sábado, 28 de fevereiro de 2009

Hora de parar para Ronaldo

Do blog de Juca Kfouri

Ronaldo está desmanchando seu nome.
Tem feito sua marca virar pó.
Não ajudou a trazer patrocínios para o Corinthians como se imaginava e só se mete em confusões.
Se ao lado do presidente imprudente e do diretor de futebol ou não é mero detalhe.
Porque nem Andrés Sanchez nem Antonio Carlos Zago representam nada no futebol mundial se comparado a ele, o Fenômeno.
Ronaldo tem todo o direito de viver como quiser e desfrutar do que acumulou pela sua vida de profissional do futebol.
Mas não consegue conviver com a ambiguidade da vontade de voltar a jogar bola de dia e de farrear à noite.
Por isso é que será melhor para ele anunciar que parou com o futebol.
Com o que não apenas não enganará mais ninguém, mas, sobretudo, deixará de se enganar.
Porque Ronaldo Fenômeno hoje é o Ronaldo Auto-Engano.
Infelizmente

Um assunto fedorento

As comunidades estão reagindo às novas e variadas manobras da Casan na tentativa de espalhar mais merda pela cidade, o que já é feito com muita competência no acesso a Florianópolis com aquele merdódromo implantado na cabeceira insular da ponte Pedro Ivo. Meçam o grau de poluição da baía sul a partir daquele monstrengo mal cheiroso. Tenho medo do resultado. A primeira bronca vem de Santo Antônio de Lisboa por causa do projeto da estação de tratamento de esgoto na Barra do Sambaqui. A segunda já começou no Rio Tavares onde a comunidade se sente ameaçada por um projeto semelhante e que vai afetar nascentes de água da região, além de acabar com áreas de lazer e prejudicar uma escola ali existente. Então é isso. Não contente com o emporcalhamento da entrada de Florianópolis a Casan, com a desculpa do saneamento básico, passou a usar de muita criatividade para jogar cocô na população. Tudo sem consulta às comunidades atingidas, a não ser quando a vaca já foi pro brejo, ou melhor, pro esgoto. Em paralelo a esta nobre atividade da instituição que preside, o homem do suspensório – não confundir com o ex-marido da Ideli – com a maior cara de pau do planeta anuncia um aumento de quase dez por cento na tarifa d’água a partir deste domingo. Que fedor !!!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Era só o que faltava

Alguém que tenha aquilo roxo na área de segurança (existe?) de Santa Catarina, e que não esteja ocupado procurando presos fujões, precisa dar um basta nesta vulgarização de desfile em carro de bombeiro. Qualquer pé rapado, ganhador ou não de eventos sem a menor expressão, se acha no direito de desfilar por sua cidade encarapitado nos caminhões desta instituição de tantos e bons serviços prestados à comunidade. E que por isso mesmo deveria merecer mais respeito das autoridades superiores aos oficiais e soldados, obrigados por eles a ocupar parte de suas valiosíssimas horas de trabalho - e por acaso bombeiro tira folga? – carregando gente para ser vista e aplaudida por meia dúzia de gatos pingados pelas ruas de um vilarejo qualquer deste imenso país. Estes homens combatem incêndios, salvam vidas nas estradas, tiram gatos de cima das árvores, evitam toda hora que malucos se suicidem, se expõem a picadas de abelhas, marimbondos e animais peçonhentos, mordidas de cachorros e acidentes com algum bicho fujão de zoológico, seguram a barra de bêbados e outros chatos, pulam janelas para tirar moradores trancados em apartamentos, socorrem vítimas de afogamento, enfim, poucos no serviço público trabalham como eles. A acintosa falta de respeito a que me referi antes de explicitar as ocupações de um bombeiro acaba de acontecer em São Bento do Sul, norte do Estado, quando um energúmeno eliminado daquela excrescência de programa chamado Big Brother, voltou triunfalmente à cidade. O sujeito se chama Emanuel e desfilou como um herói, um grande campeão, uma personalidade merecedora de muita pompa e circunstância. Como se bombeiro não tivesse mais o que fazer. Dá nojo, dá vontade de vomitar e, mais que isso, revolta o cidadão que paga seus impostos e admira o trabalho do Corpo de Bombeiros. Socorro.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

