quinta-feira, 30 de julho de 2009

Schumassa



Schumacher e Rubinho, Montreal - 2005


Michael Schumacher suspendeu temporariamente sua aposentadoria e volta às pistas para substituir Felipe Massa e assombrar Rubinho Barrichello. O brasileiro, que sonhava se ver livre para sempre do alemão, de quem foi fiel escudeiro na marra durante um bom tempo, agora deve perder o sono e passar noites intranqüilas até a próxima corrida contra Schumacher de novo a bordo de uma Ferrari. O pesadelo para Rubinho, mesmo hoje em outra equipe, começa daqui a três semanas no GP da Europa, em Valência. Lembranças ruins para Barrichello, de 2000 a 2005, período em que foram companheiros na Ferrari ,voltarão a atormentar sua temporada. Foram episódios tão desagradáveis, como aquele em que foi obrigado a entregar uma corrida para Schumacher, que Rubinho chegou a ameaçar publicar um livro contando os "podres" do tempo em que vestiram o macacão vermelho.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Brigando com a notícia

A TV Globo desde sábado e durante todo o fim de semana em seus noticiários decidiu estabelecer um verdadeiro conflito com as informações oficiais sobre o acidente de Felipe Massa. Tudo que chegava ao narrador Galvão Bueno ou à repórter Mariana Becker a pretexto de cautela, creio eu, era imediatamente desmentido ou ignorado pelos dois. Bastava comparar com o que as emissoras de rádio transmitiam. Ninguém estava torcendo pelo pior, queríamos notícias positivas, é claro, mas os boletins médicos emitidos pela equipe que cuida de Massa no hospital eram sistematicamente contrariados sem nenhuma sustentação. Hoje felizmente a situação mudou porque Felipe aos poucos mostra sinais de recuperação. No entanto o piloto brasileiro passou pelo risco de morte, menos para a Globo que insistia em confrontar a notícia oficial com a opinião de um médico brasileiro, gabaritado, até pode ser, mas que não participara do episódio em sua totalidade, pois viajou a Budapeste somente sábado à noite. É comum e muito nociva à atividade jornalística essa intromissão da amizade com a fonte, interferindo no resultado final da informação. Ainda não sabemos se Felipe Massa sairá do hospital com alguma seqüela e mesmo quando chegar a hora será bom aguardar por um pronunciamento isento.

O noticiário ficou um pouco desacreditado pelo envolvimento emocional dos principais personagens. Até Rubinho Barrichelo foi mais técnico e mais eficiente ao falar a respeito do acidente sem misturar amizade com a fidelidade à informação e ao detalhamento correto do acidente, suas causas e efeitos.

Em meio a essa balbúrdia e a tanto ruído na comunicação, até agora não se ouviu nenhum tipo de questionamento ou uma boa explicação sobre como um bólido de altíssima tecnologia deixa uma mola pelo caminho. Afinal, a quebra de uma barra de direção matou Ayrton Senna e um defeito prosaico como o do carro do Rubinho quase provocou outra tragédia brasileira na Fórmula I.

domingo, 26 de julho de 2009

Tribunal aprova a farra

Mesmo com irregularidade constatada, TCU isenta autoridades dos Jogos Pan-Americanos em gastos de R$ 21,5 milhões, aplicados nas solenidades de abertura e encerramento do evento

Por JOSÉ CRUZ, do Correio Braziliense


Dois anos depois de ter sido realizado, revela-se o mais recente escândalo financeiro dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, conforme auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).  
No terceiro processo que julgou a exorbitância dos gastos naquele evento — cerca de R$ 4 bilhões —, auditores do TCU identificaram que as cerimônias de abertura e enceramento da competição esportiva, ao custo de R$ 21,5 milhões aos cofres públicos, não teve licitação de preços.

Apesar dessa flagrante irregularidade, plenamente identificada pelos auditores do processo, o então ministro relator, Marcos Vinicios Vilaça (aposentado no último dia 30), isentou os acusados de qualquer culpa. Entre eles estão o presidente do Comitê Organizador do Pan, Carlos Arthur Nuzman, e Ricardo Leyser Gonçalves, do Ministério do Esporte. A ordem de Vilaça foi arquivar o processo. 

