sábado, 31 de março de 2012

Parece que a conversa com Dilma deu sono



Primeiro foi a recomendação de chute no traseiro, por obra e graça de Jerome Valcke, secretário da Fifa e interlocutor do Brasil para a Copa de 2014. Agora é Joseph Blatter, o próprio presidente a Fifa, cansado de papo furado e promessas, quem cutuca o país, na convicção de que aqui nada anda, a não ser pra trás. “Queremos atos, não somente palavras”, disse ele em entrevista na sede da entidade, numa espécie de chancela ao que o secretário havia dito e que ofendera tanto alguns brasileiros chegados a um belo jogo de cena. É curioso que isso aconteça logo após a visita à presidente Dilma, quando se teve a impressão de não havia mais nada de podre no reino da Copa.

Sentindo-se insultados e temerosos quanto à nossa soberania, políticos e autoridades de todos os matizes rejeitam qualquer observação ou cobrança que venham de Valcker e Blatter. Enquanto isso seguimos confiando nas varinhas mágicas utilizadas em Brasília por nossos Midas às avessas. De concreto, e ainda assombrados pelos fantasmas das ilicitudes do Pan no Rio de Janeiro, não temos nada de positivo a mostrar sobre a Copa de 2014. Imagino o que vamos apresentar na Copa das Confederações, evento teste que o Brasil recebe ano que vem.

Os prazos estão cada vez mais apertados e continuamos sem soluções para aeroportos, estradas e mobilidade urbana. Temos, isto sim, a certeza que após a Copa deveremos ostentar verdadeiros elefantes brancos entre alguns dos estádios majestosos erguidos a peso de ouro e dos impostos em terras de ninguém quando se fala de futebol. Que a Fifa nos proteja, ignorado o pior, como já aconteceu na África do Sul, e o povo brasileiro não diga amém nas futuras eleições.

domingo, 25 de março de 2012

A fala equivocada do Ministro do Esporte

Nesses tempos de chantagem explícita dos senhores congressistas para a votação da Lei da Copa, o Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, com aquele jeito arrastado de se expressar dá sua contribuição negativa ao justificar os atrasos em obras de infra estrutura no país que assumiu a responsabilidade como sede da Copa do Mundo desde 2007.


O texto é de Walter Guimarães, postado no blog do José Cruz. São dois jornalistas atentos às estripulias oficiais ou extra-oficiais que retiram toda a credibilidade necessária a quem prepara(?) o Brasil para um evento que desperta a atenção do planeta. A Copa América, programada para 2015 no Brasil, a CBF já passou adiante, entregando o evento ao Chile. Será que vamos dar conta da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e da Olimpíada? Do jeito que vai, quem sabe? O Ministro Rebelo acha natural a imobilidade brasileira, apesar do tempo que já se passou desde que o governo Lula e autoridades do esporte fizeram aquela grande festa na Suíça.



Escutei vossa entrevista no programa Bom Dia Ministro, da EBC, na sexta-feira, com a participação de radialistas de todo o Brasil.
O Senhor mostrou um grande conhecimento de fatos ocorridos em todas as regiões, passando da Batalha do Jenipapo, no Piauí, à viagem de canoa de Pedro Teixeira pelos rios amazônicos, além do sonho “brasiliense” de José Bonifácio, etc e tal.
Em determinado momento V.Excia. explanou sobre “problemas civilizatórios” do país.
Desculpe-me a ousadia, Caro Ministro, de um desportista apaixonado e torcedor de arquibancadas, mas não concordo com a seguinte colocação, quando se referiu aos atrasos nas obras para a Copa 2012.

Assim:
“ … um deles é o do atraso. A gente atrasa até para sair de casa para o cinema, para o restaurante, é correndo que o menino vai para a aula, está certo? Fica esperando um se aprontando, que não terminou. Então, isso é uma coisa da nossa cultura, mas tudo funciona. Se você comparecer a um galpão preparatório de uma escola de samba no Rio de Janeiro, em São Paulo, você aposta que não vai ter desfile nenhum, mas, quando é no dia do desfile, a escola está lá, bonita, pontual, organizada. Então, essa é uma característica do nosso povo e da nossa civilização”.


