quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O de sempre

O festival de besteira que assolou a mídia brasileira na discussão sobre o futuro de Dunga impressionou até os menos chegados ao assunto futebol e seleção. Os dias que antecederam ao amistoso contra Portugal foram plenos de boatos, especulações, noticias esquentadas, anúncios, previsões, comentários e indicações de prováveis substitutos do atual treinador. Com as exceções de praxe o foco ficou em cima dos últimos resultados do time brasileiro e apresentações distantes da qualidade do futebol que estamos acostumados a ver. Li e ouvi que o emprego de Dunga dependeria do resultado do jogo contra os portugueses. Quer dizer, o raciocínio da maioria dos críticos é simplista, bem como as respostas de Dunga, que não ajudam em nada a melhorar sua imagem. Centrar a discussão sobre resultados pontuais e a campanha nas eliminatórias desvia as atenções sobre o problema central que é a inexistência, até agora ao menos, do esboço de uma equipe que possa enfrentar com segurança a Copa de 2010 na África do Sul. A não ser pelo goleiro Júlio César, por Kaká e Robinho, ninguém sabe que nomes poderão compor o conjunto que vai defender a excelência do nosso futebol. Aí está o xis da questão. O pecado de Dunga é não ter aproveitado até agora todas as chances que teve para fazer experiências que mostrem alguma perspectiva de montagem de uma boa equipe, de um grupo confiável, enfim. Ele continua insistindo com bananeiras que já deram cacho, com jogadores que não têm mais nada a acrescentar a uma seleção com o peso da nossa. Resumindo, não temos zaga, o meio de campo é uma incógnita e, a partir dos testes com o desconhecido Afonso, o ataque passou a ser uma caixa preta. No mais o que acontece hoje com Dunga é uma repetição enfadonha das situações vividas por Felipão, Parreira, Zagalo, Luxemburgo e outros menos votados.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

É ele

A imprensa esportiva do Rio e São Paulo trata desde a semana passada da substituição de Dunga por Muricy Ramalho na seleção brasileira. De especulação o nome do atual treinador do São Paulo passa a ser quase uma certeza. É o que diz o colunista Juca Kfouri em post do seu blog nesta segunda-feira, ao estranhar – e é mesmo muito esquisito - que o nome de Muricy não esteja entre os cinco relacionados para ser indicado como o melhor do ano. A festa acontece no dia seguinte ao final do Brasileiro e é promovida pela CBF que relaciona os mais votados para a escolha dos melhores entre jogadores e técnicos. Por ordem alfabética a lista tem Adilson Batista, Caio Júnior, Celso Roth, Dorival Júnior, Vagner Mancini e Vanderlei Luxemburgo. É claro que, às portas de sua terceira conquista consecutiva de um título brasileiro, Muricy tinha que estar nessa. Se não está, aí tem a impressão digital de Ricardo Teixeira.