Ao fugir da exigência legal, o Comitê Organizador do Pan e Parapan-americanos fez duas contratações. Inicialmente, chamou o senhor Scott Givens como consultor. Ele é da Five Currents, empresa dos Estados Unidos, especializada em grandes eventos, entre eles os Jogos de Inverno de Salt Lake City (EUA), em 2002, as Olimpíadas de Atlanta, em 1996, e comemorações dos 50 anos da Disneilândia.
 
Só por essa consultoria, o governo do Estado do Rio de Janeiro pagou R$ 883.350.  
Em seguida, o Comitê Organizador do Pan contratou a brasileira WA Tranze Eventos, Promoções e Publicidade Ltda para executar o projeto das cerimônias do Pan. A abertura, inclusive, ganhou destaque internacional devido a uma vaia do público ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua chegada ao estádio do Maracanã.

O mais estranho nesse processo que o TCU arquivou é que o presidente do Comitê Organizador do Pan e Parapan, Carlos Arthur Nuzman, justificou que fugiu da concorrência para contratar serviços por se tratar de uma "emergência".
 
A explicação, contudo, contrasta com o anúncio do Rio de Janeiro para receber o Pan, feito em 2002, isto é, cinco anos antes.    
Sobre esse argumento, que está no Acórdão 1250/2009, o ministro relator do processo, Marcos Vilaça, reforça as datas extremas:  
"A necessidade de realização das cerimônias e mesmo sua data já eram conhecidas pela administração pública em 2002, quase cinco anos antes do evento, quando foi assinado o Acordo de Obrigações e Responsabilidades com a Organização Desportiva Pan-americana (Odepa)".

Jogo de empurra


A análise que consta no relatório não deixa dúvida de que houve séria irregularidade. A demora para realizar a tal licitação de preços deveu-se à indecisão dos governos municipal e estadual do Rio de Janeiro, bem como o Governo Federal, que se lançaram em um jogo de empurra para decidir quem pagaria a conta.
Na emergência, e apenas a seis meses da abertura do Pan, sobrou para a União desembolsar os R$ 21,5 milhões.
 
Em decorrência, o Comitê Organizador formou um Núcleo de Criação e Gerência das Cerimônias dos Jogos (NCGJ). Mas a iniciativa da equipe liderada por Nuzman não foi bem-sucedida, com afirma o próprio relatório de Marcos Vilaça, quando ressaltou "a inexperiência gerencial do Comitê Organizador do Pan, que, mesmo após dispor da verba federal, demorou demasiadamente em adotar medidas à celebração do convênio (com a WA Tranze Eventos)"
 
Superfaturamento identificado duas vezes
 

O primeiro processo do TCU já concluído, em maio, com indícios de irregularidades nos gastos dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro refere-se ao contrato de R$ 22,4 milhões, entre o Ministério do Esporte e a empresa Fast Engenharia, para a construção de estruturas temporárias na Vila do Pan.
 
O TCU exigiu que Luiz Custódio Orro Freitas, da Fast, e Ricardo Leyser Gonçalves, do Ministério do Esporte, envolvidos na execução do contrato, apresentassem defesa à denúncia de superfaturamento ou devolvessem R$ 2,7 milhões ao Tesouro Nacional. A defesa já foi apresentada.
 
O segundo processo do TCU, em junho, identificou superfaturamento de R$ 2,7 milhões no serviço de hotelaria da Vila Pan-Americana. Nesse documento, mais uma vez Ricardo Leyser Gonçalves, representante do Ministério do Esporte no Comitê Organizador do Pan, é citado como um dos responsáveis pelo ato, ao lado da empresa Consórcio Interamericano.

O perdão oficial

Depois que os envolvidos neste processo apresentaram suas jutificativas, o ministro Marcos Vilaça sentenciou:

"Pelo exposto julgo que as razões de justificativas apresentadas por Ricardo Leyser Gonçalves, do Ministério do Esporte, devem ser acolhidas, afastando-se sua responsabilidade em relação aos atos praticados. Quanto aos gestores do Comitê Organizador, senhores Carlos Arthur Nuzma, André Gustavo Richer e Leonardo Gryner, mesmo reconhecendo que suas condutas foram irregulares, acredito que suas razões de justificativas também possam ser acolhidas, em caráter excepcional, em face do conjunto de circunstâncias atenuantes mencionado anteriormente (no processo).  