A galinha agonizante


(reprodução da TVBV do desfile da União da Ilha, “roubada” do blog da amiga, jornalista e fotógrafa Elaine Borges)

Nada de Coloninha, Consulado, Protegidos ou a novata União da Ilha. Segundo meu amigo radialista e blogueiro, Marcelo Fernandes, o grande sucesso do carnaval de Florianópolis foi a escola da Prefeitura, a Unidos do Tapume. Mais um show de mau gosto e improvisação. Estou dizendo isso com base em depoimentos, noticiários e pelo que vi de fora, passando quase todo o dia por aquele monstrengo ampliado e por enquanto inacabado. Só botei o pé naquela coisa uma vez e jurei nunca mais pisar ali. É uma ode à falta de planejamento e de visão, monumento erguido por causa da macaquice em um dos locais que deveria merecer o maior cuidado por parte das autoridades municipais e estaduais. Mas, me digam, qual dos últimos governadores ou prefeitos teve algum tipo de preocupação com Florianópolis? Sobre Câmara Municipal nem é bom falar. A de hoje e as de ontem cantam o mesmo samba enredo cuja letra corruptora fomos obrigados a decorar. A passarela Nego Quirido, se não me engano invenção do Edson Andrino, é apenas um elemento novo para deixar bem feiosa a parte central da nossa cidade, uma das capitais mais bonitas do Brasil. Tem “merdódromo” como cartão de apresentação, bem na entrada, uma outra excrescência que um dia foi escola de trânsito, e um centro de eventos fechado para o mar, obra até hoje sob suspeita de favorecimento a um empresário que devia na época uma fortuna em impostos sonegados. Para coroar construíram o tal sambódromo, remendado a cada administração municipal, e de serventia restrita a esta época, apesar de todas as promessas de sua transformação em uma espécie de “arena multiuso”, como classificaria um termo da moda e, na verdade, nossa grande carência. Necesitamos de um equipamento que abrigue não só carnaval, mas shows, eventos esportivos e atividades culturais de maior amplitude. Nisso ninguém pensa. Basta enterrar uma fortuna naquilo que chamam de sambódromo para servir à população somente dois dias por ano. Vamos ver agora quanto tempo leva para a conclusão – se é que não vamos ficar no tijolo sem reboco - do que foi iniciado e prometido como a grande obra para incrementar o turismo da Capital. Praias limpas, acessos facilitados, tratamento de esgoto, bons serviços, preservação do meio ambiente, tudo isso é assunto para o futuro, quando a galinha dos ovos de ouro não puder mais cacarejar.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Abaixo a segurança, o show não pode parar


Quer dizer que o burgomestre Dário e seus serviçais da SUSP entenderam que os guard-rails das pontes de Floripa, elevados em nome da segurança, comprometem o visual do nosso cartão postal chamado Hercílio Luz (na foto do Guia Floripa). Por conta disso a obra está suspensa. Claro, é mais importante atravessar a Colombo Sales ou a Pedro Ivo, as pontes que funcionam apesar da manutenção precária, de pescoço torcido e correndo o risco de uma trombada. Ou quem sabe o espetáculo fica melhor com algum veículo despencando de uma delas. Carroça não vale, não tem graça. Um carroceiro e seu cavalo não dão números nem cores fortes ao show. E a sociedade protetora dos animais pode criar problema, pois esse povo vive enchendo o saco das autoridades. Tem que ser de preferência carro de passeio cheio de gente, quem sabe um caminhão, pelo seu tamanho. Já pensaram na barulheira, no estrondo? Uma festa se for com carga da Koerich, Casas Bahia ou Magazine Luíza, espalhando aquele monte de móveis, eletrodomésticos e assemelhados no mar, com a turba sempre pronta para o saque se jogando n’água. Sem esquecer dos cadáveres de motoristas e auxiliares boiando no meio dos destroços do veículo em questão. Ou, melhor ainda, no fim do expediente um ônibus lotado de gente voltando pra casa. Sensacional se for um micro escolar. Daria dimensões mais impressionantes à tragédia. Só não deve haver envolvimento de turistas, pode prejudicar a imagem da cidade, ainda mais se o “acidente-espetáculo” acontecer próximo ou durante o Congresso Mundial de Turismo que o governo estadual com tanto desvelo trouxe para Florianópolis. Ah, ia esquecendo, tudo isso precisa acontecer de dia para favorecer fotógrafos e cinegrafistas que necessitam registrar ao fundo imagens da protegida e homenageada, a ponte Hercílio Luz, primeira ligação Ilha-Continente.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