A decadência de Luxemburgo

Coluna de Juca Kfouri na Folha de São Paulo desta segunda-feira bota o dedo na ferida em que se transformou Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras. Por obra e graça, segundo Juca, da fogueira de vaidades em que está sendo cremado.
"Vanderlei Luxemburgo acordou sábado com dor no cotovelo, fruto de uma luxação ao cair no chão do aeroporto de Congonhas, ao furar um chute num desses membros de torcidas uniformizadas que sempre sustentou.
Para piorar, no próprio sábado leu, nesta Folha, jornal de maior circulação do país, que Muricy Ramalho está prestes a superá-lo também nas estatísticas do Campeonato Brasileiro, depois de tê-lo deixado para trás nas preferências gerais para a seleção brasileira.
Como se não bastasse, ao acordar no domingo, no Rio, cotovelo ainda dolorido, viu, no "Globo", duas páginas quase inteiras dedicadas a Muricy, apresentando-o com uma simpatia que não chega a ser sua marca registrada.
Porque desde que Luxemburgo disse à rádio Globo que era melhor que o técnico do São Paulo, ele só vem colhendo reações que comprovam que apenas ele, e alguns fãs, pensam igual.
Pois não só virou alvo de chacota, como viu o rival ganhar espaço até onde supunha ter cadeira cativa.
Na verdade, Luxemburgo surtou desde que a coluna de Renato Maurício Prado, exatamente no "Globo", informou que o treinador tricolor estava bem cotado na CBF.
Bem no primeiro jornal que o presidente da entidade lê diariamente.
Daí para frente, até Síndrome do Pânico, esta terrível doença moderna, houve quem, no Palmeiras, diagnosticasse nele, embora ele tenha passado mesmo por uma crise depressiva, outro transtorno desses dias estressantes.
Porque, desde que dormiu no Palácio da Alvorada, tinha certeza de que seria o ungido para o cargo hoje ocupado por Dunga na seleção.
Se ciúmes de homem é o pior tipo de ciúmes e se ele atingiu Romário, Edmundo, Marcelinho Carioca, São Marcos etc, está claro que nada pode fazer em relação a Muricy Ramalho, que fez do antimarketing seu melhor marketing, além de ter recuperado seu time e jogadores, como Hugo e Borges, que pareciam condenados.
Luxemburgo, então, aprofundou suas manias e superstições, com atitudes que não ficam bem para quem se acha moderno e profissional.
Começou a mandar o time usar a camisa de cor de marcar texto para dar sorte, porque assim foi orientado pelo além, como botou na cabeça que Lenny se consagraria contra o Grêmio, com resultado conhecido.
Aliás, de Preá a Lenny, como se jogou dinheiro fora no Palmeiras, graças ao dedo de Luxemburgo, que é bem capaz de confundir Rosa de Luxemburgo com Joana D'Arc, mas não foi esperto para perceber que seria cremado na fogueira da vaidade que ergueu para si.
Foi o que se viu na goleada impiedosa do Flamengo, que pode custar até a Libertadores.
Luxemburgo ainda é suficientemente moço para dar a volta por cima e recomeçar uma trajetória de vitórias esportivas, desde que se concentre na sua atividade principal.
Porque também os abalos na imagem de iniciativas como a do seu instituto acabaram por fazer com que ele desviasse a atenção do coração de seu negócio e perdesse, para usar uma expressão de que gosta, o foco.
A ponto de virar, de novo, alguém que torcedores ou conselheiros menos civilizados achem que podem passar a mão.
CORREÇÃO: O Dr. Rubens Sampaio, ortopedista do Palmeiras, informa que Luxemburgo teve uma fratura no cotovelo, não uma luxação. E que o tratamento será conservador, sem necessidade de cirurgia."

Só ficando em casa

Wanderlei Luxemburgo continua sob pressão, conseqüência do que vem acontecendo ultimamente com seu time. É a vítima mais recente do momento decisivo do Campeonato Brasileiro. No final de semana não escapou da selvageria de torcedores do Palmeiras no aeroporto de Congonhas e, dos males o menor, porque não provoca lesões físicas, ainda saiu do Maracanã com um saco de gols nas costas. Wanderlei se queixa com razão da estupidez de meia dúzia de boçais travestidos de palmeirenses, violência que começa nas arquibancadas do país inteiro e passa até por invasão de sedes dos clubes e seus campos de treinamento. Ninguém vai preso, não há nenhum tipo de punição para os infratores de plantão, as autoridades públicas e esportivas se omitem e continua tudo como dantes. Onde estão os criminosos que aleijaram um torcedor do Criciúma? Assim, quem pode paga pra ver os jogos em casa, quem não pode tem que vestir colete a prova de bala ou armadura para enfrentar o risco que representa pagar ingressos caros para freqüentar estádios desconfortáveis, sob sol ou chuva e utilizar banheiros imundos. A comida é de quinta e bíblica, geralmente cachorro quente com pães da Santa Ceia. O transporte é escasso e de última, e os estacionamentos têm preços de flanelinha. Salve o “pay per view”.

Joga pedra na Geni

Quer dizer então que Mário Sérgio é o responsável pela provável queda do Figueirense para a série B. Interessante por criativa e nova essa tese defendida pela diretoria do clube, jogando nas costas do técnico a culpa pelo fracasso do time. A três rodadas do rebaixamento a cartolagem descobriu que trocando de treinador – vem aí o Pintado, a quinta "Geni" do ano – pode mudar o destino traçado por uma temporada cheia de erros cometidos por ninguém mais que os componentes do departamento de futebol. Um deles de sangue nobre e herdeiro de uma dinastia criada a partir do milagre da “multiplicação de recursos”. Ainda que consiga transformar em nove pontos salvadores as três ultimas rodadas, a torcida não esquecerá o sofrimento e as humilhações de 2008. E vai cobrar a conta pela soberba e incompetência, como deveria ter feito a mídia baba ovo no dia-a-dia do Campeonato Brasileiro.

