quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ah, esses superlativos


Mourinho - retranca para um futebol de resultados

A anunciada super quarta-feira prometia, com Libertadores, Copa do Brasil e Liga dos Campeões. Confronto de peso – uma referência meio sem graça a Adriano e Ronaldo – no Maracanã, jogão no Mineirão entre Atlético e Santos, rivalidade Brasil/Argentina para Banfield x Inter, promessa de muita confusão, o poderoso São Paulo em Lima contra o Universitário e, de quebra um Vitória x Vasco em Salvador. Tudo isso à noite, depois de Barcelona x Inter à tarde.

Vi um pouco de tudo, exceção ao jogo do Inter e da peladinha baiana. Valho-me dos relatos e dos melhores (?) momentos. No Maracanã a chuva lavou a expectativa de uma grande partida. A bola não andou no gramado pesado para os fininhos, imaginem para os grandalhões fora de forma. Não houve o tal confronto das estrelas. Os coadjuvantes é que tentaram salvar o espetáculo. No Mineirão só Tardelli com três gols e Ganso com passes magistrais mereceram generosos adjetivos. Tenho chiliques quando penso quem o Dunga vai levar para a Copa.

O Inter voltou da Argentina culpando a arbitragem pela derrota previsível e seguindo sua via crucis das últimas semanas. Corre atrás do prejuízo no Campeonato Gaúcho e na Libertadores. Em Lima o São Paulo mal e mal arrancou um empate. O Vasco caiu na real diante do Vitória, desmerecendo os elogios antecipados por conta de atuações enganosas.

O jogo com poucos espanhóis e italianos, mas cheio de brasileiros e argentinos, foi de uma pobreza técnica irrepreensível. Ataque inoperante contra defesa. A Inter do português Mourinho se esmerou numa retranca jamais vista, principalmente depois da expulsão ainda no primeiro tempo do brasileiro Tiago Mota. Messi pode ser o melhor do mundo, mas, bem marcado, não faz nada para melhorar a vida do Barcelona. Fiquei com a impressão que a decisão do Campeonato Catarinense entre Avaí e Joinville é bem mais emocionante.

Resumo da ópera: comecei a madrugada de quinta refletindo sobre o significado da palavra superlativo. Está lá no dicionário – “adjetivo que exprime uma qualidade em grau muito alto, ou no mais alto grau”.
Dormi e tive pesadelo, é isso. Vou tentar recuperar a realidade dos fatos nos programas esportivos da quinta-feira.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Censura neles

Isso mesmo. Sou a favor da censura, ampla geral e irrestrita para declarações da maioria dos jogadores de futebol, dirigentes, árbitros, preparadores físicos, médicos e determinado tipo de jornalista. Se alguém ligado ao mundo do futebol foi esquecido, sinta-se incluído nesta relação.

Não tem coisa mais chata atualmente do que lidar com as informações em qualquer área do futebol seja pela implicância de alguns com a mídia esportiva, seja pela total incapacidade do entrevistado, ás vezes do entrevistador, falar algo que preste. A coisa piorou com essa mania de botar a torcida pra falar. Que chatice, quanta porcaria, quanta inutilidade no ar.

A maior prova da total falta de imaginação e criatividade nos gramados e cercanias é a uniformização de procedimentos, como os tais treinos secretos e entrevistas coletivas. Não conheço um caso – se alguém souber de algum me corrija, por favor – de jogo ganho por causa dos segredos de vestiários. Pelo contrário, o time escondido e misterioso entra em campo e não se vê ao menos uma jogada ensaiada. Com raríssimas exceções – e põe raridade nisso -, jornalistas e torcedores conseguem vislumbrar lances fora do comum.

A mesmice é a tática preferida. E quando aparece gente diferente no pedaço, como essa meninada do Santos, é tratada como um bando de alienígenas. E basta uma palavrinha fora do contexto, como costuma nos brindar o ousado e atrevido Neymar, para caírem de pau em cima do garoto. Ele não ofende ninguém, não diz nenhum desaforo, só fala o que sente naquela sua linguagem juvenil.


A turma prefere mesmo é o enjoadíssimo politicamente correto. Há casos em que o time vira para o segundo tempo ganhando de goleada, pode até ser um nove a zero, mas não tem jeito. Lá vêm as obviedades, com o tal de respeito ao adversário, em futebol acontece de tudo, vamos dar o nosso melhor em busca dos três pontos, vamos levantar a cabeça e trabalhar... E por aí vai.

