Morro de pena quando ouço ou leio o choramingar de deputados estaduais, federais, senadores, vereadores espalhados por esse imenso Brasil, membros do executivo e judiciário, reclamando da baixa remuneração e do excesso de trabalho. Como choram, os coitados. Imagino a dificuldade de um cidadão obrigado a se sustentar com 15 a 16 salários, auxílio moradia e outros penduricalhos garantidos geralmente na legislação em causa própria. Afinal, não fosse assim, quem se responsabilizaria pelo pão deles de cada dia?
Como o noticiário dos últimos dias anda carregado de críticas injustas às miseras remunerações destes senhores, estou pensando em uma forma de contribuição para minorar o sofrimento e o desgaste dos membros destes segmentos no exercício de suas funções. Talvez seja possível recorrer a doações de profissionais de outras áreas mais favorecidas nas folhas de pagamento. Junto à Igreja é complicado, o momento é de transição e ouvi falar que os constantes escândalos financeiros fragilizaram os cofres do Vaticano. Sem contar honorários de advogados chamados constantemente a defender acusados de pedofilia. Aquela outra igreja é pior ainda. Os imóveis andam muito caros e os pastores reclamam da má vontade dos seus rebanhos.
De início pensei em abrir um “livro de ouro”, em rifas, mas é mixaria para quem anda tão necessitado e passando dificuldades. Acho que, através da abertura de uma conta bancária, posso começar a busca por auxílio financeiro pelos próprios funcionários públicos, mais bem postos na vida e colegas deste bando de desassistidos.
E os médicos, que tal pingar um troco nesta conta? Falando nisso é imprescindível pleitear, também, um melhor e mais rápido atendimento no sistema de saúde, que seja mais generoso e abrangente nos palácios governamentais, casas legislativas e judiciárias. Mal ou bem, amenizará um pouco o sofrimento causado pelos baixos salários e pela dependência do SUS.
Posso incluir, entre os contribuintes, professores de todas as instâncias da educação brasileira. Enfim, quero mobilizar várias categorias profissionais que não sentem o bolso esvaziado no final de cada mês. Claro que não me esquecerei dos jornalistas. Afinal, são regiamente pagos justamente para fiscalizar e denunciar situações de penúria como as relatadas ao longo do texto.
E vamos acabar logo com o cinismo e o deboche com os quais encaramos trabalhadores tão explorados, principalmente os que são obrigados a sobreviver em Brasília, onde o custo de vida tira o couro de qualquer um, especialmente da pobre e sofrida classe política.
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