O Grêmio bem que se esforçou para evitar a derrota, mas não passou impune pela casa do Santos. A missão era difícil, ainda que em Porto Alegre o enredo tenha sido diferente com final feliz para os gaúchos. O futebol dos meninos dirigidos por Dorival Júnior – técnico que aprendeu por aqui o beabá dos vestiários, junto com Muricy Ramalho, Adilson Batista e Silas – é empolgante, flui naturalmente e só não agrada os que preferem o tosco. Como fez o Kleber, do Cruzeiro, expulso no primeiro minuto do jogo decisivo contra o São Paulo. Foi, se não me engano, a sua sexta expulsão no ano, segunda na Libertadores.
O Santos não só venceu. Construiu o resultado com três golaços. Tenho a impressão que fico assim tão encantado, acometido de nostalgia, por ter visto o Santos de Pelé, a seleção de 70 e um monte de craques produzidos pelo futebol brasileiro. Especialmente a Vila Belmiro, com breves intervalos, não para de nos enfeitiçar com seus garotos nascidos na base. É uma espécie de bruxaria do bem que dá aos nossos estádios a beleza que de tempos em tempos tanta falta faz à bola que jogamos pelo país inteiro.
E tem gente que não gosta, que não dá à mínima, em nome de um tal de pragmatismo, de uma tal de coerência, daquela fidelidade que exige armaduras para serem vestidas por um grupo de guerreiros.
Essa turma certamente nunca ouviu Noel, não conhece um pedaço sequer do “Feitiço da Vila”, composição que pode, como diz o último verso, emoldurar além do samba da Vila Isabel, o belo futebol nascido e criado na Vila Belmiro.
“Eu sei tudo o que faço, sei por onde passo, paixão não me aniquila. Mas, tenho que dizer, modéstia à parte, meus senhores, Eu sou da Vila!” (Noel Rosa/Vadico)
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