Isso mesmo. Sou a favor da censura, ampla geral e irrestrita para declarações da maioria dos jogadores de futebol, dirigentes, árbitros, preparadores físicos, médicos e determinado tipo de jornalista. Se alguém ligado ao mundo do futebol foi esquecido, sinta-se incluído nesta relação.
Não tem coisa mais chata atualmente do que lidar com as informações em qualquer área do futebol seja pela implicância de alguns com a mídia esportiva, seja pela total incapacidade do entrevistado, ás vezes do entrevistador, falar algo que preste. A coisa piorou com essa mania de botar a torcida pra falar. Que chatice, quanta porcaria, quanta inutilidade no ar.
A maior prova da total falta de imaginação e criatividade nos gramados e cercanias é a uniformização de procedimentos, como os tais treinos secretos e entrevistas coletivas. Não conheço um caso – se alguém souber de algum me corrija, por favor – de jogo ganho por causa dos segredos de vestiários. Pelo contrário, o time escondido e misterioso entra em campo e não se vê ao menos uma jogada ensaiada. Com raríssimas exceções – e põe raridade nisso -, jornalistas e torcedores conseguem vislumbrar lances fora do comum.
A mesmice é a tática preferida. E quando aparece gente diferente no pedaço, como essa meninada do Santos, é tratada como um bando de alienígenas. E basta uma palavrinha fora do contexto, como costuma nos brindar o ousado e atrevido Neymar, para caírem de pau em cima do garoto. Ele não ofende ninguém, não diz nenhum desaforo, só fala o que sente naquela sua linguagem juvenil.
A turma prefere mesmo é o enjoadíssimo politicamente correto. Há casos em que o time vira para o segundo tempo ganhando de goleada, pode até ser um nove a zero, mas não tem jeito. Lá vêm as obviedades, com o tal de respeito ao adversário, em futebol acontece de tudo, vamos dar o nosso melhor em busca dos três pontos, vamos levantar a cabeça e trabalhar... E por aí vai.
Jogador que consegue juntar meia dúzia de frases é uma jóia rara. Participei faz tempo, (até a incompetência dos administradores entrar em ação e acabar com tudo), de um programa na TV Cultura/Florianópolis. Nada de muito diferente. Toda a segunda-feira eu e meu parceiro de bancada, o Fernando Linhares, tínhamos a oportunidade de conversar e de analisar os acontecimentos esportivos do final de semana. Um belo dia combinamos: convidado no programa tinha que saber falar, para evitar que aquela caríssima uma hora de tevê se transformasse em suplício, para nós e para o público.
Diminuiu bastante o tamanho da bancada, rarearam os convidados, mas conseguimos destravar o programa e fazer fluir melhor o noticiário e os debates. É aquela história, em boca fechada não entra mosca. E o povo não houve bobagem. Tenho pena hoje dos repórteres e âncoras de programas esportivos, submetidos à aridez de idéias e conteúdo que contempla boa parte da nação futebolística.
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