sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Troféu Limão vai para...

Coluna Notícias do Dia 28/06/2013


Luiz Mendes/Arte ND
Felipão chutou o balde, de novo, na entrevista após a vitória sobre o Uruguai. Respondeu sempre com aquele sorrisinho irônico, junto com um recado para alguém da imprensa. Já confessou que vive monitorado pelo assessor de imprensa da CBF, Ronaldo Paiva, por Parreira e pelo Groucho Marx Murtosa. Não adianta. Nem a classificação para a final da Copa das Confederações sossegou o treinador brasileiro.

Felipão acusa de jogar contra a seleção quem discorda ou critica. Depois de mostrar uma pequena estatística com números favoráveis ao seu time fez as reclamações de sempre. Mesmo sem citar nomes a mensagem foi clara, todo mundo entendeu. A bronca era com a ESPN Brasil.
Turrão, azedo e rotineiramente mal humorado – a não ser quando toma chimarrão com jornalistas gaúchos, o único amargo que suporta – Felipão segue cheio de lamúrias e confundindo as funções, as dele e as dos repórteres e comentaristas. Não somos seus assessores nem da entidade que paga seus polpudos salários e dos companheiros da comissão técnica, muito menos de jogadores regiamente remunerados.

É um comportamento ditatorial e, acima de tudo, antipático, talvez inspirado na célebre expressão do jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, “A pátria de chuteiras”. O que Felipão não sabe é que Nelson, ao se expressar assim, ironizava os ditadores de plantão que usavam o futebol para mascarar uma situação de horror vivida pela população nas décadas de 60 e 70. Garrastazu Médici e seu radinho de pilha colado ao ouvido compunham a imagem perfeita da época.
A tal família Scolari e o esporte amado pelos brasileiros não precisam disso. Os torcedores podem cantar o hino, incentivar a seleção, colorir de amarelo as arquibancadas. Nada mais além. E os jornalistas são pagos para perguntar, o Felipão para responder. O elogio é consequência do trabalho bem feito, como, ao contrário, a crítica. Simples assim. Aos que pensam e agem diferente concedemos o Troféu Limão.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Nem San Gennaro salva

Coluna Notícias do Dia 27/06/2013

Luiz Mendes/Arte ND
Tem gente por aqui desqualificando ou ignorando as manifestações das últimas semanas. As câmaras legislativas, onde estão nossos representantes, permanecem em silêncio. Vereadores dos maiores municípios e deputados estaduais parecem viver em outro país. Não é com eles. Ninguém se mexe, nem um pio, acreditam que mais uma vez tudo vai terminar em pizza.

Pois eu gostaria de lembrar aos senhores parlamentares e aos membros do executivo catarinense que o povo está nas ruas porque cansou de enganação, da inércia, do discurso vazio e da malversação de dinheiro público. Só isso ou querem mais? Eles sabem, só fingem que está tudo bem. Afinal, e falando em pio, nossa agroindústria voltou a fazer negócio com o Japão e a Ucrânia também está interessada nos produtos catarinenses. O governador Colombo ao mesmo tempo comemora a instalação em Santa Catarina de unidades da BMW e Mercedes. E ainda pode vir a Land Rover. Estamos ricos, nossos problemas vão desaparecer entre automóveis de marcas famosas e a venda de frangos e porcos,

Onde entra o futebol nessa história? Não entra. Escrevi a coluna antes do jogo entre Brasil e Uruguai e decidi não ficar apenas na reedição hoje da última final da Eurocopa, Espanha x Itália. Os espanhóis estão confiantes, mesmo depois da polêmica sobre uma confraternização no hotel com convidadas especiais. Só querem saber de bola e reclamam da fofocalhada brasileira. Pensaram até em pedir intervenção da Fifa. Como os italianos vão a campo sem o Balotelli, seu maior astro, e talvez tenham outros desfalques, ficou meio sem graça dar atenção a uma partida onde é escancarado o favoritismo dos atuais campeões do mundo, bicampeões europeus, bons no basquete, na vela, no tênis e no automobilismo.

Este calabrês que vos escreve bem que gostaria de ver outra Itália em campo. Mas a que aí está nem San Gennaro dá jeito. Duvido que o jogo possa terminar em pizza, como gostamos tanto aqui no Brasil.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A manha da Fifa e do Uruguai

Coluna do Notícias do Dia em 26/06/2013
Luiz Mendes/ND
Por mais que agentes da FIFA tentem fixar a atenção dos brasileiros somente na Copa das Confederações, isso não vai acontecer. De repente começaram com uma conversa estranha sobre o comportamento dos jornalistas brasileiros, “preocupados demais” em mostrar as manifestações espalhadas pelo país, com ênfase para a violência e o vandalismo.