As raposas e seus galinheiros


Em primeiro lugar quero dizer que morro de inveja daquele deputado mineiro e ex-corregedor da Câmara, Edmar Moreira (DEM-MG). Sempre sonhei em morar num castelo (parecido com o do Edmar na foto) com muitas suítes, salões de festas, banheiros de todo o tipo em todas as alas e, principalmente, com ponte elevadiça e um fosso bem grande cheio de crocodilos do Nilo ou australianos, que dizem ser os mais ferozes. E sabem por que a necessidade da ponte, do fosso e dos simpáticos bichinhos? Pra afastar os malas que nos atormentam diariamente. No meu castelo não entraria qualquer um. Esses caras lá de Brasília, então, nem pensar. Tipo o Michel Temer e o Zé Sarney, novamente presidentes da Câmara e do Senado transformados, de repente, em paladinos da moralidade. Até parece. Os dois agora estão competindo para ver quem melhor disfarça as pilantragens nas duas casas legislativas. A começar pela tal verba indenizatória de R$ 15 mil, sem prestação de contas ou qualquer tipo de satisfação para seus eleitores, os bobos da corte de plantão. A mente criativa destes quadrilheiros pensou em notas fiscais para comprovar gastos, mas sem qualquer identificação do fornecedor de serviços. Ou seja, o que vai aparecer de empresa fantasma sem possibilidade de investigação é uma festa. Ou então, como alguns mais espertos já sugeriram, simplesmente incorporar as 15 mil pratas aos salários desta tão sofrida e boa gente. É a oficialização da vigarice parlamentar. Quanto nos custa essa turma? Em moeda, não sei, é um valor incalculável. Mas o desencanto e meu distanciamento das urnas nas próximas eleições, seja pra o que for, essa medida eu já tenho. E garanto que não é pequena.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O alto custo de um mico

“Pior que o desempenho de Figueirense e especialmente de Avaí, que manteve técnico e elenco, está o desempenho noutros gramados da RBS TV e da Federação Catarinense de Futebol, com quem a emissora assinou contrato em evento glamouroso na Ilha. Tal contrato teve suas avenças contestadas judicialmente e suspenso seus efeitos. A Record então fazia 1 x 0 na concorrente. Com o Agravo de Instrumento n. 2009.002736-4 a RBS TV tentava reverter o placar. O Desembargador DOMINGOS PALUDO (Titular) que por Vinculação de Magistrado recebeu o recurso da RBS no Plantão Judiciário de 19/01/2009 manteve a decisão da Juiza de I. Grau da 2ª Vara Cível (023090044935). A liminar que a RBS pretendia foi denegada. A Record fazia 2 x 0. Outro agravo, da associação de clubes foi redistribuído do Des. Paludo para o Juiz Substituto de IIo. Grau, Des. Jaime Luiz Vicari, provável gabinete de destino. Por enquanto a RECORD mantém assegurado o direito de transmitir com exclusividade as partidas do Campeonato Catarinense de Futebol 2009”. (do blog Mais barulho – Les Paul - em 16/02)
Da minha parte acrescento que esta aventura em que a RBS se meteu deve ser debitada nas contas do presidente da Federação Catarinense de Futebol, do presidente da Associação de Clubes na época, Carlos Crispim, e do publicitário Roberto Costa. Mantida a decisão do judiciário em favor da Record a RBS continuará pagando caro pelo mico. No último domingo, por exemplo, enquanto a adversária transmitia o Campeonato Catarinense (anunciou Criciúma x Figueirense, mas botou na tela Chapecoense x Joinville), e a Band o clássico São Paulo x Corinthians, a rede gaúcha levava ao ar o jogo emocionante entre Fluminense x Tigres pelo insípido Campeonato Carioca. Não tem aquele ditado "diga-me com quem andas que eu te direi quem és"? Pois tem e diz muito.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Chope, futebol e Chocolate



- Mário, sobre futebol em Blumenau, quem matou a charada foi o saudoso Horacio Braun. “Ele decretou: Em Blumenau, quem gosta de futebol não tem dinheiro, e quem tem dinheiro não gosta de futebol".