sábado, 25 de julho de 2009

Pé frio, quase gelado


A mola solta (no círculo) nocauteou Felipe Massa

A quase tragédia no treino de classificação para o GP da Hungria de Fórmula I teve o envolvimento indireto de Rubens Barrichello, que provou ser mesmo um piloto sujeito a episódios no mínimo grotescos. A mola da suspensão traseira do seu carro se soltou e acabou atingindo a cabeça de Felipe Massa, que vinha logo atrás. Felipe perdeu os sentidos e o controle da sua Ferrari, saiu reto da pista e foi bater forte na proteção de pneus. O próprio Rubinho, depois de ver o companheiro atendido, foi quem passou a informação correta aos repórteres que corriam feito baratas tontas atrás da notícia sobre o estado do piloto brasileiro. Não acredito nessa história de sorte e azar. Para mim trata-se tão somente de competência e incompetência, no caso imperícia ou distração de algum mecânico da equipe Brawn. Um parafuso mal apertado ou colocado de forma incorreta, uma peça por alguma razão fragilizada, seja lá o que for, por pouco não resultou em mais uma tragédia na Fórmula I. E Rubinho com seu carro até então perfeito estava lá, involuntariamente presente à cena do crime, desculpem, do acidente.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tira o blog do site



Estou morando em outro país e não sabia. Acho que fui abduzido. E quando me dei conta estava ouvindo o presidente, um homem barbudo, de terno bem cortado, com um dedo a menos em uma das mãos. Me informei, dizem que foi acidente de trabalho. O tal presidente, que pelo jeito trabalhou uma vez na vida, falava em uma solenidade, criticando a imprensa do seu país, agora meu também, por condenar as pessoas sem levar em conta suas biografias. Fiquei sabendo então que isso é importante para o judiciário do país em voga. Não adiantam provas cabais dos ilícitos, vale é a pose do sujeito, seu cargo, o quanto ele pode. Parece que tem aí nessa questão da confiança uma história do fio do bigode. Não sei se estou misturando bigodes com barbas.

Enfim, o tal presidente, segundo entendi, defendia um outro que já foi presidente e que ocupa ainda cargo importante, tão importante que chamou a família para ajudá-lo, se não não dava conta. Sabem como é, ta velhinho, anda arrastando os pés. Ouvi que o homem resiste calçar chinelos. Diz, em alto e bom som, que o trabalho “enobrece”, a aposentadoria, no caso dele, “empobrece”. Me contaram que os parentes e sua biografia é que ajudam a mantê-lo na presidência e, se entendi bem, mandando em duas casas legislativas que nesse país tem o apelido de Congresso. Quando o povo quer sacanear manda logo um pejorativo que é pra esculhambar de vez.

Perdi a paciência com a conversa fiada desse tal presidente e procurei bisbilhotar sobre outros assuntos. Dei de cara com uns blogs – coisa moderna que nesse novo país já tem - meio estranhos, com nomes esquisitos. Minha memória não ajuda, mas parece que um se chamava “De Olho no Mosquito”, o outro “Tijoladas na Capital”. Ou “De Olho na Tijolada”, ou quem sabe “O Mosquito na Capital”. Sei lá, importa é que os dois caíram de pau numa senadora, que depois entendi, é companheira daquele presidente que falei lá em cima.

Confesso que não captei a razão de tanta encrenca com biografia, que para mim é coisas séria. A não ser que não tenha ouvido direito e a palavra fosse “geografia”, ou “pornografia”. Ando com problemas de audição, o que só aumenta o imbróglio. Também não encontrei muito sentido na relação entre imprensa e a Constituição, com a senadora – como é mesmo o nome? – no meio. Vi até uma foto dela. Ah, falando em “pornografia” agora lembrei da moça. Ela estava beijando na boca aquele homem bigodudo que um dia parece que garantiu o atual presidente no cargo, apesar de umas fofocas de mensalão, mensaleiros. Recordam do episódio?

Como os dois trabalham no mesmo lugar quem sabe aquele beijão não tenha nada de libidinoso. Foi apenas um jeito carinhoso de agradecer por favores e serviços prestados. Os fofoqueiros de plantão dizem que isso é comum por essas bandas.

