segunda-feira, 20 de abril de 2009

Respeito é bom e dá resultado


O Inter jogou com vontade e massacrou o Caxias no Beira Rio sagrando-se bicampeão invicto, um Flamengo raçudo ganhou a Taça Rio e evitou o título antecipado do favorito Botafogo. Em São Paulo os arrogantes Muricy Ramalho e Vanderley Luxemburgo sucumbiram diante da seriedade do Corinthians do Mano e do Ronaldo, e do Santos de Mancini e do garoto Neymar. Em Recife o Sport de Nelsinho também acabou campeão, com esforço e profissionalismo, apesar de disputar a Libertadores em paralelo. Estas decisões do domingo deveriam servir de exemplo para Silas e certas estrelas avaianas que trocaram as chuteiras por sapatilhas. A humildade e o respeito ao adversário e à torcida não podem ficar só no discurso, têm que aparecer principalmente dentro do campo para satisfazer a expectativa da arquibancada. Com um rival difícil pela frente na decisão do Estadual e o Campeonato Brasileiro batendo à porta é urgente que isso aconteça.

Bola nas costas


Voltei domingo de Brasília, cidade soterrada por notícias de corrupção e malversação do dinheiro púbico. Revolta ler jornais, ver os noticiários de tevê, uma teia reveladora da falta de vergonha que se espalha pelo país a partir do Palácio do Planalto, tomando conta da Esplanada dos Ministérios e do Congresso, instituições que deveriam zelar pelo bem público, mas que acabam contaminando estados e municípios. Até o Ministério do Esporte, do comunista Orlando Silva, entrou na berlinda. Uma ONG chamada “Bola pra frente” recebe sozinha mais dinheiro (R$ 8,5 milhões anuais) do que várias outras existentes em diversos estados brasileiros. Detalhe: a sede desta organização fica em Jaguariúna, pequeno município do interior paulista e é dirigida por uma ex-jogadora de basquete eleita vereadora pelo partido do Ministro Orlando. A denúncia está na edição de domingo do Correio Braziliense.

sábado, 18 de abril de 2009

A vida e a morte em Brasília



Semana em Brasília para rever amigos, e repartir com eles a alegria do reencontro no lançamento do livro do Lourenço Cazarré, "A longa migração do temível tubarão branco" (fotos do filho Érico Cazarré). Daria tudo certo não fosse a morte de dois amigos justo nesta semana: dias antes da minha chegada na quarta-feira, Simone Freitas, grande amiga que fiz em Barra Grande, na Bahia, não resistiu a um câncer depois de lutar meses contra a doença. Na tarde da quarta-feira, morreu o jornalista Kido Guerra, também amigo, e parceiro de outra figura querida, a Simone Borba. Assim passei a noite da quarta-feira e os dias seguintes em Brasília, dividido entre a alegria dos reencontros e a tristeza trazida pela morte de pessoas amadas.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Livro + amigos, uma boa combinação


Juntei a preguiça trazida pelo feriadão de Páscoa com uma sexta-feira etílica-gastronômica junto aos amigos. Acrescentei mais dois dias com aquela coisa que dá febre alta, dor no corpo e uma prostração miserável - e que os médicos, na falta do que dizer definem como virose - para acabar de cama sem vontade de fazer nada a não ser dormir. Ou seja, não produzi porcaria nenhuma e deixei meu blog às moscas. Volto hoje para comunicar nova ausência. Vou a Brasília, ver amigos sãos e doentes. Entre os sadios de corpo e mente está o Lourenço Cazarré lançando nesta quarta-feira seu último livro, "A longa migração do temível tubarão branco". Entre os dodóis verei o Kido Guerra, jornalista que poderia ter inspirado o personagem do livro do Cazarré. Kido trabalha, fuma e bebe como gente grande e sofeu um enfarte semana passada. Conforme a agenda, mando notícias. Prometo passar longe do Congresso. Posso pegar outra virose.



O livro


Dante Verga, 50 anos, casado, pai de três filhas, importante jornalista econômico em Brasília sofre um enfarte em plena Esplanada dos Ministérios. Levado pelos bombeiros a uma clínica cardiológica é atendido pelo bizarro doutor Tamandaré, que tem um método peculiar de tratar seus pacientes.

Para amenizar a angústia do jornalista workholic diante do repouso forçado, o médico permite-lhe que use o computador, mas não para redigir notas jornalísticas.

Pede-lhe que escreva sobre sua vida. De início contrariado, Dante Verga, que odeia escritores e poetas, começa então a relatar os fatos que antecederam e sucederam seu enfarte.

Suas reflexões recuam até a morte de sua mãe, dias depois do parto, e examinam a áspera relação com o pai, homem apaixonado por apenas um livro: A Divina Comédia.

Das transcrições das conversas que trava com a mulher e as filhas, quando elas vão ao hospital visitá-lo, surge um quadro da sua precária vida familiar.

Sarcástico e corrosivo, o delirante colunista de Economia, além de traçar um impiedoso auto-retrato, examina com seu texto venenoso o Brasil, Brasília, o poder, o jornalismo, a medicina e as relações familiares.

O cara


Lourenço Cazarré (Pelotas, 1953) é autor de mais de 40 livros, entre coletâneas de contos e novelas adultas e juvenis.

Recebeu mais de vinte prêmios literários de âmbito nacional, tendo inclusive vencido por duas vezes o maior certame literário dos anos 80, a Bienal Nestlé, nas categorias romance (1982) e contos (1984).

Um de seus livros para jovens, Nadando Contra A Morte (Formato Editora),
recebeu o Prêmio Jabuti, em 1998.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Repensem seus votos, o Prefeito sumiu


Elementar, meu caro eleitor


Adaptação do roteiro da carreira e sumiços do atacante Adriano


Desaparecido desde a semana passada, Dário Berger segue sem se apresentar na Prefeitura. De acordo com seu cordão de puxa-sacos, ele estaria passando por sérios problemas particulares.
Esta situação não é novidade na carreira. Desde que começou a ser regularmente eleito para as prefeituras da Grande Florianópolis, o alcaide Dário se viu mais envolvido em dramas e polêmicas do que, necessariamente, em realizações e conquistas dentro das fronteiras dos municípios em questão.

Confira na cronologia abaixo:


– Um mês depois do Carnaval, quando pela quarta vez consecutiva reformou a passarela Nego Quirido, Dário teve que enfrentar a morte do seu cachorrinho de estimação, o Caixa Preta, Segundo pessoas próximas, o prefeito Dário nunca mais foi o mesmo depois desse fato.


– Formando o quadrado mágico com Luiz Henrique, Jorginho Melo, Gean Loureiro, e participações eventuais do reserva Walter Galina, Dário foi grande destaque das últimas soluções milagrosas encontradas para o Estado e Município.


- No entanto, no Carnaval de 2009, nem de longe lembrou o Dário dos últimos festejos de Momo e sua intensa atividade laboral. Visivelmente fora de forma, foi um dos destaques negativos dos desfiles na Nego Quirido.
- Peso de Dário é questionado pela imprensa da Capital. Em má forma na passarela, o Prefeito é liberado pela assessoria para “esfriar” a cabeça em alguma favela de Florianópolis. No entanto, em vez de descansar Dário foi visto em bailes funk e andando pelas ruas de Canasvieiras na garupa de uma moto. Os maledicentes garantem que o piloto andava sem capacete, o que permitiu sua identificação como um rechonchudinho e careca. Num primeiro momento pensou-se no corintiano Ronaldo Nazário, mas o bigode do dito cujo derrubou esta suposição.


– Jornal sensacionalista de Itajaí divulga fotos do Prefeito cercado de vereadores da oposição, comemorando não se sabe o quê.


- Depois de quase quatro meses sem fazer porra nenhuma desde sua última reeleição, Dário desencantou fechando um acordo com os empresários do transporte coletivo para o aumento do preço das passagens. Isso, é claro, condicionado à retirada dos equipamentos de ar condicionado dos ônibus, diminuição do número de linhas e horários, e o fim das manutenções periódicas.
– Revista sensacionalista que já tentara manchar a honra de Luiz Henrique e alguns de seus secretários, divulga fotos feitas de campana e à distância, do prefeito Dário tomando um drinque colorido à beira mar, em Canasvieiras, na companhia de um desconhecido (a).


- Em péssima fase na administração da Capital, Dário sequer é inscrito para os desfiles carnavalescos de 2010, Assim ele perderá a chance de inaugurar a quinta reforma da Nego Quirido.



Últimas informações:


Dário: “estou bem, num resort de Canasvieiras, com a minha turma.

Piração total: “Dário se sente fracassado com o sucesso da operação Tapete Preto”, afirma psicanalista.

Luiz Henrique sobre Dário: “na prefeitura de São José ele sempre teve comportamento exemplar”.

“Dário só se sente bem em São José ou Canasvieiras, diz um ex-assessor (a) do Prefeito. Difícil identificar a voz porque a entrevista foi feita por telefone da Brasil Telecom.

Finalmente, companheiro de Dário na Prefeitura - por motivos óbvios pediu para não ser identificado - diz que ele só volta ao Paço após a Páscoa, depois de comer todos os ovinhos que pediu ao seu Coelhinho.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Doutor Pinóchio & Cia


A turma se diverte rindo da desgraça alheia (foto Divulgação FCF)

Com pompa e circunstância a Federação Catarinense de Futebol comemora 85 anos de existência, 25 deles sob o comando de Delfim de Pádua Peixoto Filho. É tempo, não? Delfim acha que não. É normal, como ele acha que também não ofende a ética e outros princípios morais e legais mudar o estatuto da entidade para manter-se no cargo. O nariz não cresce nunca, nem quando ele falta com a verdade para festejar a transferência da sede, a única do país fora da capital. O argumento é que em Florianópolis não houve interesse na doação de um terreno, material de construção e o atendimento de outras necessidades. O sem-teto Delfim, tadinho, como último recurso levou a Federação para Balneário Camboriú, coincidentemente seu endereço residencial. Conheço essa e outras histórias desde o início da década de 70, quando o presidente da Federação era José Elias Giuliari – já falecido -, que morava em Joinville e dava expediente na Bocaiúva, fundos do estádio Adolfo Konder. Entre 1983 e 1985 teve a gestão do compadre Pedro Lopes. A partir daí só deu Delfim Peixoto, incensado pelo gagá Havelange e paparicado por todos os presidentes de clubes, principais responsáveis pela gestão do futebol catarinense.

