terça-feira, 31 de agosto de 2010

A Copa é nossa, a balbúrdia também

Fonte Nova, quase 60 anos de história no futebol baiano (foto Gazeta)


Afinal, começamos ou não os trabalhos para a Copa de 2014? Parece que sim, com a implosão da Fonte Nova e o anúncio do estádio do Corinthians, o “Fielzão”. Como o povo é rápido para botar apelido já inventaram essa bobagem.

Vamos lá, por enquanto ao som e ao ritmo da banda copeira. Mas é bom ficar de olho e pé bem atrás. Estamos em período pré-eleitoral e depois de as urnas vomitarem (sim, é isso mesmo, dá ânsia ouvir e ver candidatos e candidatas) os eleitos, veremos com quantos reais, dólares ou euros se faz um estádio. Ou uma arena como gostam de mentir e apregoar os arautos de qualquer governo que não se preza.

O fato é que vivemos uma balbúrdia nacional quando se fala em Copa do Mundo no Brasil. Lá se vão quase três anos depois que a FIFA nos passou essa bola e ainda não marcamos nenhum gol. Timidamente mexemos no Mineirão, exilando Cruzeiro e Atlético aos “Ipatingões” da vida. Os resultados de ambos no Campeonato Brasileiro estão aí para provar o quanto dói o distanciamento da torcida.

É por isso que os cariocas se borram de medo de perderem o Maracanã por um bom tempo. O Fluminense festeja a boa fase e esperneia tentando adiar pela terceira vez o fechamento do estádio que já foi o maior palco do futebol brasileiro e que hoje segura a barra dos clubes do Rio de Janeiro. Sem o Maracanã o poderio do Flu, Flamengo e Botafogo cai pela metade. O Vasco tira de letra porque tem o São Januário.

O “Engenhão”, emprestado ao Botafogo, não faz bem nem ao locatário, muito menos ao locador (governo do Rio), que jamais verá a cor do dinheiro. Quando era garoto os locutores de rádio confundiam visitante com donos da casa. Era muito engraçado ouvir o Inter jogando nos Eucalíptos, seu velho estádio, sendo chamado de “clube locatário”.

Falando nos gaúchos, juram que vão mexer no Beira Rio sem a necessidade de jogar o Inter para um estádio periférico. Qualquer um, menos o do bairro Azenha, claro, onde mora o inimigo. Sem trocadilho, de concreto, até agora nada.

Na Bahia implodiram a Fonte Nova, uma senhora de 59 anos, e em São Paulo anunciaram um novo estádio do Corinthians em Itaquera, bairro que os próprios paulistas chamam de dormitório. No entanto, reza a lenda que o local já dispõe de infra estrutura urbana para agüentar o repuxo. Interessante, e nem imaginávamos diferente, é a discussão sobre quem paga a conta. André Sanches, o presidente corintiano, disfarça e sai de fininho, falando em reengenharia financeira. Como, se não se sabe nem a engenharia? Pior é ouvir prefeito e governador prometendo que não haverá dinheiro público na jogada. E pior ainda é a dúvida atroz: estádio para 48 mil ou 65 mil torcedores como exige a FIFA para uma Copa do Mundo? Tudo indica que uma varinha mágica – ou mão no baleiro mesmo – na hora do vamos ver dará conta do recado.

Enquanto isso, Presidente, Ministros – o do Esporte é um deles – e demais autoridades, como bons cabos eleitorais, acenam bandeiras em todas as esquinas do país. E nós, que no final de tudo arcaremos com a despesa, ficamos feito bobos a espera de um milagre. E qual seria esse milagre? Cofres da nação intocados. Quem lembra das estripulias do Pan 2007 no Rio de Janeiro – sempre lá - sabe que não existe milagre no Brasil em se tratando de dinheiro público. Oremos, pois.


Frase premiada na Escola Presidente Getúlio Vargas, em Aracaju.


"O horário político é o único momento em que os ladrões ficam em cadeia nacional".

sábado, 21 de agosto de 2010

Mais uma do Brito e Roberto, agora em Criciúma


Depois de Florianópolis e São José, Paulo Brito, o professor e jornalista, e Roberto Alves, o personagem, chegam a Criciúma nesta segunda-feira. Aproveitando a 23ª edição dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina, a dupla estará na cidade para o terceiro lançamento do livro, “Dás um banho – o rádio, a vida, o futebol e a cidade”, às 19 horas, no Centro de Eventos José Ijair Conti.