Acabei estressado com tanta informação, rádio e a televisão ligados, blogs pra cá, blogs pra lá, jornais na minha frente, todo mundo escrevendo e falando junto, sobre as mesmas coisas. Fui me embora pra Passárgada, cantando aquela marchinha de carnaval, o hit do momento, “Tira o blog do site”. Lá sou amigo do Rei, que é muito mais que Presidente e não quer saber de biografias

terça-feira, 21 de julho de 2009

A terra do não temos


Hoje no Brasil se fala mais da Copa de 2014 do que a do próximo ano na África do Sul. Faremos a competição em casa e há muita preocupação com o quanto se vai gastar e no que. É assunto pertinente e em torno dele ouvi o final de uma entrevista à Rádio CBN domingo pela manhã, sem conseguir identificar o nome do entrevistado. Mas sua opinião naquele momento da conversa era contundente e referia-se à situação dos nossos aeroportos. “Estamos na idade da pedra”, dizia ele. Este é um quesito fundamental para atender não só as exigências da Fifa, mas da própria estrutura do evento e trata-se da nossa realidade, constatação que pode ser feita em viagens para qualquer canto do país. Desconforto provocado por serviços ruins, instalações precárias, mau atendimento e, pior de tudo, insegurança na terra e no ar. Nem é preciso ser muito viajado ou exigente para perceber que está aí o nosso calcanhar de Aquiles para a Copa que pretendemos organizar.
E que Florianópolis, por ter sido excluida como opção de sede, vai demorar um século para ver o aeroporto Hercílio Luz em condições para receber o volume de turistas que esperamos a cada temporada. Não vamos esquecer do gargalo que é o acesso àquela região, mais estreito em dias de jogos do Avaí que, aliás, é quem está prometendo solução para o problema. O máximo que fizeram até agora, além de promessas, foi um puxadinho muito do sem vergonha para embarque e desembarque, na esperança tola de ludibriar a comitiva da Fifa que andou por aqui. É só enganação pra todo o lado o resultado foi que nem chegamos a ter para acrescentarmos à lista do já teve.


