terça-feira, 30 de agosto de 2011

A passarela do dinheiro público

O Governo do Estado através da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte, doou R$ 600 mil para um evento de moda promovido pela RBS. A generosidade do Secretário César Souza Júnior é compreensível. Afinal, fazer um agradinho à mídia mais poderosa de Santa Catarina certamente terá sua compensação mais adiante.

Só não entendo porque outras áreas do governo não mereçem a mesma atenção. Trabalhei oito anos na Fundação Catarinense do Esporte, a instituição faz tudo no meio esportivo do estado. Todos os eventos de todas as faixas etárias estão sob os cuidados da Fesporte e dos municípios que abrigam as competições. Os repasses são escassos, chorados, e a carência de recursos é tamanha que já houve situações de penúria que provocaram o cancelamento de alguns eventos. Aconteceu na gestão do deputado Gilmar Knaesel e a gripe foi a desculpa arranjada na época.

A Fesporte e seus dedicados funcionários da área técnica têm sob sua tutela, o ano inteiro, Jogos Escolares, Olimpíada Escolar, Joguinhos Abertos, Jogos da Terceira Idade, Parajasc, Parajesc, Jogos Abertos, Maratonas Aquáticas, Moleque Bom de Bola, Festival de Dança e Prêmio Recriar. Além destes compromissos estaduais a Fesporte ainda é responsável pela definição, acompanhamento e suporte técnico e financeiro das delegações que representam Santa Catarina nas competições nacionais como Jogos Abertos Brasileiros, Jogos Escolares Brasileiros, Paraolimpíadas, Olimpíada Escolar Brasileira e Jogos Paradesportivos.

Um calendário repleto de competições estaduais e nacionais como o da Fesporte não pesa na balança e nem merece atenção do governo. Digo eu, de todos os governos. Nunca houve o mínimo interesse visando proporcionar, por exemplo, uma cobertura de mídia compatível com a importância dos eventos diretamente relacionados à Secretaria que abriga o esporte junto com cultura e turismo. Mas o dinheiro sai e é liberado a rodo, beneficiando projetos sobre os quais raramente temos notícia ou só ficamos sabendo quando os recursos já foram consumidos em passarelas da conveniência dos políticos.


domingo, 28 de agosto de 2011

Um show de violência e estupidez


Cara ensanguentada é a marca do lutador UFC

Pancadaria, muito sangue, exploração explícita da violência e o povo urrando de satisfação nas arquibancadas assistindo homenzarrões sarados se enfrentando a socos e pontapés. Pão e circo em um tipo de entretenimento classificado como esporte por aqueles que descobriram o filão com garantia de arenas lotadas e totalidade de ingressos vendidos antecipadamente a preços nada populares.

É o tal do UFC - Ultimate Fighting Championship - uma luta estúpida, invenção americana que mistura boxe com artes marciais e ganha espaços descomunais na mídia do mundo inteiro. Basta acessar os sites e suas páginas esportivas para se ter uma boa idéia da banalização da violência e da estupidez do ser humano. Não foi diferente na semana brasileira, no Rio de Janeiro, em uma arena montada na Barra da Tijuca lotada de celebridades, com muitos jogadores de futebol – Ronaldão Tim Maia estava lá – e astros da televisão. Noticiário garantido todos os dias, em todos os horários, cujo ápice para delírio do povaréu aconteceu na programação dos confrontos do sábado à noite.

Alguns dos principais clubes brasileiros, entre eles Corinthians, Flamengo e Inter, atraídos pela espetacular exposição midiática, investiram um punhado de dólares para ter sob suas bandeiras e escudos os nomes dos melhores lutadores. Estou curioso para saber qual a repercussão fora destes coliseus modernos junto àquela parcela de torcedores (?)que baba de prazer vendo os gladiadores com a cara ensanguentada ao final de cada combate.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fora Delfim & Cia



Repercute no eixo – mais em São Paulo, onde tem menos bajuladores do poder, do que no Rio de Janeiro, por coincidência sede da Globo – a nota oficial publicada no site da Federação Catarinense de Futebol ameaçando de expulsão dos estádios quem se manifestar contra Ricardo Teixeira. A peça pra lá de ridícula é da lavra de Delfim Pádua Peixoto Filho, que em 2015 baterá o recorde mundial de permanência no poder, 30 anos, graças a uma alteração nos estatutos da “sua” FCF. Mas também, é preciso registrar, com a prestimosa colaboração dos presidentes de clubes, cuja grande maioria é omissa e conivente com a truculência que há quase três décadas, ou mais, domina o futebol catarinense.

