quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ah, esses superlativos


Mourinho - retranca para um futebol de resultados

A anunciada super quarta-feira prometia, com Libertadores, Copa do Brasil e Liga dos Campeões. Confronto de peso – uma referência meio sem graça a Adriano e Ronaldo – no Maracanã, jogão no Mineirão entre Atlético e Santos, rivalidade Brasil/Argentina para Banfield x Inter, promessa de muita confusão, o poderoso São Paulo em Lima contra o Universitário e, de quebra um Vitória x Vasco em Salvador. Tudo isso à noite, depois de Barcelona x Inter à tarde.

Vi um pouco de tudo, exceção ao jogo do Inter e da peladinha baiana. Valho-me dos relatos e dos melhores (?) momentos. No Maracanã a chuva lavou a expectativa de uma grande partida. A bola não andou no gramado pesado para os fininhos, imaginem para os grandalhões fora de forma. Não houve o tal confronto das estrelas. Os coadjuvantes é que tentaram salvar o espetáculo. No Mineirão só Tardelli com três gols e Ganso com passes magistrais mereceram generosos adjetivos. Tenho chiliques quando penso quem o Dunga vai levar para a Copa.

O Inter voltou da Argentina culpando a arbitragem pela derrota previsível e seguindo sua via crucis das últimas semanas. Corre atrás do prejuízo no Campeonato Gaúcho e na Libertadores. Em Lima o São Paulo mal e mal arrancou um empate. O Vasco caiu na real diante do Vitória, desmerecendo os elogios antecipados por conta de atuações enganosas.

O jogo com poucos espanhóis e italianos, mas cheio de brasileiros e argentinos, foi de uma pobreza técnica irrepreensível. Ataque inoperante contra defesa. A Inter do português Mourinho se esmerou numa retranca jamais vista, principalmente depois da expulsão ainda no primeiro tempo do brasileiro Tiago Mota. Messi pode ser o melhor do mundo, mas, bem marcado, não faz nada para melhorar a vida do Barcelona. Fiquei com a impressão que a decisão do Campeonato Catarinense entre Avaí e Joinville é bem mais emocionante.

Resumo da ópera: comecei a madrugada de quinta refletindo sobre o significado da palavra superlativo. Está lá no dicionário – “adjetivo que exprime uma qualidade em grau muito alto, ou no mais alto grau”.
Dormi e tive pesadelo, é isso. Vou tentar recuperar a realidade dos fatos nos programas esportivos da quinta-feira.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Censura neles

Isso mesmo. Sou a favor da censura, ampla geral e irrestrita para declarações da maioria dos jogadores de futebol, dirigentes, árbitros, preparadores físicos, médicos e determinado tipo de jornalista. Se alguém ligado ao mundo do futebol foi esquecido, sinta-se incluído nesta relação.

Não tem coisa mais chata atualmente do que lidar com as informações em qualquer área do futebol seja pela implicância de alguns com a mídia esportiva, seja pela total incapacidade do entrevistado, ás vezes do entrevistador, falar algo que preste. A coisa piorou com essa mania de botar a torcida pra falar. Que chatice, quanta porcaria, quanta inutilidade no ar.

A maior prova da total falta de imaginação e criatividade nos gramados e cercanias é a uniformização de procedimentos, como os tais treinos secretos e entrevistas coletivas. Não conheço um caso – se alguém souber de algum me corrija, por favor – de jogo ganho por causa dos segredos de vestiários. Pelo contrário, o time escondido e misterioso entra em campo e não se vê ao menos uma jogada ensaiada. Com raríssimas exceções – e põe raridade nisso -, jornalistas e torcedores conseguem vislumbrar lances fora do comum.

A mesmice é a tática preferida. E quando aparece gente diferente no pedaço, como essa meninada do Santos, é tratada como um bando de alienígenas. E basta uma palavrinha fora do contexto, como costuma nos brindar o ousado e atrevido Neymar, para caírem de pau em cima do garoto. Ele não ofende ninguém, não diz nenhum desaforo, só fala o que sente naquela sua linguagem juvenil.