Senhor Ministro, com tal afirmação, deixo de lado o devido pronome de tratamento protocolar e hierárquico. Mas eu não me atraso para sair de casa, e conheço muitas pessoas que não se atrasam para cumprir seus compromissos, com os filhos, inclusive.
Desculpe-me discordar, mas isso não é coisa da nossa cultura. Se a organização da Copa e dos Jogos do Rio-2106 atrasarem, como ocorreu no Pan-2007, isto é, sim, da cultura de nossos gestores. Quem sabe, devido o histórico desleixo dos que têm certeza de que, ainda assim, não serão punidos por relaxar em seus compromissos.
Além disso, na mesma entrevista, outra manifestação me deixou indignado. E posso falar assim, pois o Senhor é um representante do povo no exercício da gestão pública. É, antes, um deputado que passou pelo vestibular das urnas, portanto com aval do eleitor.


Por isso, Senhor Ministro, considero total falta de respeito um ministro de Estado afirmar que os céticos em relação ao sucesso na organização da Copa possuem “complexo de vira-latas”. Garanto que a maioria deles também conhece muito bem a história do país na organização de eventos esportivos para assim se posicionarem.
Aí vai uma pequena memória sobre os “desastres” que já abrigamos:


- Mundial de Patinação Artística, em Brasília, com poças de água na área de exibição dos atletas e o evento sendo atrasado á espera que a chuva cessasse.


- Mundial de Futsal, também em Brasília, com estudantes da rede de ensino nas arquibancadas, por total falta de público, devido a péssima organização e divulgação.


Mundial de Handball, com arquibancadas igualmente às moscas, sem atrativo para o torcedor.


Pois é, Senhor Ministro. No lugar da erudição, da verborragia de fatos históricos discorridos na entrevista, gostaria de escutá-lo falando de dados concretos sobre o desporto nacional.


Onde estão os planejamentos dos ciclos da Matriz de Responsabilidade relativos à segurança, tecnologia da informação, saúde, fornecimento de energia, telecomunicações, dentre outros, que o Tribunal de Contas da União cobra há três anos?


Onde está a atualização do portal de transparência da Copa, obrigatória para a liberação de recursos?


Onde estão os projetos executivos dos estádios e obras de mobilidade?


Esse atraso, Senhor Ministro, é próprio da pasta que o Senhor herdou.


Para concluir:
Permita-me a ousadia de sugerir que reflita melhor ao afirmar que os promotores do Ministério Público são limitados e sem conhecimento para compreender “que é preciso combinar a razão da preservação com a razão do desenvolvimento, do crescimento do país, que o crescimento também é um fator importante de democratização”.


Senhor Ministro, por favor, não me agrida dessa forma, como se eu fosse um “vira-lata” ignorante.
Caso contrário, serei obrigado a questioná-lo sobre suas limitações e falta de conhecimento na área de gestão do esporte.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Tem muita gente merecendo chute no traseiro

Orlando Silva e Teixeira já foram

A saída de Ricardo Teixeira da CBF, do Comitê Organizador Local da Copa 2014 e do Comitê Executivo da Fifa é apenas o início de um longo e necessário processo de depuração entre os dirigentes do esporte no Brasil. Só para lembrar, Teixeira foi acusado de evasão de divisas, crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, crimes contra a ordem econômica, venda irregular de ingressos e favorecimento em negócios. A CBF com Marin & Cia até 2015 continuará sendo um galinheiro controlado por raposas.

Vale o mesmo para diversas confederações, federações e clubes espalhados pelo país que hoje não é mais só do futebol. São entidades sob controle de cartolas eternizados em seus postos e tão ou mais nocivos ao esporte do que estes que estão abandonando o navio. Os ratos da mesma laia continuam à espreita, prontos para assumir o comando de cargos que por ventura fiquem vagos.

Na esteira destes acontecimentos a mídia, esportiva ou não, precisa mudar de comportamento. É inaceitável, pelo mau exemplo que significam, figuras à margem da lei continamente paparicadas porque um dia foram grandes ídolos do esporte. O caso da hora é o do ex-jogador Edmundo, que embriagado, anos atrás, causou um acidente de trânsito e a morte de três pessoas. Além da impunidade, Edmundo ganhou uma nova profissão, a de jornalista, formador de opinião em rádio, jornal, televisão e agora até com um blog em portal de grande prestígio no meio esportivo.

