terça-feira, 29 de junho de 2010

Ele é o cara




Avinagramos o vinho chileno e pela primeira vez nesta Copa nossa torcida deve ter gostado do que viu em campo. O time do Dunga teve momentos do mais puro futebol brasileiro, misturando talento e jogo coletivo com velocidade e o sempre citado comprometimento. Aqui a conversa é com o Lúcio, misto de zagueiro, meio campo armador e atacante.

Falando nesse atleta excepcional e vendo sua figura imponente dominando o campo inteiro, lembrei do cinema e do ator Mickey Rourke no filme de Quentin Tarantino, “Sin City, - A cidade do pecado”. A cara do Marv, um lutador de rua durão, personagem do Rourke, é a do Lúcio, nosso vigoroso zagueirão, pra mim o grande destaque do Brasil até aqui. E quem viu este filme noir baseado nos quadrinhos de Frank Miller (assinou a direção com Tarantino) reconhece o justiceiro Marv no Lúcio, mesmos traços duros e fortes, correndo pelo campo inteiro, defendendo, arrancando rumo ao ataque, sob a proteção e companhia do fiel escudeiro Juan.

Fica esquisito destacar dois zagueiros numa partida com placar de 3 a 0 a favor de um time que tem Kaka, Robinho e o artilheiro Luís Fabiano como referências. Quem prestou atenção nos jogos anteriores percebeu a importância do Marv, quer dizer, do Lúcio, para colocar a casa em ordem em situações de grande dificuldade. Pelo jeito vai ser assim até o fim da Copa, ou até onde for a seleção brasileira.

E caso venha a conquista do hexa, entreguem duas faixas para o Lúcio, costas largas para carregar o piano e encobrir os devaneios de um treinador do auto-elogio oportunista. Ou será que Dunga escalaria os eficientes Ramires e Daniel Alves se Felipe Melo e Elano não estivessem machucados? Que venha a Holanda, temos o Lúcio.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Galvão não cala a boca



Foi durante a transmissão do GP Europa de Fórmula 1 em Valência, Espanha, no domingo pela manhã. Galvão Bueno aproveitou uma observação do comentarista Reginaldo Leme sobre o bom humor de Maradona nas entrevistas e a boa participação sul-americana na Copa para dar uma porradinha em Dunga.

Além de endossar a admiração de Reginaldo sobre o inusitado bom astral do técnico argentino nas coletivas, Galvão não perdeu a chance para, ao seu estilo e no seu tempo, destravar a língua e mandar um recadinho ao Dunga: “Educação e bom humor são fundamentais na vida, principalmente para quem ocupa cargo importante.”

O narrador da Globo nunca foi exemplo em matéria de educação e gentileza, tanto com os que trabalham com ele nas transmissões, sejam repórteres ou comentaristas, como com os convidados do “Bem Amigo”, programa que apresenta na Sport TV na noites de segunda-feira. Ele fala praticamente o tempo inteiro dando pouca chance aos companheiros de jornadas ou entrevistas. É o tal do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

domingo, 27 de junho de 2010

Alô Brasil, olha o bom futebol aí gente

Show alemão com Miroslav Klose e Thomas Mueller

Já andava enjoado com a mediocridade desta Copa e do nosso time. Felizmente apareceu esse jogo de 4 a 1 entre Alemanha e Inglaterra com todos os ingredientes de uma grande decisão. Qualidade individual de alguns jogadores, principalmente da Alemanha, jogadas bonitas, apenas treze faltas e um erro clamoroso do árbitro uruguaio Jorge Larrionda e do seu auxiliar Maurício Espinosa. Tipo do lance que Mário Vianna, com dois enes mesmo, como fazia questão de lembrar sempre, e o primeiro comentarista de arbitragem do Brasil. A manhã domingueira ouviria seus gritos carregados de erres ao microfone da Rádio Globo do Rio: ERRRRROU.

Coisa horrorosa e injustificável no momento do jogo em que a Inglaterra reagira podendo conseguir a igualdade de 2 a 2 no placar. A bola chutada por Lampard, o melhor entre os ingleses, entrou quase um metro depois de uma aproximação em vôo visual, sem a necessidade de instrumentos para pousar além da linha do gol. Vem a tona outra vez a utilização de um chip na bola ou de um árbitro atrás de cada trave, ou de cada goleira como fala a gauchada. No fim deu Alemanha com méritos para encarar Argentina ou México.