Jogador que consegue juntar meia dúzia de frases é uma jóia rara. Participei faz tempo, (até a incompetência dos administradores entrar em ação e acabar com tudo), de um programa na TV Cultura/Florianópolis. Nada de muito diferente. Toda a segunda-feira eu e meu parceiro de bancada, o Fernando Linhares, tínhamos a oportunidade de conversar e de analisar os acontecimentos esportivos do final de semana. Um belo dia combinamos: convidado no programa tinha que saber falar, para evitar que aquela caríssima uma hora de tevê se transformasse em suplício, para nós e para o público.

Diminuiu bastante o tamanho da bancada, rarearam os convidados, mas conseguimos destravar o programa e fazer fluir melhor o noticiário e os debates. É aquela história, em boca fechada não entra mosca. E o povo não houve bobagem. Tenho pena hoje dos repórteres e âncoras de programas esportivos, submetidos à aridez de idéias e conteúdo que contempla boa parte da nação futebolística.

domingo, 25 de abril de 2010

Visitantes mal educados

Nas principais decisões disputadas neste domingo pelo Brasil os donos da casa foram mal tratados pelos visitantes. Comecemos pelo Avaí que foi a Joinville sem sete titulares e botou a mão na taça com a vitória de 3 a 1. O técnico Mauro Ovelha, jogadores e dirigentes culpam a arbitragem de Paulo Henrique Bezerra pelo resultado adverso. Deve ser mesmo doído perder diante da própria torcida para um adversário cheio de reservas. Mais fácil é não reconhecer as qualidades do vencedor.

Aqui do lado, em Porto Alegre, o Internacional treinado pelo papa-defunto Jorge Fossati contribuiu com sua cota dos vexames caseiros dominicais. Um sujeito que vai para a beira do gramado de terno preto e olhos esbugalhados não merece outra identificação que não aquela do homem que ronda portas de hospitais a espera que moribundos sejam encaminhados ao seu estabelecimento. Com 2 a 0 em cima do Inter no Beira Rio os jogadores do Grêmio estão com a faixa no peito. Ainda por cima a última chance de contratar um bom substituto para o Fossati acabou neste domingo com a confirmação do acerto entre Fluminense e Muricy Ramalho.

Em Minas o Atlético Mineiro passou pelo Ipatinga (3 a 2) . O jogo foi em Ipatinga onde o Muriqui, conhecido dos avaianos, acabou com o jogo e com a ousadia do adversário que saiu na frente do placar.

Beleza mesmo foi o confronto entre Santo André e Santos no Pacaembú. Os santistas eram os visitantes nesse jogo de ida. Começaram perdendo, mas os garotos com a assessoria do tio Robinho fizeram a diferença apesar do final com placar apertado de 3 a 2. Ninguém tira o título destes meninos fenomenais que, além de Robinho, têm a companhia de um mestre no meio de campo, outro ex-avaiano, o Marquinho Santos, e o futuro camisa dez titular do Brasil, um craque chamado Ganso. Neymar desta vez não apareceu muito porque saiu de campo machucado no olho esquerdo. O garoto está enxergando bem, não foi nada de grave. Problema de visão é com o treinador da seleção brasileira.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Um passado para recuperar


Pedro Lopes, o escolhido do governador Pavan (Foto de Antônio Prado)

Fui pela primeira vez ao Teatro Pedro Ivo para acompanhar a solenidade de posse de Pedro Lopes na Fesporte. A primeira coisa que observei foi a ausência total de companheiros da mídia esportiva. Nenhum veículo de comunicação deu a mínima para o evento, travestido de solene, mas bastante emblemático para o esporte do Estado. Com que autoridade vão falar sobre o passado, discutir o presente e analisar as possibilidades futuras de uma entidade que faz tudo no esporte catarinense, exceção feita ao futebol e vôlei profissionais?

Revendo ex-colegas e conversando com desportistas conhecidos senti uma unanimidade e muita animosidade contra a administração anterior, comandada por Ali Babá e asseclas. Percebi também um toque de esperança na curta gestão de Pedro Lopes e ouvi expressões de surpresa até de jornalistas de outras áreas, diante do conhecimento da folha corrida de gente que literalmente meteu a mão na Fesporte.