sábado, 18 de julho de 2009

De Janer Cristaldo sobre Gabeira

Sexta-feira, Julho 17, 2009


VELHOS, SAFADOS E MENTIROSOS


Escreve Fernando Gabeira na Folha de São Paulo, edição de hoje:“Há uma dezena de deputados dispostos a enfrentar o PMDB, aliados e a combatividade da estrela vermelha. Aliás, voltei ao Salão Verde, pensando nela. A estrela vermelha para mim não tem sentido. Eu a vi nos tanques sérvios que atiravam nos civis e em nós, repórteres. Agarrados à estrela vermelha, perpetraram crimes horrendos sob o título de limpeza étnica”.
Quem o lê, pode até imaginar que o bravo deputado esteve algum dia nalgum front. Ainda há poucos meses, contei como foi a cobertura de Gabeira. Sinto-me obrigado a contar de novo.Guerra da Iugoslávia, 1991, nos dias de independência da Croácia.
Eu trabalhava na editoria de Internacional da Folha de S. Paulo. Gabeira, nosso correspondente responsável pelo Leste europeu mandava suas matérias de Berlim, que isso de cobrir guerras no front é muito arriscado. Por volta das três horas da tarde, começava a enviar seus despachos, a partir do noticiário dos jornais da manhã. Isto é, os jornais haviam sido redigidos ontem, os fatos ocorridos anteontem e o leitor brasileiro os leria amanhã, com pelo menos três dias de atraso. As agências noticiosas, mais ágeis, nos enviavam notícias fresquinhas. A nós, redatores, cabia substituir o lead da reportagem por material mais quente. Lá pelas cinco da tarde, o despacho enviado caíra para o pé do texto. Quando o correspondente informava que os iugoslavos planejavam um ataque, nós já tínhamos os alvos destruídos e os aviões de volta às bases. A cobertura da guerra, em verdade, era feita da redação na Alameda Barão de Limeira, em São Paulo. Que, de certa forma, estava mais próxima dos fatos que o correspondente na Alemanha. O texto todo era redigido na redação. Começávamos a atualizar a matéria pelo lead e Gabeira ia descendo rumo ao pé. Muitas vezes não sobrava sequer uma linha do despacho original. Mas a matéria saía assinada por Fernando Gabeira, "enviado especial". Como era feita esta cobertura? O redator recebia um punhado de despachos, que iam sendo renovados a toda hora pelo boy que os retirava do telex. (Eram ainda os dias do telex). Havia matérias quentes das agências, que tinham seus correspondentes no campo de batalha, reportagens frias que davam o clima local, análises de especialistas e informes sobre a repercussão dos fatos nas diferentes capitais do mundo. Cabia ao redator juntar todos esses relatos e criar uma história coerente. Fossem os textos assinados ou não, os fragmentos aproveitados pelo redator eram todos atribuídos ao “correspondente de guerra”, comodamente instalado em Berlim.A segunda edição do jornal, a que circularia no dia seguinte apenas em São Paulo (na cidade), era fechada lá pela 01h da manhã. Como os redatores da Internacional eram ágeis, o leitor paulistano pelo menos tinha uma visão muito atualizada da guerra, graças ao intrépido correspondente Fernando Gabeira. Ocorre que o texto que chegava ao leitor não era de Gabeira. Era nosso.Gabeira deveria sentir-se muito surpreso se lesse sua matéria publicada, falando de fatos dos quais ele, o suposto autor do texto, nunca ouvira falar. Mas nunca reclamou, como seria de se esperar de um jornalista honesto.Gabeira, se alguém não lembra, é o impoluto deputado que criticou Ziraldo e Jaguar por receberem a bolsa-ditadura, sem se lembrar que ele mesmo a reivindicou, como indenização pelos anos em que passou fumando maconha em Estocolmo. É o mesmo deputado que não hesitou em beneficiar-se da farra das passagens aéreas, para visitar sua filha no Exterior.
Hoje, como se nada tivesse a ver com as falcatruas do Senado, assim finaliza seu artigo:“Não se trata só de um constrangimento ao ver o Senado definido como casa de horrores. Mas o de conviver um grupo de homens idosos, movendo-se com uma desenvoltura criminosa, unindo nos lábios do povo as palavras velho e safado, como se fossem gêmeas que nascem ligadas. Tempo de tormentas”.
Pelo jeito, de tanto assinar artigos que não escrevia, acabou acreditando que esteve no front. “Tanques sérvios que atiravam nos civis e em nós, repórteres”. Heróico, o deputado! Pena que só viu tanques sérvios pela televisão. Vai ver que sentiu-se ameaçado em seu sofá, pelos canhões que avançavam na tela. Ao mesmo tempo, dá a impressão de sequer ter participado das corrupções do Senado, das quais de fato participou. Chama seus colegas de bordel de velhos e safados, como se ele mesmo não fosse velho, safado e mais ainda, mentiroso.Na mesma página, olímpico e indiferente ao mar de acusações que o incriminam, assina um inocente artigo sobre as virtudes do Chrome ou Windows 7 um senador velho, safado, mentiroso e ladrão. José Sarney, o presidente da Casa dos Horrores.
Vai mal a Folha de São Paulo.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Salomé vai precisar de ajudante


João Batista foi o primeiro candidato à bandeja


Inaugurada a bandeja com a degola de João Batista o espírito de Salomé vagueia pelas rodadas do campeonato brasileiro. Depois de Wanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho, rolaram as cabeças de Parreira, Wagner Mancini e Marcio Bittencourt, todos já com seus respectivos substitutos, efetivos ou interinos. Como a fila dos degolados anda depressa e agora tem futebol das quatro séries de terça a domingo, Salomé vai trabalhar muito. Procura-se uma assessora para Salomé, um auxiliar de carrasco e bandejas para reposição.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Palestras motivacionais


Tostão hoje é médico, profissional sério como sempre foi no futebol e fora dele. Por isso li com muita atenção sua coluna, distribuída domingo aos jornais assinantes. Ele escreveu sobre psicologia no esporte e as palestras motivacionais, coisas bem distintas e que não se misturam. Acredito em uma, tenho horror da outra, até por experiências pessoais a que fui submetido em determinados momentos da minha vida profissional. A psicologia tem base, em qualquer dos seus segmentos. Exige estudo, muito estudo e pesquisa constante. Participei de uma das tais palestras. Era um encontro, um congraçamento dos funcionários de uma fundação, atividade carregada de boas intenções e que dispensaria o que fomos convidados a assistir em duas sessões. Me senti ridículo, obrigado a bater no peito, a uivar como um coiote, a socar um pedaço de madeira como um praticante de artes marciais, a ouvir um besteirol interminável ao som, na época, de músicas próprias à trilha sonora utilizada hoje na novela Caminho das Índias. Abandonei a sala irritado, me sentindo vítima de charlatanismo e completamente desmotivado.

