quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dunga por Paixão

Foto Rafael Sena/bahia.com


Intiquei de vez. Não consigo mais ver ou ouvir as entrevistas do Dunga. Quanto menos falar melhor, para nós jornalistas e para o torcedor. Ele tem bons ouvintes entre os jogadores que além de entenderem sua linguagem têm a obrigação de agüentar o discurso que raramente traz algo de novo para simples mortais como nós.

Até porque agora não tem mais volta nem novas convocações, a não ser que o imponderável pregue alguma peça na fortaleza onde está escondida na África do Sul a seleção de guerreiros. Só faltaram o fosso, crocodilos, uma ponte elevadiça e óleo fervente para jogar sobre os invasores. O time protegido por Dunga está definido, tudo indica com apenas uma dúvida na lateral esquerda entre Gilberto e Michel Bastos. É esperar e torcer para que tudo dê certo, para que nosso exércto vença esta batalha africana.

O único personagem interessante de se ouvir a esta altura seria Paulo Paixão (foto), preparador físico da seleção brasileira, reconhecido como um dos grandes profissionais nesta área. Gostaria que ele explicasse a razão para tantos jogadores lesionados nos nossos clubes, inclusive no dele, o Grêmio, que perdeu todos os seus laterais esquerdos, jogadores de meio campo e o atacante Borges.

Deve estar acontecendo alguma coisa de anormal no futebol tupiniquim. Na Europa, com calendário parecido, é difícil de se ouvir informações sobre equipes com tantos desfalques por lesão como acontece no Brasil. Até mesmo os brasileiros que jogam por lá raramente aparecem nos noticiários por estarem machucados. Kaká foi a exceção nos últimos tempos, o único soldado ferido.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O mar quando quebra na praia

Foto Duda Hamilton

Foto Maria Garcia



Fui ver de perto os estragos na praia da Armação. Estragos do mar ou do homem? Os proprietários de imóveis na orla deste balneário no sul da Ilha estão hoje sofrendo as consequências de ações imprevidentes, algumas ilegais, e da omissão de décadas das autoridades municipais.

Por três vezes fui morador da Armação, no tempo em que havia praia para banhos tranqüilos e caminhadas, sem o molhe que a separa do Matadeiro e que hoje é um dos motivos para grandes discussões na comunidade. Encontrei um quadro desolador, com o mar derrubando tudo, lambendo a areia que ainda resta de alguns terrenos. Casas recém construídas foram abandonadas, algumas já pela metade, outras com as primeiras rachaduras aparecendo.

A Prefeitura mal deu o ar da graça. Encontrei por lá apenas um peão, como ele mesmo se definiu, “um controlador da logística dos militares”. O que é isso? Não sei. Resposta com a Secretaria de Obras. Se achar o Secretário ou alguém que responda por ele.

O que fazem lá os militares? Um bando de meninos imberbes enchendo sacos de areia para colocá-los na praia, tentativa infrutífera de segurar a força das correntes e da maré, que virá mais alta e destruidora de hoje para amanhã. Os sacos de areia estão indo embora, levados pelo vai e vem das ondas, junto com casas, terrenos, vegetação nativa e árvores frutíferas plantadas por quem cuidou com carinho de suas propriedades.

Moradores andam às tontas pelas ruas e próximos do mar, até onde ainda podem chegar. Não têm a quem recorrer, Seus pedidos de socorro são ignorados pelos órgãos ambientais, um deles a Floram, ligada à Prefeitura. Aliás, ninguém sabe onde anda o prefeito Dário Berguer. Dá pra imaginar. Possivelmente quebrando cabeça para tapar os furos de administrações tetra-campeãs de incompetência e safadeza, dois títulos por São José, dois por Florianópolis. E fomos ameaçados com o penta, caso este cidadão ganhasse na convenção do partido em que se abrigou, a candidatura ao governo do estado. Cruzes.

Voltando ao mar, a falta de projetos de prevenção ou emergenciais para socorro imediato à comunidade pode provocar danos maiores, como a salinização a Lagoa do Peri, por exemplo. Quem mora na aldeia e conhece os caboclos garante que o resultado seria o comprometimento da captação de água com prejuízos sérios ao abastecimento que chega até o leste da Ilha.

“O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito...” (Dorival Caymmi)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Futebol e diplomacia




Nos amistosos contra Zimbábue e Tanzânia a seleção brasileira vai conhecer dois lados diferentes da África. O Zimbábue, antiga Rodésia, vive grande decadência econômica e sérios problemas políticos com a ditadura de Robert Mugabe, fichado na comunidade internacional como um “fora-da-lei, ditador sanguinário e imoral”. Já a Tanzânia é uma das nações mais estáveis do continente, de natureza exuberante e um dos destinos preferidos para o turismo na região.