Com Pedro, o homem certo no lugar certo, mas na hora errada, porque muito tarde, pelo menos eventos tradicionais para a juventude como Olimpíada Estudantil, Jogos Escolares e Joguinhos Abertos podem ser recuperados. Ano passado, com a desculpa da gripe A e o mau tempo, só os Jogos Abertos foram realizados. Os recursos destinados às demais competições viraram a Conceição da letra cantada por Cauby Peixoto: ninguém sabe, ninguém viu. O triste é que alguns dos beneficiados com a caixinha podem acabar no parlamento catarinense.
De qualquer forma, boa sorte ao Pedro Lopes e aos que ele escolher como parceiros desta curta, mas necessária jornada rumo à moralização da Fesporte e do fortalecimento de tudo o que ela representa dentro e fora das quadras.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Temperos e destemperos

Depois de muito tempo sem botar o pé em estádios, graças ao pay per view, decidi ir à Ressacada para ver Avaí x Grêmio, um confronto temperado pela rivalidade, pelas bobagens do agora “inimigo” Silas e pela possibilidade concreta de termos uma equipe catarinense na próxima fase da Copa do Brasil. Os problemas de trânsito, cabines de imprensa em estado precário e certo tipo de torcedor muito chato, me espantaram dos jogos ao vivo mais de ano. No Scarpelli os problemas eram bem menores, mas coloquei as coisas em pé de igualdade, ou seja, não ia nem lá, nem cá. Séries A e B do Brasileirão e campeonato estadual, só na telinha.

Não cheguei a ver o ao vivo o jogo de quarta-feira. Depois de conhecer a nova organização avaiana, de saber da transmissão pela RBS também para Florianópolis e do bate papo com colegas que há muito não via, decidi voltar ao conforto caseiro. Na saída percebi que o trânsito em mão única para a Ressacada estava na penúltima etapa – entre 9 e 9hs15min - e entendi que precisaria esperar mais ou menos dez minutos.

Procurei colocar o carro mais adiante para aguardar a liberação de pista quando fui interceptado por um elemento – é assim que eles gostam de nos chamar – da Polícia Rodoviária Estadual. Aos gritos, ele perguntou onde eu pensava que ia. Educadamente expliquei minhas intenções. Como resposta, mais gritos e a afirmação de que tinha percorrido na contra mão aquele pequeno trecho em meio às áreas de estacionamento. A certa altura do barulhento monólogo tive medo de ser arrancado do carro pela gola do casaco, tamanho o berreiro, truculência e o destempero do policial.

Claro que não fiz que nem aquela desembargadora, mesmo porque não tenho hábito nem poder para o conhecido carteiraço, e muito menos o respaldo futuro de uma nota ridícula e coorporativa como a da Associação dos Magistrados em defesa da sua protegida.

Desliguei o carro fiquei bem quietinho, observando o policial berrar com mais três ou quatro desavisados que, como eu, foram um pouco mais adiante pela falta de sinalização ou de um servidor público preparado para orientar educadamente os motoristas. Voltar aos estádios? Vou pensar com carinho.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sob nova direção



Pedro José de Oliveira Lopes (foto) assume nesta quinta-feira pela manhã, no Centro Administrativo, a direção geral da Fundação Catarinense de Desportos, a Fesporte, ultimamente entregue a um bando de saqueadores. É a clássica figura de raposas cuidando do galinheiro.

Bons ventos tragam Pedro Lopes à Fesporte. Ele é do ramo, já foi cronista esportivo (denominação à moda antiga), dirigente da Federação Catarinense de Futebol e da CBF, e até então era o presidente do Conselho Estadual de Desportos, órgão que tinha entre suas principais funções as de controlar e organizar o esporte catarinense, missões desvirtuadas por ingerências políticas. Os critérios para a composição do Conselho é que levam a esse descaminho, apesar da participação de muitos desportistas, na maioria dos casos verdadeiras vaquinhas de presépio.

Como homem do esporte, Pedro Lopes leva jeito para, em poucos meses, reconstruir pelo menos em parte o que foi colocado abaixo por Ali Babá & Cia. Conquistas consolidadas desde a gestão de Pedro Bastos vieram ao chão ou foram simplesmente eliminadas do calendário da instituição. Os recursos tiveram outros destinos – aí falhou o Conselho Estadual –, as contas não fecharam e muitos eventos importantes acabaram na lixeira formada pela incompetência e falta de compromisso com as atividades para as quais foi criada a Fesporte.


O tempo é curto, mas suficiente para Pedro Lopes recuperar um pouco do prestígio perdido e limpar a sujeira deixada por administradores que trabalharam mais de três anos visando apenas objetivos pessoais, alguns deles inconfessáveis. Quem sabe passadas as eleições Pedro acabe mantido no cargo. Ou então que assuma algum desportista que não tenha a ficha suja e nem vá sujá-la ainda mais a frente de uma instituição tão importante para o esporte de Santa Catarina.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Craque, nem pensar



Só mesmo o Dunga, esse chato, para me fazer voltar ao blog. A idéia era não escrever mais, evitar as aporrinhações e sucumbir à preguiça. Mas, como seleção brasileira é coisa séria, menos para a CBF e para o Dunga, não resisti à tentação. Voltei, já que parte da nossa mídia parece que ainda não se deu conta do risco que correremos na África do Sul com o Brucutu Futebol Clube vestindo a camisa amarela.

