quinta-feira, 8 de julho de 2010

Começamos mal, muito mal



A Copa da África do Sul ainda é um moribundo e já temos a próxima vítima, a Copa de 2014 no Brasil. Cercada de polêmica e de incertezas a quatro anos de sua realização, nossa Copa vem merecendo as primeiras ações preventivas em forma de antídotos injetados pela própria Fifa, com o objetivo evitar a contaminação pela falta de projetos consistentes e do atraso na implementação do que foi apresentado como garantia. O primeiro alvo são os aeroportos, as obras de reformas e construção de estádios também estão na mira. Falam em quatro anos, que na verdade são três por causa da Copa das Confederações, o evento teste. Estamos a passo de cágado.

O Financial Times atacou nosso planejamento que “até agora tem sido tipicamente brasileiro, ou seja, burocrático, desorganizado e lento”. Destaca ainda que o custo das obras será altíssimo e sem retorno e que pelo menos 12 estádios vão virar elefantes brancos. A entrevista coletiva na África do Sul do presidente da CBF no lançamento da Copa 2014 foi um desastre, a começar pelo anúncio da divisão do país em quatro regiões para “evitar o caos aéreo” com a movimentação de turistas e seleções. As primeiras impressões e/ou previsões sobre o que teremos pela frente começaram a pipocar negativamente na mídia brasileira.


Brasil cogita a estupidez de setorizar a Copa

Por Erich Beting, do portal Uol


A Copa do Mundo de 2014 deverá dividir o Brasil em quatro. O presidente Ricardo Teixeira acaba de revelar que se estuda a chance de "fatiar" o país em diferentes regiões para melhor atender à demanda de transporte e evitar grandes deslocamentos dos torcedores durante o Mundial.


Se a proposta de fato vingar, o Brasil cometerá um dos maiores erros no que diz respeito a saber fazer dinheiro e faturar com uma Copa do Mundo.
Até 1994, o Mundial era "setorizado". Cada grupo ficava numa única sede. Até então, a Copa acontecia em países relativamente pequenos, com facilidade e agilidade de deslocamento entre as diferentes cidades-sedes. Quando o Mundial foi para os Estados Unidos, país de dimensão continental tal qual o Brasil, acabou-se esse história de que um time ficava numa única sede.


E o raciocínio americano foi simples, lógico e claro. Deixar um torcedor cerca de duas semanas num mesmo lugar é estúpido do ponto de vista turístico. Se ele vai para o país da Copa, não pode ficar "confinado" a um único lugar. Tem de viajar, conhecer diferentes regiões, pagar pela passagem, hospedagem, consumo...
Desde então, até mesmo a Copa de 2002, dividida entre Japão e Coreia do Sul, contou com deslocamento entre países de torcedores.


Ao fatiar o país em quatro, o Brasil assume sua incompetência no que diz respeito à infraestrutura de transporte. Sem estradas decentes, sem malha ferroviária e com aeroportos sucateados, o país não conseguirá atender à demanda de uma Copa do Mundo.
Durante quase dois anos, as cidades, com a conveniência do Comitê Organizador Local, preferiram fazer balão de ensaio político em vez de trabalhar para organizar, decentemente, o Mundial.


Fatiar o país, além de atestado de incompetência, é de uma burrice tremenda no que diz respeito a aumentar a receita com o turismo. Além de perder uma grande oportunidade de mostrar o quão diverso, e rico, é o Brasil.

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