Tomara Dunga e seus soldados tenham assistido com atenção ao confronto entre Alemanha e Inglaterra. E com o devido cuidado para o a seleção brasileira não entrar na pilha da imprensa nossa de cada dia que está na África do Sul. Para essa turma, entre Chile, Suíça e Espanha, os chilenos seriam os adversários mais fáceis para enfrentarmos nas oitavas “porque deixa jogar(?)”.

Não entendo essa lógica, uma vez que ficou muito claro ser a Suíça o pior time daquela chave. O Chile tem bons jogadores, uma equipe razoável e um treinador atrevido, o argentino Marcelo (Louco) Bielsa. É perigoso levar em conta apenas os resultados das eliminatórias para considerar tranquilo o enfrentamento desta segunda-feira. Eu preferia ter os suíços pela frente para não correr o risco de ver os brasileiros voltarem mais cedo pra casa.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A ditadura dos treinadores

Celso Roth, militante e fundador do regime


Ando muito incomodado com o manda e desmanda dos técnicos, brasileiros. Qualquer pé de chinelo, iniciante ou não, é autoridade. Escalações viram segredo de estado, distanciando cada vez mais o torcedor dos seus times. O palavreado é cheio de números, esquemas, mantras cheios de abobrinhas tecnicistas recheadas de chavões. A imprensa, seja de que veículo for, está eleita como inimigo número um, impedida de assistir aos treinamentos e de transmitir as informações para o seu público. Jornalistas são hoje os primeiros adversários a serem batidos, se possível abatidos, já que a relação virou uma guerra.

Liderada hoje pelo comandante Dunga a turma da beira do gramado extrapola em suas funções. E reclama muito, de tudo e de todos. Se duvidar corre até com o presidente do clube. Infelizmente com o espaço que lhes é concedido por algumas emissoras de rádio e tevê, além dos jornais, o corporativismo se instala e aumenta a cada dia nas redações. Em prejuízo dos profissionais do jornalismo, refugiados em seus guetos, verdadeiros focos de resistência organizados por algumas televisões a cabo.

Corporativismo nosso? Nesse caso pode até ser. Acho mesmo que tem que ser. Não se pode mais criticar ninguém nem emitir opiniões, a não ser elogiosas, sem ouvir como resposta dos sábios dos vestiários, os professores: “vocês não sabem nada.” É claro que não sabemos. E como vamos saber se não assistimos treinamentos, não temos mais uma convivência natural e civilizada com jogadores, preparadores físicos, médicos e outros membros da comissão técnica? Tudo é proibido pelos treinadores, cujo poder atualmente é ilimitado. Não há plano de marketing que resista a esta ditadura implantada a partir dos vestiários e que se estende por todos os setores dos clubes.

A última novidade neste mercado em expansão vem de Porto Alegre, mais exatamente do Beira Rio, onde o recém contratado Celso Roth marcou treinos em dois períodos para o dia do jogo do Brasil contra Portugal. Duvido que vingue, mas este campeão de simpatia e comunicação já avisou: “Seleção? Seleção aqui é o Inter”.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Ninguém se entende na dupla



Aproveitando a cortina de fumaça erguida pela Copa da África do Sul dirigentes de Avaí e Figueirense seguem aprontando. E como ninguém comenta, pergunta ou cobra alguma coisa a cartolagem nem disfarça mais. Faz tudo à luz do dia mesmo, sem medo de ser feliz, ainda que a custa da infelicidade dos seus torcedores. E tome campanha para novos sócios.

Então resolvi dar uma folguinha para vuvuzelas e jabulanis para comentar algumas travessuras da nossa dupla. O Figueirense, por exemplo, contrata e manda embora sem o mínimo critério, além de manter no elenco atacantes ineficientes como a dupla Júnior Negrão/Marcelo Nicácio. Seria melhor mandá-los como reforço para uma das seleções africanas que estão na Copa dando vexame. O técnico Márcio Goiano trabalha com os jovens, mas pede jogadores experientes. Dirigentes e parceiros fazem o contrário.

O resultado é que, sem um time forte, o Figueirense deixou de lutar na Copa Santa Catarina por uma vaga na Copa do Brasil do ano que vem. Quem não passa nem por uma competição mixuruca como essa da nossa Federação não merece mesmo outro destino. Tomem cuidado com o futuro na série B.

