Estão longe, muito longe, os bons tempos em que íamos aos estádios apenas para torcer por nossos times favoritos. As arquibancadas eram verdadeiros palcos de festa e confraternização, as crianças podiam circular livremente, valia até – com algum comedimento, é claro – brincar com a torcida “inimiga”. Destoava apenas a machista reação à presença da mulher, vista com desconfiança e uma pesada carga de preconceito que permeava outras situações do cotidiano da época. Nisso mudamos para melhor, infelizmente só nisso. Agora são montadas verdadeiras operações de guerra – ou seriam diplomáticas? – para evitar conflitos que não muito raramente terminam em morte ou feridos graves. Lembram daquele aposentado, aleijado no estado do Criciúma, cujo crime de autoria identificada permanece sem punição até hoje? No Rio e em São Paulo confrontos de conseqüências trágicas são rotina. Pois é, este assunto me veio a propósito das providências tomadas pelas autoridades de segurança para a disputa de dois clássicos bem próximos, o Grenal de domingo e o Figueira/Avaí de Floripa hoje à noite. Lá, o primeiro enfrentamento do ano vai acontecer fora de Porto Alegre, em Erexim, no estádio chamado Colosso da Lagoa, próprio do Ypiranga local. A Brigada Militar, assim é chamada do Mampituba pra diante, com reforço de policiais de cidades vizinhas, vai revistar ônibus e torcedores duas vezes, nas entradas da cidade e do estádio. Dentro, azuis e vermelhos estarão separados por muros de policiais fortemente armados e grades a uma distância de cinco metros. O acesso será diferente para torcedores de Grêmio e Inter, bem como os estacionamentos. Bebida alcoólica nem pensar. O nosso clássico merece providências semelhantes da Polícia Militar. O coronel Eliézio, comandante geral e avaiano confesso, cuida de tudo com cautela extrema, ainda que sem alguns ingredientes já necessários para os grenais. Mas estamos a caminho, a começar pela providência de reunir os chefes de torcidas no quartel da PM, nas vésperas do jogo, para as recomendações e avisos de praxe. Pode até ser entendido como um avanço em relação à vizinhança, mas tenho cá minhas dúvidas. Quanto mais aumentarem as preocupações com a violência nos estádios, mais me afastarei deles. Minha conta no pay per view vai crescer na mesma medida, junto com a saudade que tenho dos meus tempos de torcedor de arquibancada. Sim, porque hoje como jornalistas até nos reservados à imprensa ficamos expostos à selvageria de uma turba que precisa ser combatida até a extinção. Meus quase 40 anos de janela sinalizam para um desencanto geral com um tipo de mídia irresponsável e sem nenhum senso crítico a conduzir o exacerbado mercantilismo do futebol que esta súcia travestida de torcedor não ajuda a sustentar. Pelo contrário... (Foto do Diário Catarinense onde aparece a turma de falsos na reunião promovida pela PM)
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