Hoje o futebol tem um motivador famoso e muito requisitado, Evandro Motta. Contam que ele deu a mesma palestra no mesmo dia para jogadores do Fluminense e do Paulista de Jundiaí. Esse homem tem desempregado psicólogos nos clubes. Tostão não prega a reserva de mercado, mas lá no fim da sua coluna está escrito o que vale: “Sou contra o exagerado prestígio que muitos treinadores dirigentes e parte da imprensa dão a essas palestras óbvias, algumas vezes ridículas, de motivação. Parecem um show”. Amém, grande Tusta.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Que bela tijolada

Carta dirigida ao meu amigo Mosquito e publicada no seu blog, o "Tijoladas". Não resisti, tive que arrastar na íntegra pro meu espaço, assinando em baixo deste texto do advogado Edison da Silva Jardim Filho. O Mosquito está sendo processado pela senadora Ideli. Mas que grande cara de pau.

Caro Mosquito,

Você deve perseverar no caminho de denunciar os bandidos e as bandalheiras da política catarinense e florianopolitana! Eu sei como é duro querer que o país evolua para práticas públicas civilizadas como as de países do primeiro mundo cultural e intelectual, quando temos um povo indolente, deseducado, desinformado e despolitizado. É como pregar no deserto… Dá uma tristeza, dá um desânimo.

Para mim, Mosquito, e eu já te falei isto pessoalmente, dois políticos eu coloco no patamar mais alto da traição política: um do Brasil e o outro, do Estado de Santa Catarina. O do Brasil, obviamente, é o Lula. Todos poderiam fazer o que todos costumam fazer, menos o Lula!

Era possível ao eleitor brasileiro intuir, na hora de votar, que o Fernando Henrique Cardoso poderia, como aconteceu, trair as suas bandeiras de luta da vida toda; afinal, é filho de general e, pois, oriundo das elites, acostumadas a pensar só no seu umbigo, regateando sempre o destino glorioso que um país tão afortunado fisicamente como o Brasil, pode e deve dar a todos os seus filhos, independentemente da classe social a que pertençam.

Era possível ao eleitor brasileiro intuir, na hora de votar, que o Fernando Collor de Melo desse no que deu; afinal, vinha de onde veio: o Estado de Alagoas e o nordeste dos coronéis armados, e tinha a origem política que teve: as oligarquias mais atrasadas e, pois, reacionárias do Brasil.

Era possível ao eleitor brasileiro intuir, na hora de vibrar com o feito da redemocratização, que o Tancredo Neves, se viesse a governar o Brasil, seria o mesmo fracasso que foi o José Sarney; afinal, na época em que se cassava parlamentar como se legisla, hoje, por medida provisória, ou seja, aos borbotões, ele, com um discurso grandiloqüente contra a Revolução de 64, nunca foi incomodado pelos generais, da mesma forma como o Senhor Diretas, o eterno guru do PMDB: Ulisses Guimarães. Está aí uma coisa que sempre me intrigou…

Agora, o Lula, não! Nenhum eleitor, nem que fosse o vidente mais clarividente, poderia imaginar que o Lula fosse trair o seu passado glorioso de lutas as mais corajosas e legítimas, uma vez realizado o seu sonho de anos a fio, de chegar à presidência da República Federativa do Brasil.

E o político de Santa Catarina que cravou de forma indelével o seu nome na altura máxima do anti-panteão dos maiores traidores da vontade popular, surpreendentemente, foi uma mulher. Eu sou dos que acham que as mulheres são mais virtuosas do que os homens, e vem daí a sua relutância de fazer política no Brasil de hoje, um lugar reservado- e isto é de domínio geral- à realização dos mais baixos instintos de selvageria predatória, em todos os sentidos. Mas quando a mulher opta por fazer política de maneira dissimulada, é pior, mil vezes pior do que os homens. É o caso da Senadora Ideli Salvati!