Pelos lados da Ressacada o rítmo de dirigentes, empresários e da comissão técnica liderada pelo treinador Péricles Chamusca é no sentido contrário, porém com o mesmo resultado. A campanha neste início do Campeonato Brasileiro é sintomática. Estão detonando com jogadores da base em troca de contratações recomendadas pela parceria.


Exemplo: acabaram com o futuro no Avaí do melhor volante de Santa Catarina, o jovem Rodrigo Thiesen, de apenas 23 anos e do seu companheiro Johny, que voltou às divisões de base. Depois de várias manobras do Chamusca & Cia para desgastar Thiesen - não sei com que propósito - junto à torcida, mandaram-no embora para o Vila Nova de Goiás, atualmente na segunda divisão do Brasileiro. Desculpa: ele precisa ganhar experiência.

Só que dez dos novos contratados também são jovens como Thiesen. O lateral Pará, o meia Robinho e o atacante Marcelinho têm 23 anos; o zagueiro Juninho tem 20; o meia Matheus, os zagueiros Branca e Clayton e o lateral Patric têm 21; o atacante Anselmo Ramon e o volante Roberto Silva têm 22 anos. Acrescentemos nesta lista os mais velhos que não jogam como Sávio, Leonardo e Vandinho, mais Fredson e Dinelson, todos assíduos freqüentadores do departamento médico. Na ponta do lápis a conta fecha no vermelho e o detector de mentiras explode.

terça-feira, 22 de junho de 2010

De Maradona, Dunga e leões


Maradona esbanja bom humor e tiradas irônicas nas entrevistas coletivas. Quem diria. Enquanto isso Dunga só ri das suas próprias piadas e das frases debochadas que costuma dedicar invariavelmente aos jornalistas brasileiros. Mesmo quando a pergunta é corriqueira, feijão com arroz, sem questionamentos contundentes ou constrangedores para o entrevistado, nosso treinador acha um jeito de bater forte na imprensa da casa.

O assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, não sabe mais o que fazer. Aliás, acho que nunca soube. Um pouco de tudo isso é responsabilidade dele, da sua frouxidão. Não adianta ser gentil com os jornalistas e aceitar que um destrambelhado assessorado pinte e borde nas entrevistas. Acrescentando: Dunga resolveu xingar com palavrões árbitros e adversários depois do jogo, mesmo com vitória, como aconteceu logo após a partida contra a Costa do Marfim.

Talvez Maradona esteja mais tranqüilo apesar de pressão que sofre desde as eliminatórias sul-americanas. O time argentino vai bem, infelizmente, e ele não tem um pai hospitalizado sofrendo do Mal de Parkinson. Esse é o desconto maior que se pode dar ao técnico brasileiro. O que não justifica seu mau humor constante e a falta de educação.

Sempre levando em conta que a Copa do Mundo não é um acontecimento caseiro. É um evento internacional e o Brasil, por sua importância no contexto futebolístico mundial vive sob o foco dos holofotes do planeta, mais que qualquer uma das outras 31 seleções que estão na África do Sul.

A última grande encrenca envolveu Alex Escobar, apresentador e repórter da TV Globo, interpelado por Dunga no momento em que falava ao telefone com um editor. Pra carimbar seu destempero, o treinador, sem se dar conta do microfone aberto, terminou por brindar Alex com alguns xingamentos. Soube-se agora, que a Globo acertara com a CBF entrevistas exclusivas com três jogadores para serem apresentadas no próximo domingo no Fantástico. Dunga vetou e era esse o motivo para o papo de Escobar comunicando a decisão ao colega. A CBF não se manifestou até agora, em nenhum dos casos, embora corresse o risco de ver Dunga punido com suspensão, advertência ou multa, o que não vai acontecer por "falta de provas" anunciou um representante da Fifa.

E assim “La nave va”, levando adiante essa relação cercada de turbulências e com a seleção brasileira cada vez mais distante do torcedor. O global Alex Escobar preferiu trocar as perigosas coletivas do irascível técnico brasileiro por matérias mais leves, dentro dos cercados do Parque dos Leões, ponto turístico visitado por muita gente em Johannesburgo. Sentiu, na matéria para o Bom dia Brasil, que o risco é menor junto aos felinos sul-africanos. Bem educados por tratadores, só rugem,não mordem e não ameaçam quem deles se aproxima.

domingo, 20 de junho de 2010

Futebol, cadê você?

