Morano Calabro, o princípio de tudo
Estou voltando hoje, ainda meio insone por causa do fuso horário, cinco horas a menos em relação à Europa. Foi uma viagem espetacular na companhia do César Valente, meu fiel escudeiro. Além de amigo, o César tem uma queda para agente de viagem, o que tornou mais fácil nossa estada de 15 dias pela Itália e duas cidades da Suíça. O homem organizou tudo, desde passagens de avião, trens, reservas de hotéis, até o roteiro completo do primeiro ao último dia, e aluguel de carros que ele mesmo dirigiu.
Na primeira semana tivemos a companhia de outro amigo, o Luiz Lanzetta, parceiro e também motivador desta viagem com traços sentimentais e afetivos. Meus avós paternos são calabreses, como os bisavós dele. Fomos atrás do nosso passado em Morano Cálabro, uma encantadora cidadezinha de pouco mais de quatro mil habitantes, encarapitada nas montanhas do norte da Itália. Depois de Roma, Morano, alguns balneários do norte italiano, incluindo a bela costa amalfitana, e muitos bons vinhos calabreses, o Lanzetta voltou para Brasília chamado por compromissos profissionais.
César e eu seguimos adiante, rumo a Castel San Pietro Termi, uma pequena e acolhedora estância de águas termais já no nordeste da Itália. Foi nosso sossegado quartel general para saídas a Firenzi e Veneza, onde assisti ao maior engarrafamento de gente, de vaporetos e gôndolas nos canais da cidade. Uma beleza histórica sob uma avalanche terrível de turistas que mal têm tempo para apreciar e mensurar o valor desta cidade.
Tranquilidade só acordando muito cedo para conhecer suas vielas, pontes e atrações históricas entremeadas pelos canais. Para se ter uma pálida idéia do que estão fazendo com Veneza, um japonês endinheirado fez lá seu casamento e lua e mel, com o devido registro de fotógrafo e cinegrafista. Eu vi, passei na hora em uma dos tantos cenários escolhidos pelo casal.
Deu tempo de ir à fábrica e ao museu da Ferrari, em Maranello, pertinho de onde estávamos hospedados. Depois passamos rapidamente por Nápoli, um horror em matéria de sujeira e sensação de insegurança, pelas belíssimas Bologna e Milão, com direito aos dois últimos dias em Lugano e Locarno, onde os milionários gastam parte os seus depósitos assegurados em bancos suíços.
Os alemães também estão turistando por lá, a exemplo dos italianos com seus inseparáveis cachorros. Eles sujam calçadas, parques e acompanham os donos até em restaurantes, onde ficam sob as mesas. Dependendo do humor dos bichinhos que entram e saem a todo momento tem briga de cachorro de todos os tamanhos. Maitres e garçons, constrangidos, ficam com aquela cara de paisagem, sem saber o que fazer. Dizem que isso é civilizado, coisa de primeiro mundo. Só concorda com essa bobagem quem não suja a sola do calçado, tem o olfato prejudicado ou é surdo. E olha que eu gosto de cachorro.
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