O livro foi editado pela Insular, trabalho de outro jornalista, o Nelson Rolim. Nele Brito conta a vida pessoal e profissional do Roberto, com 53 anos de crônica esportiva e boas histórias que marcaram a carreira deste manezinho multimídia. Esta noite de autógrafos, iniciativa da Fesporte, será ilustrada por um vídeo realizado pela Multitarefa do amigo César Valente, com flashes da atividade do Roberto Alves como homem de rádio, tevê e jornal.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Em Abu Dá Bi

Neymar disse ao Santos que fica

É a piada que o torcedor do Inter faz sobre a participação do time em dezembro no Mundial de Clubes em Abu Dhabi, Emirados Árabes. O clube gaúcho ganhou do poderoso Barcelona em 2006 e agora, para repetir a dose, deve passar pela primeira fase para, tudo indica, enfrentar a Inter de Milão no jogo final. Outra brincadeira é que os gremistas anteciparam o fim de semana na serra e no litoral, entupindo estradas para fugir da festa colorada que invadiu a madrugada da quinta-feira.

Com o Rio Grande do Sul garantindo a quarta conquista da Libertadores, duas para cada um da dupla Grenal, é o futebol brasileiro que a trancos e barrancos mantém seu status. Apesar dos maus administradores, da desorganização e da roubalheira que vem por aí com a Copa e a Olimpíada, como já aconteceu com o Panamericano no Rio, ainda encontramos forças para ganhar títulos, repatriar jogadores e, façanha das façanhas, manter por aqui preciosidades como o Neymar. O Santos acaba de peitar o Chelsea para segurar seu craque, a peso de ouro, patrocínios e alguma criatividade na busca pelo suporte financeiro, garantia de proposta maior que a dos ingleses.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Nosso futebol vai bem, obrigado

Florianópolis está muito bem representada nas duas séries principais do Campeonato Brasileiro. Mais que isso, o futebol catarinense sobe no conceito da mídia nacional que não pode mais ignorar um Avaí batendo os quatro maiores clubes paulistas, com vitórias no Morumbi e Vila Belmiro, e atuações de impressionar na Ressacada. O Corinthians, última vítima, jogou aqui com todos os titulares- o Ronaldão não conta mais -, sem desculpa, portanto, para a primeira derrota do Adilson Batista a frente da poderosa equipe paulista. Na série B o Figueirense não se contenta em vencer, tem que golear. É um candidato sério, mesmo que não seja o campeão, a figurar como o segundo representante de Santa Catarina na elite do futebol brasileiro em 2011.

O impressionante na campanha da dupla é que ela pertence a uma cidade essencialmente administrativa, sem o potencial econômico, por exemplo, de Blumenau e Joinville. E os joinvilenses que me perdoem, mas depois da era José Elias Giuliari, um Delfim Peixoto mais esperto e refinado, e da injeção de dinheiro na época por empresários da região, acabou-se o que era doce. O JEC nunca mais foi o mesmo. Delfim é do Vale e uniu-se a outras forças que lhe convinham mais, política e economicamente, incluindo a Capital. Afinal, o dinheiro da tevê e da arrecadação de jogos acaba respingando em gotas generosas nos cofres da Federação Catarinense.

Em Blumenau o futebol não decola pela falta de recursos e também por causa da imagem que tem esse esporte nas camadas sociais de maior poder aquisitivo. O conceito básico é que futebol é esporte de pobre e traz consigo alguns males que afligem atualmente nossa sociedade, como o álcool e as drogas. Lá preferem modalidades de quadra, principalmente vôlei, handebol e basquete. Preconceituosa ou não, é a máxima que vinga onde a renda per capita supera em muito o restante do Estado e o acesso à educação é amplo, em estabelecimentos de boa estrutura de ensino e bem equipados para a prática esportiva. Os resultados positivos nas participações blumenauenses em competições regionais e nacionais, bem como a revelação de atletas em número expressivo, carimbam esta realidade.