Recebi da assessoria de imprensa da Federação noticiário completo sobre as festividades com uma foto que seria cômica não envolvesse a tragédia em que se transformou a administração do esporte em Santa Catarina e no país. Lá estão, sorridentes e felizes, brindando à competência e seriedade, entre outros, o governador Luiz Henrique, o presidente da FCF, Delfim Peixoto Filho, o ex-diretor geral da Fesporte, João Ghizoni (hoje no Ministério do Esporte) e o secretário da Cultura, Turismo e Esporte, Gilmar Knaesel.

terça-feira, 7 de abril de 2009

"Repórter padrão"





Resenha do último livro do amigo jornalista e escritor, Lourenço Cazarré, com lançamento programado para o dia 15, em Brasília, no restaurante Carpe Diem – 104 Sul -, a partir de 18h30m.

Em “A Longa Migração do Temível Tubarão Branco”, Lourenço Cazarré encontra num jornalista a linha condutora do seu livro. (Por Carlos André Moreira – Zero Hora/Porto Alegre)

“O mais recente romance do escritor pelotense radicado em Brasília Lourenço Cazarré, A Longa Migração do Temível Tubarão Branco (Fundação Cultural de Curitiba, 210 páginas, R$ 30), é daqueles livros que vai criando seu público. Narrado em primeira pessoa pelo protagonista, o jornalista Dante Verga, até bem umas 50 páginas parece um livro antipático – difícil não, a prosa do autor é direta e certeira, antipático mesmo. Isso porque até mais ou menos sua primeira metade o livro é a cara de seu narrador, um personagem dos mais interessantes da ficção recente, mas profundamente desagradável. Jornalista rio-grandense radicado em Brasília, Verga é colunista de jornal e comentarista de TV, viciado em trabalho, sofre um infarto a caminho da redação e é internado em uma clínica. Só depois de o leitor ser plenamente exposto ao caráter imperfeito e equívoco do narrador é que o romance passa a desconstruí-lo – e com isso ganha uma feição nova.O livro foi publicado pela Fundação Cultural de Curitiba, por ter vencido em 2007 um prêmio dedicado a romances inéditos, em um júri que contou com a participação de Cristóvão Tezza, Manuel Carlos Karam e José Castello. Com mais de 40 livros publicados em uma carreira que inclui romances, contos e literatura infanto-juvenil, Cazarré já tem, além deste, outro livro pronto para sair ainda este ano pela Bertrand Brasil.Livros de escritores que também são jornalistas – e ­protagonizados por jornalistas – correm um sério risco, o de glorificar certo tipo improvável de repórter padrão: sujeito estressado viciado em leitura de jornais e que se considera um intelectual quando lê livros-reportagem escritos por colegas jornalistas.­ É um risco do qual o livro de Cazarré escapa galhardamente. Verga, o personagem, considera-se esse tipo de jornalista, e é isso o que se depreende nas primeiras páginas enquanto narra o infarto que sofreu, o atendimento de emergência, a experiência da clínica e o encontro com um médico tão cínico quanto ele,. A todas essas, a única preocupação do jornalista acima do peso e estressado, é ter de volta seu celular para ligar para o jornal e ditar as notas de sua coluna, ou ler as notícias do dia, ou falar com as fontes em busca de informação. Só lateralmente ganha espaço em seus pensamentos a família formada por uma esposa psicóloga e três filhas com as quais o personagem não mantém nenhuma identificação.– Comecei a escrever esse livro em 1998, e no primeiro esboço o personagem foi bastante calcado nos jornalistas de minha geração, aquela turma meio crítica, meio cínica, que tinha um inimigo comum contra o qual lutar, a ditadura, e que, quando essa ditadura terminou, se descobriu um pouco perplexa em um mundo que continuava aboslutamente igual – diz Cazarré.O romance não celebra esse modelo, pelo contrário, faz sua mais ácida crítica. As glórias do jornalismo na boca de um personagem tão desagradável quanto Verga mais parecem exageros aplicados ao nada. Obcecado por escrever a qualquer custo, Verga ouve uma proposta de seu médico. Poderá ter seu computador de volta enquanto estiver internado, mas apenas para escrever sobre a própria vida, buscando desencavar em seu passado as razões do infarto. É nessa tarefa de se recontar que Verga vai se despindo do personagem “jornalista puro-sangue” que havia construído para si e lançando um olhar para a vida que perdeu “garimpando no éter” do mundo das notícias: “Fiquemos com esse número: ao longo de minha vida adulta - trinta anos - li jornais durante vinte e uma mil horas. Crimes tragédias, bizarrices e fofocas. É um bocado de lixo”.A epígrafe do livro traz, em italiano, versos da Divina Comédia de Dante Alighieri que já fornecem uma chave para o entendimento do romance: “O vós, que tendes o intelecto são / observai a doutrina que se esconde / sob o véu destes versos estranhos.” Ao longo de 42 capítulos, todos titulados com versos da Comédia em italiano, vamos acompanhando a trajetória do protagonista como se de uma Humana Comédia se tratasse. Internado, Dante Verga (o nome não é coincidência, ao unir o Dante da Comédia com o realista Giovanni Verga) vai se afastando da engrenagem em que havia transformado sua vida e seu trabalho para se humanizar gradativamente. Uma transformação que é também da linguagem. Enquanto esgrime diálogos brutais com o médico, as enfermeiras e sua mulher, Verga e seu cinismo passam uma imagem de estranhamento artificial, como um ator que declamasse suas falas em uma farsa. É ao escavar seu passado e redescobrir a si mesmo que Verga aprende outra a vez a ser humano – e a falar como um. “

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nosso dinheiro jogado no lixo

A piscina da Vila Olímpica é prova do desperdício de recursos públicos (foto Divulgação)

Li no blog do comentarista político Moacir Pereira que a Vila Olímpica de Criciúma está destruída. Faz tempo que isso acontece, caro Moa, e por toda Santa Catarina porque nesse país quem lida com dinheiro público não dá a mínima para o seu destino. Trabalhei em mais de 20 edições dos Jogos Abertos e em todas as sedes o roteiro era o mesmo com a construção e recuperação de piscinas, pistas de atletismo, ginásios, canchas de bocha, bolão, e estandes de tiro. Com raríssimas exceções a repetição de um evento em qualquer sede exigia novos e vultosos investimentos. A situação em Criciúma é um dos vários exemplos. Posso citar outros, entre muitos, como Florianópolis, Itajaí, Chapecó, municípios que construíram ou recuperaram seus equipamentos esportivos para depois abandoná-los e gastar fortunas com os mesmos objetivos, mais obras, novos remendos. Santa Catarina é um dos poucos estados com vocação esportiva que ainda não tem sua pista sintética de atletismo. A de Itajaí custou uma fortuna e foi abandonada pelo poder público e pela Univali, e a de Blumenau, recém construída no complexo esportivo do Sesi, foi afetada pelas inundações de novembro. As denúncias sobre a roubalheira dos Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio estão todo dia na mídia, o Ministério Público sabe de tudo – tem até relatório devidamente engavetado – e não faz nada, nem vai fazer. Em país sério, com judiciário idem, administrador relapso ou corrupto vai para a cadeia. Os mais radicais decepam a mão dos ladrões. Aqui viveríamos em um estado e em um país de manetas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Inter 100 anos, retalhos e confissões

Estádio dos Eucalíptos, 1959, Inter 1 x 0 Flamengo - jogo comemorativo ao cinquentenário

Milton; Florindo e Oreco: Paulinho Salvador e Odorico. Década de 50, começo da escalação do Internacional. Só o começo, goleiro, zaga e centro médio, do jeito que se lia e falava na época a formação de um time. Para lembrar mais detalhes a memória atrapalha. Salvo alguns ídolos de então: o carioca Larry, o pernambucano Bodinho, por óbvio, um grande cabeceador. Década de 60, em diante, Bráulio, o “garoto de ouro”, Dorinho, Claudiomiro, o time de 1975, eu já em Santa Catarina, quando o Inter foi campeão brasileiro pela primeira vez; o titulo invicto em 79, único no Brasileirão. Em 75 eu e o Paulo Brito fomos a Porto Alegre para assistir a decisão com o Cruzeiro. Deixei o Brito apalermado na porta do estádio. Fugi para esconder meu nervosismo em um cinema. Depois a história mais recente conta. São alguns retalhos de memória de um torcedor que ainda menino e filho de um pai gremista fanático, acompanhando os treinos em tardes vadias. Jogava bola no velho estádio dos Eucaliptos, na quadra aos fundos da minha casa, no bairro Menino Deus. Fui à inauguração do Beira Rio em 1969, orgulhoso de ter contribuído para a obra com tijolos que roubávamos das construções do bairro. Inter e Benfica fizeram o jogo inaugural, no dia seguinte a uma surra memorável e dolorida de cabo de vassoura que levei na saída de um baile. Ninguém mandou cobiçar a mulher do próximo. Ano seguinte já veio a vida profissional e com ela o fim das aventuras nas arquibancadas em companhia do meu amigo da juventude, o médico Cláudio Ribeiro. Cláudio era ginecologista (com curso de especialização em medicina esportiva) e fez parte do grupo campeão em 75 com Minelli e o preparador físico Gilberto Tim. Estagiário do jornal Zero Hora, virei setorista do “terceiro mundo”, como me apelidou o então chefe de reportagem Antônio Brito, que mudou de profissão para ser governador do Rio Grande do Sul. Por determinação do Brito acompanhava o dia-a-dia dos pequenos e tradicionais Cruzeiro e São José. O tratamento de choque aconteceu quando acabei designado “reforço” de cobertura nas semanas dos jogos importantes da dupla Grenal. Perdi a bandeira, escondi a emoção. Foi o preço cobrado pela isenção jornalística que obrigatoriamente sufocava a parcialidade latente. A recém iniciada trajetória como jornalista esportivo sofreu algumas interrupções, começando por alguns meses no trabalho de criação do Jornal de Santa Catarina em 1971. No próprio Santa, como gostávamos de chamar o filho recém nascido (o Nei Duclós tem recuperado em texto e fotos lembranças de Blumenau), retomei meu caminho no esporte, novamente interrompido em outros tempos por passagens nos diferentes campos da profissão. Hoje, aposentado, sou escravo de um blog e colunista do bravo Diarinho, acompanhando sossegado e à distância – ainda bem, ufa! - as comemorações do centenário do Inter.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Queremos Copa e Olimpíada. Como?