A cartolagem e gente como Edmundo sobrevivem sob o manto protetor de muito jornalista conceituado, aval para suas estripulias, maracutaias e mal feitos de toda a ordem. O serviço público e as Ongs faz tempo foram contaminadas e igualmente exigem uma faxina moralizadora que impeça o desvio de recursos públicos para fins escusos. A roubalheira só é possível graças ao conluio criminoso de segmentos da mídia, de autoridades públicas e do judiciário. Lembram da CPI da Bola, presidida pelo atual Ministro do Esporte,Aldo Rabelo? Sumiu, ninguém sabe ninguém viu. Ministros já foram defenestrados mas nada se apurou e assim a vida segue até que eventos como os que envolveram a CBF caiam no esquecimento.

Em Brasília o escândalo recente é a chantagem de deputados e senadores com a presidente Dilma. Não votam a Lei da Copa enquanto ruralistas e aliados não verem atendidos suas exigências. É o último e mais novo capítulo obscuro nessas relações promíscuas que infelicitam a sociedade e o país. Depois reclamam quando alguém sugere um chute no traseiro.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Galdino deixa o Conselho do Esporte. E daí?

O presidente do Conselho Estadual do Esporte, o ex-atleta olímpico e campeoníssimo da marcha atlética, Sérgio Galdino, deixa o cargo em abril para se candidatar à vereança em Blumenau. Com ele que é do ramo já tem sido difícil a vida no Conselho, imagino o que vem por aí, pois infelizmente a política partidária-eleitoreira predomina nas relações com a Secretaria da Cultura, Turismo e Esporte. Ou José Natal, um ex-suplente de deputado estadual por São José, e que não tem nenhuma afinidade das três áreas, não teria virado Secretário para acomodar uma situação no seu município visando a próxima eleição.

A postagem de 3 de março, com o desabafo do desportista Rubens Faccini, é um dos retratos fiéis da situação vivida hoje pelo segmento esportivo em Santa Catarina. Outro é o momento da Fesporte, onde o atual presidente e também ex-atleta, Adalir Peccos Borsatti, vive com a cabeça a prêmio. É igualmente uma demonstração clara da falta de apreço deste e de outros governos pela Secretaria em questão e seus objetivos.

A renúncia de Galdino, além de ser emblemática não vai acrescentar nada, nem mesmo vai alterar a postura da maioria dos conselheiros. Dos 21 membros, 11 trazem diversas representações do governo estadual. Tem pra todo o gosto. Fica, é claro, a curiosidade sobre o próximo presidente do Conselho, certamente alguém que manterá no colegiado a orientação do “sim senhor”. Políticas sérias para a cultura, o turismo e o esporte e destinação correta para os recursos disponíveis nestes Fundos? Nem pensar. Já escrevi muito sobre isso. Quem conhece o meio e vive nele há muito tempo já sabe o que vai acontecer.

segunda-feira, 12 de março de 2012

E agora José?



A não ser pela satisfação com a saída de Ricardo Teixeira, a festa ainda nem começou. O novo presidente da CBF, ex-Arena, amigo do regime militar, o oitentão José Maria Marin, tem pela frente apenas uma Copa do Mundo no Brasil, o Comitê Organizador Local, o COL, a Copa das Confederações também no país, organização da seleção para a Olimpíada em Londres e a recuperação da imagem de uma entidade que ele mesmo ajudou a desacreditar. Afinal, ao ganhar o apelido de Zé das Medalhas por ter surrupiado a medalha de um garoto campeão pela seleção sub-20, terminou por carimbar suas credenciais como um jurássico e mal visto dirigente esportivo. Este é o novo presidente da CBF.

Talvez estivesse embutida na saída de Teixeira aquela sugestão do secretário da FIFA e que provocou frissons nacionalistas em algumas autoridades brasileiras. O “pé no traseiro” foi dado, agora falta arrumar a casa, uma missão impossível com a continuidade na CBF, conforme assumiu o próprio Zé Maria. Não acredito nem na formação de um grupo “rebelde”, liderado pelos presidentes das federações Gaúcha, Carioca, Mineira e Baiana. A rebeldia dura até a acomodação das melancias no caminhão. Quando os interesses de cada um forem atendidos, cessa qualquer intenção mudar o que existe deste os tempos de João Havelange, almirante Heleno Nunes e, por fim, Ricardo Teixeira.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Os craques, a ousadia, o bêbado e o equilibrista



Leonel Messi 5 x 3 Neymar. Foi o placar da quarta-feira com Copa dos Campeões na Europa e clubes brasileiros na Libertadores. O massacre do Barcelona nos alemães do Bayern não tem um só responsável, apesar dos cinco gols do Messi. O time é muito bom, homogêneo, com esquema tático que todo mundo sabe, mas ninguém dá conta.