Em primeiro lugar querem que imitemos a avestruz, em segundo mentem descaradamente distorcendo a realidade, como se o povo estivesse nas ruas apenas para destruir o patrimônio público e o privado, com movimentos destituídos de qualquer fundamento. Papo de quem não conhece o Brasil e suas necessidades prementes e tem como único objetivo contabilizar lucros financeiros. Faltam à Fifa e seus representantes o fairplay e o respeito pedidos por Joseph Blatter à torcida brasileira.
Dito isso vamos ao futebol e à rivalidade de Brasil e Uruguai, a atração do dia no gramado do Mineirão. Nossos adversários voltaram à cantilena da Copa de 50. Parece que querem nos intimidar com um fantasma que já não nos assombra mais. Seria correto dizer, isto sim, que o Uruguai tem um bom ataque com Luizito, Cavani e Forlan, o que verdadeiramente preocupa o time brasileiro, e uma zaga frágil com a lentidão e a violência principalmente de Lugano.
Como eles tentarão parar o Neymar? É uma resposta que aqueles que estão fazendo a cobertura in loco deveriam cobrar dos sempre saudosistas uruguaios. Será que gostarão de ouvir esta pergunta? Desconfio que já nos primeiros minutos de jogo a conhecida catimba da Celeste vai aparecer. É a provocação que não devemos aceitar, sob pena de desviarmos o foco de um time que hoje mostra razoável rendimento diante de adversários mais complicados como o Uruguai. Como tentaram os italianos após a derrota, acusando a arbitragem de proteger nosso craque. Neymar pode cair menos e driblar mais, bom antídoto contra a manha e a pressão dos uruguaios.

Que não venha a Espanha

Safamo-nos - Ave César, o Júlio que defendeu o pênalti que poderia dar outro rumo para o jogo, mais complicado ainda do que foi. O Uruguai jogou bem, nós jogamos mal, nos valemos das individualidades e do oportunismo de Fred e de um volante habilidoso como Paulinho. Felipão foi esperto, jogou o atleticano Bernard nos braços de pelo menos meio Mineirão. A outra metade, a cruzeirense, torceu meio contida. Oscar mais uma vez foi sacrificado, justamente quando ganhou mais mobilidade com a saída do Kulk e o time ficou mais veloz. Mas aí tem a lógica incompreensível do técnico. Menos mal que tínhamos uma cabeça melhor, a do Paulinho, para marcar o gol da vitória. Agora vou torcer para a Itália.

Conceição

Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em entrevista ao Sportv, justificou o gasto de 28 bi para a Copa listando obras que ninguém sabe, ninguém viu. Ou alguém já percebeu mudanças na mobilidade urbana de alguma cidade, melhorias em aeroportos, estradas, segurança, novos meios de transporte, trem bala...? Pois o Ministro Aldo relacionou tudo isso. Ainda explicou que o dinheiro público para reforma e construção de estádios foi liberado através de empréstimos, como é feito normalmente para qualquer empresa. E como tal será devolvido aos cofres da nação. Então senhor Rebelo, não há do que reclamar. Esse povo gosta mesmo de procurar cabelo em ovo.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Cardápios da Copa e a necrofilia uruguaia



Luiz Mendes/Arte ND
Nas semifinais da Copa das Confederações não há nada que nos faça pensar em alguma surpresa ou grandes revelações. A competição é de tiro curto e o tempo escasso para novidades consagradoras. Passaram os mais fortes, ficaram Taiti, México, Nigéria e Japão com suas fragilidades estampadas na lógica de todos os resultados. São países que nos oferecem um cardápio de culinária exótica, e futebolisticamente falando, bastante indigesto para o torcedor. Não existe antiácido capaz de evitar os dissabores provocados por times ruins o suficiente para embrulhar o estômago do menos exigente gourmet esportivo.

Os italianos servem o de sempre e conseguem agradar, mesmo com problemas na cozinha, insegura e confusa. Ainda podem perder um pouco do tempero no seu “primo piatto”. A lesão de Balotelli, se não for aquele “escondidinho” muito conhecido dos brasileiros, vai obrigar a uma mudança significativa no já complicado menu do Prandelli. À Espanha não faltarão ingredientes, estará inteira em campo, oferecendo o melhor da cozinha do chef Del Bosque.