Os jogos estão marcados para 2 e 7 de junho. O primeiro será em Zimbábue e exigirá muito da diplomacia brasileira em um país com o governo que tem. Não imagino, por exemplo, os principais nomes da seleção brasileira posando ao lado de Mugabe. Se bem que Dunga talvez se sinta em casa. E que vamos enfrentar dentro do campo? A certeza é de mais trabalho para o Itamaraty que já tem dor de cabeça de sobra com os carinhos de Lula ao venezuelano Hugo Chavez e ao iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

Já na Tanzânia o encontro será bem menos tenso, a começar pela postura do técnico adversário, o brasileiro Márcio Máximo. Ele promete um jogo competitivo, mas também quer colaborar com o treinador brasileiro no acerto da nossa seleção. O que ele quer dizer com isso, eu não sei exatamente. É possível que Márcio esteja traduzindo a vontade de Dunga e da Comissão Técnica de colocar o Brasil diante de equipes mais frágeis para evitar alguma lesão séria às vésperas da Copa do Mundo.

É perfeitamente compreensível esse cuidado da CBF, mas havia tempo de sobra para outro tipo de programação e planejamento com a escolha de adversários pelo menos mais representativos no contexto do futebol mundial. E passagem por nações não tão problemáticas e tão mal vistas ao ponto de causar sérios constrangimentos como Zimbábue, obrigando o Imaraty a andar de braço dado com mais uma ditadura.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os rábulas da bola

Tremei. Quando juristas sentam em torno de uma mesa para a elaboração e análise dos regulamentos das diversas competições que se disputam pelo mundo não se imagina as barbaridades que vamos enfrentar como jornalistas ou torcedores. A Libertadores, Copa do Brasil e os campeonatos estaduais estão aí para mostrar que só andamos para trás em matéria de legislação esportiva.

Vejam, por exemplo, a Taça Libertadores da América, de nome pomposo e um dos torneios mais importantes do futebol mundial. Por causa do tal gol qualificado, uma praga que se espalhou pelo planeta, tem muita gente passando de fase mesmo com derrota. O Inter ganhou do Estudiantes em Porto Alegre, perdeu na Argentina, mesma situação de Universidade do Chile e Chivas Guadalajara, outros dois semifinalistas mesmo como perdedores no jogo de volta. O único garantido com duas vitórias foi o São Paulo que ganhou do Cruzeiro no Mineirão e no Morumbi.

A Copa do Brasil na fase do mata-mata repete a Libertadores. O Santos perdeu um jogo, ganhou outro do Grêmio e está na final contra o Vitória que passou pelo Atlético Goianiense. Nesses casos ainda houve o saldo de gols para deixar as coisas mais ou menos no seu devido lugar.

O buraco é bem mais em baixo quando o assunto envolve os nossos campeonatos regionais. A Federação Catarinense e o seu Tribunal de Justiça acabam de dar um péssimo exemplo de vigarice e incompetência administrativa. Jogaram um campeonato inteiro com um regulamento fajuto e mal elaborado, maquiavelicamente preparado para permitir a abominável virada de mesa.

O beneficiado da vez foi a Chapecoense, mas poderia ter sido qualquer um dos outros chamados grandes. Os pequenos, coitados, são submetidos aos rigores de lei. O rebaixamento da Chapecoense, graças a uma providencial omissão do regulamento virou peça de comédia encenada pelo presidente da Federação, Delfim Peixoto, seu vice jurídico Rodrigo Capela e os doutos auditores do Tribunal de Justiça (?) Desportiva.


Podem jogar fora o regulamento do campeonato e o Código Desportivo. Não servem pra nada, a não ser para manipulação de acordo com interesses que passam bem longe dos gramados.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O feitiço das Vilas

O Grêmio bem que se esforçou para evitar a derrota, mas não passou impune pela casa do Santos. A missão era difícil, ainda que em Porto Alegre o enredo tenha sido diferente com final feliz para os gaúchos. O futebol dos meninos dirigidos por Dorival Júnior – técnico que aprendeu por aqui o beabá dos vestiários, junto com Muricy Ramalho, Adilson Batista e Silas – é empolgante, flui naturalmente e só não agrada os que preferem o tosco. Como fez o Kleber, do Cruzeiro, expulso no primeiro minuto do jogo decisivo contra o São Paulo. Foi, se não me engano, a sua sexta expulsão no ano, segunda na Libertadores.

