terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lições do campeonato

No 'Lance', de hoje


O DESPERTAR DAS ILUSÕES
Por JOSÉ LUIZ PORTELLA


O Palmeiras iludiu-se com Luxemburgo. O Palmeiras e a Traffic.
O Fluminense iludiu-se com Renato Gaúcho; o Vasco, com Roberto Dinamite; o Flamengo,
com Márcio Braga e Caio Jr.
O despertar é de ressaca.
O Palmeiras entregou-se a Luxemburgo.
Ele teve a Traffic; portanto, dinheiro e os jogadores que quis.
Rejeitou a vários.
Como sempre, quis adotar o modelo all inclusive (tudo incluído).
Você contrata Luxemburgo por um custo absurdo, acima da própria capacidade de receita.
Ele vem com uma comissão técnica caríssima e passa a mandar em tudo.
Ninguém entende de nada; só ele sabe de futebol, de gestão, de tudo.
O pacote deu nisso: o pior posto na classificação para a Libertadores com um elenco que
promete não passar da fase de grupos.
Algo que outros técnicos menos cotados e com salários muito inferiores já o fizeram.
O custo não valeu o benefício.
O Fluminense tinha time para estar na zona da Libertadores.
Abriu mão disso ao entrar na do Renato Gaúcho, no início do campeonato.
Amargou um ponto ganho no Brasileirão por várias rodadas para poupar o elenco em fase
prematura.
Acreditou nessa de comando absoluto do técnico!
Roberto Dinamite pensou que a simpatia seria suficiente.
Quando entrou, não trocou a estrutura de Eurico, não fez a remodelação necessária.
Depois, acreditou que um boleiro amigo (o Tita) resolveria.
Solução atual da moda: coloca um boleiro de técnico ou gerente que resolve.
Porque ele fala a linguagem do jogador. Só que ser boleiro não assegura capacidade de
gestão nem conhecimento técnico.
Na seqüência, Dinamite entrega o poder para Renato Gaúcho, que chega com os mesmos
erros do Flu.
E com quem não tem nem afinidade de idéias. Na reta decisiva, ficaram brigando em público.
O Flamengo deixou-se levar pelo discurso presunçoso de um presidente que abre champanhe antes da conquista e teve por Caio Jr a mesma ilusão que nutriu o Palmeiras.
De fato, Caio é uma figura decente no futebol; mas essa condição, necessária, não é suficiente
para dirigir times de ponta em momentos de decisão.
Márcio é retórica. E isso não resolve: ilude.
No meio de todas essas ilusões brotou o São Paulo, campeão.
Parabéns ao Tricolor.
Que fez a sua parte sem brilho, sem administração de S/A, como disseram.
O São Paulo, que poderia ser vanguarda do futebol brasileiro, não avança.
Deve se perguntar por que fazer mais se assim é o suficiente?
Se a concorrência não o estimula, deixa como está.
Os clubes concorrentes estão a ajudar o Tricolor ser campeão.
Iludidos, além de optarem pela figuração permanente, eles atrasam o avanço do futebol
brasileiro.

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