Entre brasileiros e uruguaios não há grandes divergências, falando simplesmente da boa culinária campeira. Estamos de acordo na hora de trançar garfos e facas. Na composição do cardápio futebolístico é que o bicho pega. A missão primeira é alertar o adversário que o endereço do encontro da quarta-feira e o horário mudaram. É chá das quatro, em Belo Horizonte, no Mineirão, e não no Maracanã, no Rio de Janeiro.

Oura coisa que precisa ficar bem clara para a turma do lado de lá da fronteira é o sepultamento, faz tempo, do defunto chamado insistentemente até hoje de “Maracanaço”. Trata-se de uma morte ocorrida na Copa de 50, a única no Brasil, e que estigmatizou um negro chamado Barbosa, como se fosse ele o assassino. Já se foram os dois, o goleiro daquela tarde fatídica, e o cadáver esportivo com o qual os uruguaios fazem questão de conviver, numa espécie de necrofilia.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um time para o Hulk

Jogo contra Itália com árbitro do Uzbequistão é para perder o sono. Felizmente para o Brasil deu tudo certo. Afinal, fazer quatro gols nos italianos numa partida às ganhas não é façanha para qualquer time. Principalmente para uma equipe que está em obras, como gosta de lembrar o Felipão. Não seja esta mais uma obra tipo as que estamos acostumados a conviver, intermináveis, com constantes trocas de “empreiteiros” e superfaturadas. Em se tratando de CBF não seria novidade.

Marcamos quatro, dois com Fred, um centro avante artilheiro, mas que vive de ciclos, no Fluminense ou na seleção brasileira. Dizem ser comuns em um goleador os períodos de entressafra.  Quem sabe não o brilho do Neymar, decisivo sempre para o time brasileiro. Seria pedir demais. Ficaria contente com um desempenho que não provocasse tanta ansiedade no torcedor e nos críticos. Como nosso treinador e as mulheres suspiram por ele, não sou eu que vou contrariar.

A zaga brasileira vazou pela primeira vez, levando dois gols logo de cara para não deixar dúvida.  Mas ficaram incertezas. O Paulinho, agora do Tottenham, fez falta? O nariz do Davi Luís se comportou bem, o problema foi a perna, espero apenas para esse jogo. O Dante entrou, fez pênalti e comprometeu um pouco. Ora, a Itália não teve De Rossi e Pilro de saída e ainda perdeu mais dois titulares no primeiro tempo por lesão. Quem pode chorar mais?

Oscar decepcionou, Ernane jogou assim, assim. Ficamos mais uma vez por conta do Neymar e suas diabruras. Com menos cai-cai surtiriam mais efeito, como poderia ser melhor a participação defensiva do Marcelo, excelente lá na frente. Felipão precisa urgente arrumar um antídoto para o vazio que aparece do lado esquerdo da defesa brasileira.

No meio de tantas dúvidas, a cada partida da nossa seleção tenho uma certeza e vislumbro uma verdade indesmentível, apesar das aparências, por sinal bastante robustas:  o Hulk seria titular absoluto no Taiti. Ou no Ibis, como queiram.

sábado, 22 de junho de 2013

A fumaceira das ruas e da Copa

Notícias do Dia 22/06/2013


Luiz Mendes/Arte ND
A boataria com ameaças de suspensão da Copa das Confederações tomou conta dos bastidores na quinta-feira à noite. Joseph Blatter, o sinistro presidente da Fifa, abandonou o país e foi almoçar na Turquia, cancelando seus compromissos da sexta-feira por aqui. Desde 30 de outubro de 2007, quando o governo Lula e outros ufanistas conseguiram trazer a Copa de 2014 para o Brasil, armazenamos confusão de sobra. Fomos até ameaçados com um pontapé na bunda pelo secretário de Blatter, Jérôme Valcke. Atrasos e superfaturamento em obras de estádios, aeroportos sucateados e problemas de infraestrutura urbana sem solução começaram a dar razão à impaciência dos donos do Mundial. Um jornalista sul-africano chegou a dizer dia destes que três motivos não o fariam sentir saudades do Brasil: aeroportos, telefonia e internet. Jornalistas estrangeiros reclamam, pedem segurança para eles e suas delegações.
Esse tipo de crítica, procedente, por sinal, seria o pano de fundo para o descontentamento de Blatter, agravado com o povo nas ruas reclamando dos desgovernos e aumentando o quadro de caos que cerca a realização do chamado evento-teste. Como onde há fumaça – e a fumaceira nas ruas é grande – há fogo, fiquemos de olho nessa turma que não tem fair-play, desrespeita a cultura do país e não admite o contraditório. Atrapalha os negócios e diminui os lucros.
Não acredito nas ameaças. Nenhum membro da Fifa jamais poderia sequer sobrevoar o Brasil. Nós é que daríamos o pontapé na bunda deles. Teremos sim futebol no fim de semana. Os italianos, além de assustados com as confusões brasileiras, não contarão com Pirlo, machucado, e De Rossi suspenso. Caminho facilitado para o Brasil conseguir o primeiro lugar do grupo. Fugiremos da Espanha, deixaremos para vingar os pobres e humilhados taitianos quem sabe na final. Antes precisaremos desmentir os boatos e, tudo indica, passar pelos valentes uruguaios na semifinal.