Delfim Peixoto quer proteger il capo de tutti capi,que retribui ao servilismo do seu fiel escudeiro com merecidas mordomias. Quem prestou atenção na postura do presidente da FCF como chefe da delegação sub-20 que semana passada ganhou o Mundial da categoria na Colômbia tem a medida do perfil desse cartola e o que ele faz para alimentar seu ego e ao mesmo tempo agradecer a Teixeira. Na festa dos garotos pela conquista do título, ainda dentro do gramado, Delfim foi gentilmente - não precisava tanta educação dos agentes de segurança – convidado a se retirar para que os fotógrafos fizessem o registro apenas dos campeões. Fácil de entender as razões das ameaças aos torcedores que ofenderem (?) o Dr. Teixeira.


A íntegra da nota


A Federação Catarinense de Futebol vem a publico manifestar seu repudio contra qualquer manifestação ofensiva, realizada em jogos no território de Santa Catarina, direcionada ao Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Dr. Ricardo Terra Teixeira, bem como à própria CBF.


Especialmente com relação a informações veiculadas na imprensa referentes ao clássico entre Figueirense e Avaí, válido pela Série “A” do Campeonato Brasileiro, que será realizado no próximo domingo, 28 de agosto, no estádio Orlando Scarpelli, as presidências das duas equipes também se mostraram absolutamente contrárias a este tipo de atitude por parte de seus torcedores.


A FCF ressalta que este tipo de manifestação se configura como uma infração ao Estatuto do Torcedor, cujo artigo 13-A, inciso IV, dispõe: “São condições de acesso e permanência do torcedor no recinto esportivo sem prejuízo de outras condições previstas em lei”- IV - “não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenofóbico”.
O parágrafo único deste artigo estabelece que “o não cumprimento das condições estabelecidas neste artigo implicará a impossibilidade de ingresso do torcedor ao recinto esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento imediato do recinto, sem prejuízo de outras sansões administrativas, civis ou penais eventualmente cabíveis”.
A Diretoria e o Presidente da FCF, Dr. Delfim Pádua Peixoto Filho, reiteram sua parceria e seu apoio à Confederação Brasileira de Futebol e seu Presidente, Dr. Ricardo Teixeira, que sempre foi um amigo e deu suporte ao futebol catarinense. Lembramos ainda que “ninguém será considerado culpado até o transito em julgado ter sentença penal condenatória”, conforme trata nossa Constituição Federal, no inciso LVII do Artigo 5º.


A Federação Catarinense de Futebol deseja ainda que os jogos realizados no estado sejam momentos de confraternização e lazer para os torcedores, e que prevaleça o espírito esportivo, com paz entre as torcidas e destas com relação a todos os envolvidos no meio esportivo, sejam clubes, órgãos de imprensa ou entidades administradoras do desporto.



O futebol catarinense infelizmente sempre andou atrelado à Federação e aos mal feitos dos seus dirigentes. Gente honesta não resiste, cai fora. Ou nem assume. É assim no país inteiro. Não conheço exceções. Se houver, me apresentem a elas. A participação dos nossos clubes nas quatro séries do Campeonato Brasileiro caminha por trilhas tortuosas, algumas vezes traiçoeiras, dependendo das conveniências e do percentual de submissão. Como acontece por todo o Brasil com o nosso esporte favorito, em algumas situações, ainda que amadoristicamente conseguimos evitar a contaminação de admnistrações que só visam benefícios pessoais. Para dizer o mínimo.


No entanto, quem dorme com cães acorda com pulgas, como os presidentes de clubes que apóiam incondicionalmente gente como Delfim e Ricardo Teixeira. E ainda usam criminosamente o Estatuto do Torcedor para justificar atos como os preconizados pela nota publicada no site oficial de uma instituição que existe para fazer do futebol uma verdadeira opção de lazer, e não um espetáculo degradante como o que se avizinha. No mais, é de lamentar que a arbitrariedade tenha o aval dos presidentes de Avaí e Figueirense. Todos se merecem.

ATUALIZAÇÃO

ADVERTÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES DO MP AOS CENSORES

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA NO MUNICÍPIO DE JOINVILLE/SC


RECOMENDAÇÃO


O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador daRepública infrafirmado, no exercício de suas atribuições constitucionais e legais,respaldado, em especial, no art. 6º, inciso XX, da Lei Complementar nº 75/93, e CONSIDERANDO


1. competir ao MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Carta Magna, promovendo as medidas necessárias à sua garantia, conforme prescrito pelo art. 129, II, da Constituição Federal, e arts. 5º, I, “h” e art. 6º, V, c/c art. 7º, da Lei Complementar nº 75/93;


2. que a Federação Catarinense de Futebol (FCF) lançou em seu endereço eletrônico uma Nota Oficial, na qual veta (censura prévia) qualquer manifestação nos estádios catarinenses contra a Confederação Brasileira de Futebol –CBF – ou seu Presidente, Ricardo Teixeira.