O Santos não só venceu. Construiu o resultado com três golaços. Tenho a impressão que fico assim tão encantado, acometido de nostalgia, por ter visto o Santos de Pelé, a seleção de 70 e um monte de craques produzidos pelo futebol brasileiro. Especialmente a Vila Belmiro, com breves intervalos, não para de nos enfeitiçar com seus garotos nascidos na base. É uma espécie de bruxaria do bem que dá aos nossos estádios a beleza que de tempos em tempos tanta falta faz à bola que jogamos pelo país inteiro.

E tem gente que não gosta, que não dá à mínima, em nome de um tal de pragmatismo, de uma tal de coerência, daquela fidelidade que exige armaduras para serem vestidas por um grupo de guerreiros.

Essa turma certamente nunca ouviu Noel, não conhece um pedaço sequer do “Feitiço da Vila”, composição que pode, como diz o último verso, emoldurar além do samba da Vila Isabel, o belo futebol nascido e criado na Vila Belmiro.

“Eu sei tudo o que faço, sei por onde passo, paixão não me aniquila. Mas, tenho que dizer, modéstia à parte, meus senhores, Eu sou da Vila!” (Noel Rosa/Vadico)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Outra bengalada da caquética senhora Fifa

Os puristas e conservadores do futebol, praticamente os mesmos que torcem o nariz para as peraltices do atual time dos Santos, estão babando de felicidade com a proibição pela Fifa da paradinha. Entre eles, obviamente, deve estar o Dunga. Ninguém mais que o treinador da seleção entrou com tanto empenho guerreiro e coerência na campanha “Craque, nem pensar”. É hoje, incrivelmente, uma cruzada que ganha seguidores entre muitos jornalistas, técnicos e jogadores, logo no país da bola.

Não são todos que usam a paradinha na cobrança do pênalti. E por quê? Simplesmente por opção ou falta de habilidade, de malícia, atributos básicos necessários para a execução com sucesso deste tipo de lance. O futebol, o nosso, principalmente, só é bonito de ver quando o talento entra em campo. Infelizmente a maioria dos treinadores da moda prefere a mistura de bola com burocracia, ao invés da improvisação e criatividade.

Primeiro defender, de qualquer jeito, depois atacar, pregam os manuais de vestiário. Há quem goste de lances criminosos tipo a falta cometida pelo ganês Kevin-Prince Boateng que chutou propositalmente a perna e o tornozelo do Ballack, causando lesão grave e desfalcando a seleção alemã na Copa da África. E o que fará a senhora Fifa com o agressor? Nada. Como prêmio ele jogará o Mundial por seu país.

Alegam os defensores da punição aos malabaristas e bem dotados do futebol que a paradinha é uma covardia contra o goleiro, geralmente enganado pela movimentação do cobrador de pênalti. Ora, é elementar que o time que comete alguma infração dentro da área e merece a chamada “pena máxima”, não deve ser blindado com medidas protetoras como essa proibição da paradinha. O goleiro que se vire para impedir que o adversário tenha sucesso na sua tarefa. Os talentosos e criativos é que não podem virar bandidos, vitimizando quem viola as regras do jogo ao cometer o pênalti.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Professores de que mesmo?



Desde que começaram a encher o futebol de números virou uma chatice ouvir a maioria dos treinadores e alguns comentaristas do esporte. O entrevistado explica o esquema para a próxima partida lançando mão de 3-5-2, 3-6-1, 4-4-2, e mais um monte de baboseira numerológica, deixando zonzo o torcedor-ouvinte-leitor-telespectador. O entrevistador dá corda e o diálogo vira uma conversa de doido.

Quem gosta desse tipo de lorota são os “professores”. Sob a proteção de contas que não fecham, de uma matemática que só eles entendem e que não fazem o menor sentido na maioria dos casos, não precisam explicar porque não escalam determinado jogador, as razões de um mau resultado ou uma substituição mal feita. A estratégia é jogar com os números nas respostas prontas cuja única intenção é desviar o foco do assunto principal. A falta de curiosidade da grande maioria dos repórteres ajuda a montar o quebra cabeça e a espalhar a cortina de fumaça.

Apesar dos bons resultados conquistados até aqui, Péricles Chamusca é um dos exemplos mais próximos da utilização do mantra matemático. Enquanto isso o técnico do Avaí escapa de explicar convincentemente, o crime lesa-patrimônio que comete ao expurgar do time um talento como o cria da casa Rodrigo Thiesen e o aproveitamento de outros atletas tecnicamente muito inferiores. Esse menino não tem servido nem para o banco de reservas e acabou exilado na Copa Santa Catarina, ao mesmo tempo em que alguns pernas de pau ganham vaga entre os titulares para jogar a série A do Campeonato Brasileiro.