A turma prefere mesmo é o enjoadíssimo politicamente correto. Há casos em que o time vira para o segundo tempo ganhando de goleada, pode até ser um nove a zero, mas não tem jeito. Lá vêm as obviedades, com o tal de respeito ao adversário, em futebol acontece de tudo, vamos dar o nosso melhor em busca dos três pontos, vamos levantar a cabeça e trabalhar... E por aí vai.

Jogador que consegue juntar meia dúzia de frases é uma jóia rara. Participei faz tempo, (até a incompetência dos administradores entrar em ação e acabar com tudo), de um programa na TV Cultura/Florianópolis. Nada de muito diferente. Toda a segunda-feira eu e meu parceiro de bancada, o Fernando Linhares, tínhamos a oportunidade de conversar e de analisar os acontecimentos esportivos do final de semana. Um belo dia combinamos: convidado no programa tinha que saber falar, para evitar que aquela caríssima uma hora de tevê se transformasse em suplício, para nós e para o público.

Diminuiu bastante o tamanho da bancada, rarearam os convidados, mas conseguimos destravar o programa e fazer fluir melhor o noticiário e os debates. É aquela história, em boca fechada não entra mosca. E o povo não houve bobagem. Tenho pena hoje dos repórteres e âncoras de programas esportivos, submetidos à aridez de idéias e conteúdo que contempla boa parte da nação futebolística.

domingo, 25 de abril de 2010

Visitantes mal educados

Nas principais decisões disputadas neste domingo pelo Brasil os donos da casa foram mal tratados pelos visitantes. Comecemos pelo Avaí que foi a Joinville sem sete titulares e botou a mão na taça com a vitória de 3 a 1. O técnico Mauro Ovelha, jogadores e dirigentes culpam a arbitragem de Paulo Henrique Bezerra pelo resultado adverso. Deve ser mesmo doído perder diante da própria torcida para um adversário cheio de reservas. Mais fácil é não reconhecer as qualidades do vencedor.

Aqui do lado, em Porto Alegre, o Internacional treinado pelo papa-defunto Jorge Fossati contribuiu com sua cota dos vexames caseiros dominicais. Um sujeito que vai para a beira do gramado de terno preto e olhos esbugalhados não merece outra identificação que não aquela do homem que ronda portas de hospitais a espera que moribundos sejam encaminhados ao seu estabelecimento. Com 2 a 0 em cima do Inter no Beira Rio os jogadores do Grêmio estão com a faixa no peito. Ainda por cima a última chance de contratar um bom substituto para o Fossati acabou neste domingo com a confirmação do acerto entre Fluminense e Muricy Ramalho.

Em Minas o Atlético Mineiro passou pelo Ipatinga (3 a 2) . O jogo foi em Ipatinga onde o Muriqui, conhecido dos avaianos, acabou com o jogo e com a ousadia do adversário que saiu na frente do placar.

Beleza mesmo foi o confronto entre Santo André e Santos no Pacaembú. Os santistas eram os visitantes nesse jogo de ida. Começaram perdendo, mas os garotos com a assessoria do tio Robinho fizeram a diferença apesar do final com placar apertado de 3 a 2. Ninguém tira o título destes meninos fenomenais que, além de Robinho, têm a companhia de um mestre no meio de campo, outro ex-avaiano, o Marquinho Santos, e o futuro camisa dez titular do Brasil, um craque chamado Ganso. Neymar desta vez não apareceu muito porque saiu de campo machucado no olho esquerdo. O garoto está enxergando bem, não foi nada de grave. Problema de visão é com o treinador da seleção brasileira.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Um passado para recuperar


Pedro Lopes, o escolhido do governador Pavan (Foto de Antônio Prado)

Fui pela primeira vez ao Teatro Pedro Ivo para acompanhar a solenidade de posse de Pedro Lopes na Fesporte. A primeira coisa que observei foi a ausência total de companheiros da mídia esportiva. Nenhum veículo de comunicação deu a mínima para o evento, travestido de solene, mas bastante emblemático para o esporte do Estado. Com que autoridade vão falar sobre o passado, discutir o presente e analisar as possibilidades futuras de uma entidade que faz tudo no esporte catarinense, exceção feita ao futebol e vôlei profissionais?