A crítica ofende quem não tem memória

A crítica ofende quem não tem memória - Quando ouço a presidente Dilma querendo mais recursos para a saúde e royalties do petróleo para a educação, acho bom refrescar a memória dos que se sentem ofendidos com as críticas e o clamor das ruas. Em primeiro lugar, esquecem de contabilizar a CPMF, dinheiro que nos foi roubado durante anos sem que até hoje saibamos do seu destino. Deveria ser para a saúde, mas... Aliás, é bom também lembrar os situacionistas sobre este imposto e o discurso do passado a respeito do mesmo assunto. No tempo dos tucanos eram contra, assumiram o governo mudaram o discurso e votaram a favor. Queriam CPMF até hoje.

No seu pronunciamento Dilma ainda requentou o assunto sobre a importação de milhares de médicos, ao invés de anunciar atendimento ao setor saúde e melhores condições de trabalho aos profissionais brasileiros que precisam revalidação de diploma se forem trabalhar fora do país.
Quanto aos recursos para a Copa e Olimpíada, duas observações: esse dinheiro, gasto perdulariamente, poderia socorrer parte das demandas da educação com bons salários para professores de todas as instâncias do ensino público, construção de boas escolas e cumprir com as exigências do ensino e pesquisa nas universidades. Não entendo como desenvolver um país sem educação de qualidade.


A presidente chegou a dizer que os recursos liberados por empréstimos voltariam aos cofres públicos, pagos pelas empresas gestoras das novas arenas e dos estádios reformados. Meia verdade mais meia mentira dá uma mentira inteira. E grande. Estas dividas contraídas para reconstruir o Maracanã, a Fonte Nova, erguer as arenas de Pernambuco, das Dunas em Natal, O Itaquerão, do Corinthians, mais a barbaridade que se gastou no Mané Garrincha em Brasília, serão pagas pelos governos que buscaram recursos junto ao BNDES/programa Procopa/Arenas. É uma parceria que só dá lucro ao privado e muito prejuízo ao público. O Pan 2007 é um exemplo recente, um escândalo engavetado e que pode se repetir em 2014/2016. A companheirada que não gosta de críticas e se ofende com facilidade deveria refrescar a memória para poder refletir sobre isso.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

No embalo do Neymar vamos indo


O entusiasmo com o desempenho da seleção brasileira tem sua razão de ser. Nas últimas semanas empatamos com a Inglaterra, ganhamos da França, do Japão, rasgamos a touca mexicana e garantimos antecipadamente uma vaga nas semifinais da Copa das Confederações. O otimismo de torcedores e imprensa é explícito e o jogo deste sábado contra a Itália, acredito, será disputado sem sustos.

Como Luiz Felipe Scolari fala sempre de um time em construção, não custa olhar o futuro com um pouco de cuidado. Se passarmos bem pelos italianos estaremos prontos para um possível confronto com a Espanha campeã do mundo e bicampeã europeia?

Dependemos do brilho da nossa maior estrela. Neymar, através dos seus lampejos de craque, tem mostrado aos investidores do Barcelona que vale o quanto foi pago pelo seu passe. A seleção brasileira bebe dessa fonte de talento e com ela ameniza a seca de jogadores de alto nível em meio a uma safra nada generosa. A produção tem sido baixa e o consumidor externo leva o pouco que produzimos, prejudicando o consumo interno.

É arriscado lembrar o passado até mesmo recente. Vivíamos outros tempos em que não havia um protagonista isolado, uma andorinha solitária fazendo verão. Pelé, por exemplo, tinha um time quase inteiro de jogadores excepcionais ao seu lado. Ronaldo, Zico, Falcão, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo marcaram época. Mesmo o contestado grupo campeão, em 94 nos Estados Unidos não era de se jogar fora. Bastante unidos lá estavam o goleiro Taffarel, os laterais Cafu, Leonardo e Branco, atacantes como Romário e Bebeto. Era um bom time com força de conjunto.