Já entre os brazucas, quem tem Neymar e um bom treinador dorme tranquilo. Mesmo assim o Inter e Dorival Júnior não precisavam exagerar estendendo o tapete vermelho – que ironia – para o craque santista desfilar, alegrando os gremistas que na mesma hora batiam num bêbado no Piauí aliviando a aflição do Luxemburgo. Começa a se esgotar a paciência dos colorados com Dorival, que vai se equilibrando nas suas explicações tortas e não consegue fazer o bom time do Inter jogar.

O Fluminense, do destemido Abel Braga, que escalou dois volantes, dois meias e dois atacantes, acabou com a invencibilidade de 36 jogos dos argentinos na Bombonera. Incluindo o pequenino Welington Nem, direto do Scarpelli para o caldeirão do Boca Juniors, cujo time não assusta mais, mesmo com o velho Riquelmi em campo e sua imutável cara feia. O Corinthians fez o dever de casa contra o fracote Nacional paraguaio, enchendo Tite de argumentos e alimentando suas incompreensíveis entrevistas.

sábado, 3 de março de 2012

O desabafo de um desportista



Rubens Fachini (foto) é um desportista das antigas. Gosta do que faz. Faz de graça e nem os inúmeros prejuízos e calotes que tomou ao longo dos seus 74 anos de vida o desanimaram ou o fizeram desistir do esporte. Fachini vive em Brusque, desde que com outros companheiros encampou a idéia de Arthur Schlosser para a criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina, lá pelos idos de 1961.

As últimas enganações de que foi vitima, conforme seu relato à plenária do Conselho Estadual de Desportos, envolvem o ex-secretário de Cultura, Turismo e Esporte, César Souza Júnior, e o prefeito de Brusque, Paulo Eccel. Sua carta enviada ao então secretário César Souza Júnior e lida na plenária do CED, ficou registrada na íntegra em ata do Conselho. Até hoje não se sabe o resultado deste desabafo do Fachini, uma pequena amostra de como tratam nosso esporte e os desportistas.

Afinal, primeiro é preciso atender com extremo cuidado a troca do secretário, especialmente quando se trata de alguém que não é do ramo, mas que, como moeda de troca, atende aos interesses da politicagem que se pratica, especialmente em ano eleitoral.

A mídia não tomou conhecimento e, se tomou, não deu a mínima para um assunto tão grave e que repercute em todas as esferas do esporte de Santa Catarina. Menos, é claro, onde deveria repercutir.

“Caro Amigo César Souza Junior, ao agradecer pela gentileza do carinho e atenção dispensada, quero expressar e fazer justiça ao comunicar-lhe que tenho acompanhado a forma amigável , Cortez e educada com que o Carlos Eduardo tem atendido as pessoas na Secretaria. Fiquei observando como ele atende a todos de forma cordial. A dona Mara também é uma senhora muito querida e atenciosa com as pessoas. Pediria nesta oportunidade a gentileza de que seja prestada uma atenção especial ao Sr. Pecos Presidente da Fesporte , um dos mais capacitados administradores do esporte Catarinense e que desempenha profícuo trabalho na Fesporte e que engrandece nosso Estado.

Faço estas observações pelo fato de sempre ter sido humilhado em procurar na Secretaria pelo encaminhamento dos projetos do Fundesporte. Para que o senhor tenha conhecimento, no ano de 2011, nenhum projeto dos que apresentamos teve recursos liberados, inclusive o da “ Cerimônia de Atendimento e transporte do Fogo Simbólico dos 51° Jogos Abertos de Santa Catarina “ , no valor de R$ 30.000,00. No entanto realizei o evento e , mesmo segurado (sic) os gastos , tive despesa de R$ 23.000,00, pois tivemos também que atender as despesas com hospedagem e alimentação dos Conselheiros do Conselheiro Estadual de Esporte, que se reúne em Brusque por ocasião deste evento.

