sexta-feira, 4 de junho de 2021

SAUDADE DO JOÃO

 É sabido que o Brasil não tem paciência com treinadores. Os estrangeiros que passam por aqui não duram muito tempo ou, se tiverem sucesso em prazo curto, escapam de ter a cabeça a prêmio. Os brazucas agora estão protegidos pela normatização da CBF que estabeleceu uma troca apenas durante um mesmo campeonato, valendo o mesmo para aqueles que quiserem romper o contrato unilateralmente. 

Não vale, claro, para a seleção brasileira, cujas decisões sobre quem a comanda dependem muito do caboclo de plantão na presidência. Dito isso vamos à polêmica do momento envolvendo Tite, há algum tempo olhado com desconfiança pela grande mídia brasileira por suas escolhas nas convocações e escalações. Isso faz parte no país onde cada cidadão desde que nasce se acha um técnico e com direito a palpitar, Tite não escapa das avaliações passionais e sustentadas, mais das vezes, pelo regionalismo exacerbado. 

O que incomoda  no técnico atual e que não o diferencia da maioria dos brasileiros colegas de profissão são as falas, apelidadas de "Titês", popularmente conhecidas como a arte de não dizer nada. O caso presente é a recusa dos brasileiros e outros sul americanos que estão na Europa de jogarem a Copa América, presente grego da Conmebol ao Brasil. Aceitação com a benção do governo militar e das costumeiras tergiversações  do Tite. 

O militante político, jornalista e escritor, João Saldanha, no auge do regime militar, largou a seleção, contrariado com as interferências do presidente Emílio Garrastazu Médici, o mais cruel dos ditadores. Queria escalar Dario, por exemplo. Na época os brasileiros lutavam contra prisões, torturas e assassinatos. Hoje combatemos a crise sanitária que já matou quase meio milhão de brasileiros. 

A primeira recusa de jogar a Copa América deveria partir do comandante. Mas não combina com o perfil do Tite e seria entendida como insubordinação, motivo para "justa causa". Apesar das manifestações contundentes dos seus comandados ele preferiu abafar o assunto, empurrando-o para depois do jogo contra o Equador em Porto Alegre. Nesse meio tempo pode ter sucesso na tentativa de demover os "revoltosos". É prudente não contrariar o chefe para não colocar em risco seu emprego milionário. Saudade do João. (foto Diário da Liberdade)


 

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