Hoje, a um ano apenas da Copa do Mundo em casa, não temos certeza do nosso potencial. Por enquanto comemoramos resultados isolados com o otimismo que começa a tomar conta das arquibancadas e de alguns microfones. Já escrevi parecido outro dia e reforço com o chavão contido naquele provérbio português: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Muito mistério por nada



Um dia inventaram o treino secreto. Não sei quem, nem em que lugar do planeta Terra esse monstrengo foi criado. Zico no Japão, Pepe Guardiola, Mourinho, Alex Ferguson, Mano, Abel, Luxemburgo, Felipão, Parreira, Adilson Batista, algum mal humorado de plantão? E são muitos. Quem afinal teve a infeliz ideia de esconder do torcedor o que se passa nos treinamentos?

A finalidade seria preparar jogadas ensaiadas com esquemas capazes de surpreender os adversários, não importa qual. Poderia ser o Cacimbinhas Futebol Clube ou um campeão do mundo. As novidades deixariam boquiabertos torcedores e jornalistas. Pensou-se, então, em repórteres sherlocks, “fresteiros”, puladores de muros, escutadores de trás das portas e experts em adivinhações. 

Providência inútil. Os mistérios e segredinhos têm frustrado os mais ansiosos por novidades.  Apesar da overdose de frescura o resultado visto após dias de treinamentos às escondidas é o pior possível, igual a nada vezes nada. Os escanteios continuam batidos do mesmo jeito, idem os tiros de meta; as saídas de bola dos goleiros são, geralmente, na base do chutão, e as faltas continuam dependentes de um bom cobrador. Nada surpreende, dado a falta de criatividade, ou de opções, dos “professores”. 

Nos meus tempos de repórter, quando acompanhávamos os treinamentos a qualquer hora, a qualquer tempo, em qualquer lugar, conversávamos com jogadores, com o técnico, preparador físico, presidente do clube, tesoureiro, quem estivesse ao alcance e rendesse um bom assunto, uma entrevista reveladora, provocativa, até. Não era preciso pular muro, espiar pelas frestas. Escutar atrás da porta só com crise no clube. Ou ameaça de demissão do técnico, especialidade brasileira que não mudou até hoje. Por último quero explicar ao leitor que, em função do horário de fechamento do jornal, antecipei a coluna, mantendo em segredo meu comentário sobre o jogo do Brasil contra o México.


As tietes que me desculpem


O brasileiro virou a semana dividido entre a rua e as arquibancadas. O noticiário sobre a Copa das Confederações perdeu espaço e quase ficou em segundo plano. Não fossem as coberturas especiais nem a seleção brasileira se salvaria, ainda mais nesse período de transição e incertezas em que vive, tal qual a nação como um todo.

A presença no Brasil de jornalistas de todo o mundo certamente vai ampliar a repercussão dos acontecimentos e da movimentação popular fora dos estádios. Por enquanto o torcedor ainda não se manifestou durante os jogos, o que pode acontecer com o envolvimento cada vez maior do cidadão – agora não só os jovens – que pede mudanças radicais no país. Quem sabe em Fortaleza, no jogo do Brasil, também apareça a força do clamor popular.

Queria falar só de futebol, do time do Felipão, das seleções que nos visitam, do carisma dos taitianos, da polêmica sobre a eficiência do campeoníssimo futebol espanhol, da tristeza que significa a aposentadoria de um craque como o italiano Pilro, dos favoritos, das possíveis zebras, e até dos nossos assuntos domésticos.

Impossível. Enquanto escrevo, feito um polvo midiático, a atenção fica dividida entre a tevê ligada em algum canal, o rádio sintonizado com notícias do país inteiro, e as manchetes dos jornais fartamente reproduzidas em sites diversos. O assunto é um só, seja qual for o tipo de mídia.
Haja cérebro e concentração para pensar no que pode acontecer no jogo desta quarta quando o Brasil terá a chance de garantir sua classificação antecipada. Basta derrotar o México e seremos semifinalistas da Copa das Confederações. Não fossem os acontecimentos dos últimos dias minha atenção estaria voltada somente para o futebol. Peço desculpas, então, às tietes que não deixam o menino Neymar e o galã Fred em paz. Tenho a pretensão de achar que só elas reclamam do foco um pouco desviado da seleção brasileira e seus ídolos.