Causa estupefação em quem acompanhou a sua atuação como líder sindical, militante do PT e Deputada Estadual, acompanhá-la no exercício do atual mandato de Senadora da República. Arrostou e vem arrostando a ética e a moral ao impedir a instalação de todas as CPIs para investigar as bandalheiras do Governo Lula, através de um discurso que transparecia e transparece, visivelmente, indignação fingida, típica dos hitlers e mussolinis, embora milhões de quilômetros longe do brilhantismo e oratória deles. Defendeu todos os mensaleiros de todos os mensalões do amoral- imoral é pouco- Governo Lula. Beijou e beija o José Sarney de todas as formas… Suspeita de corrupção no caso de desvio endêmico, no Governo Lula, de dinheiro público para as ONG’s ligadas ao PT, não se defendeu convincentemente; ao contrário, tudo fez e faz para esvaziar a CPI das ONG’s. Engoliu e engole todos os sapos, até os mais indigestos que a imaginação humana possa conceber, sempre em nome da governabilidade para fazer mutretas. Age, com uma fidelidade canina, dentro das lindes largas do novo figurino ético e moral traçado pelo seu chefe-todo-poderoso. Só faltou pedir desculpas públicas ao Jorge Bornhausen. Pediu, e eu sei em que episódio!

Tudo o que você falou no seu blog é pouco diante da indignação que deveria inundar a cidadania catarinense pela colossal fraude eleitoral de que foi vítima, perpetrada pela Senadora Ideli Salvati com descaramento tão cavalar que é impossível de vir a ser igualado por algum outro político destas infelizes plagas.

Atualmente, no Brasil, ocorre um fenômeno ímpar, pois eu acredito ser impossível que se repita em qualquer país verdadeiramente democrático do mundo: os políticos não admitem ser criticados no mesmo grau de virulência com que afrontam a soberania popular; o que, no mínimo, é uma hipocrisia desmesurada: defende honra quem a tem, é o que deveria vigorar e a Justiça garantir.

A Senadora Ideli Salvati, tal qual o Presidente Lula, cometeu e comete, a todo o instante, crime de lesa-pátria, por desmoralizar o sistema de representação popular e, por conseqüência, o regime democrático, tão penosamente restabelecido no Brasil.

Um forte abraço.

Edison da Silva Jardim Filho - Advogado Criminalista em Florianópolis - SC

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A cartolagem vacinou o futebol


Máscara para andar no Metrô de Buenos Aires

Até as 18 horas desta segunda-feira o jogo de ida entre Estudiantes e Cruzeiro pela final da Libertadores estava mantido para a Argentina. Mesmo com o país sendo considerado área de risco pelas autoridades sanitárias por causa da gripe suína nada havia sido feito para mudar o local da partida. Volto ao tema da postagem abaixo relembrando que o México já sofreu com isso e teve o seu representante afastado da competição quando ainda não estava caracterizada a pandemia, o que só aconteceu em 10 de junho. Agora, muito mais do que antes, há necessidade de providências radicais em relação ao esporte, como as tomadas pela presidente Kristina Kirchner e autoridades do governo argentino para outras áreas. As férias de julho para cerca de 10 milhões de estudantes foram estendidas e os espetáculos teatrais suspensos por 10 dias. Estranho que medidas de precaução semelhantes não foram tomadas em relação ao futebol. Ainda no domingo Huracan e Velez Sarsfield jogaram a final do Torneio Clausura com estádio lotado. Os dirigentes do Cruzeiro diante da omissão de quem cuida da saúde resolveram encaminhar um documento à CBF, pedindo a intervenção do presidente Ricardo Teixeira. Como é que persiste esta contradição entre o que dizem e recomendam governantes do Brasil e da Argentina? E porque os mexicanos mereceram tratamento diferenciado? Talvez eu tenha que atualizar esta postagem daqui a pouco, mas o assunto já era para estar resolvido desde que Cruzeiro e Estudiantes se credenciaram como finalistas da Libertadores. O próprio governo brasileiro que há dez dias recomendou o cancelamento de viagens turísticas, inclusive para o Chile, deixou de lado os cuidados manifestados anteriormente e não falou uma vírgula sobre o problema. A mídia brasileira também não deu muita atenção, apesar de os números oficiais registrarem 60 mortos pela gripe entre os argentinos. Os dados não oficiais ninguém conhece, imagina-se.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Um time mascarado