Parque Aquático Júlio Delamare - para o COB um entulho de dez milhões


A piscina está atrapalhando?
Joga no lixo, que é barato

Por Cora Rónai - blogueira e colunista de O Globo


-- No último sul-americano realizado no Julio Delamare, quase morri de vergonha, especialmente diante dos argentinos, porque no sul americano de lá, as instalações eram decentes -- disse Mamãe, que no fim de semana participou da prova de natação dos Jogos Brasileiros Masters. – Desde o primeiro dia, nada funcionava. A pior parte eram os banheiros: privadas entupidas até a tampa, torneiras quebradas... Aliás, mesmo que não estivessem quebradas, não ia adiantar nada, porque não tinha água. Já a água da piscina de aquecimento tinha tanto cloro que ninguém conseguiu usá-la.Para alegria dela e dos demais participantes dos Jogos, porém, o Julio Delamare que os recebeu dessa vez foi outro, inteiramente renovado. Agora há lockers à vontade nos vestiários, para que os atletas possam guardar seus pertences enquanto participam das provas; os banheiros não só funcionam impecavelmente, com água fria e quente nos chuveiros, como, ainda por cima, estavam limpos. As arquibancadas ganharam cadeiras. Na piscina de aquecimento, o cheiro de cloro era quase imperceptível; e a piscina olímpica foi dotada do que há de moderno em tecnologia de piscinas. Coisa, enfim, de primeiro mundo. E tudo, acrescente-se, intensamente aproveitado pela comunidade: há cursos de natação e de hidroginástica a semana toda. -- É comum que equipes estrangeiras participem, como convidadas, de eventos como o dessa semana, -- continuou Mamãe. – No domingo, tivemos uma equipe chilena. E, ao contrário do vexame que passamos com os argentinos, ficamos todos prosas em poder oferecer a eles um parque aquático tão bom, tão simpático e tão bem localizado.O Júlio Delamare, vocês sabem, fica ali ao lado do Maracanãzinho. É importante ressaltar isso, porque a alternativa é o Maria Lenk, para lá do autódromo, fim de mundo para qualquer competidor que não tenha carro -- e para os que têm também. Sem falar que o Maria Lenk está inteiramente depenado. Terminado o Pan, todos os lockers, cabides, toalheiros, bancos, suportes de papel higiênico -- tudo, enfim, que era móvel -- foi levado embora. Participar de uma competição lá significa ter que ficar com um olho no cronômetro e outro na bolsa, porque não há onde deixá-la; pedir a amigos que segurem a toalha durante o banho, porque não há onde pendurá-la; sentar no chão para calçar o tênis, porque não há onde sentar; e, last but not least, virar repasto de mosquito. Aparentemente, a única coisa que tem de sobra no Maria Lenk é mosquito.-- Coitada da Maria, não merecia uma “homenagem” dessas, -- lamentou Mamãe, que, como a maioria absoluta dos colegas, odeia com fervor o famigerado conjunto.


Por tudo isso, o clima foi de consternação durante a competição no Julio Delamare. É que o lindo e acolhedor parque aquático, um dos maiores da América Latina, com 18.515m², piscina olímpica de 25m x 50m, piscina coberta para aquecimento de 10m x 25m, e tanque para saltos de 25m x 25m, com profundidade de cinco metros, reformado em julho de 2007 ao custo de RS$ 10 milhões – dados da Suderj -- está com os dias contados. O projeto do Comitê Olímpico Brasileiro para a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro prevê a sua demolição para que, no lugar, possa ser feito... um estacionamento! Segundo declaração de Carlos Arthur Nuzman ao Globo Esporte, o Julio Delamare atrapalharia o público do Maracanã, principalmente durante as cerimônias de abertura e de encerramento de grandes eventos. Para tranqüilizar a Confederação Brasileira de Natação, o presidente do COB prometeu que um Julio Delamare novinho em folha será construído do outro lado da linha do trem, perto da Quinta da Boa Vista. Pode ser que a Confederação fique tranqüila com isso; os Masters, entretanto, estavam cuspindo marimbondo, e com toda a razão. Afinal, num momento em que o mundo inteiro fala em economizar e em apertar o cinto, o COB entra pela contramão da História, disposto a desmanchar um ótimo conjunto desportivo só assim, para reconstruí-lo ali adiante, como um marajá entediado que muda a arrumação dos móveis da sala. É difícil acreditar que algo que merecia uma reforma de dez milhões há apenas dois anos tenha, subitamente, se convertido em elefante branco; mais difícil ainda é aceitar a leviandade com que o nosso dinheiro é tratado, e a tranqüilidade com que é posto fora.O caso do Julio Delamare, que eu desconhecia por completo, me lembrou muito o do Santos Dumont, que conheço até demais. Um governo reforma tudo, gastando uma quantia inimaginável de dinheiro; o governo seguinte decide que aquilo não tem serventia e deve ser transformado em shopping ou estacionamento. Nos dois, fica no ar a certeza de que, mais uma vez, nos fizeram de trouxas. Ou nos roubaram quando foram feitas as reformas, ou estão nos roubando agora, ao se dar por inútil o que até outro dia era imprescindível. (O Globo, Segundo Caderno, 2.4.2009)

Os arquivos implacáveis do Nei Duclós

O Nei Duclós continua revirando seus arquivos e o resultado aparece acima com a foto, abaixo em mais um dos seus belos e generosos textos. Obrigado grande Nei ,por nos trazer mais uma vez um pouco da história do jornalismo catarinense.

Coração de veludo

A foto que republiquei recentemente da equipe original do Jornal de Santa Catarina, o JSC, atual Santa, de Blumenau, obteve grande repercussão. Fui adotado pelos blogs mais prestigiados de Florianópolis com notas e links. Soube (e li o discurso) que Paulo Brito, o veterano querido do jornalismo catarinense e do curso da UFSC, fez na abertura das aulas deste semestre, onde ele cita Mario Medaglia e eu, a partir desse post da foto histórica. É por isso que volto á carga, agora com outra foto que dorme em meus arquivos.Vejam o núcleo, a semente da redação original do Jornal de Santa Catarina em 1971, antes de o jornal sair, ou seja, antes de chegar o José Antonio Ribeiro, o Gaguinho, que assumiria o cargo de editor-chefe; antes de chegar Virson Holderbaum, que dividiria comigo a redação de Nacional e Internacional (copidescávamos os telegramas da UPI e da AP, da agência JB e acho até que da France Presse). E antes de eu chegar . Ou seja, esse é o núcleo principal do JSC, de Blumenau. Falta na foto o Nestor Fedrizzi que, claro, já estava lá, montando essa equipe. E outras pessoas, que se somaram ao projeto.Acompanhem comigo, dentro dos meus limites da memória (ei Brito, Medaglia, Strix, Canga: me ajudem!). Bem à esquerda, de barba, olhando compenetrado para o papel, o Sergio Becker, grande repórter em Porto Alegre que aí no JSC virou editor. Ao seu lado, de óculos caídos, o Renan Ruiz, editor de Arte, um baita talento que também se juntou ao grupo de gaúchos que foram inaugurar jornal no interior catarinense. Aliás, é impressionante a seriedade desta redação. Era sempre assim: no início, quando participávamos da inauguração de um veículo, era um rilhar de dentes, uma compenetração tremenda, uma seriedade que se mantinha ao longo do tempo. Mais tarde, ficávamos um pouco mais à vontade, mas eram assim as redações antigas: nada de fumaças nem romantismo, era estiva, eito brabo, trabalho para caralho!Na frente, de barba hirsuta e também compenetradíssimo, Mário Medaglia, editor de Esportes, o cara que inaugurou os cadernos especiais esportivos na imprensa catarinense, quando deu um banho de jornalismo na cobertura dos jogos Abertos de Santa Catarina, os Jasc. À direita de quem vê a foto, de óculos de lentes escuras, o chefe de reportagem José Reinoldo. Incrível que não lembro de nenhum repórter, mas tínhamos chefe de reportagem! Gaguinho queixava-se que todos os dias o Reinoldo, para fazer massa de oferta, colocava algumas pautas meio frias. Um dia, dois, três, passava. No quarto dia da mesma ronha (essa palavrinha era da época), Gaguinho tirava um sarro: “Ò Reinoldo, outra vez esse troço?” Lembro de Reinoldo aos berros pelo telefone, ligando para todo o estado. No fundo era isso: ele era sua própria equipe!Strix me lembrou que da outra vez eu deveria ter citado o Ayrton Kanitz, chefe da sucursal do JSC em Florianópolis, e que não aparece na foto. Cito para não esquecer do grande Kanitz, que há décadas não vejo, com seu humor inglês, sua postura elegante e carismática, suas palavras escandidas em tom baixo, com um humor arrasador, daqueles que nos fazia rir ainda dias depois de a piada ser dita. Bueno, vamos em frente na foto. O casal que aparece à esquerda de Reinoldo, em mesas separadas, eram figuras importantes do jornal, cuidavam da distribuição e arquivo, acho. Strix sabe mais do que eu, pode nos dizer.E finalmente ao fundo, o colunista social Paulo Becon, que tinha a árdua tarefa de reportar a sociedade fechada de Blumenau, um espaço dominado por grandes nomes como Beto Stodieck, do jornal O Estado de Florianópolis. Não foi fácil para Becon, mas ele tinha como apoio um programa de televisão.Tudo isso em 1971, somente 38 anos atrás. Nem foi tanto tempo assim. Continuamos guris, só que sessentões. Alguns se foram, como Fedrizzi, Gaguinho. Outros se nobilitaram, como Virson Holderbaum, que depois de séculos de jornalismo pesado e produtivo vive num castelo à beira mar no sul da ilha e tem o título de Conde Von Holderbaum. Mario Medaglia continua no front, com sua contundência de sempre no blog Batendo Forte e na sua coluna no Diarinho. Dos outros não tenho notícias. Cartas para a redação do Diário da Fonte.Lembram de nós? Ainda somos os mesmos. Temos um segredo guardado e estamos loucos para revelar: somos portadores de um coração de veludo, de um texto guerreiro, de um talento ancestral, de uma coragem sobrevivente, de uma vontade de que tudo dê certo, neste país que carregamos nos ombros como um andor de santo, daqueles antigos, que atraem o vôo arisco das andorinhas e o chumbo grosso das tempestades.