3. que a FCF ameaça impedir a entrada ou retirar dos estádios catarinense torcedores que manifestem contra a CBF ou seu Presidente.


4. que tal Nota fere de morte o direito de livre expressão de pensamento e manifestação, garantido em diversos Tratados e Convenções internacionais das quais o Brasil é signatário, além da Constituição Federal.


5. que incumbe ao MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL promover as medidas necessárias para a proteção do interesse público, sendo os principais instrumentos de atuação a expedição de RECOMENDAÇÕES, a instauração de INQUÉRITOS CIVIS e o ajuizamento de AÇÕES CIVIS PÚBLICAS;


Dessa forma, O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RESOLVE:


RECOMENDAR,


à Federação Catarinense de Futebol e ao Estado de Santa Catarina, representado pelo Sr. Sadi Lima, que


a) revogue a determinação de inviabilizar o exercício do direito a crítica e manifestação de pensamento.


b) afaste a determinação de impedir a entrada nos Estádios, ou retirar dos Estádios, torcedores que estejam exercendo seu direito a crítica e manifestação de pensamento.
Ao Estado de Santa Catarina que não impeça a entrada, ou retire dos estádios, torcedores que estejam exercendo seu direito constitucional de crítica e manifestação de pensamento.


Por derradeiro, ADVERTE que o não atendimento da presente RECOMENDAÇÃO ensejará a adoção das medidas legais cabíveis.


Salienta ainda que as providências adotadas em virtude desta recomendação deverão ser imediatamente informadas a esta Procuradoria da República, ou, no máximo, em 48 horas.


Joinville/SC, 26 de agosto de 2011.
Mário Sérgio Ghannagé Barbosa
Procurador da República


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Tá na cara, o voto não é a nossa arma


Um somatório de incompetência, desleixo, omissão e falta de interesse para com as necessidades da população, trazem a rotineira manchete sobre novo atraso nas obras de ampliação do aeroporto Hercílio Luz. Que de internacional aquilo não tem nada a gente já sabe faz tempo, principalmente depois que fizeram aquele puxadinho ridículo, um barracão chamado de sala de embarque.

É um emaranhado de burocracia, de mentiras e desfaçatez que fariam corar um frade de pedra. Continuam as desculpas esfarrapadas que envolvem também o acesso ao que hoje chamam de aeroporto. Uma secretaria de estado empurra responsabilidades para os licenciamentos da Fatma, que passa a bola para as dificuldades das desapropriações aolongo da avenida Diomício Freitas. O assunto volta para a secretaria e o secretário da vez, e nada de solução.

O impressionante nesse vai da valsa é a inoperância da bancada catarinense na Câmara e Senado, enquanto aqui os deputados estaduais colaboram assistindo de camarote o jogo de empurra em obras fundamentais para o futuro do estado e conforto dos seus eleitores. Para essa turma que anda de helicóptero e jatinho pra lá e pra cá não faz muita diferença um aeroporto ruim ou uma estrada assassina como a 101 Sul escancarando o estágio atual da política e dos políticos brasileiros.

Vejam só que interessante.Dia desses a deputada estadual Ângela Albino (PC do B) e a federal Ângela Amin (PP) usaram o tuíter para se queixar da vida e da estrada. As Ângelas, em dias e horários diferentes, ficaram trancadas em engarrafamentos na 101, uma no pedágio de Palhoça e outra mais adiante, sem informar exatamente sua localização. Não legislam nem atuam nem em causa própria. Pelo menos é o que parece.

É o caso de nós contribuintes, que não temos alternativas aéreas nem terrestres, lutarmos contra a ineficiência e os mal feitos de alguns destes ilustres parlamentares do todos os partidos nas várias instâncias onde atuam os eleitos por nós, pobres mortais, que não ganhamos 14 salários, jetons, diárias e outras benesses.

Vamos para o terceiro presidente desde FHC e as promessas, nesses dois casos especialmente, não foram cumpridas, nem por ele, muito menos pelos sucessores. Como aqui, com nossos respeitáveis governadores e seus secretariados de fantasia. O triste é constatar que as urnas não dão jeito nisso. O voto não é definitivamente a nossa arma. É a deles.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Nem Mano explica



A CBF trabalha sempre contra os clubes que a sustentam e lhes dão visibilidade, e que por tabela tornam o futebol brasileiro conhecido mundialmente com a revelação de jogadores que vão se destacar na seleção.

Nada sensibiliza a entidade dirigida por Ricardo Teixeira. Ela só atrapalha e suga seus filiados ao longo da temporada. Os culpados são os próprios dirigentes subservientes ao presidente da CBF, aos seus desmandos e à sua incompetência. O Campeonato Brasileiro é o que menos interessa, apesar de ser uma das competições mais importantes do mundo com um regulamento relativamente novo para os brasileiros que premia a eficiência e a regularidade.

