O texto abaixo é de Luiz Zini Pires, colunista e blogueiro do jornal gaúcho Zero Hora, e serve de alerta para torcedores e conselheiros mais entusiasmados com parcerias e promessas megalômanas de construção de novas praças esportivas. A moda agora são as Arenas. Em Santa Catarina o sonho, por enquanto, é de Figueirense e Avaí. Entendam a cautela com um assunto tão sério:
“O Conselho gremista está desenhando o futuro do clube. As decisões devem pavimentar as próximas cinco décadas do Grêmio: asfalto bom ou estrada vicinal. Sai o Estádio Olímpico, casa histórica, entra a Arena, projeto milionário. Fica no horizonte próximo o estupendo valor do estádio novo em folha de 50 mil lugares: R$ 300 milhões. A idéia é começar a construção em 2009 e finalizar em 2012.
Conta-se nos dedos das mãos os países que estão construindo estádios de porte semelhante. A crise econômica planetária, que começou justamente no setor imobiliário, tem assustado os investidores, cortado novos investimentos e adiado projetos já definidos. Crédito volumoso é algo raro, ao contrário de dois meses atrás quando havia dinheiro para usinas e arranha-céus.
Não sei quem tem hoje no Brasil algo como R$ 300 milhões para bancar um novo estádio de futebol do porte do Projeto Arena. No Rio Grande do Sul,eu tenho certeza, não tem ninguém.
O Conselho azul foi eleito pelos sócios lotados de boas intenções, torcedores como os que suam das arquibancadas em domingos de sol e de decisão. O Conselho nasceu para ser a voz, a consciência e a certeza dos tricolores. É. Mas nem sempre acerta.
O Conselho tem feudos, tem donos, tem grupos, tem turmas, tem ótimas intenções. Falta união. Tanto que o homem que mais conhece e entende do Projeto Arena, Eduardo Antonini, está sendo afastado por questões políticas.
Os homens do Conselho não podem errar o seu próximo movimento, o mais importante da história do Grêmio. Não podem enterrar o Olímpico num projeto inviável. Quem conhece um bom estádio europeu sabe como os nossos, em sua grande maioria, estão superados. Sabe o real valor de um novo, o que ele pode fazer para melhorar a vida de um clube. O dinheiro novo que entra somente através do marketing é um espanto.
A trágica ISL nasceu sob as palmas do Conselho na mesma sala do Olímpico. Lembra? O erro quase destruiu o Tricolor, que ainda paga dívidas da virada do milênio, atrasa o avanço do clube e viu ex-dirigentes importantes seriamente envolvidos com a Justiça. Alguns ainda são vaiados nas ruas.
Anos depois, navegando no fracasso da decisão, conselheiros confessaram que não haviam lido o contrato ou entendido a festejada parceira. Foram enganados pela sotaque suíço, por outros europeus, 500 anos depois dos primeiros colonizadores que desembarcaram na Bahia (terra da OAS) trocando espelhos por ouro.
O mínimo que se pode esperar dos conselheiros é a leitura completa do acordo entre o clube e a construtora OAS. Não é hora de apressar nada. Pelo contrário, pé no freio e calma. O momento é o de ler nas entrelinhas, olhar as letrinhas miúdas, descobrir deveres e direitos, antes de qualquer movimento. Pegar a lupa emprestada de advogados, engenheiros, administradores e consultores, um exército deles.
A ISL é o fantasma da vida do Grêmio. A Nova Arena pode ser a redenção.”
“O Conselho gremista está desenhando o futuro do clube. As decisões devem pavimentar as próximas cinco décadas do Grêmio: asfalto bom ou estrada vicinal. Sai o Estádio Olímpico, casa histórica, entra a Arena, projeto milionário. Fica no horizonte próximo o estupendo valor do estádio novo em folha de 50 mil lugares: R$ 300 milhões. A idéia é começar a construção em 2009 e finalizar em 2012.
Conta-se nos dedos das mãos os países que estão construindo estádios de porte semelhante. A crise econômica planetária, que começou justamente no setor imobiliário, tem assustado os investidores, cortado novos investimentos e adiado projetos já definidos. Crédito volumoso é algo raro, ao contrário de dois meses atrás quando havia dinheiro para usinas e arranha-céus.
Não sei quem tem hoje no Brasil algo como R$ 300 milhões para bancar um novo estádio de futebol do porte do Projeto Arena. No Rio Grande do Sul,eu tenho certeza, não tem ninguém.
O Conselho azul foi eleito pelos sócios lotados de boas intenções, torcedores como os que suam das arquibancadas em domingos de sol e de decisão. O Conselho nasceu para ser a voz, a consciência e a certeza dos tricolores. É. Mas nem sempre acerta.
O Conselho tem feudos, tem donos, tem grupos, tem turmas, tem ótimas intenções. Falta união. Tanto que o homem que mais conhece e entende do Projeto Arena, Eduardo Antonini, está sendo afastado por questões políticas.
Os homens do Conselho não podem errar o seu próximo movimento, o mais importante da história do Grêmio. Não podem enterrar o Olímpico num projeto inviável. Quem conhece um bom estádio europeu sabe como os nossos, em sua grande maioria, estão superados. Sabe o real valor de um novo, o que ele pode fazer para melhorar a vida de um clube. O dinheiro novo que entra somente através do marketing é um espanto.
A trágica ISL nasceu sob as palmas do Conselho na mesma sala do Olímpico. Lembra? O erro quase destruiu o Tricolor, que ainda paga dívidas da virada do milênio, atrasa o avanço do clube e viu ex-dirigentes importantes seriamente envolvidos com a Justiça. Alguns ainda são vaiados nas ruas.
Anos depois, navegando no fracasso da decisão, conselheiros confessaram que não haviam lido o contrato ou entendido a festejada parceira. Foram enganados pela sotaque suíço, por outros europeus, 500 anos depois dos primeiros colonizadores que desembarcaram na Bahia (terra da OAS) trocando espelhos por ouro.
O mínimo que se pode esperar dos conselheiros é a leitura completa do acordo entre o clube e a construtora OAS. Não é hora de apressar nada. Pelo contrário, pé no freio e calma. O momento é o de ler nas entrelinhas, olhar as letrinhas miúdas, descobrir deveres e direitos, antes de qualquer movimento. Pegar a lupa emprestada de advogados, engenheiros, administradores e consultores, um exército deles.
A ISL é o fantasma da vida do Grêmio. A Nova Arena pode ser a redenção.”
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