas autoridades, e não se sabe quando serão captados recursos federais para agilizar a estrutura da competição. Mesmo assim, os dirigentes não acham que há atrasos em relação ao evento.

“Não estamos atrasados. Não é uma competição que precisa ser organizada quatro anos antes. No Mundial da França, em 2007, as sedes foram escolhidas seis meses antes da abertura”, alegou o diretor de marketing da Confederação Brasileira de Handebol (CBHand), Fabiano Redondo em entrevista à Folha de S.Paulo.

Contudo, as estimativas de gastos já estão previstas pela CBHand e cairam de R$18 milhões para R$12 milhões pois os governos municipais assumiram custos de alguns setores, como limpeza. Nesse valor, estão incluídos gastos com passagens, hospedagem, alimentação e transporte terrestre.

“Para chegarmos ao orçamento previsto, vamos contar com apoio privado, de parceiros da confederação, prefeituras e governo do Estado, além do ministério do Esporte, via leia de incentivo”, completou Redondo.

Além do Brasil, país-sede, apenas a Rússia, atual campeã, já está classificada para o torneio.