Antes que me escalem no time do quanto pior melhor, vamos às considerações: Felipe Melo, Júlio Batista, Kleberson, Elano e Josué são os eleitos do Dunga e, ao que tudo indica, têm vaga cativa.

Até agora ninguém perguntou ao treinador ou a alguém da Comissão Técnica que providências serão tomadas, por exemplo, em relação ao Kaká. Nosso único craque não joga há cinco semanas, vitimado pela tal dor no púbis. O Real Madri ficou na mão esse tempo todo sem poder contar com o jogador, submetido a um misterioso e prolongado tratamento.

Estranho é que os inúmeros correspondentes dos grandes veículos de comunicação brasileiros até agora não deram o ar da graça, como se a ausência de Kaká às vésperas da Copa do Mundo seja a coisa mais natural do mundo. Estranho também que, nesses casos, jogador brasileiro sempre pede para se tratar no Brasil, dada a reconhecida competência dos profissionais tupiniquins na área da medicina esportiva. Kaká continua escondidinho na Espanha, longe da bisbilhotice dos reporteiros da pátria amada.

O indigesto nisso tudo é ver um jogador como Neymar fazendo chover no Santos em todos os jogos, ao contrário dos lampejos do Ronaldinho Gaúcho pelo Milan, e não merecer uma sílaba de elogio do Dunga.

Sua única manifestação tem sido para garantir que não haverá surpresa na lista de convocados prevista para 11 de maio. Com muito otimismo prefiro entender que Neymar na vaga de um dos trogloditas eleitos por Dunga não seria realmente nenhuma surpresa. Se ele quiser acrescentar mais um ou dois nomes entre os chamados, a torcida brasileira sensibilizada vai agradecer.

Afinal de contas, além da turma que relacionei e das inquietações com relação a Kaká, não devemos esquecer da instabilidade e da péssima forma do Adriano, que hoje não passa de um plebeu dos gramados.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Dunga subiu no telhado

Dei uma espiada nos amistosos de seleções na quarta-feira de futebol para todos os gostos e desgostos. A não ser a seleção espanhola, que joga um futebol bonito e eficiente, e alguma evolução técnica mostrada pelos brucutus ingleses, nada mais encanta no planeta bola. Pode ser que apareça alguma surpresa na África do Sul e a Copa do Mundo mostre algo mais empolgante. Pelo que vi, se ninguém meter a mão, a França não marca, a Itália continua no seu joguinho zero a zero e a Alemanha fracassa mesmo importando dois atacantes poloneses - já teve um do Brasil - e um meio campo brasileiro chamado Cacau.

Por enquanto o quadro é desolador, incluindo o time do Dunga com aquele jogo burocrático, previsível e dependendo sempre de algum brilho individual, atualmente limitado ao Robinho. Nem o pastor Kaká vem dando conta do recado. Nossa seleção ganhou tudo o que disputou ultimamente, amistosos furrecas, vaga antecipada para o Mundial e a Copa das Confederações. No entanto, nenhum desses parâmetros é confiável, especialmente quando se analisa friamente o estágio atual do futebol sul-americano e os adversários que já enfrentamos quando o Joel Santana mandava na África do Sul.

Apesar da aridez européia e de outros continentes, não acredito na seleção brasileira. E olhem que não estou cantando o refrão que clama por Ronaldinho Gaúcho. Mas que tem gente muito melhor por aqui e na Europa do que alguns "soldados guerreiros" do Dunga, lá isso tem. Como disse um colunista gaúcho, quem tem nome de anão só pode gostar de nanico, uma referência a Josué, reserva do seu time na Alemanha e sem jogar nada faz tempo.

O treinador brasileiro, além do seu mau humor constante, leva para a Copa um time sem talento - só Kaká e Robinho salvam - e inexpressivo. Talvez Dunga queira repetir o futebol de resultados de 94 correndo sério risco de cair do cavalo. Ou do telhado.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Algo de podre no Reino do Balneário



O presidente da Federação Catarinense, Delfim de Pádua Peixoto Filho, não tem mesmo um pingo de vergonha na cara. Saiu da sua sala na pomposa sede de Balneário Camboriú e foi ao Tribunal de Justiça Desportiva - fica tudo em casa - para defender o Joinvlle, ameaçado de perder o mando de campo no campeonato estadual por causa da invasão de torcedores na final do turno, jogo contra o Avaí.