Como seus companheiros de profissão, Dunga principalmente, Chamusca se protege com números e acerta no erro. Roberto é um atacante de ofício e goleador, mas só virou titular com a lesão dos preferidos pelo técnico. Na seleção vejam o que aconteceu com Luis Fabiano, escolhido por necessidade e na emergência, só depois de experiências mal sucedidas e lesões dos eleitos por Dunga.

A garotada da base no Avaí é muito mal aproveitada e desvalorizada, ao contrário dos veteranos que vem de fora e ficam mais tempo no departamento médico do que em campo. Parece que a escalação depende da aprovação dos parceiros e donos da maioria dos jogadores. Se não, como explicar a presença no time e a insistência com Rudinei, Davi, Robinho, Batista, entre outros? E o Sávio, quantas partidas jogou pelo Avaí, de que tipo de lesão ele sofre? Como é, nesse caso, a relação custo-benefício com o clube?

São respostas que Chamusca e os parceiros não tem ou não querem dar. Preferem lançar mão dos números, muitas vezes mentirosos ou inúteis. Mas o treinador hoje é o senhor todo poderoso no futebol brasileiro. O atleta vira um mero instrumento, uma pedrinha para mexer em cima do tabuleiro de um jogo com regras que só eles entendem. Ou fingem que entendem.

sábado, 15 de maio de 2010

Explicações sobre Dunga




Por Lourenço Cazarré




O CASMURRO SENHOR BLEDORN VERRI

Uma análise histórico-sociológico-bufo-futebolística

Mesmo sem o auxílio de uma pesquisa, me arrisco a dizer que a esmagadora maioria dos torcedores brasileiros não ficou contente com a convocação de Dunga. Nenhuma novidade: desde que me dou por gente, sempre escutei o rugido das multidões descontentes. Com exceção da época em que o comandante era Telê Santana, é claro. O povo amava o grande Telê e suas seleções de jogo bonito, que perderam duas copas.

Mas nem o ódio permanente da massa contra o selecionador nem a polêmica convocação serão examinados aqui. O que proponho é tentarmos entender como funciona a mente do nosso atual treinador. Tenho uma hipótese meio estrambótica. Vamos a ela.

Para explicar as convocações de vários jogadores que os torcedores consideram cabeças de bagre e para justificar a ausência de uns poucos craques mirins, Dunga usou basicamente duas palavras: comprometimento e coerência.

Acho que chegou até mesmo a usar uma palavra que provoca tremuras em brasileiros bem pensantes — obediência. Poderia, claro, ter recorrido à “disciplina”, que é a versão correta politicamente, mas que também não goza de unanimidade em terras próximas à linha do Equador.

Para entender Dunga, acho, temos que começar o exame pelos seus dois sobrenomes: Bledorn Verri, de origem alemã e italiana. Ele é descendente em terceira ou quarta geração das duas grandes correntes migratórias europeias que vieram para o Rio Grande do Sul no século 19. Os alemães chegaram primeiro (em 1824), os italianos, bem depois (1875).

O fracionamento das propriedades, decorrente da divisão das heranças, logo expulsou do Estado os filhos desses pioneiros. Eles então partiram para Santa Catarina (a partir dos anos 20), Paraná (anos 40 e 50), Mato Grosso e Rondônia (anos 70).

Ao se deslocarem para outros Estados, esses gaúchos expatriados se moviam sempre em grupos, com familiares ou vizinhos, às vezes sob o comando de um padre ou pastor. Para dominar a nova terra, todos tinham de trabalhar duro, colocando de lado seus interesses pessoais em função das metas coletivas. Além do trabalho pesado e da coesão comunitária, essa gente era extremamente apegada à ordem: se há uma lei, cumpra-se!

É essa fórmula mágica que Dunga quer implantar na Seleção, porque também ele é um migrante gaúcho.

Carlos Caetano Bledorn Verri saiu do Estado e foi ganhar a vida igualmente no campo. Trabalhou duro. Removeu a terra fofa dos deslumbrantes gramados alemães nos seus inesquecíveis e incontáveis carrinhos. Ganhou muito dinheiro, mas nunca abriu muito a mão, como todo “gringo” desconfiado e cauteloso. Em suma, manteve-se fiel à ética inflexível dos migrantes.