Como até hoje Ricardo Teixeira e seus comandados não se preocuparam em construir um calendário adequado às exigências internas e externas do nosso futebol, o que se vê a cada convocação da seleção brasileira é um despropósito. Mano Menezes e seus antecessores carregam esse piano.Ele bem que se esforça para jogar uma cortina de fumaça sobre os efeitos danosos sofridos pelos clubes que perdem jogadores importantes para amistosos, tipo esse que vem por aí, inicialmente contra o Egito, trocado agora por Gana. Ia tudo muito bem em matéria de escolha de adversários até que perdemos para a Argentina, França, Alemanha, e empatamos com a Holanda.

Nessas horas a discussão sobre os nomes chamados por Mano é interminável e aumentou esses dias com a volta de Ronaldinho à seleção. Pra que, por que agora, ele terá fôlego para a Copa de 2014, hoje não é apenas um jogador de clube? Nunca vai se chegar a um consenso sobre as idéias de um treinador sobrecarregado pela importância do cargo mais visado pelas críticas do que um presidente da República.

Com suas omissões e equívocos a CBF só contribui para ampliar a confusão, que ganha a força de um tsunami na medida em que o tempo passa e ainda não temos estádios nem um time encaminhado e com credibilidade. O pior para Mano Menezes e ninguém se deu conta da importância e gravidade, é que depois do Maracanazo de 1950 ele e seu intrépido e indefinido grupo serão os primeiros a enfrentar a pressão que representa disputar uma Copa do Mundo em casa. Zagalo, Parreira e Felipão, campeões mundiais, não passaram por esse tormento. Se antes não houver demissão ou uma saída voluntária e estratégica, há um divã à espera de Mano Menezes no caminho de 2014.

sábado, 13 de agosto de 2011

Má educação


Assisti a uma matéria mostrada pelo Sportv sexta-feira à noite sobre o descontrole de um professor em quadra nos Jogos Escolares em Pouso Alegre, Minas Gerais. Além de quase agredir seus atletas ao dar instruções em uma partida de handebol, o técnico-professor aos gritos ainda chamou um deles de burro. Ao ser entrevistado o “mestre” se encheu de razão e afirmou que tinha o direito de falar e agir como quisesse com seus pupilos. Para tanto, disse ele, como técnico daquela equipe tinha o aval dos pais e do diretor da escola.

Não fiquei surpreso. Estou acostumado com isso em competições estaduais e nacionais. Nosso sistema esportivo é farto em competições na faixa etária que a matéria da Sportv mostrou. Em Santa Catarina temos o Moleque Bom de Bola, Jogos Escolares, Olimpíada Escolar e Joguinhos Abertos, onde a disputa dentro da ética do esporte e da valorização do lúdico de vez em quando é posta de lado em troca da vitória a qualquer preço.

Como repórter ou assessor da Fesporte testemunhei em diversas ocasiões alunos-atletas ofendidos com palavrões, instruções passadas aos gritos e até agressões com safanões e tapas na cabeça, como aconteceu uma vez num jogo de basquete de um time catarinense em Poços de Caldas. Nunca esqueci aquela cena.

E inúmeras outras que, se não terminaram em agressão física, passaram pelo grito, pelo palavrão, um tratamento inadequado em se tratando de jovens atletas. O grave é que em várias oportunidades os pais assistem tudo das arquibancadas sem tomar nenhuma atitude. E complementam a violência contra a garotada, meninos ou meninas, com a mesma prática adotada pelos técnicos, caso seu filho (a) tenha saído da quadra com derrota.

É constrangedor assistir um jovem atleta sofrendo esse tipo de agressão de pais e professores. É a má educação para o presente e para o futuro. Aliás, não vejo ações deste tipo como saudáveis e apropriadas nem com equipes adultas, como é tão rotineiro no futebol profissional ou em modalidades de quadra. Aqueles treinadores xingando a arbitragem, seus próprios jogadores e às vezes até adversários me incomodam demais.

Sempre comentei o assunto na Fesporte, onde tive a oportunidade de trabalhar em todos os eventos por ela planejados e executados. Mas minhas teorias nunca prosperaram. Resumiam-se apenas a tema de conversas eventuais com a área técnica.

Como acabo de ser indicado pela Associação dos Cronistas Esportivos para o Conselho Estadual de Esporte, quem sabe consigo tratar do tema com mais profundidade. Penso que o Conselho é um dos fóruns apropriados para levar adiante a discussão sobre esta necessidade de melhor preparo de professores com a responsabilidade de educar, dentro e fora das salas de aula.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Os Caça-Fantasmas estão de volta

Todos os treinadores que passaram pela seleção brasileira não escaparam de críticas e contestações sobre convocação ou resultados. Alguns resistiram bravamente, entre eles os campeões Zagalo, Parreira, e Felipão. Este último sabiamente preferiu sair no lucro, deixando a seleção após a conquista da Copa de 2002 para fazer nome e fortuna na Europa.

