sábado, 18 de agosto de 2007

Sábado

Passado

Repórter setorista era aquele sujeito que acompanhava o dia a dia dos clubes, assistia treinamentos, fuçava os bastidores, questionava dirigente, corria 24 horas atrás da informação, sempre tentando evitar bola nas costas de algum concorrente. Um porteiro, roupeiro, massagista, desde que devidamente recompensados podiam ser boas e insuspeitas fontes. Era de lei escutar atrás das portas, burlar a vigilância da cartolagem, conquistar a confiança da boleirada, nada que implicasse em algum tipo de comprometimento, o chamado “rabo preso”. Trocar figurinhas com algum companheiro de outro veículo? Nem morto. Hoje a formalidade decretada pelas assessorias de imprensa – necessárias, mas com função distorcida –, igualou os noticiários de rádio e as matérias de jornais. Os treinos secretos, a blindagem, a mentira como regra de conduta, a pouca maleabilidade e a antipatia de alguns treinadores, somados à falta de criatividade dos dirigentes, matariam de tédio ou provocariam a demissão de qualquer bom jornalista esportivo daqueles tempos.

Presente

O Figueirense parece organizado, mas seu relacionamento com o torcedor e a imprensa está suficientemente desgastado para provocar um vazio cada vez maior nas arquibancadas do estádio Orlando Scarpelli. Jogo de Copa Sul-Americana contra o São Paulo, líder do Brasileirão, não pode ter um público de apenas 8 mil torcedores. O clube precisa reavaliar o sotaque de seus atuais porta-vozes e trocar a assepsia do noticiário oficial por uma relação natural e amistosa com torcida e imprensa. E acabar também com o tratamento diferenciado dispensado por alguns de seus representantes a jornalistas do Rio e São Paulo.

Inércia + incompetência =

Na Capital do Estado, dirigentes municipais e universitários assistem passivamente o esporte da região despencar no contexto estadual. Inclua-se aí, principalmente o Carlão, ex-atleta olímpico, hoje na direção da Fundação Municipal de Esportes, e um prefeito enrolado em operações sobejamente conhecidas. Florianópolis aos poucos acaba com suas áreas verdes, não tem parques nem equipamentos esportivos e os novos espaços públicos, como os aterros da baía sul, estão entregues ao mato e à bandidagem. O primeiro aterro, entrada da cidade, tem vários monstrengos em cima: um merdódromo, uma rodoviária, um centro de eventos, horroroso e até hoje sob suspeição, garagens de ônibus, camelódromos e um sambódromo para ser utilizado três dias ao ano. Tudo de frente para o mar.

Enquanto isso

O estádio do Sesi, em Blumenau, está em obras para a implantação de uma pista sintética de atletismo, a segunda em Santa Catarina. A primeira, hoje em péssimo estado e abandonada pelos responsáveis, foi construída com dinheiro público em Itajaí, na época sob os auspícios da Univali e da Prefeitura. O espaço é pouco para um detalhamento maior de razões aqui expostas, mas nesse vai da valsa é fato concreto que tão cedo ninguém vai quebrar a hegemonia blumenauense no esporte de Santa Catarina.

Espelho meu, espelho meu

O presidente da Federação Catarinense, doutor Delfim, gosta muito de exaltar atos corriqueiros, elevando-os à condição de verdadeiras façanhas. Ao protagonizar esse exercício quase diário do “Eu me amo, eu sou o bom”, esquece, por exemplo, de fiasqueira da divisão de acesso, cheia de clubes irregulares, participantes de hoje, eleitores de amanhã, e de um campeonato estadual de juvenis e juniores disputado em segredo, em campos secundários ou centros de treinamento. Justo uma competição com divisões de base, futuro do nosso futebol, que poderia (ou deveria), por exemplo, ser incluída como preliminares de jogos das duas séries do Brasileirão. Menos confete, mais organização e competência fariam um bem danado ao futebol catarinense.

Andorinha

O engenheiro Luis Fernando Philipi, vice-administrativo do Figueirense, participou da reunião realizada ontem pela CBF no Rio de Janeiro para tratar de Copa do Mundo. O governo de SC mandou só gente do andar de baixo, e ainda assim, atrasados.

2 comentários:

  1. Caro Mário, quanto à FME de Florianópolis o que se esperar de um administrador (sic) que é subjugado e aceita imposições político-eleitorais para aturar em seu órgão quatro ex-candidatos derrotados a vereador apenas para atender interesses do senhor prefeito? Tá aí o resultado. Aliás, o prefeito não comparece aos principais eventos esportivos que a cidade ainda consegue sediar.

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  2. Ah! a Fesporte vai pelo mesmo caminho.

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