Respeito é bom e todos gostam

O Corinthians, mesmo classificado para a série A com seis rodadas de antecedência, e também campeão antecipado da série B, contina utilizado o time principal. Silas, o treinador do Avaí, iniciante na profissão, deveria seguir o exemplo do corintiano Mano Menezes, que continua encarando a competição com respeito. Escalar reservas quando muitos interesses de terceiros estão em jogo é falta de respeito com torcida e adversários. Como aconteceu com o Avaí, que sábado escapou por pouco de fazer um papelão no interior de São Paulo onde enfrentou o Bragantino que, junto com mais três equipes ainda lutava por uma das vagas na primeira divisão.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A Copa é nossa mesmo?

A Infraero anunciou oficialmente que as obras de ampliação do Aeroporto Hercílio Luz só ficarão prontas em 2012, dois anos mais tarde do que havia prometido ao Governo do Estado e à população de Florianópolis. Sem aeroporto decente, com seus acessos comprometidos, somados aos acenos demagógicos e oportunistas de outras soluções para o nosso sistema viário, com que roupa vamos fazer da cidade uma das sedes da Copa em 2014?

Esporte popular

O amistoso da seleção brasileira contra Portugal em Brasília tem ingressos de R$ 180,00 a R$ 250,00. Não sei de onde a CBF tirou que o torcedor comum, o chamado “arquibaldo”, tem condições de pagar esse preço por uma partida de futebol. Enquanto isso o governo do Distrito Federal está distribuindo cerca de cinco mil convites para os apaniguados de sempre.

Nem sempre a propaganda é a alma do negócio

No esporte brasileiro e nas suas estratégias de marketing algumas situações retratadas especialmente pelo futebol me chamam a atenção. Falo daqueles momentos em que o nome dos patrocinadores acaba subtraído, seja por ações involuntárias, ou por premeditação dos veículos de mídia. Os jogadores costumam comemorar um gol levantando a parte da frente de camisa geralmente para demonstrar seu amor por Jesus. Acontece também, após uma conquista – a do Avaí, por exemplo – do jogador simplesmente tirar a camisa do clube na volta olímpica e ficar sob a mira de fotógrafos e tevês quase despido. Ou então, como fizeram alguns atletas avaianos, colocam um colete ou outra camiseta estampando sua crença ou amor por filho, mulher, namorada e o escambau. A essas alturas o nome do patrocinador desapareceu. A premeditação acontece nas entrevistas onde o cinegrafista é orientado para evitar o boné do entrevistado. O sujeito só aparece da testa até o pescoço, pra evitar alguma identificação de patrocínio no boné ou na camisa. É necessário, ainda “esconder” o painel que costuma aparecer ao fundo nas entrevistas coletivas. Não tenho conhecimento, até hoje, que algum dirigente ou patrocinador tenha se rebelado contra isso. Nos esportes de quadra os times têm o nome de empresas trocadas nas transmissões pelo nome da cidade que representam. Assim é, por exemplo, com a Cimed (Florianópolis). A Stock Car, principal categoria do automobilismo brasileiro e que tem na TV Globo sua grande parceira de mídia, não esconde sua frustração pelo fato de a emissora omitir a marca da Nextel durante as suas transmissões. São muitos os exemplos em que a visibilidade do patrocínio é mascarada ou simplesmente evitada e justamente no esporte, um segmento bastante carente de recursos da iniciativa privada.

A matemática do desespero

O Figueirense e seus torcedores passarão pelo menos as duas próximas rodadas de calculadora na mão. Dependendo dos resultados esse equipamento nos dois últimos jogos, contra Botafogo no Rio e Inter em Florianópolis, não terá a menor serventia. Vale o mesmo para o Criciúma, que já subiu no banquinho e botou a corda no pescoço. São situações semelhantes por razões distintas: o desespero para evitar o rebaixamento, por si só uma tragédia, no caso do Figueirense ganha contornos mais dramáticos por causa do acesso do Avaí à série A. A torcida avaiana sabe bem o sentimento que toma conta da maior rival nesse momento. No Criciúma, que está virando o campeão do rebaixamento e conhecedor de todas as três divisões, a proximidade de mais uma temporada na série C é bastante concreta. Na real a matemática diz que o Figueirense precisa de nove pontos em doze e o Criciúma não pode mais nem empatar um dos seus três jogos restantes. Em ambos os casos estamos perto de milagres, coisa que passa bem longe do futebol e das minhas crenças.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Raquete por chuteiras