Menos mal que o Brasil ganhou. E ganhou bem, apesar da expulsão boba do Kaká e do gol do Luis Fabiano “con los brazos de dios”. Além de salvar a nossa pele e de confirmar a boa participação sul-americana nesta Copa, a seleção brasileira é a única entre as grandes que até aqui não nos frustra por inteiro, ainda que sob suspeição da mídia e de boa parte dos torcedores. França, Itália, Espanha, Inglaterra e Alemanha, estas sim estão assombrando torcidas, enganando “experts” e apostadores.

Europeus e africanos são enormes decepções no momento. O bom futebol desapareceu, na maioria dos casos por motivos ainda desconhecidos, especialmente quando tratamos de espanhóis, italianos e franceses. A tese não é original por ser óbvia, mas na minha modesta opinião não é coincidência que o mau futebol esteja justamente com os países que mais importam jogadores.

Na hora de suas seleções, com os nativos em campo, mostrarem serviço em uma competição tão difícil como a Copa do Mundo é o que se vê. Ou o que não se vê. Cadê o futebol destes times considerados favoritos, cheios de nomes badalados e de contratações milionárias? As equipes da África também estão caprichando nas más apresentações, embora vítimas de um fenômeno inverso ao que atinge a Europa. Nem os anfitriões sob a batuta de Parreira escaparam do fracasso. Por sinal, faz tempo que o homem não ganha um título ou faz algum trabalho que preste.

Consideremos que estamos no começo, recém concluindo a segunda rodada da primeira fase, mas é preocupante este equilíbrio, para mim falso e muito emblemático.Já ouvi que o imprevisível é que dá graça ao futebol. Também, acho, só que com selo de qualidade.

Consolo em caso de um desastre domingueiro


A charge do Galhardo em blog da Uol mostra como se sente uma parte dos brasleiros em relação à insuportável chatice de um ser chamado Dunga

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tão longe, tão perto

Na medida em que diminui o tempo para organizarmos a Copa de 2014 aumentam os problemas e desentendimentos entre governos de estados, municípios sedes e a CBF. São Paulo puxa a fila graças à implicância de Ricardo Teixeira com o São Paulo por conta de uma rinha com Juvenal Juvêncio, presidente do clube. O Morumbi está oficialmente fora dos planos da Fifa para a abertura. Não consigo imaginar a maior cidade da América do Sul, capital de um estado de economia forte como São Paulo, sem um joguinho da Copa do Mundo para figurar na sua história.

O Paraná acaba de se manifestar oficialmente através do governador Orlando Pessuti (assumiu no lugar de Requião): não haverá dinheiro público para construir ou reformar estádios. É o que todos dizem. No Rio Grande do Sul ainda se discute a isenção de impostos para obras no Beira Rio, o Grêmio aproveita e se atravessa oferecendo sua futura Arena. O Maracanã continua lá, intocável. Falam que em agosto o estádio será fechado para reforma, mais uma. No restante do país não há nenhum sinal de Copa, a não ser pela Bahia com o início da demolição da Fonte Nova.

Enquanto isso o Ministro do Esporte, Orlando Silva, ensaia alguns passos sem o menor jeito para dançar em um baile de cobras como este. O presidente Lula saiu em socorro do seu ministro e já calçou as botas para entrar na festa. Meteu o BNDES na jogada, oferecendo “empréstimo” para quem estiver meio atrapalhado e precisar de financiamento. Como nem só de estádios vive um evento de tal porte, ainda temos que lidar com a imprevidência e incompetência sem exceção de governantes mais preocupados com o futuro político, seus e dos respectivos partidos.

Obras de infra-estrutura urbana e questões importantes como segurança e saúde, que hoje não atendem nem as necessidades básicas da população, não figuram na pauta de discussões. Parece que as soluções cairão do céu. E não podemos esquecer que um ano antes do Mundial teremos que organizar a Copa das Confederações, competição teste que dará a medida da estrutura montada pelo Brasil para 2014. Nossa esperança é que a Fifa seja tão tolerante com nosso país como foi com a África do Sul.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Comida espanhola com sobremesa suíça

Paella com carne de zebra (cá entre nós, uma ignomínia) e chocolate suíço de sobremesa. Valeu todo tipo de piada depois do resultado surpreendente da tarde. A Suíça ganhou da melhor seleção espanhola dos últimos tempos, dizem seus próprios torcedores. Eu acredito e fico imaginando se isso acontecesse com a seleção brasileira estreando na Copa cheia de banca.