Deu pra bola murcha do Dunga


Não há mais nada a dizer para o atual treinador da seleção brasileira. No princípio tínhamos que ser tolerantes, Dunga estava começando seu trabalho e estreando na profissão justamente na Seleção Brasileira. Mas agora não dá mais. Chega, vá embora Dunga. Ele provou ser um técnico covarde, além de contraditório e turrão. Escalou três volantes para enfrentar em casa o Peru, um time que não ganha o campeonato catarinense. Esperou até quase trinta minutos do segundo tempo para colocar Alexandre Pato em campo. Garanto que foi só pra contrariar, por causa do berreiro no estádio. Os gaúchos, do Inter especialmente, queriam rever seu ídolo com a camisa da seleção. Os gremistas clamavam por Ronaldinho. Mesmo com a facilidade do jogo e a fragilidade do adversário, Dunga quis mostrar quem manda. O que o mantém no emprego é que os adversários ajudam e facilitam nossa classificação. Chile e Uruguai patinaram no zero a zero, o líder Paraguai, como o Brasil, pagou seus pecados na altitude de Quito e só empatou com Equador. A Páscoa chegou mais cedo para a Argentina que tomou um chocolate inesquecível dos bolivianos. Sem que seus jogadores usassem a altitude como desculpa para o vexame histórico. Assim é que Dunga vai se garantindo, dizendo que está tudo certo quando recém conseguimos a quinta vitória em 12 jogos disputados nas eliminatórias. Só admite o mau desempenho de Quito. Exalta os jogos contra Portugal e Itália, mas não menciona que foram dois amistosos. Para valer mesmo é essa penúria que acompanhamos a cada rodada. Não fala, também por conveniência, das apresentações medíocres ao nível do mar, como nas partidas contra Bolívia e Colômbia, ambas disputadas no Brasil e terminadas em empates sem gols. Ridículo. Os jogadores, claro, têm o mesmo discurso do chefe. Nada vai mudar, pelo menos enquanto Dunga não recorrer ao dicionário da língua portuguesa para entender o significado da palavra “seleção”. Tomara que faça isso antes de começar a Copa de 2010.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Muy amigo esse Evo Morales

Evo e Maradona em La Paz , brincando de jogar futebol nas alturas

Quando a FIFA ameaçou proibir jogos em cidades acima de 3 mil metros Maradona foi solidário com o presidente da Bolívia, Evo Morales, Foi até La Paz, a capital boliviana que fica a 3.850 metros, pouquinho mais, pouquinho menos, e jogou uma partida beneficente no estádio Hernan Silas, ao lado de Morales. Nada contra a altitude, falou Maradona em declarações enfáticas contra a determinação da FIFA e a favor de jogos em qualquer lugar do planeta, mesmo no topo da montanha. As eliminatórias sul-americanas para a Copa são assim e o Brasil só escapou de um vexame em Quito graças à má pontaria dos equatorianos. Pois a seleção boliviana do Evo Morales nesta quarta-feira retribuiu a solidariedade argentina goleando por 6 a 1 o esbaforido e atarantado time treinado pelo Maradona. Foi uma “humillación” histórica, decretou em manchete o site do sarcástico jornal argentino Olé. A seleção brasileira que se cuide quando for jogar em Lapaz no returno desta eliminatória. A Bolívia pode repetir com a gente o que fez com a Argentina, em retribuição ao carinho que o presidente Lula tem por Evo Morales.

Tá rindo do quê?

A deslumbrada Miss Guantânamo, desculpem, Miss Venezuela

Um "lugar relaxante, calmo e lindo". Esta foi a impressão da atual Miss Universo, a jovem venezuelana de 22 anos, Dayana Mendoza, sobre a Baía de Guantânamo, em Cuba. É onde os Estados Unidos mantém um conhecido centro de detenção que recebe críticas do mundo inteiro pelo uso de todo o tipo de tortura contra os prisioneiros. Dayana passeou pelas praias em companhia da miss norte-americana e chegou a dar uma volta pelo campo. O local é cercado por arame farpado, minas terrestres e torres de observação. Ao final do tour “muito divertido” pela Baía ela se disse encantada com o lugar e sem vontade de ir embora. (foto e informações do globo.com)

Dragagem a R$ 1,99

Xin Hai Hu é uma das dragas fora de ação

A encrenca da dragagem do Porto de Itajaí ainda não terminou. Enquanto políticos e autoridades lutam pela paternidade de uma possível solução até o dia 10, continuam os desencontros de informações e ocorrências cômicas, não fossem trágicas para a economia catarinense. Tudo tem acontecido sempre com o envolvimento das dragas chinesas contratadas pelo consórcio brasileiro responsável pela missão de liberar o canal para a passagem de navios de grande calado. A Capitania dos Portos interditou uma delas por falta de manutenção e licença vencida. A outra parou por falta de abastecimento que, segundo a superintendência do Porto, custa cerca de R$ 1 milhão. É o que dá confiar nos produtos chineses, geralmente bem mais baratos que os similares.

segunda-feira, 30 de março de 2009

A decadência moral do jogador brasileiro

* Por Fernando Martins
Nada é mais deprimente do que a Seleção Brasileira, Wianey. Não pelo futebol, mas pelos seus protagonistas. Desculpa a expressão, mas é uma chinelada. É a cultura da indolência, do antiprofissionalismo e da falsa malandragem. As atitudes dos jogadores na suas vidas pessoais são o retrato mais fiel do espírito de proteção e da puxação de saco infantil protagonizada por dirigentes, torcedores e setores da imprensa.
Robinho é um exemplo. Mora em Manchester, uma cidade portuária, que sofreu terrivelmente com o desemprego na era Thatcher, mas hoje é uma cidade próspera, "cult" entre os "modernos" e "descolados" ingleses. Pois, em vez de aproveitar esse clima cultural da cidade, Robinho vai a uma boate de terceira categoria, freqüentada por gente de quarta categoria num bairro célebre pela prostituição e tráfico de drogas, principalmente originárias do Leste Europeu. Dirigindo um Lamborghini. Na sua última "good time" noturna no Rio, ele e Adriano, aquele que tem problemas com álcool e é amigo de traficantes no Rio de Janeiro, farrearam por 12 horas, numa festa com travestis. Nem vou falar naquele episódio do helicóptero fretado por Robinho, pousando num campo da Granja Comary, levando seu sorridente e atrasado locatário. Ridículo, no mínimo.
O problema? Tentar crescer um pouco intelectualmente virou sinônimo de "máscara". Para eles, apenas amadurecer mentalmente já é "máscara". Ou se é um alienado religioso feito Kaká, metido com aquele casal, dublê de bispos e vigaristas, ou se é um babaca que só quer saber de pandeiro e cavaquinho. Aliás, pelo interesse que esses jogadores, porque são jogadores, não atletas, tem pela música, melhor fariam largando o futebol e montando um grupo de pagode. A dedicação a batucada é total, ao esporte que banca seus Lamborghinis e travestis, nenhuma.
É muita chuteira colorida, brilhante na orelha e trancinha no cabelo. É muita infantilidade, malandragem pré-adolescente. E o pior, o treinador, marcador implacável quando jogador, parece não mandar em nada. Com a imprensa ele vira o Dunga capitão, é feroz, olha nos olhos, vira bicho. E com seus subordinados?
Me lembro de velhos malandros. Que faziam muita festa, mas pelo menos tinham estilo. Renato Portaluppi não fechava sítio no subúrbio para farrear com travestis, frequentava a boate da moda, sempre com belas mulheres, Luma de Oliveira era uma delas. Era só entrar e ver. Paulo César Caju era "habitué" da noite de Monte Carlo, quando jogava no Olympique de Marseille, jantava com Grace Kelly e o Príncipe Rainier. Depois parou de jogar e regrediu, caiu no pó. Hoje, Robinho é acusado de estupro numa boate bagaceira de Manchester. Anos atrás, se comentava que Falcão teria um caso com Ursula Andress. Pelé era visto com atores de cinema no famoso Studio 54, em Nova York, quando jogava no NY Cosmos. Adriano patrocina baile funk para péssimas companhias. David Beckham, que todos adoram colocar em dúvida suas preferências sexuais, nunca foi visto com travestis. É visto sim com Victoria, a Posh Spice, em desfiles de moda e restaurantes elegantes. Seus amigos? Tom Cruise. Sabe-se que Robinho e Ronaldinho são pais e suas esposas são mantidas no ostracismo para não expor a intimidade delas. Claro, isso é o depoimento politicamente correto, mas quem não quer expor com quem teve filhos são eles. Quem não quer passar por constrangimentos, são eles.
Para eles, o negócio é carro, festa decadente e pagode. Ter uma bela mulher, como o Roger, que casou com a Deborah Secco e frequentava teatros, cinemas e bons shows é "máscara". O negócio é manter as péssimas amizades, aquelas que só querem sugar, verdadeiros parasitas, dar escândalos e fazer palhaçadas mundo afora. E umas trancinhas novas no cabelo de vez em quando. Aquele fogo da vitória, o prazer de ter aquela fera dentro de si, querendo explodir pelo prazer de vencer, pelo amor ao que faz, seja onde for, no Brasil, na Inglaterra, na Alemanha ou nas Ilhas Salomão, é papo de motivador, é um pé no saco que atrasa a hora do pagode.
Por isso a Seleção Brasileira, para mim, é feito água: inodora, incolor e insípida. Um pé no saco.
(publicado no blog de Wianey Carlet)

Futebol, samba, carnaval...e turismo


Conheci o Sabará, se não estou enganado, no final da década de 70, ainda nos tempos do estádio Adolfo Konder, mais tarde transformado no primeiro shopping de Florianópolis, ali na Bocaiúva. O tipo era um ponteirinho do Avaí, meio barro, meio tijolo, mas dava conta do recado. Depois que largou a bola virou craque de um conjunto bem entrosado de samba e pagode. Música também era minha referência da Nega Tide, de quem ouvia falar uma vez por ano, na época do Carnaval. Pois agora, nos conta o Mosquito em seu blog (de onde roubei as fotos) à prova de inseticida, Sabará e Nega Tide são gerentes da Setur, a Secretaria de Turismo de Florianópolis. É fácil entender a escolha do prefeito Dário: a simbiose do futebol, samba e carnaval é tudo que o brasileiro mais adora na vida, por tanto deve capacitar um ex-jogador e uma ex-sambista para a função. Esperto nosso alcaide, não?

domingo, 29 de março de 2009

Quem sabe futebol submarino


Los hermanos argentinos ganham de quatro da Venezuela, os uruguaios batem no líder Paraguai, o Chile encara sem medo o Peru em Lima, a Colômbia mostra que os bolivianos não são de nada e assim a vida segue tranquila rodada a rodada nas eliminatórias para a Copa do ano que vem. Menos para o Brasil. Pelo jeito, sem saber com que jogadores contaremos até lá, continuaremos sofrendo, a nível do mar ou nas alturas. Por pouco escapamos de um fiasco vexatório contra os negrões velocistas do Equador. Tivessem eles mais qualidade e um pingo de pontaria voltaríamos de Quito carregando uma sacola de gols. As desculpas estão em letras maiúsculas na cartilha do Dunga: falta de tempo para treinar (quando tem ele não treina), viagens, cansaço, altitude, o de sempre. O melhor seria tentar explicar, além das convocações esdrúxulas, a razão para tanta apatia em um time teoricamente cheio de bons jogadores, e o sumiço do futebol de Ronaldinho Gaúcho. A insistência na sua escalação e o que isso tem representado para um time medíocre por natureza acenam para uma seleção brasileira escrava da teimosia de um treinador. Sua estampa atual mostra a cara feia de um sujeito mal humorado e refratário a críticas. Ainda assim, chamá-lo apenas de teimoso e intransigente é suavizar a adjetivação que hoje está na boca de qualquer brasileiro que goste de bom futebol. Agora, se jogarmos mal novamente nesta quarta-feira em Porto Alegre, à beira do rio Guaíba e diante do lanterninha Peru, sugiro à CBF que mude o local dos jogos e, claro, o uniforme chamado carinhosamente nos bons tempos de canarinho: usaremos escafandros ou roupas de mergulhador. Quem sabe no fundo do mar nosso futebol melhora. Ou então vamos nos resignar como futuros pentacampeões de pesca submarina.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Fofocona do blog "Holofote"

Adriano entre as convidadas Fabiana Andrade e Patrícia Araújo Foto: Ego, Reprodução

A private party do jogador de futebol Adriano, em sua casa nova no condomínio Mansões, no Rio de Janeiro está dando o que falar! Na verdade, quem está falando dessas coisas por aí são duas moças (uma delas é um ex-moço) que estavam na folia. A modelo Fabiana Andrade e a travesti Patrícia Araújo deram muito pano pra manga! Segundo o Ego, elas afirmam que a festa estava pu-ro-lu-xo! Na lista de canvidados, as meninas da termas Centauros – a mais cara do RJ. Nas bandejas, camisinhas e lubrificantes. E para fechar com chave de ouro: Topless na piscina!
FALA SÉRIO!!! Eu tenho meu pezinho atrás com essa história... Sabe como é, amigo "punk" a gente tem que desconfiar!
Outro ponto da entrevista com as ‘modelos’ que chamou a atenção foi quando as duas falaram em namorados que jogam na seleção.— Havia muito mais homem do que mulher — revelou Patrícia.O travesti ainda afirmou ter um namorado, que não é o Gordonaldo e nem o Adriano, na seleção e que está com ele há quatro meses, apesar dele ser casado. — Ele diz que sou educada e não faço escândalo como outras mulheres. Para ele, sou perfeita — Concluiu ela/ele.
Já o dono da festinha, que já está concentrado em Teresópolis, afirmou que toda a folia não passou de uma comemoração familiar. NOSSA QUE FAMÍLIA MAIS ESTRANHA ESSA...

quarta-feira, 25 de março de 2009

Lei Pelé & empresários

Poucos o conhecem no futebol brasileiro. Vagner Ribeiro possui mais de cem jogadores. Agente Fifa, ele se juntou ao empresário Jota Hawilla para formar a “Traffic Talentos”.

Ele é o empresário da mais recente revelação do futebol a aparecer na mídia, Neymar do Santos. Neymar, 17 anos, ganha R$ 80 mil mensais. Tem contrato até 2014 no Santos. Sua multa rescisória é de 30 milhões de euros, ou, quase R$ 90 milhões. Outro jogador dele é Lulinha, 18 anos, que ganha R$ 70 mil e está no Corinthians. Tem contrato até 2012. A multa rescisória é de R$ 50 milhões.

Keirrison? Jota Hawilla é o dono do passe. Recebeu uma proposta do futebol espanhol de 25 milhões de euros, mas não quis conversa neste momento. Disse que vai esperar pelo menos um ano.

Qual o papel dos clubes de futebol nessa história? São dois:

1) Funcionam como chamarizes para atrair garotos da base que assistem aos seus times e ídolos na TV sonhando um dia chegar lá também. Os talentosos, quase sempre muito pobres e quanto mais pobres melhor porque fica mais fácil negociar com os pais, são capturados precocemente por contratos leoninos pelos empresários, que ficam de espreita. Nem aos treinos eles vão. Muito quente. Permanecem em escritórios refrigerados assistindo a Dvds que chegam do Brasil inteiro. Se deu certo, é claro que rola uma comissãozinha para o remetente...
2) Servem de vitrine para que os jogadores revelados ´mostrem serviço´ e depois sejam negociados ao exterior em transações milionárias.

A famigerada Lei Pelé dá amparo legal a esse panorama.

Alguém aí está preocupado com títulos? Amor da torcida? Lealdade? Fortalecimento dos clubes?

Os clubes, pateticamente, ficam com as dívidas, decorrentes de administrações ruinosas e impunes. Os dez clubes do futebol brasileiro que mais devem somam atualmente débitos de 2,037 bilhões de reais.

Para terminar, observem que as palavras Traffic e tráfico são quase iguais.

(Colaboração do meu amigo e jornalista Marcos Heise com informações do blog do Cosme Rimoli)

terça-feira, 24 de março de 2009

Distração

Enquanto nossos governantes olham pro lado e botam o pé na estrada a procura de mágicos internacionais, bailarinos da Rússia, escolas de administração, congressos mundiais de turismo e outros babados do mundão lá de fora, os portos de Navegantes e Itajaí podem perder rotas de navios por atraso na dragagem. Simplesmente a Secretaria Especial de Portos não pagou o que deve à empresa Consórcio Draga Brasil, responsável pela contratação das duas dragas que executam o serviço no rio Itajaí-Açu e que estão paradas desde a última quinta-feira. Os representantes de armadores e empresas de navios mercantes deram um prazo até dia 10 de abril ao Conselho de Autoridade Portuária de Itajaí para que o problema esteja resolvido. Caso contrário atracarão em outros portos, levando pra longe daqui as importações que verdadeiramente nos trazem dividendos.

Humor do bom na tevê


foto equipe CQC


O cotidiano do esporte e da vida em geral tem duas visões bem humoradas na tevê brasileira, programas feitos com inteligência e leveza, sem aquela grossura e baixaria a que estamos acostumados. Começa segunda-feira, 22 horas, na Bandeirantes, com o CQC, atração comandada pelo carequinha Marcelo Tass. E durante a semana em horários variados no Sport TV tem o Pisando na Bola, voltado para muita gozação com o futebol, mas com espaço livre para outros esportes e seus personagens.. Não percam. Bem melhor, mais saudável e inteligente do que as zorras totais nas escolinhas da vida e praças nossas que acontecem por aí.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O programa que incomodou o Ministro

GILMAR MENDES & TV CÂMARA


Por Leandro Fortes em 20/3/2009


Reproduzido do site da CartaCapital, 19/3/2009; título original


"Carta aberta aos jornalistas brasileiros"