Mano Menezes apenas segue o roteiro e a sina que perseguem os técnicos brasileiros, sem exceção. Depois de um início cheio de otimismo e de confiança por parte da mídia, Mano começa mais cedo a sofrer com o peso do cargo que ocupa há exatamente um ano.

Nesse curto período de trabalho a seleção tropeçou nos testes mais difíceis, solicitados pelo próprio treinador. Um time renovado empatou com a Holanda, perdeu para Argentina, Itália, França e Alemanha, além de ser eliminado da Copa América pelo Paraguai. Os adversários escolhidos pelo próprio Mano compensariam a falta de jogos complicados, já que o Brasil como sede da próxima Copa não precisaria passar pelas eliminatórias sul americanas.

No confronto com equipes de primeira linha, ao contrário daquelas babas de épocas anteriores, as teorias de Mano Menezes até agora não vingaram. Pior, os resultados negativos começam a lançar suspeitas sobre os métodos do treinador, convocações e suas ligações perigosas. Ninguém entende, por exemplo, a insistência com André Santos, de atuações irregulares e autor de um dos lances mais bizarros já vistos em um jogo da seleção. A Alemanha deve a ele o terceiro gol na vitória desta quarta-feira.

André é só um exemplo que pode ser acrescido a outros nomes como Renato Augusto, Lucas Leiva e Fernandinho, jogadores que pertencem ao empresário Carlos Leite, por coincidência o mesmo de Mano. A renovação já não está mais servindo como justificativa. Afinal, como entender a entrada do estreante Luiz Gustavo somente aos 41 minutos do segundo tempo? Presume-se que ele será chamado outras vezes, ou então a avaliação deste jogador em pouco mais de cinco minutos não fará nenhum sentido nem merecerá um pingo de crédito.

Felizmente ainda há tempo para as correções necessárias, com ou sem Mano Menezes. Depois da derrota para a Alemanha, com direito ao chamado "banho de bola", Ricardo Teixeira garantiu que Mano está “prestigiado”, o que na vida de um treinador representa muito pouco. Apesar deste apoio formal e explícito do poderoso chefão, não há mais espaço para um técnico que passo a passo derruba a confiança da mídia e do torcedor por equívocos pontuais na definição do time e nas convocações, alimentando as argumentações contrárias ao trabalho de renovação que a seleção brasileira exige.

A primeira providência para correção de rumo, para espantar suspeitas e críticas mais pesadas é trocar de empresário. Os Caça-Fantasmas já sinalizaram com a tentativa de captura de Muricy Ramalho e Luiz Felipe Scolari.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Acredite, se quiser

Orlando Silva foi o entrevistado do programa Roda Viva desta semana na TV Cultura. Garantiu que o Brasil vai realizar a Copa de 2014. Ulalá, agora estamos tranqüilos. Afinal, o homem é Ministro e do Esporte. Quem manda mais do que ele nesta área no país?

Orlando tentou dar respostas interessantes, embora não tenha trazido grandes novidades em suas declarações otimistas. Apenas promessas mirabolantes. Quando o assunto aterrissou nos aeroportos brasileiros, todos com seus limites esgotados e movimento já 20% acima do previsto,desconsiderou o grande atraso das obras – algumas nem começaram – e prometeu céu de brigadeiro no período da Copa.

Qual a mágica para atender o cronograma e impedir um caos aéreo ninguém conseguiu captar nem o Ministro foi muito claro nas suas explicações. Ficamos com a sua palavra, só ela. Se até lá a Polícia Federal ou algum órgão fiscalizador da União não desapontar o otimista Orlando e atrapalhar seus planos, além de causar um novo constrangimento ao governo da presidenta Dilma. Como já aconteceu nos ministérios dos Transportes, da Agricultura e por último do Turismo. Olha aí, justo o turismo no olho do furacão e virando caso de polícia a dois anos da Copa das Confederações e a três da Copa do Mundo.

Por fim, Orlando Silva tratou de tranqüilizar a imprensa, quando prometeu que ninguém será barrado (empresa ou jornalista)na cobertura da Copa. Ricardo Teixeira fez essa ameaça na entrevista à revista Piauí. Mais forte do que a CBF e a FIFA? A conferir Ministro Orlando.

No entanto a informação mais curiosa da semana não veio de Orlando Silva, mas sim de Carlos Cavioli, tenente-coronel da Polícia de Choque de São Paulo. Cavioli, nada famoso ou tão influente como um Ministro, surpreendeu a mídia ao dizer, em alto e bom som na Comissão do Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, que os novos e modernos estádios que estão sendo construídos – também com atraso – para a Copa de 2014 só poderão ser utilizados pelos clubes brasileiros oito meses após o encerramento da competição mundial.