Colaboração do meu amigo e ex-repórter (dos bons) nos tempos de glória do jornal O Estado, Marcos Heise. Ele é um blumenauense exportado na década de 70 para Floripa e logo apelidado de Alemão pelos companheiros de redação . Devido à falta de originalidade do apelido e ironizando sua coloração Omo branco total, virou o Marcos Chocolate. Tão bom bebedor de chope e cerveja quanto o Horácio, mas hoje mais dedicado às estripulias culinárias. (foto Secom - Prefeitura de Blumenau)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Você sabe como se faz jornalismo no Brasil?

É desse jeito...

"Barriga" quase compromete o Brasil

Por Rui Martins, de Berna (Suíça) em 13/2/2009

Reproduzido do Direto da Redação, 13/02/2009; título original "A barriga da Globo quase compromete o Brasil" (foto reprodução da TV Globo)

A moça brasileira tinha seus problemas e provavelmente se autoflagelou. É triste.
Mais triste é o quadro da nossa imprensa irresponsável que mobilizou o país, levou o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim a criticar um país amigo e o presidente Lula a quase criar um caso diplomático. É hora de denunciar a nossa grande imprensa sem deontologia, sem investigação, que afirma e desafirma sem qualquer cuidado e sem checar as notícias.
A agressão racista contra Paula Oliveira não foi um noticiário iniciado em Zurique, local da suposta agressão. Estourou no Brasil, detonada por um pai – e isso é muito compreensível – preocupado com sua filha distante. E a maior rede de televisão do Brasil, a Globo, vista por mais de uma centena de milhões de brasileiros, não teve dúvidas em transformar o caso na grande manchete do dia, fazendo com que outros milhões de brasileiros, no exterior, já acuados pela Diretiva do Retorno, se solidarizassem e imaginassem passeatas e manifestações.
Essa é a maior "barriga" da história do nosso jornalismo, que revela o descalabro a que chegamos em termos de informação ou desinformação. Equivale ao conto do vigário de Bernard Madoff, ou das subprimes do mercado imobiliário americano. Só que o Madoff está preso, mesmo sendo prisão domiciliar e vivemos uma crise econômica, em consequência dos desmandos dos bancos americanos. Mas o que vai acontecer com a TV Globo e todos quantos foram atrás ? Nada, vai ficar por isso mesmo.
Nacionalismo ofendido
Como um órgão de imprensa de tanta penetração pode se permitir divulgar com estardalhaço um noticiário de muitos minutos, reproduzido online, repicado por jornais, rádios e copiado por outras televisões sem primeiro checar no local? Que jornalismo é esse que se faz sem qualquer investigação, sem se ouvir as partes envolvidas? Sem deslocar antes um repórter para Zurique e entrevistar também o policial responsável pela ocorrência? Sem ouvir a própria envolvida, fiando-se apenas no relato de um pai desesperado? Sem pedir a opinião de um especialista em ferimentos e escoriações?
Quem vai pagar o dano moral causado a essa jovem, que sem querer se tornou primeira página nos jornais? Quem vai desfazer o ridículo ao que se submeteu o nosso ministro Celso Amorim, que, baseado num noticiário de "foca" em jornalismo, sem ouvir acusação e acusado, ofendeu um país amigo exigindo que prestasse contas em Brasília por um noticiário tipo cheque sem fundo? Quem assume o fato de quase levar nosso presidente a ficar vermelho de vergonha por se basear em noticiário sem crédito, com o mesmo valor de uma ação do banco Lehmann?
E mais – o dano sofrido pela Suíça, em termos de imagem, justamente quando seu povo tinha justamente votado em favor dos imigrantes, quem vai reparar?
Essa "barriga" da Globo, secundada pela grande imprensa, é prova do se vem dizendo há algum tempo – não há credibilidade nessa mídia. Publica-se, transmite-se qualquer coisa, e quanto mais sensacionalista melhor. Não há responsabilidade no caso de erros, de noticiário mentiroso: vale tudo, o papel aceita tudo, a televisão transmite qualquer coisa, desde que dê Ibope – e existe melhor coisa que nacionalismo ofendido? É o que os franceses chamam de presse de boulevard, mentirosa, tendenciosa, com a opinião ao sabor das publicidades que se publicam. Sem jornalismo investigativo, sem confirmar as fontes, sem ouvir as opiniões divergentes.
Para a história
Vão pedir a cabeça do redator-chefe? Não, assim que se recuperarem da "barriga", da irresponsabilidade cometida, da vergonha diante dos colegas, vão jogar tudo em cima da pobre jovem, que deve ter seus problemas e que a nós não compete saber, isso é vida privada, não é Big Brother.
É essa mesma imprensa marrom, que induz nossos dirigentes ao erro, que também publica qualquer coisa contra o que chamam de "assassino desalmado" Cesare Battisti. A irresponsabilidade de imprensa é o pior inimigo da liberdade de imprensa, porque pode provocar reações legislativas limitando os descalabros cometidos.
Escrever num jornal, falar numa rádio ou numa televisão e mesmo manter um blog constitui uma responsabilidade social. Não se pode valer dessa posição para se difundir boatos, nem inverdades, nem ouvir-dizer; é preciso ir checar, levantar o fato, mencionar ou desfazer as dúvidas e suspeitas existentes. É também preciso se garantir o direito de ser mencionada a versão da parte acusada para evitar a notícia tendenciosa.
A "barriga" da Globo vai ficar na história do nosso jornalismo, será sempre lembrada nos cursos de comunicações, tornou-se antológica, e nela estão entalhadas, por autoflagelação, as palavras que a norteiam – sensacionalismo, irresponsabilidade e abuso do seu poder.
Existem, sim, problemas contra nossos emigrantes em diversos países, principalmente depois da criação da Diretiva do Retorno pelo italiano Silvio Berlusconi. Diariamente brasileiros são presos e mandados de volta na Espanha, mas isso não mobiliza a nossa imprensa, não dá Ibope.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Pernas pro ar, cultura pra baixo

