Na medida em que o tempo foi passando desde o início deste embate ficou claro que tipo de interesse estava em jogo. O primeiro objetivo era implodir o Clube dos 13. Ricardo Teixeira e sua CBF precisam manter o controle das ações, o que ficou inviável desde a derrota de Kleber Leite para Fábio Koff na última eleição do Clube. Pra começar a implantação da discórdia, a Taça das Bolinhas foi para o São Paulo, um agradinho ao desafeto de Teixeira, Juvenal Juvêncio, presidente do clube paulista. Em seguida o Flamengo obteve o reconhecimento do título de 1987. “Pressão dos meus filhos” justificou bobamente Ricardo. A justiça entrou neste baile de cobras e obrigou o São Paulo a devolver a Taça para o Flamengo.
Do outro lado apareceu o Sport Recife, campeão de 87 transitado em julgado, mas de pouco poder de fogo junto aos mandões do futebol brasileiro e à própria justiça comum. Confusão estabelecida, os quatro grandes cariocas, mais Corinthians, Grêmio e o menos votado Coritiba, anunciaram oficialmente a dissidência.
Tudo muito simples e maquiavelicamente urdido pelo cartola maior e por Kleber Leite, o dono da Traffic e com tentáculos estendidas sobre alguns clubes, entre eles o Flamengo. O importante era chegar ao verdadeiro e principal objetivo desta lambança: as negociações da TV Globo com os clubes visando as transmissões do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014. Tem muito dinheiro em jogo e, além disso existe, por parte da Globo, a intenção de mudar o regulamento do Brasileirão voltando ao mata-mata. Dá mais audiência, alegam.
O Grupo Record entrou na jogada e passou a incomodar e a ameaçar o domínio da Globo nesta área. Os interesses do torcedor para a Globo ficam em segundo plano. Sem o Clube dos 13 o sistema de disputa pode mudar e os jogos do meio de semana continuarão com aqueles horários de sessão coruja. Até pode surgir outra novidade de repente. Mas, o certo é que até aqui, passo a passo, a Rede Globo está mandando pro espaço uma tal de carta-convite e chegando onde quer. É o que está bem claro no comunicado distribuído à imprensa no final da sexta-feira.
A nota da Globo
Os dirigentes efetivamente preocupados com os legítimos interesses dos seus clubes e, acima de tudo, os torcedores são testemunhas dos volumosos investimentos que a Rede Globo tem feito ao longo desses anos, numa parceria pelo aprimoramento do nosso futebol, na busca de um espetáculo emocionante, com profissionalismo e qualidade.
Essa contribuição tem se traduzido no crescimento das receitas dos clubes, não só através das receitas obtidas com a venda dos direitos de transmissão, bem como com a comercialização de outros direitos, incluindo propaganda nos uniformes e publicidade nos estádios.
As exigências e modificações nos conteúdos das plataformas implicam na desestruturação de um produto complexo, que foi construído ao longo dos últimos 13 anos, inviabilizando assim qualquer perspectiva de um retorno compatível com os investimentos na compra dos direitos.
As condições impostas na carta-convite não se coadunam com nossos formatos de conteúdo e de comercialização, que se baseiam exclusivamente em audiência e na receita publicitária, sendo incompatíveis com a vocação da televisão aberta que, por ser abrangente e gratuita, é a principal fonte de informação e entretenimento para a maioria dos brasileiros.
Assim é, em respeito ao interesse do público, que a Rede Globo se sente impedida de participar desta licitação e pretende manter diálogo com cada um dos clubes para chegarmos a um formato para a disputa pelos direitos de transmissão que privilegie a parte mais importante desse evento: o torcedor.
Central Globo de Comunicação
Os números originais
Os números abaixo, propostos pelo Clube dos 13 para negociações futuras, foram ignorados pela CBF, Traffic e os dissidentes que optaram por acerto direto com a Rede Globo;
Corinthians, Flamengo, Vasco, Palmeiras e São Paulo, grupo que mais recebe do C13, pulariam dos atuais R$ 16,8 milhões para
R$ 42 milhões anuais.
O Santos, que está isolado em um segundo grupo, iria de R$ 14,4 milhões para
R$ 36 milhões anuais.
Grêmio, Inter, Cruzeiro, Atlético-MG, Fluminense e Botafogo passarão de R$ 12 milhões para
R$ 30 milhões.
Os demais membros do Clube dos 13 pulam de R$ 9 milhões para
R$ 24 milhões.
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