O torcedor espanhol, pelo menos segundo relatos madrilenhos, mesmo com a derrota aplaudiu o time e o treinador Vicente Del Bosque, reafirmando sua confiança em uma boa campanha e na conquista do primeiro título de uma Copa do Mundo. Ao contrário de nós que (e que ninguém nos ouça), mesmo ganhando, caímos de pau no técnico, jogadores e em quem mais se atravessar no caminho de uma imprensa exigente e de uma torcida apaixonada, todos mal acostumados.

O Uruguai se deu bem na abertura da segunda rodada e praticamente eliminou a África do Sul. Tem o lado bom, pois o ruído das vuvuzelas deve diminuir bastante. Por enquanto estamos todos bem. A participação sul-americana é positiva. Além da nossa seleção e a dos uruguaios, Argentina, Chile e Paraguai começaram positivamente e podem passar de fase. Oremos.

Dunga vai treinar a Coréia do Norte

Esperei a poeira baixar antes de falar sobre a estréia brasileira na Copa. É bom não falar muito ou escrever qualquer coisa ainda sob o impacto de uma apresentação pífia do nosso time. A desculpa, já se sabe desde a criação do mundo, é o nervosismo, a ansiedade, o friozinho na barriga que dá no primeiro jogo até nos mais experientes.

Aceitemos que sim, não adianta dizer o contrário. Afinal, outras seleções bem cotadas na bolsa de apostas como Inglaterra, França, Itália e Argentina passaram pelos mesmos obstáculos. Menos a Alemanha, que deve ter um terapeuta muito eficiente e tratou de mostrar logo que não está na África do Sul para um safári, mas sim para jogar um futebol bonito e eficiente.

Pode ser a primeira impressão e, quem sabe, mudaremos de opinião nas próximas rodadas. Em se tratando de Brasil, estou pessimista, mais do que antes da Copa, quando a soma de incoerências acabou parindo a tal de “coerência dungueana”. O treinador brasileiro insiste em responder sobre temas que não lhe foram perguntados para, no final, jogar pedras na sua Geni preferida, a imprensa. Em campo vemos nossos “melhores” jogadores atuando com a coerência que lhes é transmitida.

Não tem importância. Já estamos acostumados com essa chatice. Para compensar o estômago e o humor arruinados, descobriu-se uma seleção ideal para o Dunga treinar: a Coréia do Norte, justo nossa adversária da estréia. Kim Jong-II, o ditador da casa, não permite a transmissão direta dos jogos. O povo só pode assisti-los em compactos gravados com os melhores momentos, mesmo assim apenas em caso de vitória coreana. Treinos então, nem pensar.

Perfeito. Mas, como o Dunga é um sujeito muito ético, tem mantido o assunto em sigilo. Não seria legal anunciar agora que Kim Jong-Hum, o atual técnico, perderá o emprego em julho, logo após a Copa.

domingo, 13 de junho de 2010

Farinhada do mesmo saco

Escrevo estas mal traçadas aproveitando o relato do jornalista Juca Kfouri em seu blog e um mal estar que me bateu na volta do supermercado. Juca foi a Rostemburgo, distante pouco mais de 100 quilômetros de Johanesburgo, onde assistiu Inglaterra x Estados Unidos. Levou quatro horas para ir, outras quatro para voltar. Esse know how já temos por aqui mesmo. Basta ir a um jogo do Avaí na Ressacada.

Segundo Juca, o estádio Real Bafokeng, além de imundo, tem pontos cegos cobertos por plásticos nas cadeiras. Nenhum dos dois placares eletrônicos funcionou, as informações tipo escore e tempo do jogo vinham na voz de um locutor. Ah, e tinha fosso, coisa que a Fifa abomina e proíbe. Em torno do estádio formou-se um espetacular congestionamento e os voluntários eram mais desinformados que os espantados jornalistas a procura de uma orientação.