Readequação foi a palavra utilizada pelo policial paulista para justificar sua contundente afirmação. Exemplo: a FIFA não permite a utilização de alambrados nos estádios da Copa porque gosta da aproximação do público com o gramado e os jogadores.Coisa impensável em se tratando de praças esportivas brasileiras e da violência do torcedor.

Só isso dá bem a medida do que poderá impedir a utilização das novíssimas arenas por seus verdadeiros proprietários, quando não estado ou município, como em Manaus, Salvador e Brasília, por clubes como o Corinthians com o seu Itaquerão, e o Inter, com o reformado Beira Rio. Casa nova, vida velha, é o que reserva o futuro para o torcedor brasileiro. Inacreditável.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O 13 de Zagalo ronda o Brasileirão


A superstição de Zagalo com o número 13 sobrevive junto aos seus 80 anos bem vividos. Até na homenagem dos botafoguenses ao aniversariante e um dos seus mais ilustres torcedores domingo, no Engenhão, o “velho lobo” abraçou o 13, ao ser cumprimentado por Loco Abreu. Pois o atacante, vestindo a camisa treze, acabou marcando dois gols na goleada de 4 a 0 sobre o Vasco, além de ser escolhido como um dos destaques do clássico.

Não era a décima terceira rodada do Campeonato Brasileiro, mas o número preferido do Zagalo apareceu com força também longe do Engenhão. Dorival Júnior, demitido logo após a derrota do Atlético MG para o Figueirense sábado à noite, foi o 13º treinador a perder o cargo. Os companheiros de infortúnio treze do Dorival até aqui são Cuca (Cruzeiro), Enderson Moreira (Flu), Falcão (Inter), Renato Gaúcho e Julinho Camargo (Grêmio), Mauro Fernandes, Antônio Lopes e Milagres (América MG), PC Gusmão (Ceará), Silas (Avaí), Carpeggiani (SP) e Adilson Batista (Atlético PR). Como o Brasileiro só termina em dezembro é possível que nesse ritmo o número de demitidos chegue a 26, duas vezes 13. Xô Zagalo.

sábado, 6 de agosto de 2011

As regras que não são claras

Ambulância no gramado não impressionou a arbitragem


O procurador do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) Paulo Schmidt, em sua tradicional caça às bruxas, vai oferecer denúncia contra o jovem atacante gremista Leandro. Na partida de quarta-feira, no Olímpico, o jogador do Grêmio acertou uma pancada com a mão direita no rosto de Eron, do Atlético-MG, numa disputa de bola.

Com base nas imagens daquela partida o procurador vai formalizar a denúncia. Leandro terá de responder pelo artigo 254-A (agressão) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). A pena mínima prevista é de quatro partidas, sendo a máxima, de 12 jogos de suspensão.

O lateral do Atlético fraturou o nariz e saiu do campo de ambulância, direto para um hospital, enquanto o agressor sequer foi advertido na hora com cartão pelo árbitro paulista Guilherme Cereta de Lima. O que acontece nesses casos com o trio de arbitragem? Nada. Só Leandro será levado ao banco dos réus pelas imagens de TV. É por essa omissão dos tribunais e da CBF que a arbitragem no Campeonato Brasileiro é uma tragédia.

Não levemos em conta as reclamações rotineiras de jogadores, técnicos e dirigentes. Estas, na maioria das vezes, fazem parte do choro dos perdedores. Os vencedores nunca reclamam. O problema está no resultado da falta de qualificação de grande parte dos árbitros que trabalham nas principais séries do Campeonato Brasileiro e até mesmo nos estaduais.

Dois pesos e duas medidas é o que mais impressiona na marcação de faltas, na aplicação de cartões, na punição ao anti-jogo e, no lance mais discutido em uma partida de futebol, as irregularidades que definem o pênalti. Seja por toque de mão ou a falta convencional. Nesse e em outros momentos de uma partida é visível também a pusilanimidade dos árbitros de um modo geral, com decisões quase sempre em favor do time da casa ou da equipe que veste a camisa com maior peso por nome e tradição.


Ao invés de punir a CBF tem, ao contrário, premiado a incompetência e procedimentos dúbios com a manutenção dos envolvidos nas escalas seguintes do campeonato. No máximo acontece o afastamento por uma ou duas rodadas, nada mais. O cara volta ao apito cometendo as mesmas arbitrariedades ou em edição piorada com o respaldo da Comissão de Arbitragem, à qual ele é subordinado, e graças aos olhos semicerrados de um tribunal que só enxerga as infrações dos jogadores. Em nenhum dos casos, com árbitros ou atletas, é aceitável o exagero, uma norma de conduta do procurador Schmidt. Aliás, qualquer declaração contestando procedimentos do STJD ou de dirigentes da CBF é passível de punição. Cadê o equilíbrio e o bom senso determinados por regras muito claras? Essas não são levadas em conta pelas autoridades do desporto brasileiro.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A Copa do Mundo é nossa

Mas o que nós ganhamos com isso?

