quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Quinta-feira

Futebol do absurdo

Decisões tomadas sob o impacto emocional de incidentes como os de domingo no estádio do Criciúma podem cair no ridículo ou, o que é muito pior, não atingir seus objetivos. Segundo os sábios da Segurança e da Federação Catarinense, a torcida visitante de agora em diante só poderá comparecer aos estádios sob disfarce, camuflada, olhando para os lados ou para cima, fazendo o tipo “não tô nem aí” para esse jogo. E nenhum item de sua indumentária poderá identificá-lo com seu time do coração. Vai, por exemplo, que o cara esquece e bota uma cueca azul para uma partida do Avaí em Joinville: tira a cueca ou volta para casa. Pendura ali, na saída nós devolvemos, exigirá um atento policial militar, ciente de suas novas funções. Para não deixar dúvidas, serão vendidos com antecipação ou nas secretarias dos clubes visitantes, uniformes com aquelas camuflagens comuns em operações de guerra, nesse caso utilizados para a paz. A primeira experiência mais concreta acontecerá domingo, por ocasião do confronto (será que pode usar essa palavra?) entre Guarani e Avaí, na Ressacada. Situação que dará o que pensar porque, nesse caso, o visitante será o Avaí. Quer dizer, nada de faixas, bandeiras ou camisas que identifiquem o torcedor avaiano que só poderá entrar em seu próprio estádio “disfarçado” de adversário. Coisa de louco.

Versão catarinense

Por causa das últimas decisões tomadas por quem responde pela organização do campeonato e segurança nos estádios, foi enviada correspondência ao cartunista norte-americano, Mort Walker, autor das tiras do Sargento Tainha e do Recruta Zero. A turma “querem” saber em quem foram inspiradas as criações destes dois personagens. Tenho lá minhas desconfianças.

O sério

Tirar o torcedor dos estádios e transformar o futebol em espetáculos sem cor e emoção não é o melhor caminho. A Polícia Militar tem homens treinados, o judiciário já é mais atuante nos estádios com o programa Justiça Presente, a Federação tem instrumentos para organizar melhor suas competições, a Legislação Esportiva está disponível, enfim, as “armas” para a paz existem. Basta que o policial militar receba mais apoio em número e equipamento, os organizadores exijam mais segurança nos estádios, o judiciário amplie suas atividades nas praças esportivas e o Tribunal de Justiça Desportiva, em todas as suas instâncias, deixe de ser frouxo. E, principalmente, dirigentes, treinadores e setores da mídia sejam mais responsáveis, reprimindo reações emocionais e desatinadas que só incitam o ódio entre torcida, arbitragem e jogadores.

O barato sai caro

A grande maioria dos clubes catarinenses – e quero falar apenas da nossa realidade -, por falta de recursos ou de planejamento, continua priorizando o balaio de ofertas nas contratações. É como ir às compras sem dar atenção à qualidade dos produtos, levado em conta apenas os preços para comprar em maior quantidade. O custo/benefício aparece logo no desempenho do time, na tabela de classificação e, pior, nas finanças já combalidas por uma seqüência de negociações mal conduzidas. Agora, terminado o turno do nosso campeonato, é grande a relação de dispensas, novas contratações e conseqüente aumento de custos e prejuízos. Clubes maiores e mais tradicionais, como Avaí e Joinville, repetem ano a ano essa prática predadora, deixando de investir na base e na possibilidade de bons negócios futuros. A opção é pelo já, pelo agora. O resultado é o nunca, jamais. As últimas temporadas destes clubes falam por si só.

Álvaromania

O senador pelo Paraná, Álvaro Dias, um dos maiores crítico do governo Lula, não perdoa nem a Timemania, loteria lançada semana passada e que tem como objetivo ajudar os clubes em dívida com o fisco. O senador não queria que agremiações cujos dirigentes tenham sido condenados em qualquer instância da justiça recebem os benefícios da Timemania. Emenda sua nesse sentido foi rejeitada pelo Congresso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário