quinta-feira, 6 de março de 2008

Quinta-feira


Ou dá ou desce

O título acima pode parecer chulo, mas é extremamente verdadeiro. Não há como combater a violência e as badernas promovidas nos estádios a não ser com atitudes extremas visando a segurança daquele torcedor que sai de casa apenas para se divertir assistindo uma partida de futebol. Avaí e Criciúma foram punidos com rigor por uma das câmaras do TJD, decisão que pode ser reformulada pelo Pleno. De qualquer forma, perder mandos de campo no returno que precisa ser conquistado pelos dois para evitar mais um título do Figueirense, é um prejuízo gigantesco para os clubes por ações de uma meia dúzia de insanos travestidos de torcedores. Meu medo é que uma concessão do efeito suspensivo ou reformulação de sentença com diminuição da pena – e tomara que nenhuma das opções se concretize – transmita aos imbecis de plantão aquela sensação de impunidade que os fará voltar aos estádios para agredir, mutilar e, daqui a pouco, até matar o “inimigo” da camisa adversária.

Porta arrombada

Episódios anteriores à mutilação por bomba de um torcedor do Criciúma, se não passaram em branco, não mereceram a mesma atenção de tribunais e autoridades responsáveis pela segurança nos estádios. Um torcedor foi atingido por um tiro no estádio do Marcílio Dias, outro, do Joinville, acabou assassinado em Florianópolis, na BR, com uma pedrada. Uma arquibancada metálica desabou em Brusque, ferindo torcedores avaianos, um deles com gravidade e brigas, dentro e fora dos estádios, tornaram-se rotina no futebol catarinense. Tudo isso sem que houvesse, após cada um dos casos, qualquer tipo de ação preventiva ou punitiva por quem organiza as competições ou pelos responsáveis pela segurança do torcedor. Só agora, depois de mais um incidente grave, parece que decidiram passar a tranca de ferro. Eu escrevi, parece.

A bola pelos cifrões da fé

Querem proibir a venda de destilados dentro e nas imediações das praças esportivas. Vá lá, o poder de fogo destas bebidas é muito grande. Até aquela cervejinha básica, que combina tanto com futebol quanto a paixão de uma torcida, está na mira da lei. Aceitemos. Bebida e esporte, em qualquer circunstância, não fazem uma boa parceria. Contudo, é exagerado e inócuo proibir camisas, bandeiras, faixas, bandanas ou qualquer artefato inofensivo e identificador - ainda que provocativo – com a intenção de garantir segurança. Estádio sem cor, sem barulho, sem manifestações da rivalidade sadia, é o fim do futebol. Fechem o Scarpelli, a Ressacada, Arena Joinville, Heriberto Hulse, Maracanã, Mineirão, Morumbi, Arena da Baixada, Beira Rio, Olímpico e todos os grandes estádios do norte e nordeste. E abram alas para a hipocrisia e o cinismo, transformando todas essas praças esportivas em imensos templos religiosos tão na moda. Espectadores e dinheiro não vão faltar. A clientela, embora barulhenta, é muito rica e, aparentemente, comportada. Não é um bom negócio?

A grande omissão

Como responsável durante oito anos pela área de comunicação de uma fundação estadual de esporte, a Fesporte, participei de eventos em Santa Catarina e diversos estados brasileiros. Pude testemunhar, então, o desleixo das autoridades ditas educadoras, com todas as faixas etárias do nosso atleta. Como entender diferente, olhos bem fechados para a venda indiscriminada de bebida alcoólica dentro e fora dos ginásios? Cansei de ver gente bebendo, alguns ainda vestindo o uniforme da competição ou da instituição que representavam como dirigentes, nos próprios locais dos jogos, independente da modalidade. Meu testemunho inclui, pasmem, mesas repletas de garrafas consumidas, colocadas muitas vezes ao lado das quadras, para alegria dos ecônomos destes locais, lucrando com a omissão dos que deveriam zelar pela educação do jovem e do atleta. Até hoje – e gostaria de ser corrigido – não tive conhecimento de nenhuma medida restritiva a essa prática por parte de algum legislador, membro do governo ou dirigente esportivo.


3 comentários:

  1. Mário, irretocável tua coluna de hoje. Escrevi a respeito disso no ND semana passada e lembrei que a Inglaterra só conseguiu eliminar a violência DENTRO DOS ESTÁDIOS à custa de punições rigorosas aos CLUBES e FEDERAÇÃO. Ficaram cinco anos fora das competições da Uefa, perderam milhões de dólares e aprenderam a lição. Investiram pesado na prevenção e vigilância nos estádios. Aqui,no Brasil, todos acham que os COITADINHOS dos clubes e seus dirigentes não têm culpa e não podem ser punidos. Pura hipocrisia.

    PJ

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  2. Chefe Mário,

    Sempre que possível dou uma lida na sua coluna e concordo sobre essa polêmica da venda de bebidas...creio que iria ajudar a diminuir a violência, antes presente em maior números no eixo Rio-SP, agora até em Criciúma...
    Abração,

    Chico Pimenta

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  3. A questão das bebidas é simples. Façam como a CBV que no regulamento da Superliga proibe a venda de bebidas alcoólicas nos ginásios. E todos cumprem. As penas são duras e aplicadas com rigor. É fácil

    PJ

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