Testemunhos como este se repetem desde antes de a bola começar a rolar na África do Sul. Pelo que tenho lido, visto e ouvido dos profissionais que lá estão para fazer jornalismo sem oba oba, vamos organizar a nossa Copa em 2014 com uma mão nas costas. Ainda mais depois que o presidente Lula ofereceu o Banco Nacional do Desenvolvimento, o BNDES, para o que der e vier.

Como a Fifa não quer dinheiro público no negócio Copa do Mundo, a não ser para obras de infra-estrutura urbana, Lula teve o cuidado de avisar sobe o dinheiro que vai liberar através do BNDES: será empréstimo, não doação. Esse dinheiro tem ida e volta. Conta outra presidente, os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro não nos deixam mentir. Ao contrário, nos enchem de motivos para suspeitar da roubalheira que teremos por aqui com a chancela oficial.

No que toca à Fifa, estrategicamente faz um grande jogo de cena de acordo com seus interesses. A picuinha com os projetos do Morumbi é um exemplo, coisa de Josef Blatter, o presidente atual, em solidariedade a Ricardo Teixeira, Il Capo da CBF candidato na próxima eleição da Fifa e que não gosta de Juvenal Juventus, presidente do São Paulo. O desentendimento por enquanto, como queria Teixeira, rendeu a desistência paulista da abertura da Copa.

As observações iniciais nos levam à conclusão que os africanos devem ter retribuído às gentilezas e à tolerância da Fifa, não se sabe em que termos e em que medida. E em se tratando de Brasil os porões deste governo saberão contornar as dificuldades que possam atrapalhar os planos da pátria amada, salve, salve.

Isso tudo me veio à cabeça hoje pela manhã, depois que vi o Mário Cavalazzi às gargalhadas por entre as gôndolas de um supermercado.Lembram dele? O secretário de Turismo da Prefeitura do Dário envolvido no sumiço do dinheiro de um show e de uma árvore de natal e em outras falcatruas de menor porte. Voltei pra casa irritado e com ânsia de vômito. Estaria rindo de que este senhor? Com certeza de nós, os trouxas que votamos nessa ratatulha, pagamos impostos e os seus salários.

sábado, 12 de junho de 2010

Vamos aprender com a África do Sul

A festa na África do Sul está bonita, colorida, com o povo mais nas ruas do que nos estádios. O país é lindo, mas de riqueza mal distribuída, parecido com o nosso. E por trás do entusiasmo popular e do que representa um evento desse porte para o continente africano chegamos ao que precisamos entender e tomar como lição para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

Os estádios custaram milhões de dólares, bilhões de reais, e não estão cheios. O que fará a África do Sul, de futebol incipiente, com essas portentosas praças esportivas? Os ingressos são caros, a própria Fifa reconheceu depois de perceber o encalhe.

Os problemas de mobilidade urbana transformam em perigoso e demorado rali o trajeto para os locais onde estão sendo disputados os jogos mais atrativos incluindo, é claro, os que terão a participação do país sede, como já aconteceu na abertura entre África do Sul e México.

Não há transporte coletivo, a não ser Vans, a maioria clandestinas, táxi é raridade e o trânsito é caótico. Tem gente da imprensa levando até quatro horas para chegar a um estádio, por mais curto que seja o percurso. Em certos casos é preferível ir a pé, como já fez uma turma da Globo.

O pior por enquanto ficou com a segurança. Os primeiros alvos de assalto foram alguns jornalistas portugueses, franceses, espanhois e chineses, roubados dentro dos próprios hotéis e na rua. É como mosca no mel, graças aos computadores portáteis, máquinas fotográficas e dólares, muitos dólares.

O custo de uma Copa do Mundo não pode ser medido apenas pelos investimentos de infra- estrutura física e sistema de comunicação, por exemplo. A segurança talvez seja um objetivo tão importante quanto as reformas e construção de estádios. Até lá, para não fazer feio e cair na boca do mundo, teremos que assimilar muitas das lições que serão dadas pela África do Sul, para o bem ou para o mal.

