Desde que começaram a encher o futebol de números virou uma chatice ouvir a maioria dos treinadores e alguns comentaristas do esporte. O entrevistado explica o esquema para a próxima partida lançando mão de 3-5-2, 3-6-1, 4-4-2, e mais um monte de baboseira numerológica, deixando zonzo o torcedor-ouvinte-leitor-telespectador. O entrevistador dá corda e o diálogo vira uma conversa de doido.
Quem gosta desse tipo de lorota são os “professores”. Sob a proteção de contas que não fecham, de uma matemática que só eles entendem e que não fazem o menor sentido na maioria dos casos, não precisam explicar porque não escalam determinado jogador, as razões de um mau resultado ou uma substituição mal feita. A estratégia é jogar com os números nas respostas prontas cuja única intenção é desviar o foco do assunto principal. A falta de curiosidade da grande maioria dos repórteres ajuda a montar o quebra cabeça e a espalhar a cortina de fumaça.
Apesar dos bons resultados conquistados até aqui, Péricles Chamusca é um dos exemplos mais próximos da utilização do mantra matemático. Enquanto isso o técnico do Avaí escapa de explicar convincentemente, o crime lesa-patrimônio que comete ao expurgar do time um talento como o cria da casa Rodrigo Thiesen e o aproveitamento de outros atletas tecnicamente muito inferiores. Esse menino não tem servido nem para o banco de reservas e acabou exilado na Copa Santa Catarina, ao mesmo tempo em que alguns pernas de pau ganham vaga entre os titulares para jogar a série A do Campeonato Brasileiro.
Como seus companheiros de profissão, Dunga principalmente, Chamusca se protege com números e acerta no erro. Roberto é um atacante de ofício e goleador, mas só virou titular com a lesão dos preferidos pelo técnico. Na seleção vejam o que aconteceu com Luis Fabiano, escolhido por necessidade e na emergência, só depois de experiências mal sucedidas e lesões dos eleitos por Dunga.
A garotada da base no Avaí é muito mal aproveitada e desvalorizada, ao contrário dos veteranos que vem de fora e ficam mais tempo no departamento médico do que em campo. Parece que a escalação depende da aprovação dos parceiros e donos da maioria dos jogadores. Se não, como explicar a presença no time e a insistência com Rudinei, Davi, Robinho, Batista, entre outros? E o Sávio, quantas partidas jogou pelo Avaí, de que tipo de lesão ele sofre? Como é, nesse caso, a relação custo-benefício com o clube?
São respostas que Chamusca e os parceiros não tem ou não querem dar. Preferem lançar mão dos números, muitas vezes mentirosos ou inúteis. Mas o treinador hoje é o senhor todo poderoso no futebol brasileiro. O atleta vira um mero instrumento, uma pedrinha para mexer em cima do tabuleiro de um jogo com regras que só eles entendem. Ou fingem que entendem.
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