O que ele podia fazer pelo tênis foi feito. Infelizmente o tênis brasileiro não tirou nenhum proveito do sucesso de Guga, a não ser durante o período em que esteve em quadra conquistando torneios, projeção internacional, divulgando Santa Catarina e sua Capital. Agora o mané Guga só pode ser visto nos camarotes da Ressacada, acompanhando seu clube do coração. O Avaí e o futebol catarinense ganham mais divulgação com a participação do seu torcedor ilustre, como acontece no momento em que outro time do Estado chega à série A do Brasileiro. E o tênis? Bem, o tênis passou, não existe mais para a torcida de Santa Catarina e do Brasil. O maior atleta da modalidade em toda sua história agora só quer saber de futebol e do Avaí.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A nossa bendita gangorra

Depois do Corinthians o primeiro da fila para subir à série A tinha mesmo que ser o Avaí. Não só pela vice-liderança, posição ocupada durante maior parte do campeonato. Mas principalmente pela campanha de muitos bons momentos e raríssimos tropeços, desempenho que garantiu uma vaga na primeira divisão com três rodadas de antecedência. É o acesso à elite do Brasileirão depois de 29 anos de espera e com o clube sendo dirigido por um dos presidentes mais contestados de sua história. João Nilson Zunino bateu muita cabeça até encontrar em duas empresas (LA e Traffic) a parceria ideal para organizar um pouco o seu Avaí, contaminado por administrações amadoras de muitas décadas. A rivalidade da Capital era o que vinha mantendo o Avaí de pé. Quanto mais o Figueirense subia, mais os avaianos lutavam para não deixar a peteca cair totalmente. Agora a situação pode estar se invertendo no interminável sobe e desce que alimenta essa paixão do torcedor de Florianópolis. Uma razão de peso para as direções dos dois clubes pensarem a temporada de 2009 com muito mais cuidado e bastante planejamento.

Quem mandou votar neles

Claro que a torcida do Avaí merece fazer a festa que bem entender, lotando a Ressacada, entupindo de gente e de carros as vias de acesso ao sul da Ilha, parando o trânsito, fazendo carreata, soltando foguete, tudo, enfim, que estiver de acordo com a lei e com a alegria pelo acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro. As conseqüências todo mundo já sabe, principalmente os usuários do aeroporto Hercílio Luz e moradores da região. Bem feito, quem mandou assistir passivamente a omissão das autoridades que engambelaram a população todos esses anos. E, pior que isso, elegendo e reelegendo um bando de incompetentes e mentirosos. Que vão continuar engambelando e mentindo enquanto for possível sustentar a fantasia de uma sede da Copa de 2014 em Florianópolis. Gostaria de saber a opinião dos membros destas comissões e institutos que têm passado pela cidade a pretexto de analisar nossas potencialidades e estrutura para abrigar parte de um evento tão importante quanto uma Copa do Mundo. Acharia interessante ouvi-los depois que experimentassem sair do aeroporto ou chegar no horário de vôo em dia de um jogo com as dimensões deste programado para a noite da terça-feira na Ressacada.

Se eu fosse presidente do COB

Por ALBERTO MURRAY

Se eu fosse Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, eu:

