Assisti a uma matéria mostrada pelo Sportv sexta-feira à noite sobre o descontrole de um professor em quadra nos Jogos Escolares em Pouso Alegre, Minas Gerais. Além de quase agredir seus atletas ao dar instruções em uma partida de handebol, o técnico-professor aos gritos ainda chamou um deles de burro. Ao ser entrevistado o “mestre” se encheu de razão e afirmou que tinha o direito de falar e agir como quisesse com seus pupilos. Para tanto, disse ele, como técnico daquela equipe tinha o aval dos pais e do diretor da escola.
Não fiquei surpreso. Estou acostumado com isso em competições estaduais e nacionais. Nosso sistema esportivo é farto em competições na faixa etária que a matéria da Sportv mostrou. Em Santa Catarina temos o Moleque Bom de Bola, Jogos Escolares, Olimpíada Escolar e Joguinhos Abertos, onde a disputa dentro da ética do esporte e da valorização do lúdico de vez em quando é posta de lado em troca da vitória a qualquer preço.
Como repórter ou assessor da Fesporte testemunhei em diversas ocasiões alunos-atletas ofendidos com palavrões, instruções passadas aos gritos e até agressões com safanões e tapas na cabeça, como aconteceu uma vez num jogo de basquete de um time catarinense em Poços de Caldas. Nunca esqueci aquela cena.
E inúmeras outras que, se não terminaram em agressão física, passaram pelo grito, pelo palavrão, um tratamento inadequado em se tratando de jovens atletas. O grave é que em várias oportunidades os pais assistem tudo das arquibancadas sem tomar nenhuma atitude. E complementam a violência contra a garotada, meninos ou meninas, com a mesma prática adotada pelos técnicos, caso seu filho (a) tenha saído da quadra com derrota.
É constrangedor assistir um jovem atleta sofrendo esse tipo de agressão de pais e professores. É a má educação para o presente e para o futuro. Aliás, não vejo ações deste tipo como saudáveis e apropriadas nem com equipes adultas, como é tão rotineiro no futebol profissional ou em modalidades de quadra. Aqueles treinadores xingando a arbitragem, seus próprios jogadores e às vezes até adversários me incomodam demais.
Sempre comentei o assunto na Fesporte, onde tive a oportunidade de trabalhar em todos os eventos por ela planejados e executados. Mas minhas teorias nunca prosperaram. Resumiam-se apenas a tema de conversas eventuais com a área técnica.
Como acabo de ser indicado pela Associação dos Cronistas Esportivos para o Conselho Estadual de Esporte, quem sabe consigo tratar do tema com mais profundidade. Penso que o Conselho é um dos fóruns apropriados para levar adiante a discussão sobre esta necessidade de melhor preparo de professores com a responsabilidade de educar, dentro e fora das salas de aula.
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