terça-feira, 25 de maio de 2010

Futebol e diplomacia




Nos amistosos contra Zimbábue e Tanzânia a seleção brasileira vai conhecer dois lados diferentes da África. O Zimbábue, antiga Rodésia, vive grande decadência econômica e sérios problemas políticos com a ditadura de Robert Mugabe, fichado na comunidade internacional como um “fora-da-lei, ditador sanguinário e imoral”. Já a Tanzânia é uma das nações mais estáveis do continente, de natureza exuberante e um dos destinos preferidos para o turismo na região.

Os jogos estão marcados para 2 e 7 de junho. O primeiro será em Zimbábue e exigirá muito da diplomacia brasileira em um país com o governo que tem. Não imagino, por exemplo, os principais nomes da seleção brasileira posando ao lado de Mugabe. Se bem que Dunga talvez se sinta em casa. E que vamos enfrentar dentro do campo? A certeza é de mais trabalho para o Itamaraty que já tem dor de cabeça de sobra com os carinhos de Lula ao venezuelano Hugo Chavez e ao iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

Já na Tanzânia o encontro será bem menos tenso, a começar pela postura do técnico adversário, o brasileiro Márcio Máximo. Ele promete um jogo competitivo, mas também quer colaborar com o treinador brasileiro no acerto da nossa seleção. O que ele quer dizer com isso, eu não sei exatamente. É possível que Márcio esteja traduzindo a vontade de Dunga e da Comissão Técnica de colocar o Brasil diante de equipes mais frágeis para evitar alguma lesão séria às vésperas da Copa do Mundo.

É perfeitamente compreensível esse cuidado da CBF, mas havia tempo de sobra para outro tipo de programação e planejamento com a escolha de adversários pelo menos mais representativos no contexto do futebol mundial. E passagem por nações não tão problemáticas e tão mal vistas ao ponto de causar sérios constrangimentos como Zimbábue, obrigando o Imaraty a andar de braço dado com mais uma ditadura.

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