Quase dá pra esquecer da existência do teatro Pedro Ivo Campos que consumiu anos de obras e muito, mas muito dinheiro mesmo do governo Luiz Henrique. Sua inauguração aconteceu quase no final de 2008 com um heliponto para que possam ali descer as aeronaves dos milhares de espectadores que por terra acabariam congestionando a SC-401. Mas, como todo mundo sabe, burramente a turma da cultura concluiu que o verão em Florianópolis e região não pode abrigar nenhum tipo de espetáculo na praia, muito menos longe dela. Fecha tudo porque a época é de férias e pronto. O turista e a população nativa têm que se contentar em dividir espaços nos shoppings e cinemas cuja programação contempla, merecidamente, claro, apenas crianças e adolescentes. E ainda aquela parcela considerável de apreciadores de um gênero de filmes chamado de entretenimento, com muito tiro, explosão ou humor rasteiro. . O resto - que somos nós e não somos poucos – deve ficar em casa. E salve-se quem puder ou conhecer o caminho do clube de cinema Nossa Senhora do Desterro, o cineminha do CIC. Isso posto acrescento que o majestoso teatro até hoje serviu para apenas três espetáculos, o último deles de extremo bom gosto e de alto nível, “O analista de Bagé e seu filho gay”, ou algo parecido. Desculpem se não lembro o nome correto desta peça de tão relevante conteúdo. Que jeito de homenagear postumamente o ex-governador Pedro Ivo e cultuar o escritor Luis Fernando Veríssimo, criador do “analista”!!!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Onde o chope é muito melhor que o futebol