Por Marcelo Semer

O pontapé inicial de 2014 foi um chute no lombo do brasileiro: uma festa-sorteio com cara de programa de televisão, que custou a bagatela de trinta milhões de reais, repartidos entre dois bons patrocinadores: o Estado e a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Um evento que poderia ter sido realizado nas dependências da própria Fifa, ou de qualquer teatro, fechou por quatro horas o principal aeroporto do Rio para evitar que o trânsito e o barulho das aeronaves atrapalhassem a retirada dos papeizinhos dos potes na Marina da Glória.


Esse é um pequeno exemplo de como o país vai se condicionando a aceitar as regras da Fifa, para a realização do campeonato.
Seguir as regras, no entanto, não parece ser o forte da própria Fifa. Recentemente sua eleição esteve dividida entre dois candidatos acusados de grandes irregularidades. O opositor foi banido e o atual presidente reeleito, não sem indignação daqueles que perderam escolha de sedes, acusando a corrupção de estar campeando por aquelas plagas.


Como alento para Inglaterra e outros derrotados, pelo menos o fato de que não precisarão condicionar suas licitações nem seus aeroportos para os eventos da competição.
Indignados como egípcios com três décadas de Mubarak, milhares de brasileiros tuitaram na semana passada pela saída do todo-poderoso Ricardo Teixeira da presidência da CBF, cargo que ocupa há mais de vinte anos. Seu sogro, João Havelange, dirigiu a Fifa por mais tempo ainda, e Joseph Blatter segue pelo mesmo caminho.


A alternância de poder não é uma prática na política do futebol. Ricardo Teixeira explicou bem isso recentemente em uma entrevista. Disse que seus opositores estavam apenas enchendo o saco e que a CBF era uma organização privada.
Este tem sido melancolicamente o retrato do futebol profissional: imensos lucros privados e despesas públicas tão imensas quanto para garanti-los.


Ou alguém duvida que todo esse discurso de "iniciativa privada" desaparece quando se faz necessário o aval das autoridades nos grandes eventos?
Para o futuro estádio de Itaquera, o aval municipal representa centenas de milhões de reais em "incentivos fiscais", o aval estadual, outros setenta milhões para aumentar a arquibancada, e o aval federal, metade do preço da construção em empréstimos a fundo perdido de nosso banco público de investimentos.


Quando criança, eu sonhava com uma Copa do Mundo no Brasil. Não havia nascido em 1950. Sempre pensei: está aí uma coisa que podemos fazer com o pé nas costas, contando com estádios de grande capacidade em praticamente todas as capitais do país.
Nossos campos tem sido suficientes para que dezenas de milhares de brasileiros acompanhem seus jogos a cada fim de semana ¿ mas, como se viu, absolutamente inaptos para receber os jogos da Fifa. Alguém seguramente está nos enganando...


Mais grave que construir novas obras desnecessárias, com parceiros que a Fifa gosta de "sugerir", ou com regras de licitações mais "ágeis e modernas", é a própria ideia de submissão. Como se um campeonato de futebol, que se afirma privado, pudesse influenciar razões de Estado.


Um juiz de direito no Rio de Janeiro reclamou da pressão "não-republicana" que sofreu para uma decisão que o governo do Estado cobrou, por intermédio do presidente de seu Tribunal de Justiça.
Imagina-se que quanto mais se aproxima o início da Copa, mais as pressões "não-republicanas" se multipliquem. Mas, afinal, que interesses devem ser preservadores prioritariamente na hora de julgar um processo?


Milhares de pessoas podem ser retiradas de suas moradas por estarem no caminho de grandes obras, sem que o Estado se preocupe, primeiro, em alojá-las condignamente.
Alguma grande obra de moradia popular está sendo planejada para diminuir o enorme déficit do país, de modo que possamos nos beneficiar de uma "herança social" da Copa?
A habitabilidade dos mais carentes no Rio de Janeiro não mudou nada com a realização do Pan-2007, muito embora os valores gastos pelos governos tenham triplicado em relação à previsão inicial.
Será esse o saldo da Copa?


Dirigentes festejando magníficos contratos, clubes privados recebendo ajuda para construir suas arenas e os jogos, como sempre, com preços inacessíveis para quem paga os impostos que garantiram tais benefícios.
Ao final, é bem possível que passemos essa Copa acompanhando tudo como mais um programa de televisão.
Com a diferença de que vai ser o mais caro programa de televisão que pagamos na vida.


Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os efeitos do algo de podre


O Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 tirou do sério Dilma Roussef ao negar credenciais para alguns jornalistas que fazem a cobertura diária no Palácio do Planalto. Entre eles estavam repórteres do SBT e da Record que foram impedidos de acompanhar a presidenta durante o sorteio para as eliminatórias da Copa, solenidade realizada na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.

É o primeiro impasse criado pela exclusividade que a Globo detém para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. A justificativa do COL foi que para a FIFA o fornecimento de credenciais a outros veículos de comunicação representaria quebra de contrato com a Globo. Apenas algumas credenciais foram liberadas, mas o alvo era, principalmente, a TV Record, que não pôde acompanhar Dilma Rousseff no evento.

Irritada, Dilma entendeu a negativa como retaliação de Ricardo Teixeira à Record, que ultimamente tem divulgado denúncias de corrupção contra o presidente da CBF. Como as relações entre o Palácio do Planalto e Teixeira já não andam muito amistosas, esse imbróglio ainda vai dar muita confusão, principalmente se a Record continuar levantando o tapete para onde está sendo empurrada toda a sujeira do futebol brasileiro e dos seus principais dirigentes.

O único acesso livre a toda a imprensa no fim de semana presidencial aconteceu na coletiva de Pelé, promovida pelo Governo Federal no Museu de Arte Moderna, fora da jurisdição da FIFA e do COL. Assessores palacianos argumentaram que é praxe jornalistas de Brasília acompanharem a movimentação da presidenta Dilma, dentro e fora do país e que, portanto, os obstáculos criados no Rio de Janeiro são injustificáveis.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A pressa que traz o improviso e desconforto

Dia desses dei uma passadinha no SOS Cárdio para ajudar na inauguração das suas novas instalações. Novas, mas nem tanto. Passei algumas horas, das 10h30 até quase às 16hs, sob atenção e bom atendimento de uma médica atenciosa e do pessoal da enfermagem.

Porém, sempre tem um, porém, saltavam aos olhos as improvisações e precariedade de algumas instalações e equipamentos.Talvez pelo pouco tempo de vida do empreendimento, apesar da promessa de modernidade. Para começo de conversa, minha pressão foi medida com o braço tendo como apoio uma gaveta aberta. Na sequência deitei em uma maca para o eletrocardiograma. Aqui sem reparos.

Passei depois para uma sala grande com pacientes de outros procedimentos. Esperei por alguns minutos sentado em uma cadeira velha para que colhessem meu sangue, novamente com o braço sobre uma mesinha quebra-galho. Para encerrar a série de exames com um raio xis do pulmão, na mesma sala e acomodado no mesmo móvel, experimentei a sensação esquisita de ter a chapa colocada entre as costas e o espaldar da cadeira.

Exatamente assim, com um equipamento portátil expondo a todos à radiação. Não houvesse esse risco, os enfermeiros e atendentes não seriam enxotados da sala pelo operador a cada “fotografia”. Os doentes em volta, presos por fios, tubos ou simplesmente catatônicos pela saúde debilitada, não tinham alternativas a não ser permanecer ali, imóveis e sem entender direito o que estava acontecendo.

O resultado do exame de sangue demorou mais de duas horas. "Trabalhamos com três laboratórios e o seu foi para Barreiros", me explicou gentilmente alguém de jaleco branco.Que azar. Lá pelas tantas da tarde, cansado pela demora e desconforto da recepção da emergência, reclamei um pouco. Uma funcionária educadamente sugeriu que eu fosse para a recepção do hospital que fica ao lado. Lá tem poltronas confortáveis e uma televisão, explicou.

Não sei se a pressa da inauguração foi a causa de tanto despropósito. Só pode ser. Lá fora mais problemas. O estacionamento é cobrado. Cinco reais a hora. Com tolerância de apenas 10 minutos, é uma mina de ouro, pois não há outra opção em torno do prédio.

Achar o acesso ao SOS Cárdio rodando naquele trecho final da SC-401, logo abaixo da “curva da morte”, é não só difícil como um risco de morte. Ou de vida, como queiram. Na saída, quase sob o viaduto do Itacorubi, o resultado caótico de mais uma improvisação, outra obra prima do Deinfra: caso o paciente tenha escapado de algum acidente cardíaco, pode morrer de acidente de trânsito.

Neste fim de semana passei por ali. Ví de novo mais máquinas e caminhões da Sul Catarinense - parece ser a única empreteira que temos por essas bandas - e continua tudo como dantes. Não há solução diferente para entrada e saída daquela casa de saúde recém transferida da Trompowski, equipada para curar e salvar vidas. Tomara lá dentro as coisas tenham mudado e correspondam à propaganda.