Jabulani faz a primeira vítima

Green, protagonista do primeiro "frango" da Copa (site da Fifa)

Dois dias de Copa na África do Sul e nada de novo. Jogos chatos, nenhuma inovação tática, nenhum jogador a destacar, a não ser os goleiros da Nigéria e dos Estados Unidos. O goalkeeper da Inglaterra, Mr. Robert Green, apanhou da bola, Miss Jabulani, e deixou verde de raiva a torcida da Rainha graças ao sensacional “frango” engolido na partida que teve a boa arbitragem brasileira de Carlos Simon. E nada de Messi ou Rooney, e outras atrações menores das duas primeiras rodadas onde aconteceram três empates, dois em 1 a 1, um de zero a zero, com o maior escore na vitória da Coréia do Sul sobre a Grécia por 2 a 0. É cedo ainda, mas se for assim até o final veremos com segurança a pior Copa do Mundo de todos os tempos em termos técnicos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O exterminador do futuro

Chamusca (foto site do Avaí)

O Avaí chamou a imprensa para anunciar com alarde que firmou convênio com o Santa Fé da Argentina, clube formador de atletas. Pra que, pergunto eu? Talvez para fornecer jovens jogadores ao clube argentino. Só pode ser, porque diante das atuais circunstâncias não vejo o menor sentido nesta parceria. O Avaí tem se notabilizado pelo péssimo aproveitamento de suas divisões de base. Os cadáveres ainda não esfriaram, fruto do extermínio cometido pelo treinador Péricles Chamusca a partir do fim do campeonato catarinense com chancela dos homens do futebol, leia-se direção e parceiros.

Os jovens são escalados, substituídos e retirados até do banco de reservas sem o menor critério. Por essa experiência já passaram o goleiro Renan, os meias Gustavo e Medina, os atacantes Laerte e Cristian. Os casos mais emblemáticos são os de Rodrigo Thiesen e Johny, titulares eficientes do meio campo até Chamusca decidir por defenestrá-los sem nenhuma justificativa digerível. Cada vez que tentou se explicar o treinador só aumentou o tamanho da mentira. A última foi de doer, quando Rodrigo Thiesen estava em lugar incerto e não sabido há mais de mês e de onde de repente apareceu para virar titular contra o Fluminense.

A emenda foi pior do que as explicações anteriores: tinha empresário na arquibancada para observá-lo. Significa dizer que as questões técnicas e de interesse do time ficam em segundo plano. Enquanto isso, sabe-se lá a que custo, chegam ao Avaí pencas de jovens jogadores da mesma posição, com alguns mais velhinhos passando por extensas temporadas no departamento médico. Leonardo, Vandinho, Sávio e outros menos votados seguem como esperanças para um futuro tão distante quanto a possibilidade de o Avaí fazer boa campanha neste Brasileirão.

Pelo jeito e pelo andar desgovernado desta carruagem o único a lucrar com a parceria nas atuais circunstâncias serão os argentinos do Santa Fé. Prejuízo certo para o clube que possivelmente ainda terá que procurar um treinador com métodos mais palatáveis e coerentes.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Eles sabem o que dizem e o que fazem



A mídia impressa e alguns setores da mídia eletrônica, com razão, não engoliram o amistoso disputado pelo Brasil em Zimbabwe, muito menos a cobrança de dois milhões de dólares pela apresentação. O país vive há trinta anos sob uma ditadura cruel de Robert Mugabe, a condição de miserabilidade é explícita, o índice de desemprego chega a 60% e a inflação beira os 98% dia.

A repercussão negativa eclodiu nesta quinta-feira na maioria dos veículos de comunicação do Brasil, exceção feita à TV Globo, cuja opção é sempre pela cobertura obaobista. As fotos da soldadesca à beira do gramado cercando os governantes, bem como as imagens do bando de seguranças em torno de Mugabe e seus comparsas, são suficientemente esclarecedoras e indícios bastante significativos sobre o tipo de regime vivido por aquele povo.

Nem os nossos jogadores escaparam impunes, seja pela absoluta omissão em declarações ou posicionamentos, ou simplesmente por um gesto até agora sem explicações ou entendimento do lateral Michel Bastos. Justo ele, um dos novos na seleção e destaque positivo da equipe neste infausto evento. Marcou o primeiro gol, muito bonito, por sinal, e em seguida, de frente para a arquibancada onde estava Mugabe, bateu continência. Uma comemoração irônica e debochada? Tomara que fosse.

A discussão aqui nunca foi sobre a qualidade do adversário, 110º no ranking da Fifa, número até irrelevante diante do que se sabia de antemão sobre o futebol inexpressivo praticado no Zimbabwe. O que conta é a absoluta impropriedade da visita àquele país e os trinta dinheiros exigidos pela CBF.