Consultei meu guru alemão para saber dele porque o futebol não dá certo na sua cidade, enquanto outros esportes garantem títulos e glórias a dirigentes e atletas, e enchem de orgulho a população de Blumenau. Preservando o sigilo da fonte, transcrevo algumas opiniões de quem conhece todos os caminhos do esporte em Santa Catarina.
“É um fenômeno cultural em Blumenau: o esporte “amador” ocupou o lugar do futebol no início dos anos 60, culminando com o aparecimento dos Jogos Abertos. Lembra que o último campeão catarinense da cidade foi o Olímpico em 1964. - Era uma questão de status em Blumenau ser atleta amador na época, porque futebol era coisa dos mais pobres. Nenhum pai queria o filho jogando futebol. Não havia restrições ao esporte amador, pelo contrário, incentivo. - O poder público incentivou muito a presença de Blumenau nos Jogos Abertos, fazendo com que, independente de partido político que assumisse o poder, sempre houvesse continuidade nos investimentos, coisa que acontece até hoje, diferente de outras cidades que a cada ano inventam fórmulas, projetos e saídas para seu esporte não dando nunca continuidade aos já estabelecidos”.
“O futebol não contou com o mesmo apoio. Falta gente do futebol, com cultura do futebol. Os atuais dirigentes são pessoas de credibilidade, sérias, mas não têm essa cultura. Os clubes começam com bons projetos, mas terminam logo. Falta continuidade. Falta um estádio do clube”
Perguntei também sobre nossas pistas sintéticas para o atletismo, no meu entendimento uma prova do descaso de nossas autoridades e políticos ligados ao esporte. Sua resposta foi curta e grossa, comprovando minha opinião: “a pista do Sesi está comprometida pela enchente de novembro e não tem prazo para nova construção. Quanto à pista de Itajaí segue na mesma por causa do afundamento do terreno. Sem as mínimas condições de uso para competições”. Ou seja, em matéria de equipamento esportivo continuamos como na Grécia antiga quando nasceram os Jogos Olímpicos. E quando nem Blumenau salva é porque estamos mal mesmo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Não percam


Jornalistas, atletas, dirigentes e políticos (com o rabo preso ou não), turma da Cultura, Turismo e Esporte (da Fesporte, principalmente), correi para a frente do televisor quinta-feira, 21 horas. Mas primeiro expulsem as mulheres da sala, é hora da novela, e não deixem crianças por perto, tantas serão as obscenidades e maus exemplos. Aí se acomodem e assistam ao Escândalo Pan-americano. Sintonizem no horário a ESPN-Brasil para a reprise do programa "Brasil Olímpico, uma candidatura passada a limpo". E se ainda desta vez não for possível acompanhar as denúncias sobre bandidagens e maracutaias cometidas pela "Famiglia Metraglia" (atenção, nenhum parentesco comigo) no Pan-americano do Rio de Janeiro, a ESPN generosamente dará mais uma chance aos interessados no canal 360 da internet. Portanto, não haverá desculpa. Se não tiver tevê a cabo, vá no casa de um amigo, no bar da esquina, faça uma assinatua de emergência ou um "gato" na do vizinho. Recomendo porque já assisti sábado, mas vou repetir a dose pra conferir se não perdi alguma informação, já que são muitas as cifras estarrecedoras. Vale a pena ver e novo. Em tempo outra vez: lembrei que o Secretário Gilmar Knaesel, entusiasta da nossa candidatura a sede da Copa 2014, está em Dubai, Emirados Árabes, cumprimdo importante missão governamental. Terá que ser substituído neste compromisso menor, o que não será problema, pois aspone é o que não falta pelas bandas da sua secretaria. (Ilustração da artista plástica Angelina Camelo -não riam, é esse mesmo o nome da moça -, direto dos Emirados Árabes para este blog, depois de uma conversinha ao pé do ouvido com Gilmar e LHS)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Escândalo Pan-americano