Com a maior cara de pau e sem o menor constrangimento, o irremovível Delfim argumentou que a invasão foi pacífica, não houve ameaça a ninguém dentro do campo. Na verdade a situação era de alto risco, porque os torcedores da casa tinham facilitado o acesso ao gramado enquanto ali estavam, ainda, jogadores adversários e jornalistas de Florianópolis trabalhando.

Invasão pacífica? É a primeira vez que ouço esta aberração. Que um cartola da estirpe do Delfim diga uma bobagem destas, é compreensível. Quem defende interesses obscuros como os que estão se insinuando é capaz de qualquer coisa. Mas uma Comissão Disciplinar do TJD aceitar essa balela? Quem são esses homens de notório saber jurídico, como gostam de falar os magistrados? O Joinville foi absolvido, ganhou de goleada por 4 a 0, com queria o ínclito presidente da Federação.

Do jeito que estão encaminhando o sorteio (?) para as escalas de arbitragem, as decisões nos tribunais esportivos e outros acontecimentos no mínimo estranhos, sou obrigado a pensar no que me disse outro dia um profundo conhecedor dos bastidores do nosso futebol. Esse ano ninguém tira o título do Joinville.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vamos ganhar a Copa?

Quando se elogia o trabalho de Dunga com a seleção brasileita as referências são os resultados na Copa América, Copa das Confederações e a classificação antecipada para a Copa do Mundo. Justo, foi o que fez até aqui. Mas o que temos pela frente agora é um campeonato mundial, competição curta e que por isso não permite vacilos. E o peso é grande, tanto por causa da camisa vestida pelos eleitos, como pela responsabilidade que representa a Copa para um futebol sempre olhado com respeito pelo mundo da bola.

Este mesmo olhar tem sido também de incredulidade para as últimas listas de convocados. Dunga está apostando na fidelidade canina, quase servil, do que se valem alguns para garantir sua vaga no grupo que vai para a África do Sul. Só isso explica nomes como Josué, escondido no futebol alemão, Felipe Melo, eleito como o pior jogador do futebol italiano, Doni, até bem pouco reserva da Roma,
Kleberson, cheio de altos e baixos no Flamengo, Ramires, que ainda não confirmou na seleção, Júlio Batista, outro sobe e desce da Roma, e Michel Bastos, uma aposta "francesa" de última hora.

Nunca entendi a elogiada coerência de Dunga que deixa fora nomes como Rogério Ceni, Alexandre Pato, Ronaldinho (jogando de Saci é melhor que muitos), Diego Souza, Kleber, o volante Sandro e o meia Giuliano, ambos do Inter (quando havia tempo para experiência e para integrá-los ao grupo), e outros bons jogadores que existem no futebol brasileiro e mesmo na Europa, onde ele gosta tanto de convocar.

Agora Dunga chamou Carlos Eduardo e Grafite, os mais novos "alemães" da turma, repetindo surpresas que não confirmaram, como a última, um brucutu chamado Hulk, e antes o Afonso (foto CBF News) descoberto na Holanda. Até hoje Dunga não achou um lateral esquerdo. Periga lamentar a ausência do catarinense Filipe Kaminski, em quem na verdade acreditou pouco.

É uma coerência que pode ser traduzida como insegurança com um pouco de teimosia, colocadas a nu nas suas mal humoradas entrevistas. Qual das alternativas tentadas por Dunga para eventualmente ocupar vagas de algum protegido deu certo ao longo desse tempo em que está à frente da seleção? Dá a impressão, isto sim, que ele faz de propósito, para confirmar suas escolhas e teorias.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O torcedor que se exploda


Fui, voltei, saí de novo, estou aqui de volta. Em definitivo? Quem sabe? Essa vida de blogueiro que não ganha um tostão pelo que escreve é assim mesmo. Depende dos ventos que movem moinhos e alimentam a paciência e disposição para trabalhar de graça. Vamos lá.

Quero recomeçar com o futebol e a televisão. Hoje os clubes são praticamente reféns dos direitos pagos pelas emissoras donas dos contratos. É muita grana e, dependendo de quem está mandando na exclusividade das transmissões, tem jogo praticamente todos os dias e noites, nos horários mais improváveis. O torcedor que vá catar coquinhos e não reclame. No meio da semana são poucos os que conseguem suportar os madrugadões. Quem pode, além de pagar ingressos caros, enfrentar o transporte coletivo precário e a insegurança? Cadê coragem para chegar ao estádio, comer porcaria, voltar pra casa e andar pelas ruas nas perigosas madruigadas? Se o time ganhar, tudo bem, valeram o sacrifício e o despreendimento.