Por dedicação ao esporte de Santa Catarina , pelo que aprendi com Artur Schlösser desde 1957, com quem sempre estive na criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina , acabei acumulando um prejuízo em torno de R$ 600 mil reais nos últimos anos , tendo que me desfazer de meus bens , inclusive perdendo meu automóvel (hoje em dia viajo com automóvel usado cedido por meus familiares para que possa desenvolver minha atividade profissional.

Tenho 74 anos e com câncer na próstata e tumores pelo corpo , tomo diariamente remédios , 8 comprimidos e mais seis remédios líquidos, pois peço sempre que Deus me ajude pra que consiga pelo menos me dar mais 10 anos de trabalho para que possa deixar alguma coisa para minha filha Maria Clara, que tem 7 anos e que há dois anos me ajuda na solenidade de Acendimento do Fogo Simbólico dos Jasc, conforme a capa em folder anexo.

Não guardo ressentimento de ninguém, nem mesmo do nosso atual Prefeito de Brusque , que por ocasião do Cinqüentenário dos Jogos Abertos em Brusque em 2010 me causou um grande prejuízo, pelo fato de ser amigo do Ciro Rosa. do Governador Raimundo Colombo, Paulinho Bornhausen e do Senhor, e por ter gravado em 2010 na Arena de Esportes de Brusque , um depoimento para a campanha do Senador Luiz Henrique da Silveira.

Acompanho a forma correta como está sendo encaminhada a candidatura do amigo para a Prefeitura de Florianópolis , e temos certeza de que Deus abençoará seu caminho e sua eleição . Fiz e prece à Deus pedindo que o abençoe e o proteja.

Respeitosamente , Rubens Fachini.”

Felizes para sempre. E foda-se o futebol brasileiro



Os ventos fortes que ameaçavam com uma forte turbulência o prédio da CBF e a gestão do eternizado Ricardo Teixeira não passaram de uma brisa. Os 27 presidentes de federações estaduais, sustentáculo do atual presidente da entidade, acabaram refrescados com um cala a boca que representa aumento de 60% nos repasses mensais às suas combalidas entidades.

Ou seja, a Assembléia Geral da última sexta-feira deu em nada. A cartolagem voltou pra casa feliz e cada vez mais unida em torno do doutor Ricardo. No máximo ele vai tirar uma rápida licença pra tratar da saúde, um pouco debilitada nos últimos tempos pelas atribulações do cargo.

O fotógrafo Ricardo Stuckert captou bem o grau de satisfação dos presentes à Assembléia no Rio de Janeiro. Com nosso ínclito e barbudo Delfim Peixoto a frente, o enquadramento dos papagaios de pirata mostra o quão felizes estão todos com a administração do futebol brasileiro.

sexta-feira, 2 de março de 2012

As armadilhas do sotaque

A sexóloga apresentada pela Globo na mini série “As brasileiras” agitou a manezada. Muito gaúcha, protesta quem viu o capítulo da quinta-feira. Gente, sotaque e expressões regionais são sempre uma grande encrenca. Com patrulhamento, então, nem se fala. Lembro, por exemplo dos percalços da Globo com "O tempo e o vento", direção do gaúcho Paulo José. Nem um bom trabalho de pesquisa evitou as dificuldades para enquadrar os atores em sotaque muito característico como o do gaúcho da campanha.

Forçar a barra nunca dá certo e o meio termo é difícil de acertar. Fica melhor ao natural, desde que não tenha aquele chiado de chaleira tipo o da Xuxa quando ela decidiu que era carioca. Vale lembrar, também, a bronca dos gaúchos quando a maravilhosa e inigualável Elis Regina começou a apresentar o seu carioquês, chiando mais do que os "nativos". Houve um tempo em que o jornalismo global evitava o carregado sotaque nordestino para seus repórteres, num descabido preconceito.

Fernando Alexandre, um jornalista alagoano radicado em Florianópolis, tentou reproduzir e interpretar essa natural confusão lingüística. Acertou aqui, tropeçou ali, mas conseguiu parir o Dicionário da Ilha, se não me engano já na segunda edição.

A verdade é que de norte a sul nossa língua tem diferenças muito acentuadas e as adaptações, se mal elaboradas, no mais das vezes ficam quase caricaturais. E quando as exigências de hábitos e do falar são muito regionais, só uma escola que forme bons atores em uma demanda muito grande de tempo pode evitar ruídos que incomodem a ouvidos mais sensíveis e críticos atentos. Sem falar na xenofobia, uma perigosa e nociva distorção de julgamento.