Foi essa voz profunda, foi esse nó que não se desata, foi esse algo que não pode ser descrito, que lhe ditou as justificativas na demorada entrevista coletiva. Não era bem o Dunga que falava ali. Eram centenas de milhares de agricultores gaúchos — descendentes de alemães e italianos, gente raçuda e ríspida — que discursavam para o país tropical, esta carnavalesca e futebolística nação, que os desconhece. Finalmente, depois de mais de século de anonimato, eles se fizeram ouvir através do casmurro selecionador.

Quem não levar em conta as origens profundas do nosso treinador, a sucessão de agricultores rudes e determinados que o antecederam, jamais vai entendê-lo. O certo é que, entendendo-o ou não, gostando dele ou não, teremos de engoli-lo, como dizia um de seus antecessores.

» Lourenço Cazarré, jornalista e escritor, morador de Brasília, é autor de A Misteriosa Morte de Miguela de Alcazar (Bertrand).


Publicado no caderno de Esportes do Correio Braziliense em 14 de maio de 2010.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A mídia e o esporte




O 9º Fórum Internacional de Esportes começou quinta-feira (13) no Centro Multiuso, em São José (SC) contando pela primeira vez com a participação da Associação dos Cronistas Esportivos de Santa Catarina – ACESC. A entidade coordenou o “Encontro de Jornalistas e Cronistas Esportivos”.


Apesar da tímida presença de profissionais da área esportiva, os que lá estiveram marcaram presença com destaque em suas manifestações.


Na primeira palestra do encontro, o professor Fernando Gonçalves Bittencourt, da Universidade Federação de Santa Catarina (UFSC), discorreu sob o tema Futebol e Mídia: paixão nacional.


O jornalista Mário Medaglia (Florianópolis) e o radialista Francisco Milioli Neto, comentarista das rádios Transamérica FM (Criciúma) e Difusora AM (Içara) foram os debatedores da palestra moderada pelo professor João Kioshi Otuki e coordenada pelo presidente da ACESC, J.B.Telles.


Na segunda palestra da tarde, ainda dentro do “Encontro de Jornalistas e Cronistas Esportivos” o palestrante foi o professor Anderson Gurgel Campos, coordenador do curso de jornalismo, rádio e TV da Universidade de Santo Amaro (SP).
A palestra teve como debatedor o radialista Paulo Branchi, gerente de esportes e narrador esportivo da Rádio Guarujá/Florianópolis.

A Acesc pretende buscar maior participação dos seus associados extendendo ao interior do estado a organização de seminários e encontros para a discussão do jornalismo esportivo e outros assuntos relacionados à nossa atividade.Por J.B.TELLES(leia mais no site www.acesc.org)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vôo da galinha

Por PAULO SANT’ANA (colunista do jornal gaúcho Zero Hora)



Não sei o que foi mais deplorável, se a convocação de Dunga ou se a catastrófica entrevista coletiva que deu para o anúncio da convocação.

A entrevista foi a mais embaralhada e desastrada tentativa de um homem para tentar sair da escuridão dos seus limites para alçar voos intelectualoides às regiões da luz, a que é avesso por natureza.

A inteligência brasileira deveria ter sido poupada da pantomima de Dunga ao definir, numa caricatura sociológica, o que tinha sido a ditadura e a escravidão.

Um fiasco memorável. Além disso, foi uma aula de patotismo e de xerifismo, deixando claro que os valores a serem respeitados para a convocação da Seleção para a Copa do Mundo em nada dizem respeito ao talento e ao desempenho dos jogadores, mas, sim, a enganadores princípios de panelismo e subserviência.

Foi um vôo de galinha sobre o altiplano das ciências psicossociais.
*
Mas não se exige de um treinador da Seleção Brasileira que ele não seja analfabeto nem que seja um intelectual.

O que se exige como mínimo requisito de um treinador da Seleção Brasileira é que ele entenda de futebol.

E, ao não convocar Neymar e Ganso e ao assassinar a pretensão de Victor de ser convocado por ser o melhor goleiro entre todos os que jogam no país e atuam no estrangeiro, Dunga revelou toda a sua incompetência, o seu mandonismo, a sua megalomania e sua prepotência.
*
Não há como tirar Neymar da Seleção. Como ousou esta insolência à sensibilidade futebolística, Dunga se autonomeou como um Exterminador do Futuro, a natureza deu asas a Neymar, e Dunga prendeu-lhe o voo impiedosamente.

Nenhum dos 23 convocados por Dunga possui metade do talento de Neymar. Não tem explicação que este menino-deus do futebol seja afastado assim pela violência de Dunga dos quadros da Seleção.

Só pode ser pela vaidade e pela megalomania do treinador, que não admite que a opinião pública e a opinião dos entendidos possa superar a sua soberana opinião.
*
Este é o perigo que corre a escolha de um treinador que tenha sido um tacanho jogador.