Quem paga a conta?

Se é possível de ontem para hoje simplesmente reduzir o preço de passagens do transporte urbano como anunciam prefeitos de várias cidades brasileiras, alguém terá que pagar essa conta. E certamente não serão os empresários donos das empresas de ônibus. Olho vivo. Estaríamos lidando com uma ação boomerang?

terça-feira, 18 de junho de 2013

Migalhas e demagogia

Não adianta só diminuir impostos - como anuncia o prefeito de Porto Alegre - reduzindo uma migalha no preço do transporte público. Continuaremos a pagar a conta para não ter vontade nem condições de andar de ônibus. O preço da passagem é uma agulha nesse imenso palheiro prestes a pegar fogo. Nossas autoridades e políticos continuam feito avestruz, escondendo a cabeça e com o rabo de fora. Como fez a presidente Dilma agora há pouco, falando do óbvio sobre o óbvio, demagogicamente, sem encarar a verdade dos fatos do seu e dos governos passados. Só eleição interessa, o povo que se lixe.

Do carreteiro à paella


 Coluna do Notícias do Dia em 18/06/2013
Luiz Mendes/Arte ND
Estou surpreso com a reação dos torcedores que foram ao carreteiro do Figueirense em comemoração aos 92 anos do clube. Não pela vaia em si, mas pelo momento e pelo local escolhidos para a manifestação de desagrado com o trabalho dos atuais dirigentes e do presidente Wilfredo Brillinger. Normalmente isso acontece durante um jogo, nas arquibancadas, como já vi e ouvi na Ressacada, no Scarpelli e em vários estádios.  Durante uma festa de aniversário é novidade, quem sabe uma inspiração agora vinda das ruas pela agitação dos últimos dias. Nelson Rodrigues já disse, brasileiro vaia até minuto de silêncio. Consolem-se, portanto, dona Dilma, seu Blatter e seu Wilfredo.

Alguém leve essa informação brasileiríssima para aquele homenzinho sinistro da FIFA. Aqui se faz aqui se paga, nada de respeito ou fair-play para quem desagrada os mais prosaicos interesses do torcedor, do povo, enfim. E o Felipão que se cuide, porque os japoneses, cansados ou sei lá o quê, deram sua tripla cota de colaboração para que a tolerância se fizesse presente na estreia da seleção brasileira. Amanhã, talvez seja diferente, embora o México que vimos não meta medo em uma equipe que se preze e que tenha bons valores como a nossa. Em todo o caso, touca é touca, e já vestimos algumas vezes a colorida indumentária a nós oferecida pelos mexicanos.
Sem trocar o idioma vamos aos favoritos para levar o título da Copa das Confederações, única conquista ainda inédita para a “Fúria” espanhola. Assisti maravilhado o primeiro tempo contra os aparvalhados uruguaios, o melhor desempenho da era do técnico Vicente del Bosque, estão dizendo os jornalistas de lá. Curiosamente no segundo tempo aconteceu o inverso e o Uruguai salvou-se de uma tragédia. O jogo acabou decepcionante e sonolento. Como não golear parece ser característica da seleção espanhola, vão poupar os amadores do Taiti e confraternizar com eles em torno de uma paella?

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O Brasil, dentro e fora do campo


Coluna no Notícias do Dia em 17/06/2013

Neymar fez um lindo gol, Oscar arrancou do meio de campo e deu um passe magistral para Jô fechar o placar contra o Japão. Foi um começo razoável do time brasileiro na Copa das Confederações contra um adversário nocauteado por dois gols no início de cada tempo. É o resumo do que de mais importante aconteceu na estreia da nossa seleção.

O Brasil chutou pouco e conseguiu ser eficiente, sem estrelismo, como pedi na primeira coluna. Ficou evidente que Neymar e Oscar são os protagonistas deste time montado por Felipão e que – faça-se justiça – tem muito do Mano Menezes, pelo menos em termos de nomes. Foi o Mano quem descobriu Luiz Gustavo e o contestado Hulk. Scolari trocou algumas convocações, caso de Ramires, mas os ingredientes para o produto final são os mesmos. O melhor de tudo, com ou sem treinos secretos, é que já se sabe o time que vai entrar em campo na quarta-feira contra o México.