No dia 11 de março de 2009, fui convidado pelo jornalista Paulo José Cunha, da TV Câmara, para participar do programa intitulado Comitê de Imprensa, um espaço reconhecidamente plural de discussão da imprensa dentro do Congresso Nacional. A meu lado estava, também convidado, o jornalista Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior, com as supostas e "aterradoras" revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha.
Eu, assim como Jailton, já havia participado outras vezes do Comitê de Imprensa, sempre a convite, para tratar de assuntos os mais diversos relativos ao comportamento e à rotina da imprensa em Brasília. Vale dizer que Jailton e eu somos repórteres veteranos na cobertura de assuntos de Polícia Federal, em todo o país. Razão pela qual, inclusive, o jornalista Paulo José Cunha nos convidou a participar do programa. Nesta carta, contudo, falo somente por mim.
Fora da grade
Durante a gravação, aliás, em ambiente muito bem humorado e de absoluta liberdade de expressão, como cabe a um encontro entre velhos amigos jornalistas, discutimos abertamente questões relativas à Operação Satiagraha, à CPI das Escutas Telefônicas Ilegais, às ações contra Protógenes Queiroz e, é claro, ao grampo telefônico – de áudio nunca revelado – envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. Em particular, discordei da tese de contaminação da Satiagraha por conta da participação de agentes da Abin e citei o fato de estar sendo processado por Gilmar Mendes por ter denunciado, nas páginas da revista CartaCapital, os muitos negócios nebulosos que envolvem o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do ministro, farto de contratos sem licitação firmados com órgãos públicos e construído com recursos do Banco do Brasil sobre um terreno comprado ao governo do Distrito Federal, à época do governador Joaquim Roriz, com 80% de desconto.
Terminada a gravação, o programa foi colocado no ar, dentro de uma grade de programação pré-agendada, ao mesmo tempo em que foi disponibilizado na internet, na página eletrônica da TV Câmara. Lá, qualquer cidadão pode acessar e ver os debates, como cabe a um serviço público e democrático ligado ao Parlamento brasileiro. O debate daquele dia, realmente, rendeu audiência, tanto que acabou sendo reproduzido em muitos sites da blogosfera.
Qual foi minha surpresa ao ser informado por alguns colegas, na quarta-feira (18/3), exatamente quando completei 43 anos (23 dos quais dedicados ao jornalismo), que o link para o programa havia sido retirado da internet, sem que me fosse dada nenhuma explicação. Aliás, nem a mim, nem aos contribuintes e cidadãos brasileiros.
Apurar o evento, contudo, não foi muito difícil: irritado com o teor do programa, o ministro Gilmar Mendes telefonou ao presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, do PMDB de São Paulo, e pediu a retirada do conteúdo da página da internet e a suspensão da veiculação na grade da TV Câmara. O pedido de Mendes foi prontamente atendido.
Obscurantismo político
Sem levar em conta o ridículo da situação (o programa já havia sido veiculado seis vezes pela TV Câmara, além de visto e baixado por milhares de internautas), esse episódio revela um estado de coisas que transcende, a meu ver, a discussão pura e simples dos limites de atuação do ministro Gilmar Mendes. Diante desta submissão inexplicável do presidente da Câmara dos Deputados e, por extensão, do Poder Legislativo, às vontades do presidente do STF, cabe a todos nós, jornalistas, refletir sobre os nossos próprios limites.
Na semana passada, diante de um questionamento feito por um jornalista do Acre sobre a posição contrária do ministro em relação ao MST, Mendes voltou-se furioso para o repórter e disparou: "Tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta". Como assim? Que perguntas podem ser feitas ao ministro Gilmar Mendes? Até onde, nós, jornalistas, vamos deixar essa situação chegar sem nos pronunciarmos, em termos coletivos, sobre esse crescente cerco às liberdades individuais e de imprensa patrocinados pelo chefe do Poder Judiciário? Onde estão a Fenaj, e ABI e os sindicatos?
Apelo, portanto, que as entidades de classe dos jornalistas, em todo o país, tomem uma posição clara sobre essa situação e, como primeiro movimento, cobrem da Câmara dos Deputados e da TV Câmara uma satisfação sobre esse inusitado ato de censura que fere os direitos de expressão de jornalistas e, tão grave quanto, de acesso a informação pública, por parte dos cidadãos. As eventuais disputas editoriais, acirradas aqui e ali, entre os veículos de comunicação brasileiros não pode servir de obstáculo para a exposição pública de nossa indignação conjunta contra essa atitude execrável levada a cabo dentro do Congresso Nacional, com a aquiescência do presidente da Câmara dos Deputados e da diretoria da TV Câmara que, acredito, seja formada por jornalistas.
Sem mais, faço valer aqui minha posição de total defesa do direito de informar e ser informado sem a ingerência de forças do obscurantismo político brasileiro, apoiadas por quem deveria, por dever de ofício, nos defender. [Brasília, 19 de março de 2009]
***

O herdeiro de Clodovil




O meio de campo Jairo, do Figueirense, sentiu na pele esta semana a falta de seriedade e despreparo de quem tem que lidar com um grupo heterogêneo, mas formado por homens feitos e profissionais que ganham a vida com o futebol. Obrigar um jogador a treinar com um mini vestido rosa (foto de Roberto Scola RBS) como punição por uma tarefa mal cumprida não é coisa de um técnico de prestígio e com as responsabilidades assumidas por Roberto Fernandes. Ele tem como missão fazer uma boa campanha na Copa do Brasil e colocar o clube de volta na série A do Brasileiro. Certamente a exposição ao ridículo de seus comandados não é o caminho mais apropriado para recuperar o prestígio de uma agremiação de tradição como é o Figueirense. A não ser que ele esteja pensando em trocar de profissão, quem sabe virar um estilista de moda, ocupando a vaga recém aberta com a morte de Clodovil.

quarta-feira, 18 de março de 2009

O que nós perdemos

O público que lotou o Teatro do Sesi, na noite da terça-feira, em Porto Alegre, esperava uma Liza Minnelli cinematográfica, popular e enérgica. Ela entregou apenas o último, mas que foi quase suficiente para satisfazer os fãs.Aos 63 anos, a diva não economizou fôlego para segurar quase duas horas de espetáculo calcado em hits conhecidos e outros nem tanto em sua primeira visita à Porto Alegre. Nem o pedestal do microfone durou muito tempo, sendo aposentado logo na segunda canção.Dos sucessos de Cabaret (1972) e New York, New York (1977) – os dois filmes mais famosos de Liza – os convidados tiveram Maybe This Time e as respectivas faixas títulos dos longas. De resto, entraram números que já foram contemplados em outras passagens pelo Brasil, como My Own Best Friend, do musical Chicago, e de sua própria discografia, entre elas But the World Goes ´Round, Teach me Tonight e I Would Never Leave You).Teatral sem precisar de cenário, a filha de Judy Garland – que ganhou homenagem na faixa At Palace – mostrou ainda estar em grande forma vocal, caprichando nos agudos e médios, mesmo que o exercício lhe rendesse posteriormente um visível desconforto. Tanto que uma cadeira, que deveria ser evocada apenas no segundo ato, foi puxada pela própria cantora no meio da primeira parte – tudo com muito bom humor, diga-se de passagem.Na volta após um intervalo, armou dueto com seu pianista, John Rodgers, retirou uma faixa do especial para TV Liza with a Z (1972), de seu guru Bob Fosse, e arriscou erroneamente uma versão agitada para a bossa Trevo de Quatro Folhas. Aproveitou ainda para apresentar sua banda, composta por 12 músicos no mais elegante black tie. E encerrou, como não poderia ser diferente, homenageando sua Nova York de coração. (Matéria do jornal Zero Hora)

terça-feira, 17 de março de 2009

Liza Minelli por perto e ninguém me avisou

Como ando meio desligado e faz tempo dei tchau pra terra natal, só agora fiquei sabendo que a cantora Liza Minnelli, minha ídola, minha deusa, tinha apresentação marcada para Porto Alegre na noite desta terça-feira, no majestoso teatro do Sesi. Agora entendi aquele recado meio truncado na minha secretária eletrônica. Era dela. É que Liza já esteve no Brasil, em junho de 2007, quando passou por São Paulo e Rio. Mas antes, bem antes, na década de 70, ela andou por Florianópolis. Os fofoqueiros da época disseram que foi pra encontrar o Luiz Henrique Rosa. Lembram dessa história? Tudo mentira. Ela veio mesmo pra me ver, tanto que esteve no jornal O Estado atrás de mim. Provas? Tenho uma foto do grande mestre e companheiro Orestes Araújo, perdida em algum canto do meu apartamento. Ah, acho que posso contar também com o testemunho da minha amiga e jornalista Elaine Borges. Sei que ela não vai negar fogo nessa hora. Mas, como de qualquer jeito vão me chamar de mentiroso ou delirante, deixa a Liza pra lá e eu aqui com minhas lembranças e saudades.

Filha da lendária Judy Garland e de seu segundo marido, o diretor Vincent Minnelli, Liza consagrou-se como cantora e atriz no inesquecível filme Cabaret, que lhe deu o Oscar em 1972. Liza estreou este novo show na Broadway em dezembro de 2008 em temporada, prevista para duas semanas que precisou se estender por um mês. Aos 62 anos, minha diva tem 35 CDs lançados. Bailarina e atriz de 27 filmes e séries para televisão, Liza foi ganhadora do Oscar, Golden Globe e British Academy Award em 1972 com Cabaret. Em seu repertório desfilam grandes sucessos, como New York, New York, World Goes Round, Maybe this time e o Tributo a Kay Thompson. Liza está mais uma vez no Brasil acompanhada por sua orquestra. E ninguém abre os teatros do CIC ou o Pedro Ivo para uma emergência dessas. Que raiva.

(Tenho aquela cadeira em casa até hoje e não deixo ninguém sentar nela)

segunda-feira, 16 de março de 2009

Sonho meu para Florianópolis


Uma bela competição foi realizada domingo no Parque Ecológico de Florianópolis, construído naquele espaço maravilhoso logo após o túnel Antonieta de Barros, na baía sul. Aproveitando a estrutura e as condições do local os organizadores bolaram uma prova dividida em três partes disputada por equipes formadas por três atletas, com um especialista para cada modalidade. Primeiro foram oito quilômetros de ciclismo pelas grandes alamedas que circundam o lago, onde os participantes na sequência percorreram dois quilômetros de canoagem. A última etapa teve seis quilômetros de corrida. O público que normalmente freqüenta o parque para praticar esportes nas várias quadras multiuso ali existentes, ou simplesmente para caminhar e tomar sol aproveitando o belo visual à beira mar, acompanhou com interesse o desenrolar desta competição inédita na cidade. O resultado não importa. Na verdade eu sonhei com um evento que aconteceu no último final de semana em São Paulo, à beira de uma represa, e onde realmente existe um parque ecológico.