Revendo ex-colegas e conversando com desportistas conhecidos senti uma unanimidade e muita animosidade contra a administração anterior, comandada por Ali Babá e asseclas. Percebi também um toque de esperança na curta gestão de Pedro Lopes e ouvi expressões de surpresa até de jornalistas de outras áreas, diante do conhecimento da folha corrida de gente que literalmente meteu a mão na Fesporte.

Com Pedro, o homem certo no lugar certo, mas na hora errada, porque muito tarde, pelo menos eventos tradicionais para a juventude como Olimpíada Estudantil, Jogos Escolares e Joguinhos Abertos podem ser recuperados. Ano passado, com a desculpa da gripe A e o mau tempo, só os Jogos Abertos foram realizados. Os recursos destinados às demais competições viraram a Conceição da letra cantada por Cauby Peixoto: ninguém sabe, ninguém viu. O triste é que alguns dos beneficiados com a caixinha podem acabar no parlamento catarinense.
De qualquer forma, boa sorte ao Pedro Lopes e aos que ele escolher como parceiros desta curta, mas necessária jornada rumo à moralização da Fesporte e do fortalecimento de tudo o que ela representa dentro e fora das quadras.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Temperos e destemperos

Depois de muito tempo sem botar o pé em estádios, graças ao pay per view, decidi ir à Ressacada para ver Avaí x Grêmio, um confronto temperado pela rivalidade, pelas bobagens do agora “inimigo” Silas e pela possibilidade concreta de termos uma equipe catarinense na próxima fase da Copa do Brasil. Os problemas de trânsito, cabines de imprensa em estado precário e certo tipo de torcedor muito chato, me espantaram dos jogos ao vivo mais de ano. No Scarpelli os problemas eram bem menores, mas coloquei as coisas em pé de igualdade, ou seja, não ia nem lá, nem cá. Séries A e B do Brasileirão e campeonato estadual, só na telinha.

Não cheguei a ver o ao vivo o jogo de quarta-feira. Depois de conhecer a nova organização avaiana, de saber da transmissão pela RBS também para Florianópolis e do bate papo com colegas que há muito não via, decidi voltar ao conforto caseiro. Na saída percebi que o trânsito em mão única para a Ressacada estava na penúltima etapa – entre 9 e 9hs15min - e entendi que precisaria esperar mais ou menos dez minutos.

Procurei colocar o carro mais adiante para aguardar a liberação de pista quando fui interceptado por um elemento – é assim que eles gostam de nos chamar – da Polícia Rodoviária Estadual. Aos gritos, ele perguntou onde eu pensava que ia. Educadamente expliquei minhas intenções. Como resposta, mais gritos e a afirmação de que tinha percorrido na contra mão aquele pequeno trecho em meio às áreas de estacionamento. A certa altura do barulhento monólogo tive medo de ser arrancado do carro pela gola do casaco, tamanho o berreiro, truculência e o destempero do policial.

Claro que não fiz que nem aquela desembargadora, mesmo porque não tenho hábito nem poder para o conhecido carteiraço, e muito menos o respaldo futuro de uma nota ridícula e coorporativa como a da Associação dos Magistrados em defesa da sua protegida.

Desliguei o carro fiquei bem quietinho, observando o policial berrar com mais três ou quatro desavisados que, como eu, foram um pouco mais adiante pela falta de sinalização ou de um servidor público preparado para orientar educadamente os motoristas. Voltar aos estádios? Vou pensar com carinho.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Sob nova direção



Pedro José de Oliveira Lopes (foto) assume nesta quinta-feira pela manhã, no Centro Administrativo, a direção geral da Fundação Catarinense de Desportos, a Fesporte, ultimamente entregue a um bando de saqueadores. É a clássica figura de raposas cuidando do galinheiro.