Enquanto isso outro jogo está sendo jogado no país, junto e misturado com a Copa das Confederações. O povo foi às ruas protestar, no primeiro tempo contra a qualidade do transporte coletivo e o volume de investimentos públicos na construção dos estádios. O pontapé inicial dado em algumas das principais cidades brasileiras serviu para um lançamento primoroso que teve sequência nas jogadas da torcida no entorno do estádio Mané Garrincha. E lá dentro nas vaias ao presidente da FIFA, Joseph Blatter e à presidente Dilma Rousseff.

Depois do intervalo, após as primeiras manifestações e com o final do pequeno evento-teste que estamos tocando em algumas das sedes da Copa do Mundo, vamos saber se a população ficou satisfeita com o resultado. Ou se vai fazer apenas o tempo passar, ao invés de ampliar a sua pauta de reivindicações em busca de um placar mais elástico. Dentro do campo, por enquanto, vamos bem, obrigado, embora São Tomé esteja atuando como santo protetor de boa parte da torcida e da mídia.



Valei-nos Mané Garrincha

Coluna Notícias do Dia - 16/06/2013


Luiz Mendes/Arte ND
Nesta overdose de noticiário sobre a Copa das Confederações extraí uma manifestação do Pelé sobre a participação brasileira. Na palavra do Rei o time do Felipão vai precisar de muita cautela e paciência da torcida na estreia contra o Japão.
Concordo com o item um. Os japoneses há muito não fazem da ingenuidade uma das suas características. Isso ficou para trás faz tempo. Treze jogadores do grupo atual estão espalhados pela Europa, além do treinador ser o italiano Alberto Zaccheroni. Então, cuidado com esse time, que de japonês tem muito pouco, talvez só os olhos puxados e o hábito de comer com pauzinhos.
Se Zaccheroni não estiver fazendo gênero ao dizer que gostou de no sorteio ter caído no “grupo da morte”, com Brasil, Itália e México, o Japão pode mesmo surpreender e virar uma pedra no sapato dos considerados favoritos e papões de títulos. Quem sabe ficam a frente dos mexicanos, um pouco desacreditados pela campanha ruim nas eliminatórias.
Sabemos do potencial dos italianos e aquele empatezinho de 2 a 2 com o Haiti no amistoso desta semana não quer dizer bulhufas. O time titular tem a base formada por jogadores da Juventus e do Milan, e só um da Roma. Apesar da direção inexperiente de Cesare Prandelli, olho vivo com a entrosada Squadra Azzurra.
No mais, ouso discordar do Pelé no pedido de paciência à torcida. Sou a favor da paz dentro e fora dos estádios, mas tenho verdadeira ojeriza por qualquer tipo de controle sobre manifestações vindas das arquibancadas. A vaia é legítima, desde que desacompanhada de ações violentas ou do barulho das vuvuzelas, aquelas insuportáveis cornetas sul-africanas. A seleção brasileira, apesar de estar em casa, ou até por isso mesmo, não estará livre da contrariedade de uma torcida que legitimamente olha com desconfiança o time que vai entrar em campo em Brasília. Cruzemos os dedos para que o espírito do Mané Garrincha acompanhe e ilumine a estreia de Felipão, Neymar & cia.

Mais eficiência menos estrelismo

Coluna no Notícias do Dia - 15/06/2013


Luiz Mendes/Arte ND
Convite feito e aceito saio do Campeonato Brasileiro nas suas duas séries para escrever no esporte do Notícias do Dia durante a Copa das Confederações. Mudo de campo sem perder o foco porque temos Chapecoense, Joinville e Figueirense entre os primeiros da série B, e o Avaí trocando tudo para voltar melhor. Na série A o Criciúma ainda não achou o caminho, atrapalhado por uma irregularidade impressionante. É cedo, mas o risco é grande numa competição tão equilibrada.

Risco que corremos em casa com dois desafios gigantescos pela frente. A um ano da Copa do Mundo e começando a Copa das Confederações neste sábado, o torcedor brasileiro não está seguro de que o país dará conta do recado, dentro e fora do campo.
E nem queremos aquele futebol de encher os olhos, apenas um pouco mais de eficiência e menos estrelismo. Da esfera pública e dos cartolas, inclusive.  Como disse o sábio e hilário Vampeta outro dia na tevê, hoje nossos craques dão pouca importância para a seleção. O fantasma de 50 assombra nossas arquibancadas. Não podemos perder de novo em casa. Já tem até gente torcendo para o Uruguai não se classificar para 2014.
A outra preocupação tem a ver com a estrutura que estamos preparando para receber o turista e acomodar o próprio cidadão brasileiro. Contamos com estádios novos, sim, bonitos e caros. Se eficientes ainda não sabemos, por conta do oba-oba e deslumbramento, muito presentes nas análises feitas após os primeiros jogos testes.
Gostaria que já estivesse tudo em ordem e que o torcedor comum não fosse afastado dos estádios por conta do alto preço dos ingressos, da dificuldade em adquiri-los, só através da internet, dos problemas de acesso, da falta de transporte ágil e confortável, e de algumas exigências bizarras da FIFA. Como essa de tentar proibir a venda de acarajé no entorno da Fonte Nova. Fosse em 1789, a rainha consorte da França, Maria Antonieta, diria aos súditos franco/baianos revoltosos: não tem acarajé? Comam cachorro quente.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Coluna no Notícias do Dia