Melhoramos por aqui em primeiro lugar porque cortamos o cordão umbilical que nos ligava ao Rio de Janeiro. Não vemos mais nas arquibancadas camisas dos clubes cariocas, processo que se deu gradativamente, junto com a profissionalização de Avaí e Figueirense. Ainda passamos por altos e baixos, as conhecidas crises da gangorra, percalços naturais e comuns até aos grandes clubes brasileiros. No caso do Avaí o problema hoje é o acesso à Ressacada, o que lhe tira um bocado de torcedor, solução distante graças à incompetência e irresponsabilidade dos nossos políticos e administradores.

De qualquer forma já temos a certeza e a segurança de que nunca mais voltaremos ao estágio dos anos 70, aquele que nos mantinha fora do mapa do Brasil e longe da elite do futebol. Anda vamos andar muito nesse Brasileirão e tudo pode mudar de um turno para outro, mas os indícios são positivos, encaminhando o torcedor de Florianópolis para um final feliz em 2010.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A mentira de pernas longuíssimas

Quinta-feira, 10h30,viaduto em Morro Alto, Torres RS. Cadê os operários? (foto Gerson Schirmer)

Na última semanada andei pela BR-101, ida e binda a Porto Alegre, a bordo de um “Anjo Class” da Santo Anjo da Guarda, uma das poucas coisas que funciona no transporte interestadual. É um ônibus muito confortável, com apenas seis poltronas leito na parte de baixo, duas delas individuais, sem chance de algum chato alugar sua cabeça com conversa fiada especial, embalada para viagem. O espaço sem muvuca, coisa meio nova e disponibilizada por algumas empresas, permite a leitura com possibilidade de eliminação do som quando não se quer aturar filminhos barulhentos e insuportáveis. Só falta trocar o local de parada para lanche. Quem como eu faz o trecho Floripa-Poa-Floripa desde o comecinho dos anos 70, sabe bem o que é um “Japonês”. E o quanto é ruim a gororoba servida aos passantes naquela casa.

O papo em questão, um longo “nariz de cera” no jargão jornalístico, introduz ou reintroduz (êpa) o lero-lero da 101. Como viajei de dia, do janelão do ônibus deu para perceber a quantas andamos (para trás) nas obras de duplicação. Nos trechos em que há alguma atividade não mais que meia dúzia de operários está lá garantindo a figuração. O DNIT silencia ou mente sobre o Morro dos Cavalos, ponte de Cabeçudas e Morro do Formigão, trecho com não mais de 11 quilômetros. Nem projeto, licitações, muito menos obras. Mas ainda há outros lotes sem conclusão, um deles já abandonado, pasmem, por sete empreiteiras.

Vamos chegar à Copa de 2014 sem estrada e com os candidatos mentindo adoidados, como acontecia desde os tempos da buchada de bode, passando depois por gente empoleirada em trator, tomando cafezinho em lanchonetes populares, segurando no colo e beijando criancinhas, andando de metrô, em lombo de burro e outros meios de transporte, sempre ao alcance das câmeras. E promessas, muitas promessas, cada uma mais mentirosa que a outra.

Está tudo documentado através de filmes e fotos pelo repórter fotográfico Gerson Schirmer no seu blog www.reporterbr101.ning.com Semanalmente, por razões profissionais, ele percorre os trechos catarinenses e gaúchos documentando a mentira e a enrolação que atravessaram dois mandatos de Fernando Henrique, com sequência em mais dois do Luiz Inácio Lula da Silva.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Garotos mostram que são bons de bola

Em todo o tempo de Dunga à frente da seleção brasileira poucas vezes se viu uma atuação parecida com a dos meninos do Mano contra os Estados Unidos. Reunidos pela primeira vez com o novo técnico os garotos classificados de inexperientes e por isso mesmo inservíveis para a Copa do Mundo na África, Ganso, Neimar & Cia., mostraram personalidade e desenvoltura para uma primeira vez. O novo time deixou o torcedor com água na boca e cheio de esperança diante do que nos foi permitido ver em apenas um jogo e do que temos pela frente.

Claro que a amostragem foi pequena, ínfima para conclusões definitivas. Mas, que deu gosto ver a bola correndo rente ao gramado, de pé em pé, ah isso deu. O amadurecimento dessa turma virá com o tempo e com as experiências que precisam ser feitas por Mano Menezes, para confirmação de uns e desaprovação de outros.