A foto acima (Parque da Juventude em São Paulo) mostra uma outra vertente do meu sonho, que poderia se tornar realidade no bairro onde moro, a Agronômica. Basta dar um bom destino ao espaço da desativada Penitenciária, antes que essa pendenga vire um pesadelo.
Em setembro de 2003, o Parque da Juventude mudou a paisagem na Zona Norte de São Paulo, ao substituir a Casa de Detenção do Carandiru por uma grande área verde. A primeira fase do Parque, entregue em setembro de 2003, incluiu instalações esportivas como pista de skate, dez quadras (onde são praticados esportes como tênis, vôlei, futsal e basquete). Há ainda áreas de descanso, vestiários e pista para caminhada.

Só mais burocracia


O presidente Lula e seu Ministro do Esporte, Orlando Silva, acham que uma carteirinha para identificar o torcedor vai ajudar no combate à violência nos estádios. O que precisa na verdade são órgãos de segurança bem aparelhados, agentes melhor treinados, praças esportivas modernizadas e rigoroso cumprimento do Estatuto do Torcedor. Simples, sem necessidade de filas, "carimborio e papelório" para infernizar ainda mais a já atribulada vida do contribuinte.

Vire o disco, CBN


Quem tem a oportunidade de ouvir a CBN em seus estados vai se deparar com um problema que, embora pequeno, demonstra o desrespeito ao ouvinte como consumidor e acaba por atrapalhar o desenvolvimento de alguns programas de suas afiliadas. Por Francisco Djacyr Silva de Souza*, publicado no boletim eletrônico Caros Ouvintes

É o que acontece, por exemplo, quando em meio a um debate de importância para a cidade, lá vem a CBN com a tal notícia de meia em meia hora que não oportuniza a rede local a concluir o pensamento do programa ou as idéias em meio a uma entrevista ou debate promovidos pela emissora.
O mais grave de todo o processo é que a maioria das notícias tem repetição nas várias edições. Qual é o ouvinte que vai querer ouvir a mesma coisa três ou quatro vezes? Falta produção ao jornalismo da CBN para produzir notícias novas e atuais, ou é mesmo o fazer por fazer sem se preocupar com quem está do outro lado da emissão?
Não duvidamos da qualidade do sistema CBN de rádio, mas achamos que há uma total falta de respeito ao ouvinte tanto no processo de emissões quanto no conteúdo das notícias que saem no tal noticiário de meia e meia hora.
Sabemos que a dinâmica tecnológica da informação permite que os sistemas de jornalismo se reciclem e renovam conteúdos automaticamente, pois as agências de notícias estão produzindo conteúdos a todo momento e o mundo muda sempre a cada hora.
Essa crítica a este modelo de radiojornalismo reside no fato que esta ação se confronta diretamente com a dinâmica do rádio e com o seu valor de milhões de pessoas que o ouvem no seu cotidiano para se informar e conhecer o mundo aprendendo pelo rádio a conhecer a vida.
Outro problema evidenciado por este fato é como a afiliação a redes nacionais é prejudicial ao rádio local, que perde em muito suas características próprias e sua importância no conhecimento da realidade de seus cidadãos. O que interessa para nós, cearenses, saber que há um engarrafamento na Avenida São João? Ou que o rio Tietê transbordou e que é preciso evitar o transporte por suas marginais? Claro que essas notícias são importantes, porém não devem ser dadas de maneira como apenas ouvintes dos locais de emissão estejam ouvindo.
Este problema é o mesmo que vem ocorrendo na televisão e que tem passado para o rádio, que perde espaço para programações locais que falem nossa língua e dá lugar a sotaques, costumes e notícias deslocadas de nossas características culturais e do nosso cotidiano.
Mas o grande problema é que a massa de ouvintes ainda não tem o poder para mudar esse estado de coisas e tem que conviver com essas anomalias de quem usa o rádio apenas com interesses econômicos e nunca sociais.
Seria de bom alvitre que a CBN procurasse desenvolver melhor seu sistema de jornalismo e procurasse de forma democrática e compromissada emitir notícias atuais e adequadas ao cotidiano das pessoas que ouvem rádio e que querem uma comunicação séria, verdadeira e que contribua para sua história de vida e para uma formação pautada na construção de uma cidadania ativa e participativa.
Vale ressaltar que o “Fale Conosco”, apregoado pelas emissões da CBN, funciona apenas como instrumento de marketing da emissora que nunca ou quase nunca responde às dúvidas e reclamações de seus ouvintes, que não têm espaço nas programações para dizer o que pensam nem são tratados como consumidores e pessoas que entendem a história e a importância do rádio como meio de comunicação.

*Mestre em Educação. Professor da Rede Pública e Privada de Ensino. Autor do Livro Preservação do Ambiente um Ação de Cidadania. Desenvolve trabalhos na área de Educação Ambiental, Estrutura e Fundamentos da Educação e Práticas de Ensino em Geografia e vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará.

sábado, 14 de março de 2009

Os dez clubes mais endividados do país

Série de reportagens destaca que clubes gaúchos devem, juntos, R$ 301 milhões. Entre os cinco primeiros estão os quatro grandes do Rio. (Sport TV e Zero Hora)

A dupla Gre-Nal está entre os clubes mais endividados do Brasil. Segundo uma série de reportagens do SporTV News sobre a situação financeira dos clubes brasileiros, o Grêmio aparece na oitava posição e possui uma dívida de R$ 155 milhões. O Inter está em décimo, com R$ 146 milhões de dívidas.
Os dados, com base no balanço dos clubes de 2007, mostram o Flamengo como o maior devedor, beirando os R$ 300 milhões negativos, seguido por Fluminense e Botafogo. De acordo com a reportagem, as dívidas dos clubes em sua maioria são fiscais ou trabalhistas.


A lista dos devedores:


1º) Flamengo – R$ 295 milhões 2º) Fluminense – R$ 288 milhões 3º) Botafogo – R$ 230 milhões 4º) Atlético-MG – R$ 228 milhões 5º) Vasco – R$ 192 milhões 6º) Palmeiras – R$ 185 milhões 7º) Corinthians – R$ 170 milhões 8º) Grêmio – R$ 155 milhões 9º) São Paulo – R$ 148 milhões 10º) Inter – R$ 146 milhões 11º) Santos – R$ 145 milhões 12º) Cruzeiro – R$ 116 milhões

sexta-feira, 13 de março de 2009

Só 10 sedes para o Brasil da Copa

O colunista do "Globo", Renato Maurício Prado, já tinha dado a informação abaixo no programa do Juca Kfouri, CBN EC de quinta-feira à noite, e deu também em sua coluna da sexta-feira no jornal:
"Não foi à toa que a Fifa adiou em dois meses a definição das 12 cidades que deverão ser sedes da Copa do Mundo de 2014, no Brasil — o anúncio aconteceria no próximo dia 20 e agora será em maio.
Relatório técnico da Fifa diz que o Brasil não tem 12 cidades em condições mínimas de abrigar jogos do Mundial. Na maioria delas, faltam condições básicas, como rede hoteleira, de hospitais e de transportes em padrões compatíveis com os exigidos pela entidade máxima do futebol.
A famosa sede do Pantanal, por exemplo, está seriamente ameaçada: nem Cuiabá, nem Campo Grande foram consideradas aptas pelos inspetores da Fifa — que se mostram especialmente incomodados com as mais variadas pressões de políticos para eleger esta ou aquela cidade.
É a primeira vez na história das Copas que a definição das sedes e sub-sedes foi adiada.
E já há quem creia que, diante das dificuldades, o Brasil terá que se contentar com as tradicionais 10 cidades para hospedar as partidas de 2014."
Com essa avaliação pessimista da FIFA sobre as cidades brasileiras, o que não é surpresa, Florianópolis pode bailar em suas pretensões. O que seria lamentável: adeus aeroporto novo, acessos decentes para o sul da Ilha, metrô de superfície, transporte marítimo, manutenção das pontes, transporte coletivo adequado às necessidades da população e tudo o mais que nossos governantes estavam prometendo desde que se falou em Copa do Mundo no Brasil.

quinta-feira, 12 de março de 2009

A foto e os fatos


As boas lembranças no texto do Nei Duclós, escritor, poeta, jornalista e um dos companheiros fundadores do Jornal de Santa Catarina em setembro de 1971


Pontificando com seu rosto largo e sorriso aberto, que sempre foi a marca registrada da sua presença, Mario Medaglia puxa o cordão da equipe original do Jornal de Santa Catarina, lançado em 1971 em Blumenau, e hoje conhecido como Santa e de propriedade da RBS. À direita de Medaglia, que era nosso editor de Esportes, está Sergio Becker, repórter da pesada, e pelo que me lembro, editor do noticiário Nacional e Geral. O segundo à direita é o Diretor de Redação Nestor Fedrizzi, jornalista que fez História ao liderar a imortal Última Hora de Porto Alegre. E na ponta, Cynara Ribeiro, responsável pelo Arquivo e esposa de José Antônio Ribeiro, o Gaguinho, editor-chefe, que aparece como primeiro à esquerda de Medaglia. Na extrema esquerda, eu, redator (clicando na foto você pode ter uma visão mais clara das pessoas e da cena).Atrás de Fedrizzi está o editor de Arte, Renan Ruiz e, quase sem aparecer, atrás de Sérgio Becker está Virson Holderbaum, também redator. Pelo gesto do rosto quase todo encoberto de Virson, é dele a piada que faz todo mundo rir. As outras pessoas, que não identifico o nome, faziam parte do jornal e trabalhavam em outros departamentos, talvez Oficina e Circulação.Esta é uma das fotos que resgatei no mergulho que fiz nos meus arquivos em São Paulo. É histórica, pois mostra quase toda a equipe (faltou Reinoldo, o chefe de reportagem) de um jornal que, ao completar 30 anos em 2001, não citou nenhum dos integrantes desta equipe original. Sim, são todos gaúchos. Fedrizzi e Gaguinho não estão mais neste Lado da vida. O registro é impressionante pela sua raridade e por expor por inteiro uma equipe que estava confinada numa cidade desconhecida e entusiasmada em criar um jornal. Estávamos em plena ditadura Médici. Ríamos com o riso claro dos aventureiros, que deixaram a vida confortável de Porto Alegre para enfrentar o desconhecido. Ok, era apenas um jornal regional, mas para nós era um embate sério e difícil. Tínhamos diferenças entre nós, mas o humor era prioridade.No início, morávamos praticamente todos no mesmo casarão, que chamávamos de mansão, situado ao lado da sede do jornal. A casa era uma extensão da redação. O jornalismo era para valer e ficávamos o dia todo no jornal, pois acumulávamos funções e produzíamos, essa meia dúzia de resistentes, o melhor jornal que poderíamos fazer. É costume dizer "bons tempos". Para mim, são tempos em que semeamos alguma coisa no chão pedregoso da Pátria. Saudades? Não. Mas sim um sentimento de pertencer não apenas às gerações que se atiraram naquela luta, mas a um tempo que não nos deu trégua. Éramos uma porção do jornalismo vocacionado e sério numa fronteira do Brasil profundo.Quando perguntarem como começou certo jornal no Vale do Itajaí, mostrem esta foto. Ela fala por nós.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Craque tem que ser chato?