Pena que o programa “Brasil Olímpico, uma candidatura passada a limpo”, foi levado ao ar sábado à noite em canal fechado, pela ESPN-Brasil. As denúncias sobre as falcatruas e desperdício de dinheiro público na organização e execução do Pan-Americano do Rio fariam corar um frade de pedra, como se dizia antigamente. E que deveriam hoje determinar demissões e prisões em todos os níveis de governo. Houve de tudo, desde superfaturamento, orçamento estourado, pagamento por obras não realizadas, até a construção de equipamentos esportivos transformados em verdadeiros elefantes brancos, A Vila Olímpica, vendida como um grande empreendimento imobiliário para ser ocupado após o evento, teve financiamento alterado e obras inacabadas. Os compradores ludibriados tiveram que ir à justiça. Sérgio Cabral e César Maia, respectivamente governador e prefeito do Rio na época, o Ministro do Esporte Orlando Silva, e o presidente do COB, Carlos Nuzmann, têm muito que explicar e contas a prestar. Nuzmann ainda acrescentou à sua ficha corrida uma reeleição fraudulenta no COB. Mas estamos na Pizzaria Brasil, o escândalo e a roubalheira ficarão por isso mesmo apesar de o Ministério Público Federal ter tudo na mão. Ou seria nas gavetas? No final vai a conta para a população, que é quem paga sempre. E ainda enfrentaremos a Copa do Mundo de 2014 e a candidatura à Olimpíada de 2016. Enquanto segue o baile nossos atletas andam de chapéu na mão, a cata de patrocínios e, grande tragédia, sem nenhum projeto em que se pendurar. A turma só pensa em consumir recursos que não existem. Essa é a realidade do esporte brasileiro, incluindo o futebol, com sustentação/omissão das maiores autoridades do país. Em tempo: na China aqueles empresários que adulteraram leite, mataram três crianças e hospitalizaram centenas foram condenados à morte.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Marketing e caipirismo


O catarinense Tiago Splitter joga basquete na Espanha em um time chamado Tau Cerâmica. É o nome que vale para a mídia, e não o da cidade de Madri ou do país. Aqui é diferente, principalmente entre as equipes de voleibol. Cimed é Florianópolis, Unisul/Tigre é Joinville, e por aí vai. O futebol entrou na dança, por exemplo, com a Ulbra, universidade luterana que patrocina uma equipe no campeonato gaúcho e que tem seu campus principal em Canoas, na Grande Porto Alegre. A mídia ignora solenemente o nome verdadeiro do clube para chamá-lo simplesmente de Canoas, que não é sua denominação verdadeira. Clamamos por investimento privado no esporte, mas quando isto acontece fazem de tudo para esconder o patrocinador. Grosso modo é o marketing unido à profissionalização competindo com o caipirismo empresarial na área de comunicação.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A arquibancada de ontem, violência de hoje


Estão longe, muito longe, os bons tempos em que íamos aos estádios apenas para torcer por nossos times favoritos. As arquibancadas eram verdadeiros palcos de festa e confraternização, as crianças podiam circular livremente, valia até – com algum comedimento, é claro – brincar com a torcida “inimiga”. Destoava apenas a machista reação à presença da mulher, vista com desconfiança e uma pesada carga de preconceito que permeava outras situações do cotidiano da época. Nisso mudamos para melhor, infelizmente só nisso. Agora são montadas verdadeiras operações de guerra – ou seriam diplomáticas? – para evitar conflitos que não muito raramente terminam em morte ou feridos graves. Lembram daquele aposentado, aleijado no estado do Criciúma, cujo crime de autoria identificada permanece sem punição até hoje? No Rio e em São Paulo confrontos de conseqüências trágicas são rotina. Pois é, este assunto me veio a propósito das providências tomadas pelas autoridades de segurança para a disputa de dois clássicos bem próximos, o Grenal de domingo e o Figueira/Avaí de Floripa hoje à noite. Lá, o primeiro enfrentamento do ano vai acontecer fora de Porto Alegre, em Erexim, no estádio chamado Colosso da Lagoa, próprio do Ypiranga local. A Brigada Militar, assim é chamada do Mampituba pra diante, com reforço de policiais de cidades vizinhas, vai revistar ônibus e torcedores duas vezes, nas entradas da cidade e do estádio. Dentro, azuis e vermelhos estarão separados por muros de policiais fortemente armados e grades a uma distância de cinco metros. O acesso será diferente para torcedores de Grêmio e Inter, bem como os estacionamentos. Bebida alcoólica nem pensar. O nosso clássico merece providências semelhantes da Polícia Militar. O coronel Eliézio, comandante geral e avaiano confesso, cuida de tudo com cautela extrema, ainda que sem alguns ingredientes já necessários para os grenais. Mas estamos a caminho, a começar pela providência de reunir os chefes de torcidas no quartel da PM, nas vésperas do jogo, para as recomendações e avisos de praxe. Pode até ser entendido como um avanço em relação à vizinhança, mas tenho cá minhas dúvidas. Quanto mais aumentarem as preocupações com a violência nos estádios, mais me afastarei deles. Minha conta no pay per view vai crescer na mesma medida, junto com a saudade que tenho dos meus tempos de torcedor de arquibancada. Sim, porque hoje como jornalistas até nos reservados à imprensa ficamos expostos à selvageria de uma turba que precisa ser combatida até a extinção. Meus quase 40 anos de janela sinalizam para um desencanto geral com um tipo de mídia irresponsável e sem nenhum senso crítico a conduzir o exacerbado mercantilismo do futebol que esta súcia travestida de torcedor não ajuda a sustentar. Pelo contrário... (Foto do Diário Catarinense onde aparece a turma de falsos na reunião promovida pela PM)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O esporte que se dane