Os excluídos mexicanos transformaram a máscara em adereço da moda

O Cruzeiro tem que viajar semana que vem a Buenos Aires para o jogo de ida da final da Libertadores contra o Estudiantes, marcado para quarta-feira. A Argentina está em estado de emergência, recém decretado, por causa da gripe suína. O clube brasileiro, zelando pelos seus direitos e pela saúde da delegação, poderia reivindicar a mudança do local desta partida. Mas o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrela, espertamente diz que prefere aguardar o posicionamento da Confederação Sul Americana. Como bom cartola, Zezé deve estar agindo por baixo do lenço para não aparecer na linha de frente, embora já esteja contaminado pelo vírus da malandragem que acomete a maioria dos dirigentes. O futebol mexicano, país onde começou a gripe, pela mesma razão teve que abandonar a Libertadores. Pelo sim, pelo não, confirmada a viagem do Cruzeiro seria uma contradição a tudo o que tem sido dito e feito pelo governo brasileiro nos últimos dias, provocando inclusive o cancelamento de viagens turísticas e de negócios ao Chile e à Argentina. E estaria sacramentado um tratamento diferenciado entre México e Argentina, restando aos componentes da delegação do Cruzeiro e aos jornalistas incumbidos da cobertura do jogo solicitar farta distribuição de máscaras anti-gripe.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Fifa condena comemoração dos jogadores brasileiros

Festa após o título da Copa das Confederações, com orações em campo e mensagens na camiseta, provoca polêmica, segundo matéria assinada por Jamil Chade e publicada hoje no Estadão.


É uma parte apenas do enfoque de um texto anterior a este sobre o mesmo assunto que postei abaixo


A comemoração da seleção pelo título da Copa das Confederações e o comportamento dos jogadores brasileiros após a vitória sobre os Estados Unidos causam polêmica na Europa.
A queixa é de que o time brasileiro estaria usando o futebol como palco para a religião.
A Fifa confirmou ao Estado que mandou um alerta à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pedindo moderação na atitude dos jogadores mais religiosos, mas indicou que por enquanto não puniria os atletas, já que a manifestação ocorreu após o apito final.

Ao virar o jogo contra os EUA, os jogadores da seleção fizeram uma roda no centro do campo e rezaram.
A Associação Dinamarquesa de Futebol é uma das que não estão satisfeitas com a Fifa e quer posição mais firme.
Pede punições para evitar que isso volte a ocorrer.

Com centenas de jogadores africanos, vários países europeus temem que a falta de uma punição por parte da Fifa abra caminho para extremismos religiosos e que o comportamento dos brasileiros seja repetido por muçulmanos que estão em vários clubes europeus hoje.

Tanto a Fifa quanto os europeus concordam que não querem que o futebol se transforme em um palco para disputas religiosas, um tema sensível em várias partes do mundo.
Mas, por enquanto, a Fifa não ousa punir a seleção brasileira.

"A religião não tem lugar no futebol", afirmou Jim Stjerne Hansen, diretor da Associação Dinamarquesa.
Para ele, a oração promovida pelos brasileiros em campo foi "exagerada". "Misturar religião e esporte daquela maneira foi quase criar um evento religioso em si. Da mesma forma que não podemos deixar a política entrar no futebol, a religião também precisa ficar fora", disse o dirigente ao jornal Politiken, da Dinamarca.

Ao Estado, a entidade confirmou que espera que a Fifa tome "providências" e que busca apoio de outras associações.

As regras da Fifa de fato impedem mensagens políticas ou religiosas em campo.
A entidade prevê punições em casos de descumprimento.
Por enquanto, a Fifa não tomou nenhuma decisão e insiste que a manifestação religiosa apenas ocorreu após a partida.
Essa não é a primeira vez que o tema causa polêmica.
Ao fim da Copa de 2002, a comemoração do pentacampeonato brasileiro foi repleta de mensagens religiosas.

A Fifa mostrou seu desagrado na época.
Mas disse que não teria como impedir a equipe que acabara de se sagrar campeã do mundo de comemorar à sua maneira.
A entidade diz que está "monitorando" a situação.
E confirma que "alertou a CBF sobre os procedimentos referentes ao assunto".
A Fifa alega que, no caso da final da Copa das Confederações, o ato dos brasileiros de se reunir para rezar ocorreu só após o apito final.
E as leis apenas falam da situação em jogo.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a CBF informou que não recebeu nenhuma queixa da Fifa e, por isso, não vai comentar o assunto.

TEMA RECORRENTE

Nos últimos anos, o tema da religião no futebol ganhou uma nova dimensão.
Frank Ribery, artilheiro francês, provocou polêmica há poucas semanas ao ser flagrado por uma câmera rezando pelos costumes muçulmanos.
Recentemente, dois jogadores bósnios do time norueguês Sandefjord comemoraram um gol se ajoelhando e rezando da forma tradicional muçulmana.
Um outro jogador do mesmo time não se conteve e fez gestos vulgares aos dois atletas.