- teria vergonha de ver meu nome estampado na primeira página do maior jornal da minha Cidade, acusando-me de ter feito uma reeleicao sorrateira;
- ficaria enrubescido no corpo inteiro ao ver o outro grande jornal da minha Cidade, acusando-me da mesma coisa que o outro;
- teria dores de estômago ao perceber que a mídia de todo País condenava os meus métodos de reeleicao;
- setirme-ia- pior ainda ao verificar que ate a mídia não especializada desviara atenção para a minha reeleicao, acusando-a de ilegitima;
- pediria para sair se constatasse que o que eu fiz não agradou a ninguem, principalmente aos Atletas, que deveriam ser a voz mais importante a ser ouvida;
- enfiaria a cabeça no primeiro buraco da praia de Ipanema, feito um siri, ao prometer mundos e fundos em algum dossie de candidatura em realização de obras de infra-estrutura para o povo da minha Cidade e não ter cumprido uma meta sequer. Não teria coragem de jogar a culpa disso em cima dos Poderes Públicos;
- teria catapora ao mostrar aos membros da Organização Desportiva Pan-Americana ("ODEPA") que não fiz construir uma única dessas obras e que os "elefantes brancos" que edifiquei não ficaram, ao menos, à disposição do povo para, livremente, praticar esportes;
- ficaria sem voz ao constatar que, apesar dos bilhoes de Reais de dinheiro público empenhados nos Jogos Pan-Americanos, a opinião especializada concluísse que o legado para a minha Cidade fora zero;
- não saberia aonde enfiar a cara se o Tribunal de Contas do meu próprio País desse um retumbante NÃO à minha prestação de contas sobre alguma competiçao internacional realizada sob os meus auspicios;
- não faria de nenhuma Cidade do meu Pais candidata à sede de Jogos Olimpicos enquanto não fossemos uma potência economica com distribuição justa de renda, em saúde, educação, transporte, moradia, segurança, meio ambiente, cultura e tantos outros itens;
- pediria ao Governo que, em vez de empenhar milhões e milhões de Reais em uma candidatura fadada ao fracasso, aplicasse esse dinheiro na base do esporte, nas escolas públicas de ensino elementar. Eu colocaria minha experiência à serviço do Governo para auxiliar nessa tarefa. Chamaria de demagogo o Prefeito, Governador, ou Presidente que quisesse trazer uma Olimpíada para o Brasil;
- eu respeitaria a lei e faria licitação para todos os servicos contratados com terceiros;
- eu acabaria com intermediários, desnecessários, como agências de viagens, que ganham comissões às custas das reservas de passagens e hoteis comprados à partir do Comitê;
- eu não deixaria que qualquer membro do Comitê tivesse qualquer relacionamento empresarial com interesses financeiros ligados à àrea de esportes;
- eu tentaria passar ao povo a mensagem de que ser potência olimpica a qualquer custo é uma idiotice. Eu diria que mais importante do que contar medalhas é desenvolver na juventude o gosto pela prática do esporte para se ter uma nação mais saudável. Que após muitos anos, criando-se no País uma mentalidade Olimpica, da quantidade tiraríamos a qualidade:
- aliás, lutaria para que o Ministerio da Educação incluisse em seu programa básico de ensino a obrigatoriedade de aulas de Olimpismo, na disciplina de educação fisica, ou de história. Isso também obrigaria aos Professores estudar a materia;
- não "babaria ovo" para Presidente, Ministro, Secretário, patrocinador ou quem quer que fosse. Agiria com educação, mas não me afastaria, nunca, de meus princípios olímpicos, sendo capaz de criticar, publicamente, qualquer autoridade que eu achasse que devesse ser criticada. E de elogiar quem eu achasse que deveria ser elogiado;
- não teria o rabo preso com ninguém;
- estimularia às críticas dos outros a mim mesmo e as analisaria com humildade para, quem sabe, corrigir rumos;
- responderia a todas as perguntas da imprensa, sem destratar qualquer repórter, mesmo quando julgasse que algumas perguntas fossem provocativas. Esse, também, é o oficio deles;
- faria definições claras para a distribuição do dinheiro da Lei Piva;
- certamente, não faria sozinho esses critérios. Chamaria as Confederações, Federações, Clubes e Atletas a dar sugestoes;
- não concordaria com a "meritocracia" em que os esportes mais ricos, por terem outras fontes de renda, estariam sempre em primeiro lugar;
