O jogo das convocações
para a seleção brasileira é duro e não muito limpo. Rogério Ceni uma vez
comentou o assunto e nunca mais foi chamado. A bola da vez na administração de
interesses nem sempre ao alcance do torcedor é Mano Menezes, recém
defenestrado por José Maria Marin. Mano convocou 102 jogadores. Segundo levantamento feito por um
jornalista de São Paulo, 27 deles são ligados a Carlos Leite, seu empresário. Hulk,
a mais estranha preferência do ex-treinador da seleção, não está na lista dos
negócios do Leite, mas também nunca caiu nas graças da mídia e da torcida. Vale pelo
seu futebol, argumentaria Mano.
Alguns nomes chamaram a
atenção, inclusive nosso mané Renan, goleiro do Avaí, que depois foi contratado
pelo Corinthians e desapareceu. A surpreendente precocidade da convocação
parece que fez mal ao jogador. Cássio, também corintiano como o marido enganado
Andres Sanches, transformado em titular por Tite, virou convocável, enquanto
Diego Cavalieri só apareceu para enfrentar a Argentina no último jogo do ano, junto
com quatro companheiros do Fluminense. Outra atitude estranha do técnico,
pois enquanto o Flu disputava o título, não chamou ninguém, muito menos Fred,
até então seu desafeto.
Na relação dos
empresados por Carlos Leite e convocados por Mano, ainda aparecem os meias Elias (Sporting), Jucilei
(Anzhi), Luiz Gustavo (Bayern de Munique), Renato Augusto (Bayern Leverkusen),
Fernandinho (Shakthar) e o atacante Jonas (Valência). Mais cedo ou mais tarde, e depois da seleção,
claro, alguns acabaram envolvidos em negociações. A renovação com experiências
era uma das tarefas de Mano Menezes, mas nunca com jogadores sem futuro ou
envelhecidos. Até o zagueiro Durval, do Santos, apareceu para jogar contra os
argentinos, junto com o meia Fellype Gabriel, rejeitado no Botafogo pelo
técnico Osvaldo Oliveira e pelos torcedores.
Seja quem for o próximo
treinador, não acredito que a seleção fique livre deste balcão de negócios
acrescidos dos amistosos vendidos para uma empresa das arábias. Jogar no
exterior dá lucro, dizem os cartolas da CBF. Dane-se o torcedor no Brasil, lamentamos
nós. O gozado nessa história é que vender nossos craques para o exterior é imperioso, jogar lá fora,
tudo bem, contratar um técnico estrangeiro, nem pensar.
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