Por Juca Kfouri na Folha de domingo
O COB e o Ministério do Esporte fazem da Rio-2016 um escárnio sem fim com o nosso suado dinheirinho
Não há limites para a voracidade do COB e do PC do B, que aparelhou e controla o Ministério do Esporte.
Não há dia em que o "Diário Oficial" da União não traga a oficialização de gastos e mais gastos.
O lema olímpico, "mais alto, mais forte, mais rápido", que, aliás, ofende o movimento paraolímpico por motivos óbvios, encontrou nova definição diante do apetite gastador do COB e do ministério.
Mais caro, mais escandaloso, mais vergonhoso e muitos outros mais, entre estes, mais cínico, mais hipócrita, mais mentiroso e mais certo da impunidade.
Sim, porque, enquanto gastos desmedidos são aprovados até para comprar a roupa dos cartolas que viajam de primeira classe para cima e para baixo, vemos que nada do que se prometeu para o Pan-2007 foi de fato cumprido, além das notícias de que até quem embarcou no engodo de comprar apartamentos na Vila Pan-Americana, empreendimento capitaneado por amigo do rei, está querendo o dinheiro de volta devido à precariedade e à insalubridade da obra.
E o Tribunal de Contas da União, que ensaiou ser rigoroso, mais de um ano depois do fim dos Jogos, parece ter enfiado o rabo entre as pernas e aquietado.
Um saudável movimento de grandes empresários que queriam assumir o comando das ações foi devidamente sabotado pelo governo fluminense e pelo presidente do COB, transformando a dupla caótica Orlando Silva Jr./Carlos Arthur Nuzman num trio não menos terrível.
E tudo por um projeto que tem tanta chance de ser vitorioso como tem o sertão de virar mar e o mar de virar sertão.
Não bastassem os planos grandiosos de construção de estádios pelo país afora para a Copa de 2014, que, ao menos, deverá mesmo acontecer no país, temos que conviver com a fantasia olímpica.
Enquanto isso, ginastas como Diego Hypólito e Jade Barbosa ficam ao relento, sem patrocínio e sem clube, para não falar da educação, da saúde etc.
Márcio Braga, o original, não o que está aí, um dia disse que João Havelange tinha casado a filha com o presidente errado, alusão ao matrimônio dela com o cartola da CBF, e não com o então mandachuva da CBV.
Hoje, provavelmente, não diria mais.
Porque, depois de ter brilhado no vôlei, Nuzman virou uma caricatura perfumada de si mesmo no COB, à altura das trapalhadas de Ricardo Teixeira, com quem não se dá.
E Orlando Silva Jr., ao carregar a mala de um cartola para cá e do outro para lá, enrola-se nas Timemanias da vida, de fracasso em fracasso, um bolerão digno do saudoso cantor das multidões.
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