Riquelme não joga mais pela seleção argentina enquanto Maradona for o treinador. Ele se incomodou com algumas declarações sobre o momento do seu futebol e afirmou que os dois não poderão mais trabalhar juntos. Parece que é imprescindível a condição de chato para o sujeito ser um craque. Vide todos os que conhecemos, para falar apenas nos elevados a esta condição mais recentemente.
Vejam, por exemplo, o Ronaldo já passando dos limites com a inestimável colaboração da mídia fogueteira. Querem o Fenômeno de volta à seleção antes mesmo de ver concluída sua recuperação para jogar no Corinthians. A CBF já reagiu com o diretor Américo Farias respondendo à uma declaração do Ronaldo na Sport TV, quando afirmou ter um inimigo dentro da entidade e que só por isso descartava uma convocação futura. Américo disse que na CBF não existe jogador vetado, o que também não é verdade porque vetados são todos cuja convocação não é confirmada por Dunga. O fato é que craque, na maioria dos casos, é sinônimo de antipatia e maus bofes.

O bom mau humor


O técnico do São Paulo é bom de entrevista


Muricy Ramalho continua imbatível. Só que agora descobriu um jeito novo de dar respostas desaforadas sem ofender, apenas apelando para a ironia. Na entrevista coletiva da terça-feira, no CT do São Paulo, falou aos jornalistas que o cutucavam por causa da irregularidade do time, que havia recebido um telefonema do Náutico pedindo a indicação de um treinador (Roberto Fernandes está vindo para o Figueirense). Muricy brincou com a turma dizendo que pedira aos dirigentes para aguardarem pelo próximo encontro seu com os repórteres, quando colocaria o assunto em discussão e convidaria um dos presentes. “E vou dizer para os jornalistas que o Náutico está pagando muito bem”, encerrou ele, fazendo a turma dar boas risadas.

terça-feira, 10 de março de 2009

Onde há fumaça


Carlão, campeão olimpico em 1992, suprintendente da FME Floripa de 2005 a 2008


O presidente da Câmara Municipal de Florianópolis, vereador Gean Loureiro (PMDB), enviou ao superintendente a Fundação Municipal de Esportes, Édio Manoel Pereira, ofício com 15 questionamentos sobre aspectos administrativos da entidade. Nada de mais não pertencesse Gean à base do governo. A situação é curiosa porque a atitude do presidente da Câmara despertou um movimento da oposição, na pessoa do vereador João Amin (PP), que vai pedir em plenário uma auditoria na Fundação. Que razões teriam levado um vereador governista a exigir explicações, por exemplo, sobre o patrimônio, número de funcionários, situação de dívidas, convênios, contratação de professores, cargos comissionados, pagamentos de diárias, entre outras solicitações constantes do documento? Caso a as exigências não sejam atendidas no prazo de 48 horas, o superintendente terá que ir pessoalmente à Câmara pra prestar os esclarecimentos, o que não invalidará o pedido de auditoria do vereador Amin. Na verdade, a Fundação de Esportes de Florianópolis transformou-se em uma grande caixa preta a partir do momento em que o olímpico Carlão inexplicavelmente assumiu a superintendência daquela entidade no primeiro mandato do prefeito Dário Berger. Desde então nunca mais se soube o que estava sendo feito no esporte da capital. Pelo jeito e pelas consequências da passagem do Carlão – administrou sempre à distância, mais exatamente do Rio de Janeiro, onde mora – a Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis está morta e enterrada. E tudo indica que a primeira missão do novo superintendente será a de exumar o cadáver.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Chove chuva

Depois de ler o Caderno 2 do Estadão desta segunda-feira deu pra morrer de inveja dos paulistas, lembrando do que temos e o que somos em matéria de entretenimento. O jornalão de São Paulo traz anúncios de shows do moderno tango argentino, do pianista cubano Gonzalo Rubalcaba junto com o brasileiro Paulo Moura, do guitarrista de blues Buddy Guy e outras atrações musicais que jamais chegarão a Florianópolis. Passarão por cima, caso do bluesman, que fará uma apresentação em Porto Alegre. Nem preciso mencionar detalhes da diversificada programação de cinema e teatro. Claro que a referência ao maior centro econômico e cultural do país deve servir como simples parâmetro para nossos sonhos de consumo raras vezes realizados. Para os leitores deste modesto espaço terem uma idéia do tamanho da minha revolta com a indigência cultural em que vivemos, vou contar um episódio do fim de semana ocorrido no Teatro Ademir Rosa, o conhecido CIC. Foi domingo à noite, durante uma peça teatral. Em cena, a atriz Denise Fraga interrompeu o espetáculo por causa das goteiras que começavam a molhar demais o palco. Um constrangimento sem tamanho para atores e público, todos envergonhados com a precariedade da nossa maior casa de espetáculo que, dizem, será reformada em breve. Mais uma vez, aliás. Enquanto isso o Teatro Pedro Ivo, inaugurado há pouco com pompa e circunstância pelo governo, segue às moscas e sem agenda. Idem o TAC. Quem pode vai a Curitiba, São Paulo ou Porto Alegre, Quem não pode, como os "sem teto" da nossa orquestra sinfônica, fica por aqui cheio de inveja e tristeza pela mediocridade a que somos submetidos pela “inteligenzia” cultural do atual governo.

O boêmio voltou

O trailer de 57 minutos em dois jogos com o gol de cabeça em cima do Palmeiras nos trouxe a esperança de que Ronaldo deixe a noite e a boemia para voltar com força e estilo aos gramados. Descontados os exageros da mídia, é o caminho inverso do que diz a letra de Adelino Moreira para a música “A volta do boêmio”. Suplicantes, pedimos uma nova inscrição para Ronaldo entre os grandes atacantes do futebol mundial. Melhor para os brasileiros, obrigados nas últimas semanas a conviver com retornos sinistros como os de Michel Temer, Sarney e a filha Roseane, Renan Calheiros, e Fernando Collor. Eu prefiro esperar mais um pouco antes de aderir à onda pró Ronaldo e sua volta triunfal. Enquanto isso fico treinando em período integral, dormindo cedo e sem direito a noitadas. Só assim vou aguentar uma semana inteira de babação, até que um capítulo definitivo seja escrito para o encerramento desta interminável novela com repercussão mundial.

sexta-feira, 6 de março de 2009

São Tomé FC

Já escrevi faz tempo sobre minhas dúvidas quanto a uma bem sucedida volta de Ronaldo ao futebol. Desde que começou essa arenga estou pé atrás com a movimentação do ex-Fenômeno, apesar do foguetório em torno da sua contratação pelo Corinthians. E, não me levem a mal, não fiquei sozinho na empreitada. Pelo contrário, ganhei a excelente companhia do jornalista assumidamente corintiano, Juca Kfouri. O time ainda conquistou nos últimos dias o reforço de dois doutores, Tostão e Sócrates, craques da bola e da palavra e iniciados em assuntos da medicina. A opinião de Tostão é que Ronaldo está voltando aos gramados, mas não ao futebol que o consagrou, versão parecida com a de Sócrates que por enquanto vê em campo um personagem, não o jogador. Os três mais este humilde escriba querem ver para crer na completa recuperação de Ronaldo, pois ele mesmo já admitiu que não poderá participar de todas as partidas que seu clube tem pela frente.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Abaixo os aparadores de grama

Meu blog não tem saído do lugar porque ando de saco cheio de escrever. Como se diz na terrinha, “garrei nojo”. É muito assunto ruim, muita sujeira, muita safadeza rondando nossas cabeças. Pensei até em suspender as postagens por uns tempos, mantendo apenas o que escrevo para a coluna do Diarinho, o único jornal catarinense que aporrinha um pouco as "autoridades constituídas". Problema é que nosso governador não nos deixa sossegados e acabo sentindo cócegas nos dedos. Quando resolve falar de Florianópolis como uma das sedes da Copa de 2014, sai de baixo. Parece que não tem outra coisa a fazer na vida. O homem acaba de voltar do Paraguai e Argentina garantindo que temos os votos do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e dos seus pares das outras confederações sul-americanas. E daí? Deixemos de lado questões legais e protocolares para torcer, ilustre governador Luiz Henrique, que a verdade esteja convosco. Afinal de contas, tudo o que não foi feito pela Capital neste tempo todo do seu governo, talvez uma Copa do Mundo consiga fazer por esta população que não agüenta mais ouvir tanta mentira do executivo e dos parlamentares municipais. Especialmente estes, um bando de subservientes. A cidade faz tempo está abandonada, entregue à sanha dos aproveitadores e de administrações incompetentes. A Operação Moeda Verde morreu, mas seus cadáveres insepultos continuam por aí, fedendo e assombrando os cidadãos desta metrópole. Só leio e ouço notícias sobre frivolidades, envolvendo gente mais preocupada com eleições e reeleições do que com o bem estar da comunidade. A Copa parece ser a panacéia para os males da população e as carências da cidade. Pois que seja. Quem sabe no cumprimento de tantas promessas para 2014 poderemos olhar em volta e enxergar mais do que meia dúzia de operários aparando os gramados das nossas avenidas.