O NOTÍCIAS DO DIA lança nesta sexta-feira um caderno especial sobre a Copa das Confederações com circulação diária. Nas páginas, a convite do companheiro Paulo Jorge Marques e do editor Savas, uma coluna deste velho escriba com pitacos e comentários sobre tudo o que acontecer dentro e fora de campo.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Mano Menezes é "A bola da vez"

Mano Menezes vai aparecer hoje, às 19h30m, na ESPN Brasil no programa "A bola da vez". Vi uma palhinha do papo do Mano durante o ótimo "Linha de Passe" com Juca Kfouri e José Trajano, meus mal humorados preferidos no jornalismo esportivo. Na entrevista que vai ao ar hoje o treinador, agora pretendido pelo Flamengo, fala de suas convocações e da desconfiança gerada por alguns nomes que chegaram à seleção brasileira, colocando em cheque sua honestidade. Mano responde a esta questão lembrando que Felipão também chamou aqueles que foram contestados por jornalistas e até dentro da própria CBF. Às vezes não desconfio da honestidade, mas da sanidade mental dos treinadores. É difícil entender certas opções entre os nomes chamados e colocados em campo como titulares do Brasil, não por nada atualmente na rabeira do ranking da FIFA.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Caolho

Repórter e narrador da RBS TV Porto Alegre preferiu o oba oba ao invés de retratar o verdadeiro clima de Grenal e os problemas da Arena do Grêmio durante o jogo Brasil e França. Aplausos normais para Felipão e o volante Fernando, vaias previsíveis para Oscar, cria do Inter, gramado ainda com defeitos, acesso difícil, saída ídem. Menos para o zeloso jornalista gaúcho, que optou por descrever um ambiente de euforia total que só ele sentiu, constrangendo o âncora e convidados do programa Redação Sportv. Foi desmentido na hora pela realidade dos fatos observados pelos demais jornalistas. Só faltou o cidadão dizer que a seleção jogou futebol de Copa do Mundo.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Caxirolices

Esse arranjo da CBF do Marin na escolha da concentração brasileira ainda não foi bem explicado. Levar a seleção para Goiânia com os amistosos programados contra a Inglaterra no Rio, e França em Porto Alegre, deve ser para render algum, para algum partido, para algum político, como o próprio Zé Maria, o homem da ditadura. Felipão já foi mais durão ao combinar seu trabalho com a cartolagem. Agora parece que a Comissão Técnica aceitou transformar os jogadores em massa de manobra. Em nome do quê? Gostaria muito de saber. Como gostaria, também, de ver em campo domingo contra essa seleção meia boca da França, alguma surpresa resultante dos treinamentos secretos. Já passou da hora de mostrar esse jogo escondido do público até aqui. Outra: seria bom a mídia parar com essa chatice de querer ensinar o torcedor a torcer. Vaiar o time preferido ou a nossa seleção faz parte do alto preço do ingresso, do prazer de sentar numa cadeira - hoje não dá mais para falar em arquibancada ou estádio - das arenas para ver futebol de qualidade duvidosa. Menos mal que proibiram a caxirola. Já pensaram?

O calo e a arquibancada

Jorginho caiu no Flamengo. Deveriam cair todos esse tipos como Felipão, Dunga, Murici Ramalho, Luxemburgo, Adilson Batista, entre outros, arrogantes e pretensiosos. Incensados pela mídia, ganham muito, mas estão com prazo de validade vencido pelo atraso que arrasta o futebol brasileiro para o final da fila no ranking da FIFA. São como os meteorologistas, com discursos prolixos, pomposos, e derrubados todos os dias, faça chuva ou faça sol. Ninguém os entende, no mais das vezes bastaria consultar o calo ou a arquibancada para andarmos com a roupa certa e o time bem escalado.