Quando rejeita acintosamente convocar Neymar e Ronaldinho Gaúcho, Dunga está cometendo um atentado contra o talento, contra a arte, contra a beleza do futebol, o que já sob certo aspecto fazia quando ele era jogador de futebol e incrivelmente até hoje não deixou no espírito de ninguém saudade ou sequer lembrança de sequer uma jogada sua nos campos em que atuou.

Jogador grosso, trombadão, tosco, enrolado, que só joga à base do físico e do fôlego, fatalmente, se se tornar treinador, vai carregar para a nova profissão todos os defeitos da anterior.
*
Depois da entrevista trágica de Dunga ontem, restou por todo o espírito da nação o remorso e a injustiça da não convocação de Neymar e de Ganso. E, particularmente para nós, gaúchos, que temos assistido às grandes e inigualáveis atuações de Victor nos jogos do Grêmio, uma raiva incontida pela perversidade de sua não convocação. Não tem explicação, a não ser pelos desvios mórbidos que presidem os recalques.

Saí sem saber se o mais deplorável foi a convocação ou a entrevista coletiva do Dunga.

Mas agora, depois da antevisão de parte do que vai ser estampado nos jornais de hoje aqui no meu computador, posso garantir que não foi a entrevista do Dunga nem a convocação o mais deplorável.

O mais deplorável de tudo foi que há gente que gostou da entrevista do Dunga, considerou-a histórica e intelectualmente irretocável.

Tem gosto pra tudo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

A pátria de chuteiras. Ui, que medo!




A convocação do Dunga não fugiu do esperado. Adriano mesmo cavou a sua cova e abriu vaga para Grafite. Tava na cara. A única surpresa foi a substituição do Vitor por Gomes. Não há muita diferença e o goleiro do Grêmio acabou injustiçado.

O duro vai ser agüentar um time sem talento, cheio de brucutus em baixa ou em fim de carreira. O Felipe Melo, o mais novo deles, logo após a divulgação da lista desligou no ar o telefone na cara do comentarista da ESPN Brasil, conhecido como PVC, por causa de uma pergunta sobre sua convocação. Ensinamentos do mestre. Por essas e outras não vale a pena discutir a presença de alguns eleitos neste grupo, muito menos as ausências. A entrevista coletiva pós-convocação foi uma lástima.

Pior ainda vai ser ouvir durante quase três meses o discurso do Dunga, repetitivo, burro, chato, enfadonho, ditatorial e reacionário. Já contaminou o auxiliar técnico Jorginho, mal que pode alcançar alguns jogadores. O homem não resiste a um questionamento sem devolver com uma agressão. E como gosta de falar em patriotismo. Ricardo Teixeira escolheu bem o seu “Goebbels”.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O dia Dunga

Nessa hora especular é preciso. Pouco depois do meio dia desta terça-feira Dunga vai mostrar a sua cara para o Brasil e o mundo que estão morrendo de curiosidade pela lista dos 23 eleitos que irão à Copa da África do Sul. A relação abaixo tem 21, faltando os dois da lateral-esquerda, dúvida que o próprio treinador plantou na cabeça de todos. Claro que ele já fez sua escolha, como também deve ter eliminado qualquer possibilidade de acrescentarmos talento a essa seleção que vai nos representar daqui a um mês. O povo quer Ronaldinho Gaúcho, Hernane, Ganso, Neymar... Dunga vai contrariar até a Maria Antonieta, se é que ela disse o que dizem que disse. Comeremos mesmo é pão, nada de brioches, como teria sugerido sua majestade aos miseráveis da sua época. Vamos conferir depois do almoço deste esperado dia 11 de maio.

• Goleiros

Júlio César (Inter de Milão)
Doni (Roma)
Victor (Grêmio)



• Laterais-direitos

Maicon (Inter de Milão)
Daniel Alves (Barcelona)


• Zagueiros

Lúcio (Inter de Milão)
Juan (Roma)
Luisão (Benfica)
Thiago Silva (Milan) -


• Laterais-esquerdos

Ninguém sabe, só o Dunga


• Volantes

Gilberto Silva (Panathinaikos)
Felipe Melo (Juventus)
Josué (Wolfsburg)
Ramires (Benfica)


• Meias

Elano (Galatasaray)
Kaká (Real Madrid)
Júlio Baptista (Roma)
Kléberson (Flamengo)

• Atacantes

Robinho (Santos)
Luis Fabiano (Sevilla)
Nilmar (Villarreal)
Adriano (Flamengo)

Os três ou quatro Mosqueteiros


E não tem ninguém pra virar essa mesa



O começo de tarde desta terça-feira será de sofrimento, talvez de muita decepção para quem gosta de futebol bem jogado e de uma seleção brasileira cheia de alternativas. Afinal de contas, que país dá ao seu treinador tantas opções para qualquer setor do time?