O certo é que mais uma vez ficou comprovada a capacidade infinita de produzirmos bons jogadores. Alguns países levam décadas com reciclagem e renovação. A Espanha, por exemplo, desde que inventaram a Copa do Mundo só agora conseguiu montar uma seleção campeã. Nós deixamos de ganhar títulos na maioria das vezes por falta de organização e escolhas equivocadas, somadas a políticas esportivas mal conduzidas e oportunistas. Nunca por falta de talento e de condições técnicas de nossos jogadores.

No caso presente preocupa a falta de planejamento para 2014. Sem o devido suporte de uma estrutura adequada a partir das seleções de base e setores administrativos da CBF o trabalho de Mano Menezes e sua comissão técnica pode se perder pelo caminho. De quebra corremos o sério risco de assistirmos uma reedição piorada de 1950, sem conseguirmos chegar à grande final no Maracanã. Não é cedo para avaliações pessimistas. O passado nos deixou lições duras através de resultados catastróficos e previsíveis.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os regulamentos e o sobe-e- desce no sul



Um estádio com capacidade para 50 mil pessoas e com gramado sintético será o palco em Guadalajara quarta-feira da primeira partida pelas finais da Libertadores entre Chivas e Internacional. É outra invencionice dos cartolas, bovinamente aceita pelos clubes sul-americanos. Se já não bastasse a participação do Chivas como convidado e por isso sem direito a disputar o Mundial em Abudabi caso vença a Libertadores.

Já escrevi a respeito em outra postagem e acrescento agora essa excrescência do gramado sintético. Em nenhuma das grandes competições internacionais se usa este tipo de piso a não ser em outra edição da Libertadores, a exemplo do que já aconteceu com uma equipe peruana. E como também acontece no incipiente futebol norte-americano.

São assuntos cucarachos e que nos deixam sempre um passo atrás da Europa em matéria de organização e administração esportiva. Se essa turma não aprecia a grama natural e acha que não há diferença entre um produto e outro, que tal pastar um pouquinho do sintético?

Na terrinha os assuntos domésticos estão quentes por conta da goleada sofrida pelo Avaí diante do modesto Guarani e a avassaladora vitória do Figueirense sobre o Icasa. Os dois resultados estão plenamente justificados e são fáceis de entender: a derrota avaiana se deve, em grande parte, à insistência do “professor” Antônio Lopes com alguns jogadores que já não deram certo com o técnico anterior, não por acaso chamado de Chamusca. Ainda dá tempo de corrigir. No Orlando Scarpelli nada de assombroso, graças à boa fase do Figueira e sua grande superioridade sobre o time cearense.

A gangorra que embalou o final de semana dos torcedores de Florianópolis balançou com mais força a rivalidade Grenal. Cheguei a Porto Alegre domingo à tarde, bem na hora da abertura do parquinho de diversões da torcida gaúcha. O Grêmio perdeu em casa para o Fluminense, derrota que serviu para a demissão de Silas, um treinador que nunca empolgou os gremistas, apesar de ter vencido o campeonato gaúcho. Enquanto isso os rivais saboreiam a desgraça alheia com a presença do time colorado na final da Libertadores e na fase decisiva do Mundial de Clubes.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Santos e Inter festejam com chope aguado

O Internacional perdeu para o São Paulo por 2 a 1, mas fez a festa em pleno Morumbi para comemorar a classificação à final da Libertadores e a vaga no Mundial de Clubes. O mexicano Chivas, mesmo que saia campeão da América do Sul diante dos gaúchos , não poderá jogar a decisão do Mundial em Abudabi. É convidado, sua turma é da América do Norte, onde as competições são regidas pela Concacaf, similar à nossa Conmebol. Um dia antes os torcedores baianos viram em Salvador o Santos levar o título da Copa do Brasil, mesmo perdendo para o Vitória pelo mesmo placar de São Paulo e Inter.

Os placares dos jogos de ida em Santos (2 a 0) e Porto Alegre (1 a 0) garantiram o festerê para santistas e colorados. Comemorem, pois. Maluquice total, coisa de regulamentos que só a cartolagem do futebol é capaz de produzir. Jeito mais sem graça esse de festejar com derrota. É como beber chope aguado. Mas é assim que os dirigentes e o mercado da bola querem, e assim será para todo o sempre. Até que o sistema mude. Alguém acredita?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Confirmado: repetimos 2006 em 2010


As mentiras de 2006 com Parreira repetidas em 2010 com Dunga - foto gospelblogspot

Kaká fez na Bélgica uma artroscopia de joelho – não sei em qual deles – por causa de uma lesão de menisco e vai ficar de três a quatro meses afastado do futebol. Fora isso continua administrando aquelas dores provocadas pela pubalgia que o acompanha faz tempo e vem atrapalhando seu futebol.