- tentaria achar uma forma justa de dar mais a quem tem menos, as chamadas Confederaçoes menos prestigiadas;
- exigiria das Confederações que, como um dos critérios para o repasse de verba, fosse apresentado ao Comitê a realização de trabalhos sociais, do desenvolvimento do seu esporte em comunidades pobres;
- acabaria com essas seleções permanentes e centros de excelência "de faz de conta". Ao mesmo tempo em que exigiria disciplina dos Atletas de alto rendimento, o deixaria livres para treinar em seus clubes (célula mater do esporte brasileiro), vivendo em suas Cidades, ao lado de suas familias. As seleções poderiam reunir-se, talvez, uma vez por mes. Por princípio, os Atletas de alto rendimento devem ser responsáveis por sua vida regrada. Temos que confiar no bom senso de cada um deles;
- repassaria a maior parte do dinheiro público às Confederações, às Federações, aos Clubes e ao Atletas, porque quem menos precisa de dinheiro é o proprio Comitê, cuja função não é formar o Atleta. É a de dar condições para isso;
- acabaria com verbas altíssimas de "manutenção da entidade" e daria outra destinação a essas quantias. Certamente iria para o desenvolvimento do esporte;
- daria menos festas;
- não faria publicidade nem do Comitê, muito menos de mim mesmo, com dinheiro da entidade;
- exigiria prestação rígida de contas e não admitiria um só deslize. Tratar com dinheiro publico é coisa muito séria;
- eu daria liberdade de Associação à Academia Olímpica Brasileira, deixando com que seus próprios Membros escolhessem a sua diretoria;
- apoiaria os Estudos Olímpicos, pois a base de tudo isso nada mais é do que o Olimpismo como uma filosofia de vida a ser difundida na sociedade;
- não faria média com Confederações, levando à Jogos Olimpicos Atletas com índices fracos, apenas para inchar a delegação e sair por ai dizendo "essa é a maior delegaçao bla, bla, bla…" E daí que é a maior delegação? Jogos Olímpicos coroam a vida de um Atleta e não é lugar para se ganhar experiência;
- reduziria meu próprio mandato para uma eleição de quatro anos, com direito a uma única reeleição;
- lutaria para que o mesmo fosse feito com as Federações e Confederações;
- eu revogaria, de cara, o artigo 26 dos Estatutos do Comitê, que impede que qualquer cidadão brasileiro seja candidato à Presidente e Vice-Presidente da entidade, a qual, hoje, vive do dinheiro do povo;
- faria constar dos contratos de patrocínio assinados com empresas privadas, uma cláusula inversa à de confidencialidade. Uma cláusula que exigisse do Comitê dar publicidade àqueles contratos. Se as partes não têm nada a esconder, esse é o único caminho;
- incentivaria a literatura olímpica e esportiva de uma maneira geral, de forma mais democrática;
- tentaria dar aos nossos talentos excepcionias o tratamento especial que eles merecem. Mas não os confinaria em "campos de concentração". Eu teria que acreditar no bom senso desses Atletas e em sua auto-disciplina. Se ele quer ser um grande Atleta, deve partir dele, antes de tudo, a responsabilidade pelos seus atos. Atleta-talento sem responsabilidade não é Atleta. Quem tem a perder é somente ele. E perderia mesmo, se fosse um irresponsável e não soubesse aproveitar as boas oportunidades;
- eu daria mais ênfase às competições nacionais estudantis e universitárias. O esporte universitário é uma das coisas mais bonitas que existem nesse meio;
- lutaria pela criação de uma agência nacional de esportes, a ser tocada por técnicos com mandato, livres de influências politicas, para fazer um planejamento a longo prazo para o esporte brasileiro;
- eu acabaria com a Casa Brasil em Jogos Olímpicos, que acaba não servindo para nada. Ou se quisessem fazê-la, que fosse por conta e ordem da iniciativa privada;
- eu não levaria presentinhos para os Membros do Comitê Internacional Olímpico. Isso não dá prestigio a ninguém. Eu tentaria obter o prestígio deles pela seriedade e clareza de minhas posições;
- exerceria a função com autoridade, mas, nunca, com autoritarismo;- eu acho que eu seria o maior crítico de mim mesmo, que seria capaz até de me fazer auto-oposição em alguns momentos.
Postado no blog de Juca Kfouri na segunda-feira
http://albertomurray.wordpress.com:80/