Resumidamente é isso. O torcedor, primeiro interessado, tem pouco ou nenhum poder de cobrança. O Estatuto do Torcedor é outra lei que não pegou. Na ótica do futebol-espetáculo e dinheiro no cofre o que importa são as tevês. As reclamações são de quem perdeu os direitos de transmissão, como acontece agora em Santa Catarina. A rede derrotada chora as pitangas e critica os horários e tabelas esfaceladas. No Rio Grande do Sul os dirigentes do Internacional estavam achando tudo muito interessante e só resolveram abrir o bico quando se deram conta do acúmulo de jogos do Gauchão e Libertadores.

A inflexibilidade determinada pelas grades de programação criou um atrito com a Federação Gaúcha e uma choradeira sem futuro. Assinaram um contrato de olho apenas nos cofres, agora aguentem. Como acontece em Santa Catarina, com a diferença que por aqui ninguém reclama. E ainda entra ano, sai ano, com os clubes dizendo amém a uma cartilha que vai completar um quarto de século de desmandos no futebol catarinense. Plim plim.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Mentiras ou meias verdades

Sempre me incomodei com a maneira de trabalhar de certos companheiros de profissão na área esportiva, embora a referência seja válida para qualquer setor do jornalismo. Não perguntam, bajulam, não questionam, sacodem a cabeça como vacas de presépio. Dão muita importância às versões oficiais, passam ao largo de determinados assuntos, exatamente aqueles que causam certo incômodo às fontes, principalmente quando estão frente a frente com um dirigente. O poder, ainda que efêmero e insignificante, os assombra e atemoriza. O resultado é o leitor- ouvinte- telespectador desinformado, enganado, e chefetes mais realistas que o Rei plenamente satisfeitos com a grande mentira ou as meias verdades que ajudam a produzir.

Volta e meia escrevo sobre isso. Já assuntei também sobre os treinadores mal humorados. Volto ao assunto, mesmo correndo o risco da repetição, graças ao que escreveu oportunamente esta semana o paulista Cosme Rímoli no seu blog e que reproduzo abaixo:

“Jorge Fossati comprou briga com quem não poderia.

O treinador uruguaio se irritou com uma pergunta banal e abandonou a coletiva do Internacional.

Ele foi brincar com fogo.

A imprensa gaúcha é séria e ranzinza.

Parece a paulista.

Com a grande diferença que não tolera desaforos.

Em São Paulo por causa da enorme concorrência na mídia, provocações, respostas atravessadas até abusos são tolerados.

Um grande exemplo foi Leão que cansou de fazer rodízio.

Humilhava cada dia um jornalista.

E contava com a covarde conivência dos outros que riam do repórter embaraçado.

A carreira de Leão nos grandes clubes acabou.

Mas ainda existem outros.

Muricy acredita que virou sua marca registrada ser grosso.

Dá Ibope nos jornais esportivos da tevê.

E é sempre seco quando o assunto não lhe interessa.

Por exemplo, a endividada diretoria palmeirense que precisa buscar como reforços jogadores que estavam há quase um ano parados, como Lincoln.

Ou então Luxemburgo que geralmente escolhe um garoto recém saído da universidade ou um repórter interiorano para desabafar toda a sua irritação.

A grosseria, má educação, prepotência é diluída nas Capitais com mais de dois clubes grandes.

Em Porto Alegre não.

Ou você é Inter.

Ou é Grêmio.

Inclusive repórteres.

E o mais interessante é que os jornalistas ficam mais agressivos quando cobrem as equipes que gostam.

Treinadores que tentam humilhar repórteres impreterivelmente não se dão bem.

Em Porto Alegre há uma linha de conduta.

A imprensa é mais unida.

Jorge Fossati se irritou à toa.

Mas nunca poderia ter abandonado a coletiva.

Haverá retaliação.

Uma bobagem como esta reflete mais tarde.

Quando a equipe está na fase decisiva, lutando por um título.

Em Porto Alegre, os jornalistas esportivos têm vida própria.

E seus veículos de comunicação costumam comprar a briga.

Não baixam a cabeça com quem quer que seja.

Peleiam.

Não são meros marionetes como nos grandes centros do País.

Onde o importante para a tevê, rádio e jornal o que vale é ter a palavra de quem é importante.

Repórter é descartável.

Como um aparelho de barbear usado.

O que interessa é vender.

A irritação do treinador do Inter é injustificável.

Sua campanha é impecável, o time ainda não perdeu sob o seu comando.

Ele acabou de ganhar o Grenal.

Fossati comprou briga com quem não poderia.

É esperar para ver…"

Acrescento: como mudou esse Fossati, hoje treinador do Inter e que conhecemos aqui como goleiro campeão pelo Avaí em 1988.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Estádios? Nem sei mais por onde se entra


Admiro torcedores que ainda arranjam força e entusiasmo para freqüentar estádios. São uns heróis. Não aqueles que enchem a cara para arrumar coragem e confusão, mas os que gostam do futebol e dos seus clubes. Simples assim.