A lesão de joelho é notícia nova, bem fresquinha. A pubalgia é velha e fez parte do noticiário pré e pós Copa da África do Sul. O resultado todo mundo sabe e as consequências nós vimos dentro do campo, apesar das constantes negativas da Comissão Técnica, médicos e fisioterapeutas da seleção brasileira.

Resumo da ópera: em circunstâncias diferentes repetimos 2006/Alemanha em 2010/África e perdemos dois mundiais seguidos. Na Copa alemã Ricardo Teixeira vendeu os treinos da seleção brasileira e transformou nossa concentração em um verdadeiro circo. Parreira, o técnico da ocasião, fechou os olhos para tudo, inclusive para a má forma física dos principais jogadores. Ele e seus parceiros negaram sempre a zorra em que vivia o grupo e o excesso de peso de Ronaldo & Cia.

Na Copa africana Dunga cometeu outro excesso, mas na contramão do que acontecera na Alemanha. Fechou as portas e armou a carranca para tudo e para todos, defendendo a formação de uma equipe medíocre e também a má forma de alguns dos seus protegidos, incluindo Kaká. Voltamos pra casa mais cedo e com aquela máxima do “eu já sabia” entalada na garganta.

Vamos torcer para que Mano Menezes e seus auxiliares – a comissão médica será a mesma – não caiam na tentação da mentira. Mano já avisou que não mente, apenas omite em algumas ocasiões. Eu tento entender, faz duas Copas, a diferença entre uma e outra situação. A mentira, se sabe, tem pernas curtas, bem curtinhas, aliás. Quanto à omissão, tomara que em 2014 não tenhamos que aprender seu significado e sofrer com seus desdobramentos com os novos comandantes do time brasileiro.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O futuro do nosso futebol começa por aqui

Ainda não se conhece a fundo os planos de Mano Menezes para a seleção brasileira. A mídia tem batido na tecla de que o treinador deve olhar mais para o futebol que se joga no país e esquecer um pouco os jogadores que estão fora, já bastante conhecidos pelo destaque que alcançaram para serem negociados.

É a minha tese e já escrevi sobre ela, sobretudo porque a fronteira dos técnicos que passaram pela seleção sempre esteve limitada a Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, seus campeonatos regionais e ao Brasileirão. No tempo do Zagalo, nem isso. Ele só conhecia os craques (?) que jogavam no Maracanã ou quem aparecia na televisão.

O Mano começou obedecendo à antiga cartilha e imitando o velho e rabugento Lobo. Domingo foi ver Flamengo e Vasco. Quinta-feira pode marcar presença na decisão da semifinal da Libertadores entre São Paulo e Inter. Quer dizer, não muda o trajeto, com um campeonato brasileiro em andamento nas suas principais divisões, sem contar as inúmeras opções oferecidas pelas atividades das divisões de base.

Por exemplo: terminou domingo em São Paulo uma Supercopa de futebol júnior, competição com participação de clubes estrangeiros e vencida pelo Santos em decisão com o Flamengo. Pelo visto representou um bom campo de observação apenas para empresários. Depois estranhamos que parte dos nossos jogadores de futuro carimbem seus passaportes cada vez mais cedo e de repente, completamente desconhecidos por aqui, apareçam com destaque nas principais equipes européias.

Tudo isso e o fato de não termos que disputar as eliminatórias para a Copa de 2014 mais a exclusividade, exigência da CBF, deveriam fazer de Mano Menezes um caixeiro viajante. Há tempo e motivação de sobra para muitos amistosos e para viagens por esse país de dimensões continentais. O espaço para experiências com jogadores das diversas regiões brasileiras é imenso e a disponibilidade de Mano idem.

A convocação de Renan, o jovem goleiro do Avaí, pode ser um bom indício. Até hoje os jogadores catarinenses que jogaram na seleção, como escrevia aquele eterno colunista social de Florianópolis, “foram vistos” só depois de atuarem por grandes clubes no Brasil ou na Europa. Então caro Mano Menezes, mala nas costas e pé na estrada. O futuro do outrora melhor futebol do mundo é aqui.