O que deveria ser uma questão puramente técnica vira sempre um grande arranjo político para acomodações eleitoreiras. Assim vive a Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis. Sai o olímpico Carlão que chorou lágrimas de crocodilo ao saber que a superintendência terá outro ocupante. Por enquanto estão na briga pelo cargo Aluízio Machado (o Alu), João Aderson Flores e Édio Manoel Pereira. Correndo por fora, como pangaré de cancha reta, apareceu o nome de Osvaldo Meira Júnior. O Secretário de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, Valter Gallina, quer emplacar o nome do Édio, seu afilhado político, como já tentou uma vez sem sucesso na Fesporte.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Nosso basquete de luto


A catarinense Michelle Splitter, jogadora de basquete e irmã do pivô Tiago Splitter, morreu de leucemia na noite desta segunda-feira em uma clínica de Campinas (SP) onde estava internada. Michelle tinha 19 anos e muito futuro no esporte, tanto que chegou a participar da seleção brasileira sub-17, mas teve que abandonar os treinamentos por causa da doença. Tiago, que joga no Tau Cerâmica, da Espanha, está desde domingo à noite em São Paulo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Caça ao tesouro

No meu tempo de redação de jornal, rádio, tevê e tudo que aparecesse pela frente, desdenhávamos dos buracos de rua, classificados como um assunto menor entre os candidatos da época ao Prêmio Pulitzer ou ao Esso de Jornalismo. Hoje, morador do bairro Agronômica, em Florianópolis, vejo o quanto aquele bando de Quixotes estava enganado. Basta passar pela buraqueira existente a partir da rua Lauro Linhares, na Trindade, seguindo pela Delminda Silveira e, na sequência final a Ruy Barbosa, para sentirmos a falta que faz um jornalismo voltado para os pequenos problemas da comunidade, que mais adiante se tornarão imensos e variados. Nas ruas e bairros citados, a cada semana tem um buraco novo de autorias diversas. Pode ser da Casan, da Celesc, da SC Gás. Ou até mesmo resultado de trabalhos anteriores mal feitos, como a tal operação tapete preto do alcaide Dário. Nesse caso são os bueiros, bocas de lobo, ou sei lá que nome têm aquelas armadilhas para nossas frágeis rodas de carros populares. Novo ou velho, o asfalto ganha semanalmente novas crateras , seja nesta importante ligação entre a Trindade e o shopping Beira Mar, ou alguma pequena rua transversal. Já esburacaram até a ciclovia, essa inutilidade inventada pela criativa administração Dário Berger. (Parques e áreas verdes, pra quê? Não temos tradição nem necessidade disso em Florianópolis, segundo aquele vereador imbecil). Fechado o parêntesis, volto aos buracos nossos de cada dia. Devemos estar participando involuntariamente de alguma gincana, pesquisa arqueológica ou alguém encontrou um jeito fácil de ganhar dinheiro esburacando a cidade. A usina de asfalto está sempre pronta para atender os munícipes atingidos por essa verdadeira caça ao tesouro. É negligência unida à safadeza e os beneficiados por essa fórmula e os serviços delas decorrentes todos conhecem.