Bons ventos tragam Pedro Lopes à Fesporte. Ele é do ramo, já foi cronista esportivo (denominação à moda antiga), dirigente da Federação Catarinense de Futebol e da CBF, e até então era o presidente do Conselho Estadual de Desportos, órgão que tinha entre suas principais funções as de controlar e organizar o esporte catarinense, missões desvirtuadas por ingerências políticas. Os critérios para a composição do Conselho é que levam a esse descaminho, apesar da participação de muitos desportistas, na maioria dos casos verdadeiras vaquinhas de presépio.

Como homem do esporte, Pedro Lopes leva jeito para, em poucos meses, reconstruir pelo menos em parte o que foi colocado abaixo por Ali Babá & Cia. Conquistas consolidadas desde a gestão de Pedro Bastos vieram ao chão ou foram simplesmente eliminadas do calendário da instituição. Os recursos tiveram outros destinos – aí falhou o Conselho Estadual –, as contas não fecharam e muitos eventos importantes acabaram na lixeira formada pela incompetência e falta de compromisso com as atividades para as quais foi criada a Fesporte.


O tempo é curto, mas suficiente para Pedro Lopes recuperar um pouco do prestígio perdido e limpar a sujeira deixada por administradores que trabalharam mais de três anos visando apenas objetivos pessoais, alguns deles inconfessáveis. Quem sabe passadas as eleições Pedro acabe mantido no cargo. Ou então que assuma algum desportista que não tenha a ficha suja e nem vá sujá-la ainda mais a frente de uma instituição tão importante para o esporte de Santa Catarina.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Craque, nem pensar



Só mesmo o Dunga, esse chato, para me fazer voltar ao blog. A idéia era não escrever mais, evitar as aporrinhações e sucumbir à preguiça. Mas, como seleção brasileira é coisa séria, menos para a CBF e para o Dunga, não resisti à tentação. Voltei, já que parte da nossa mídia parece que ainda não se deu conta do risco que correremos na África do Sul com o Brucutu Futebol Clube vestindo a camisa amarela.

Antes que me escalem no time do quanto pior melhor, vamos às considerações: Felipe Melo, Júlio Batista, Kleberson, Elano e Josué são os eleitos do Dunga e, ao que tudo indica, têm vaga cativa.

Até agora ninguém perguntou ao treinador ou a alguém da Comissão Técnica que providências serão tomadas, por exemplo, em relação ao Kaká. Nosso único craque não joga há cinco semanas, vitimado pela tal dor no púbis. O Real Madri ficou na mão esse tempo todo sem poder contar com o jogador, submetido a um misterioso e prolongado tratamento.

Estranho é que os inúmeros correspondentes dos grandes veículos de comunicação brasileiros até agora não deram o ar da graça, como se a ausência de Kaká às vésperas da Copa do Mundo seja a coisa mais natural do mundo. Estranho também que, nesses casos, jogador brasileiro sempre pede para se tratar no Brasil, dada a reconhecida competência dos profissionais tupiniquins na área da medicina esportiva. Kaká continua escondidinho na Espanha, longe da bisbilhotice dos reporteiros da pátria amada.

O indigesto nisso tudo é ver um jogador como Neymar fazendo chover no Santos em todos os jogos, ao contrário dos lampejos do Ronaldinho Gaúcho pelo Milan, e não merecer uma sílaba de elogio do Dunga.

Sua única manifestação tem sido para garantir que não haverá surpresa na lista de convocados prevista para 11 de maio. Com muito otimismo prefiro entender que Neymar na vaga de um dos trogloditas eleitos por Dunga não seria realmente nenhuma surpresa. Se ele quiser acrescentar mais um ou dois nomes entre os chamados, a torcida brasileira sensibilizada vai agradecer.

Afinal de contas, além da turma que relacionei e das inquietações com relação a Kaká, não devemos esquecer da instabilidade e da péssima forma do Adriano, que hoje não passa de um plebeu dos gramados.