Certamente não é o país do Dunga. Mas isso é assunto para a terça-feira, quando não haverá surpresa, como disse o próprio treinador. Entendi nessa afirmação que pelo menos o Ganso será chamado para o lugar das mais injustificadas das convocações, a do rubro-negro Kleberson. Têm outras, mas fiquemos nessa.

Não há mais o que fazer, a não ser dar uma sugestão ao Dunga para reforçar a sua comissão técnica, algo assim tipo os três mosqueteiros do Alexandre Dumas, que na verdade são quatro. Athos, o Dunga, já conta com o seu Dartagnan, o auxiliar técnico Jorginho. Falta chamar Portos e Aramis. Basta convidar o Fossati, técnico do Inter, para compor o grupo dos mal humorados e respondões, e o Chamusca do Avaí, aquele que vive fazendo besteira e se dando bem. Com esses dois, mais o Jorginho que já lhe acompanha faz tempo, o Dunga ganhará confiança, não para enfrentar a Copa com um bom time, mas para levar adiante sua nobre missão, que é defender a corte do Rei Ricardo contrariando a vontade de milhões de brasileiros.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O melhor hospital de Florianópolis

Quem se queixa do atendimento e das condições dos hospitais públicos e privados de Florianópolis é porque não conhece a estrutura oferecida por aquela casa de saúde no caminho para o aeroporto. Ali se joga futebol nas quartas-feiras e finais de semana, por conta da sua outra finalidade, a principal. O resto do tempo é destinado ao cuidado de pacientes com lesões tão complexas que demora meses para fazê-los voltar às suas ocupações normais.

Desde o ano passado tem sido grande a procura pelas especializações da casa e seus profissionais. Alguns não tiveram jeito e foram mandados embora sem a desejada cura. Mas a clientela continua aumentando, provavelmente pela fama adquirida país afora.

Tanto que acaba de chegar mais uma leva com clientes que há mais de ano não conseguem exercer sua profissão. Parece que são jogadores profissionais. A preferência é por pacientes de idade mais avançada, mas não há restrições de procedência, até porque alguns pacientes considerados bons de marketing e com currículo internacional ajudam a divulgar as qualidades do estabelecimento. Jovens são prontamente descartados para o que chamam de banco de reservas ou negociados para que façam sucesso em outras paragens.

Apesar do sigilo mantido em torno das necessidades dos seus internos, descobriu-se que o mais famoso deles na atualidade tem funcionado como boa peça de propaganda. Resultado obtido graças à sua extrema facilidade no trato com o público externo. Já disse, por exemplo, que independente do que acontecer daqui por diante, pretende ficar na cidade. Sua família, o gato e o papagaio estão perfeitamente adaptados, o povo é acolhedor e muito tranqüilo. Marqueteiro, ele? Não, simplesmente agradecido à oportunidade remunerada de desfrutar das belezas naturais da nossa capital. Deixa ele descobrir que vivemos numa reprodução em miniatua do Rio de Janeiro, onde morava.

O dito jogava futebol, do qual estava afastado – dizem que por lesão crônica – e há mais de seis meses não botava o pé numa bola. Ao saber das excelentes condições de tratamento na casa de saúde catarinense aceitou de pronto o convite para nela tentar sua recuperação. Se desse voltaria ao futebol, ao menos para jogar uma meia dúzia de partidas. Foi o que aconteceu. O tratamento continua, intercalado com alguns cuidadosos testes de campo. Nada de gramados ruins ou adversários muito difíceis. E pelo jeito os objetivos foram plenamente alcançados, já virou queridinho da torcida e da mídia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Nova pizza com os mesmos ingredientes


Delfim não deu chance nem para Pedro Lopes, representante do Governador (foto Marco Luiz Gonzaga)


As próximas atrações estão batendo à porta do torcedor catarinense. A Copa Santa Catarina, para ocupar os desocupados e outros nem tanto, começou com o Criciúma e Brusque. No final de semana chega o Campeonato Brasileiro para Avaí e Figueirense.

Enquanto isso tratemos das estripulias de Delfim & Cia, na sede da Federação, chamada indevidamente de “a casa do futebol”, graças ao chefe maior, cuja demonstração de pavonice explícita domingo na Ressacada não deu chance nem para o representante do Governador, presidente da Fesporte e membro do Conselho Estadual de Desportos, Pedro Lopes. O homem ficou escondido no palco da premiação (de óculos, à esquerda na foto), enquanto Delfim Peixoto, vestindo uma calça jeans velha e surrada, camisa aberta, aquela correntinha aparecendo pendurada no peito, distribuía medalhas a vencedores e vencidos.

