sábado, 2 de outubro de 2010

O futebol (e o país) dos interinos



Comecemos pela terrinha com o Avaí pós Silas, Chamusca e Antônio Lopes. Os dirigentes e a parceria, com o time ladeira abaixo, optaram por pelo Edson dos Santos, que não quer mais ser chamado de Neguinho, como era conhecido nas divisões de base. Talvez pela pompa que ele pensa ter seu cargo atual, apesar de toda hora atender pelo cognome de interino.

O Ceará teve PC Gusmão, Estevam Soares e Mário Sérgio. O quebra galho da vez é Dilma Filgueiras, até então supervisor. O Grêmio Prudente experimentou Toninho Cecílio, Antônio Carlos, Marcelo Rospide, e agora vai levando com Márcio Barros, uma espécie de faz tudo no clube.

Não é só a turma de baixo da tabela que entrega o pepino na mão de interinos. O São Paulo atacou de Sérgio Baresi e o Santos depois do furacão Neymar tenta melhorar o clima com Marcelo Martelotte.

Alguns provisórios viram permanentes, como aconteceu com o Andrade ano passado, e que acabou campeão brasileiro pelo Flamengo.Aqui temos um caso raro de interino vencedor substituído por outro interino, o Rogério Lourenço, recentemente demitido e substituído por Silas, pelo jeito com prazo de validade bem curto.

Por sinal ninguém tem um centro de treinamento, o popular CT, com nome tão apropriado como o do Flamengo, o "Ninho do Urubú". Alí a crise é grande e permanente, nada de interinidade. Ha sempre carniça à disposição. Nem o Zico resistiu.

Hoje são cinco clubes (25%) entregues aos quebra galhos justo na reta final da principal divisão do Campeonato Brasileiro. Nada de espanto. Afinal, até na política e no comando do país se pratica a interinidade. Se eleita, Dilma Rousseff ficará presidente enquanto o verdadeiro titular do cargo, Luiz Inácio Lula da Silva, tira umas férias e prepara sua volta para daqui quatro anos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Panfletinho básico 2, a enganação

Os marqueteiros deveriam se envergonhar do produto final. A festa da democracia brasileira é uma enganação. Nenhum candidato, de todos que vi e ouvi até hoje, apresentou alguma coisa parecida com um programa de governo. Dilma, Serra, Marina e o franco atirador, Plinio Sampaio, me mandaram mais cedo pra cama e para a leitura de “O burgomestre de Furnes, um dos livros de Georges Simenon sem o inspetor Maigret que ainda não tinha encarado, no bom sentido. Da sono, quando não provoca náusea, assistir aquele bando de marionetes fazendo jeito de gente do bem.

Não houve jornalismo, faltaram jornalistas, repórteres, embora isenção seja um produto raro hoje em dia na profissão. No fim dá tudo na mesma. Ninguém chama ninguém pra briga, ninguém faz pergunta fundamentada em algo consistente. Exemplinhos: prometer mil quilômetros de hidrovia para um Brasil desse tamanhão. Brincadeira. Nós, que estamos há mais de dezesseis anos esperando pela duplicação de míseros 249 quilômetros na 101 sul, sabemos o que é promessa não cumprida. Palavra não mantida por Fernando Henrique e pelo Lula e, talvez, pelo próximo ou próxima. Assim sendo, qual a utilidade deste último encontro (e dá pra chamar de outra coisa?) entre os candidatos antes da eleição?

Serviu, certamente, para o nobre exercício do palavrório inútil de alguns jornalistas políticos, verdadeiros porta vozes das empresas que defendem, façamos justiça, com grande competência. A chatice acaba repetida no day after. Tem uma perua emproada da Globo News, que aparece todo o dia com a perna cruzada sempre para o mesmo lado. Deve ter a coxa colada. A moça merece o troféu abobrinha do comentário político. Seu esmero na obviedade só tem comparação na escolha dos figurinos para suas inúteis aparições diárias.

O triste é que não seremos poupados caso haja segundo turno. O martírio vai continuar com a mesma fórmula, os mesmos personagens. Quem sabe até lá haja tempo para modificações, por menores que sejam, pelo menos na apresentação de algum conteúdo que me faça acreditar em dias melhores para o estado e o país.