Já perdi o ânimo para enfrentar engarrafamentos, falta de segurança, truculência de policiais mal preparados, risco de carro arrombado, banheiros imundos, desrespeito de assessores de imprensa cheirando a fralda mijada, locais de trabalho com mesas e cadeiras quebradas, torcedor bêbado invadindo cabines e cobrando elogios ao seu time. Ou aquele da arquibancada mesmo que gosta de interpelar jornalistas com idêntico propósito. E as comidinhas, verdadeiros passaportes pro inferno? Deus me livre. Campo de futebol hoje só por obrigação profissional. Prefiro a pipoca, a segurança e o conforto da minha casa em fente a tv.

E olhem que escrevo de barriga cheia. Quem vive em Florianópolis tem situação um pouco diferenciada.Um pouco, eu disse. Ainda se confunde mordomia e privilégio para alguns, rádios, principalmente, com a necessidade de oferecer condições de trabalho para qualquer profissional a serviço que pise no seu estádio. Salgadinhos, café e refrigerantes não substituem linhas de transmissão, acesso à internet ou uma prosaica bancada onde se possa escrever ou colocar um lap top.

A Federação faz vistorias que não ultrapassam as quatro linhas do gramado, invariavelmente sem a presença de um jornalista para defender as nossas cores. Quando aparece um, trabalha para o outro lado, pressionado pelo comprometimento de uma relação que prefiro nem comentar. E salve o pay per view.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Jornalismo festivo

Tem uma coisa que me incomoda muito no jornalismo esportivo de hoje que é essa cobertura festiva, recheada de oba-oba, independente da modalidade. Claro que o futebol é a maior vitrine para essa relação promíscua que se estabeleceu entre jornalistas e fontes, intimidade incomum, inadequada e bem visível quando se trata de material veiculado principalmente por televisão e rádio. Os programas de debates, às centenas por esse país futebolístico, expõem outra face, a que pertence ao segmento da mídia impressa.

São poucos os repórteres, comentaristas ou narradores que resistem à tentação de uma boa puxada de saco, em prejuízo da informação, das perguntas pertinentes, reproduzindo inverdades ou situações mais próximas da ficção.

Há grandes especialistas nesta fórmula que toma conta do jornalismo esportivo brasileiro. Nem é preciso citá-los individualmente, são bastante conhecidos do ouvinte-telespectador-leitor. É uma praga que se espalhou pelas redações do país inteiro. Alguns jornais, raros programas de televisão, número menor ainda em se tratando de rádio, escapam dessa mania nacional.

O passionalismo do torcedor impede maiores reflexões sobre o assunto. Elogios ao seu time e seus ídolos acomodam arquibancadas, dirigentes e profissionais envolvidos com o meio futebol ou modalidades que margeiam o dia a dia do noticiário esportivo. A crítica, mesmo que isenta e bem intencionada, provoca efeito contrário. Tem gente que já apanhou ou foi ameaçado de morte por emitir opiniões livres de paixões, deixando a festa e o foguetório para os torcedores de carteirinha. São chamados de ranzinzas, “do contra” e acusados de torcerem pelo adversário.

Tostão escreveu esta semana na sua coluna da Folha de São Paulo abordagem parecida com a que faço aqui, mas com a mesma conclusão: “O jornalista tem de estar perto da fonte e das notícias e, ao mesmo tempo, ter um distanciamento crítico”. Nosso distanciamento na realidade é outro, bem longe do que deveria ser uma regra e se transformou em honrosas exceções.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Na técnica ou no pedal?

Há duas semanas Dunga e a seleção estavam à margem do noticiário, apesar de vivermos um ano de Copa do Mundo. A não ser por citações esporádicas, o assunto permanecia no fundo das gavetas de editores da grande mídia do país.

Bastaram algumas firulas e alguns gols bonitos, outros nem tanto, para Ronaldinho Gaúcho voltar ao noticiário com volume e freqüência impressionantes. Dunga deve andar com as orelhas quentes pela insistência com a tal nova fase do dentuço e a possibilidade da sua convocação. Realmente ele vem mostrando futebol próximo do que jogou principalmente no Barcelona. Nessa hora ninguém resiste a uma boa especulação, principalmente em paralelo à péssima fase do Robinho no Manchester City.