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Salve-se quem puder

O Avaí joga às 19h30 desta terça-feira contra o Brasiliense no estádio da Ressacada. A perspectiva é de casa cheia porque uma vitória colocará o Avaí na série A. A direção do clube admite que dormiu no ponto e tentou muito tarde a mudança, perdendo o prazo de dez dias previsto pelo Estatuto do Torcedor para alterações de horário ou local das partidas. Tudo bem que temos uma legislação a cumprir, mas faltou força política e de argumentação para convencer a diretoria da CBF sobre a impropriedade do que determina a tabela. Nesse caso o bom senso e questões de segurança deveriam se sobrepor, uma vez que o fluxo de trânsito no horário previsto para a partida deixará parte da Ilha paralisada. Usuários do Aeroporto Hercílio Luz e moradores da região, principalmente, conhecerão o inferno.

É uma casa brasileira, com certeza

A CBF faz jus hoje, como nenhum outro estabelecimento do gênero, à denominação de “casa da Mãe Joana”. Como justificar um amistoso em Brasília semana que vem contra Portugal em cima da fase final do Campeonato Brasileiro e da Copa Sul-Americana? São Paulo, candidato ao título da competição nacional, e Internacional, na semi-final sul-americana, têm jogadores convocados. A burrice e a irresponsabilidade andam juntas nesse episódio. Acrescentemos, ainda, a viagem de Dunga a Portugal para promover o amistoso. E desde quando a seleção brasileira precisou de promoção para seus jogos? Ricardo Teixeira e sua trupe não cansam de se superar.

O Gallo cantou certo

O técnico Alexandre Gallo saiu do Figueirense porque não aceitou as diretrizes do departamento de futebol do clube e a fragilidade do time para enfrentar o Campeonato Brasileiro. Na época, lembro bem, Gallo pediu a contratação de reforços de qualidade e não apenas de jogadores que viessem a aumentar o come e dorme, como acabou acontecendo. O treinador abandonou o barco antes que afundasse, realidade atual para desespero do seu torcedor, enganado antes, durante e depois do canto profético do Gallo. A situação do Figueirense hoje já é pior do que a do Criciúma, porque abaixo, na primeira divisão, tem somente o Ipatinga. Na série B o CRB de Alagoas está matematicamente rebaixado.

A "via crucis"

A possibilidade de rebaixamento para dois times catarinenses é concreta. O Figueirense é o penúltimo da série A com 35 pontos e quatro jogos a cumprir: São Paulo (f), Náutico (c), Botafogo (f) e Inter (c ). O Criciúma é o primeiro na zona de rebaixamento da série B, 36 pontos, e também com quatro jogos pela frente: Marília (f), Gama e Santo André (c ) e Ponte Preta (f). A diferença é que na série A as quatro vagas estão em aberto.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Campeão de audiência

Outro dia fiz um comentário sobre as qualificações de Muricy Ramalho e Mano Menezes, para mim os melhores técnicos em atividade hoje no futebol brasileiro. Por inúmeras razões, uma delas descrita abaixo, deixei fora da análise Wanderlei Luxemburgo, até dias atrás o mais badalado de todos. No dia em que a coluna foi publicada fiquei sabendo da participação de Wanderlei como comentarista da Globo no jogo em que o time B do Palmeiras enfrentava fora de casa o Argentino Juniors pela Copa Sul-Americana. Além de não viajar para a Argentina – a pretexto de preparar o grupo que ficou em São Paulo para o confronto contra o Grêmio pelo Brasileiro -, ainda mandou um grupo de apenas 14 jogadores, entregues pelo seu comandante à fúria dos argentinos que prometiam forra das brigas que aconteceram no jogo de ida no Parque Antártica. Alguns conselheiros palmeirenses foram tirar satisfações da diretoria pela postura nada profissional do seu treinador, useiro e vezeiro em incidentes extra-campo, além da inconveniente duplicidade de ações, como técnico e agenciador de jogadores. Que a Globo se preste, aceitando o homem como comentarista eventual, vá lá, é briga por audiência, coisa e tal. Mas é com esse e outros comportamentos similares que Luxemburgo derruba seu currículo de técnico competente, cheio de conquistas. Os holofotes e a mídia fazem muito mal ao Luxa e lhe tiram, (e felizmente, a meu modo de ver) qualquer possibilidade de um dia virar empregado de Ricardo Teixeira na CBF.

Circo mambembe

Façam uma visita aos principais equipamentos esportivos existentes em Florianópolis e tentem descobrir algum que hoje possa receber um grande evento. A busca será infrutífera. Não temos nada que preste, apesar das muitas promessas de candidatos ou mesmo prefeitos eleitos. Como piada li e ouvi outro dia sobre a possibilidade de se construir uma Arena em Canasvieiras, pasmem, para apenas cinco mil pessoas. Para a cobertura poderão utilizar aquelas lonas remendadas dos cirquinhos mambembes que circulam pelo interior do Brasil.