Jogo de pouco público com arquibancadas praticamente vazias. Palco ideal para se ouvir tudo o que se fala e se grita dentro de campo e às margens do gramado, onde ficam comissões técnicas, reservas e auxiliares da arbitragem, incluindo o quarto árbitro. Não vamos esquecer, é claro, da torcida, que tem um vocabulário extenso e diversificado de xingamentos.
O linguajar utilizado por todos esses personagens é chulo. O áudio das tevês reproduz tudo com clareza e fidelidade. O palavrão hoje faz parte de um dialeto próprio do esporte. Pode doer mais que uma agressão física. Tem para todos os gostos e conhecimentos. Jogadores do mesmo time, a começar pelo goleiro, não conhecem outra linguagem a não ser a do palavrão. Quando o objetivo é insultar o adversário a criatividade abunda. E vale também para o companheiro de time.
O árbitro não escapa mais nem dos jogadores e dos técnicos, ainda que às vezes a resposta venha na forma de um cartão colorido, defesa dos indefesos ou pusilânimes. Falta educação esportiva pela ausência de orientação desde as chamadas categorias de base. Os treinadores repreendem seus atletas com o pior dos repertórios, quando não, chegam quase à agressão.
Vejo muito disso também em outros esportes. É só ficar à beira de uma quadra. Mesmo com ginásio cheio dá pra entender a comunicação utilizada durante os jogos, seja qual for a modalidade ou, pior, a faixa etária dos atletas e demais envolvidos no confronto. Já vi muito menino levar cascudo e muita menina ouvir o que talvez não ouça em casa dos pais. Acontece já em eventos escolares. Comportamento de professores de educação física transformados em técnicos, originalmente educadores. São homens e mulheres mostrando o pior dos caminhos a jovens que estão começando no esporte.
Mais tarde, transformados em atletas de rendimento, quando o bicho pega em razão de patrocínios, altos salários e obrigação de respostas positivas rumo ao pódio, não tem mais conserto. Nos gramados ou nas quadras, impera a falta de respeito ao adversário, companheiros e controladores da competição.
Tribunais lenientes e regulamentos omissos contribuem significativamente para esse desvio de comportamento. Não tem mais jeito. Quem xinga e bate mais, chora menos, fica mais próximo da vitória. Assim como os políticos, esse bando de deseducadores e alimentadores do círculo vicioso do roubo e do poder. Não estou generalizando. Quem tiver touca que faça bom uso.
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