A interdição do
Engenhão não se trata apenas do simples impedimento da utilização daquele
equipamento esportivo, único legado do Pan-2007. É mais uma demonstração do adiantado estado de
putrefação em que se encontra o poder público em todas as suas instâncias.
A corrupção, a
incompetência, a burocracia, e os interesses meramente eleitoreiros de uma camarilha
democraticamente eleita – esse é o grande paradoxo do sistema – transformaram nosso
país numa verdadeira República das Bananas. Acho até que isso pode ofender algumas
nações que não tenham a mesma imponência ou tantos recursos como o Brasil, mas
que conseguem garantir aos seus cidadãos um mínimo de dignidade no seu dia a
dia.
Aqui é tudo ao
contrário do que se imagina, do que se espera da um grande país como gostamos
de arrotar para o mundo, não só no futebol. Educação e saúde, base de
sustentação de qualidade de vida digna, não merecem o mínimo de atenção devida.
Nossos políticos, a começar pela presidente Dilma, andam pra lá e pra cá feito
saltimbancos, mas como protagonistas de um espetáculo grotesco visando tão
somente a consolidação de alianças que mais adiante vão influir na eleição.
Agora o Rio de Janeiro,
sede da próxima Olimpíada e principal reduto da Copa do Mundo e da Copa das
Confederações, não tem um estádio decente nem para o futebol. Única sobra do
Pan – o resto foi demolido ou está sem condições de uso – o Engenhão, obra de R$ 381 milhões, sofreu
interdição por problemas na cobertura. Assim como a corrupção faz com o poder
público e a grande maioria dos políticos, a ferrugem está corroendo as estruturas.
Onde vão jogar os
clubes cariocas no seu campeonato já sem público, ou em outras competições que
vêm por aí como Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro? E a Libertadores, em
pleno andamento para o Fluminense? Lembremos que não é só o futebol a
modalidade sem teto, e não é só o Rio que sofre com isso. O atletismo tinha ali seu melhor local para competições,
já garantido como sede na Olimpíada de 2016. Quem mandou homenagear João Havelange
dando seu nome ao Engenhão? É praga rogada.
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