Não tivesse isso tanta importância, o governo brasileiro, que nunca sabe de nada, não se apressaria em justificativas, lavando as mãos para dizer que não tem nada a ver com o assunto, alegando que houve apenas um negócio direto entre a CBF, e Confederação do Zimbabwe.

De qualquer forma a polêmica escancara a falta de critério e inteligência dos homens que dirigem a Confederação Brasileira de Futebol, da sua Comissão Técnica liderada por Dunga e, principalmente do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, nosso Judas de plantão, sempre a interpretar ao seu jeito as virtudes da democracia.

Cinco dias em Curitiba, com a seleção trancada em um bunker? Pra que? Adaptação ao frio? Bobagem. Extendendo um pouco a estada na capital paranaense o Brasil poderia isto sim, ter feito os primeiros treinos e até disputado um jogo amistoso, concretizando uma despedida muito mais proveitosa e agradável para o torcedor brasileiro. Várias das seleções que estarão na Copa continuam em seus países, treinando e fazendo amistosos interessantes e distantes de qualquer constrangimento diplomático.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A razão das mãos no bolso

Foi um tedioso treino, não mais que isso, com camisas oficiais e arbitragem da Fifa, suficiente para a seleção brasileira fazer jus aos dois milhões de dólares recebidos pela apresentação. O time mostrou a habilidade de alguns jogadores, a má forma do Kaká, o futebol medíocre do irritadiço Felipe Melo, e a fragilidade do meio de campo na proteção à zaga.

No mais foi curioso e ao mesmo tempo triste ver, sem nenhum registro ou comentário das alienadas transmissões brasileiras de tevê, o ditador do Zimbabwe, Robert Mugabe, descer ao gramado cercado por um bando de aspones e dos seus seguranças, naquela pose típica de governantes autoritários e mal queridos pela humanidade..

Além do teste, este amistoso em Harare, a capital do país, revelou para nós brasileiros, acostumados aos regimes ditatoriais de direita e esquerda, algumas peculiaridades que explicam a postura de determinados jogadores e do técnico Dunga quando da passagem por Brasília.

Perfilados para os tradicionais cumprimentos, eles desfilaram em frente ao presidente Lula e dona Marisa com uma das mãos no bolso. Agora se sabe a razão desta suposta falta de respeito, que na verdade era uma preparação para Zimbabwe, onde qualquer movimento com a mão aberta é confundido com um gesto característico da oposição ao regime de Mugabe. O infeliz que for pego em flagrante tem a mão decepada.

Como estavam em Brasília, e no Palácio, chegou-se a pensar também que a mão enfiada no bolso era para proteger a gorda diária recebida pouco antes do embarque para a África do Sul.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ora bolas


O Dunga, misto de treinador da seleção brasileira com psicólogo e corregedor da mídia, acaba de descobrir que nem todo mundo gosta de sexo, sorvete ou vinho. E ele, gosta do que? Favor encaminhar respostas à concentração do Brasil em Johanesburgo, África do Sul.

Mas a melhor de todas é que nossos jogadores não gostam de verdade é da bola, o que de certa forma já se sabia, não chega a ser novidade. Nessa turma tem alguns que até a odeiam. A Jabulani, como é chamada a bola no país desta Copa, está levando chutes verbais de todo o lado, a começar pelo goleiro Júlio César, que lembrou daquelas compradas em supermercado por quem quer fazer caridade baratinha e sem maiores compromissos.

O Felipe Melo, com a sutileza e falta de tato que já lhe renderam cinco expulsões no campeonato italiano e duas na seleção brasileira, fez uma inexplicável comparação entre a mulher de malandro, que gosta de apanhar e de maus tratos, e a patricinha, metida a besta e que se julga a melhor de todas. O que ele quis dizer com isso em relação à bola da Copa, ninguém entendeu. Junto com as respostas sobre Dunga, enviem também perguntas ao Felipe Melo.

O que todo mundo percebe é que a cada Copa do Mundo as primeiras críticas são para a bola, sempre cheia de defeitos. Quanto mais a tecnologia avança, mais ela desagrada, do goleiro – o brasileiro Júlio César, o espanhol Casillas e o italiano Buffon - ao ponta esquerda, como se dizia antigamente. A grande coincidência está no fato de que os que reclamam da bola da vez são patrocinados pelo fabricante concorrente, no caso a Nike, já que a “porcaria” de hoje é produto da Adidas.