Ronaldinho em forma e mostrando os dentes pela alegria de jogar futebol é titular da seleção para com sua técnica ajudar Kaká, hoje uma andorinha no time brasileiro. Se depender de coerência Dunga pode chamar Ronaldinho de volta, jogador a quem ele já deu atenção nos seus piores momentos. Já tem gente torcendo para a imprensa calar o bico antes que aflore o Dunga birrento e o Brasil vá para a África do Sul pedalando.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Futebol, originalidade, despotismo e equilíbrio

Nosso campeonato está começando cheio de novidades e nenhum favorito, contrariando palpiteiros de plantão como blogueiros, jornalistas de carteira assinada, ex-jogadores, ex-treinadores, ex-árbitros, os conhecidos práticos e furadores de fila no mercado de trabalho legalmente reconhecido.

Este ano vamos ver nove estrangeiros em campo, divididos entre argentinos, uruguaios, um colombiano e até um naturalizado africano de Togo. Uma Torre de Babel nos gramados que pode levar um pouco mais de curiosidade e entusiasmo às arquibancadas.

De parte da Federação Catarinense de Futebol é que não tem novidade. Nem poderia ser diferente para uma entidade que tem dono há quase um quarto de século. Onde não existe alternância de comando, o terreno é infértil, novas idéias não frutificam. A Federação ainda é dirigida como no século passado, nos tempos das reuniões de José Elias Giuliari no restaurante Lindacap, altos da Felipe. A sugerida profissionalização não passa da porta da rua para dentro da sede levada para o quintal do nosso déspota não esclarecido em Balneário Camboriú.

Exatamente nesse ponto chegamos aos direitos de transmissão, retomados legitimamente pela RBS. As leis de mercado explicam tudo sem necessidade de grandes debates. A fragilidade e falta de preparo da concorrência facilitam o jogo para o grupo gaúcho. O perigo das exclusividades é a transformação dos seus profissionais de jornalistas em agentes de publicidade e propaganda, com o conseqüente e inevitável comprometimento da opinião. Ou alguém vai se atrever a falar mal do produto que está ajudando a divulgar? Que maravilha, hein presidente Delfim?

A história a ser contada nos estádios sofre a natural influência desta composição. A começar pelas vistorias pra inglês ver feitas pela Federação. A imprensa não participa, emudece a partir daí. Depois se queixa da falta de estrutura para o trabalho. Não fossem Bombeiros e a Polícia Militar teríamos – e teremos um e outro - jogos em campinhos de pelada.

Ah, os melhores times, os favoritos. Nesse quesito somos os melhores, praticamente imbatíveis. Duvido que tenha outro campeonato no Brasil com tanto torcedor nas cabines e tantos favoritos em campo. A competição é enxuta, uma virtude, com apenas dez participantes, e no mínimo cinco candidatos sérios ao título, uma originalidade. Avaí, Figueirense, Joinville, Chapecoense e Criciúma, não necessariamente nessa ordem, formam o pelotão de frente. Cinco em dez, cinqüenta por cento, a metade da lista pode levantar a taça, uma proporção foram do comum. Podem procurar na concorrência, não existe, cobrimos qualquer oferta. Garantia da côrte e seus áulicos.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ah, essa mania de fazer fofoca

O governador Luiz Henrique e o vice Leonel Pavan estão de viagem marcada para o exterior. O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Jorginho Melo, louco pelo poder, estranhamente abriu mão de ocupar o cargo na vacância dos dois e cedeu a vez para o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador João Eduardo Souza Varella.

Parece que tudo vai bem no Estado, que nesse momento prescinde da presença do governador e vice. Ambos podem viajar tranqüilos, apesar de o presidente da Assembléia andar muito atarefado ao ponto de recusar a honraria da cadeira governamental. Não há com o que se preocupar, os desastres naturais acontecem para atormentar Rio, São Paulo e nossos vizinhos do Rio Grande do Sul. Nnossos municípios e suas estradas estão em perfeito estado, a Defesa Civíl pode dormir tranqüila, qualquer coisa basta ligar para as assessorias de Luiz Henrique ou do Pavan, que estarão a postos no exterior para o que der e vier.

Pensando bem, é uma boa oportunidade pro pessoal pegar a estrada. A coincidência de o Leonel Pavan estar sendo indiciado por corrupção não altera a ordem dos fatos para o Tribunal de Justiça. Seu desembargador presidente vai tomar conta da casa direitinho e não vai influir sua momentânea presença no cargo do Luiz, em substituição ao Leonel e ao Jorginho. Afinal de contas, amigo é pra essas coisas e ninguém tem nada a ver com isso. Muito menos esses jornalistas políticos intrometidos. Felizmente, conhecendo o seu lugar, resolveram ficar quietinhos e não abriram o bico. Tá na hora mesmo de parar com fofocas e suspeitas infundadas.