Identificado mais uma vez o Castor de Andrade do futebol catarinense, vamos aos fatos. A virada de mesa para trazer de volta a Chapecoense à primeira divisão está pronta e nas mãos dos auditores Tribunal de Justiça. A desfaçatez do presidente da FCF e seus auxiliares mais diretos, incluindo o vice jurídico, Rodrigo Capela, não tem limites. O vale tudo inclui, em primeiro lugar, desrespeito á legislação e, na sequência, mentiras, muitas mentiras.

Dizer que o regulamento é omisso é uma delas. Como é que um rebaixado para a segunda divisão, no caso a Chapecoense, pode voltar à divisão principal com uma simples canetada, sem disputar o acesso? A lei, interpretada corretamente, e não convenientemente, é muito clara. Mas faz tempo que esta armação ganhou cara (Delfim) e corpo (Federação), na verdade desde que o representante do Oeste se viu ameaçado de rebaixamento.

Outro dia encontrei um amigo, membro do TJD, indignado com as críticas da imprensa pelas últimas decisões daquele colegiado. Prometia ele, por exemplo, que os incidentes do clássico mereceriam apreciação diferente pelo Pleno do Tribunal, ao contrário do que aconteceu em uma de suas câmaras disciplinares, onde todos foram perdoados. Nada disso aconteceu, comprovando a correção dos comentários críticos e das manchetes de jornais. As punições foram brandas, na contra mão da gravidade dos incidentes. Sobrou para os coitados dos gandulas, a parte mais fraca nesse episódio, enquanto o Avaí, que arrumara um “laranja” para a autoria do foguete em campo, recebeu punição branda, bem como outros personagens envolvidos.

Assim sendo, como vão dizer que o tribunal não pune ninguém? Ridículo, pra não chamar de outra coisa mais séria. Um dia acreditei que a garotada que tomara conta do judiciário esportivo, daria um jeito nas velhas raposas daquela instituição. Na parte que me toca, dependendo do que acontecer em relação a essa receita para pizza oestina, darei nomes aos bois. Ou melhor, aos pizzaiolos de Balneário Camboriú.

domingo, 2 de maio de 2010

O lado B dos campeões e suas festas

O Avaí passou o rodo no Joinville (5 a 1 na soma dos dois confrontos) , ganhando com mérito e sobras o bicampeonato catarinense, graças à supremacia técnica do time, apesar das escolhas do técnico Péricles Chamusca. A conquista chegou com vitória tranquila no jogo decisivo. Ao contrário de São Paulo onde o Santos virou campeão com derrota na final, mesma situação para o Grêmio que perdeu para o Inter e levou a faixa. Coisas de regulamento. De qualquer forma, melhor é ganhar perdendo do que ganhar e não levar, como Santo André e Internacional.


Cá pra nós, que vergonha o Delfim Peixoto. Camisa aberta, correntinha de prata no peito, calça jeans desbotada, parecia um bicheiro, não um presidente de Federação. Se bem que a solenidade para entrega da premiação foi esculhambada como a maioria das federações estaduais costuma fazer. Só que a nossa faz com louvor. Delfim não deixou pra ninguém entregar as medalhas, só ele, para os dois times. Pavonices a parte e apesar da postura deselegante deste dirigentes, os avaianos mereceram como ninguém fazer a festa. Não é fácil manter fidelidade a um clube que obriga seus apaixonados torcedores a cada jogo a um verdadeiro rali de acesso e saída da Ressacada. Culpa de quem promete e não cumpre - estado e município - facilitar a vida dos que frequentam estádio e aeroporto.



Outra coisa: o professor Pardal Chamusca inventou e se deu bem. Eliminou do time que começou a temporada todos os garotos que vinham sendo titulares e jogando bem: Rodrigo Thiesen, Jony, Medina e até o goleiro reserva Renan, escalado para um jogo decisivo como o de Joinville, e que no outro nem no banco fica. E o Roberto só virou titular por obra do acaso, pelas lesões do Vandinho e do Leonardo. Menos mal que alguns dos eleitos deram conta do recado, o título chegou e os analistas de resultados estão aí para jogar confete e tirar conclusões em cima do óbvio.



Entretanto, é bom que o Avaí tenha muito claro que estadual é uma coisa, Brasileiro é outra. Basta lembrar o Silas ano passado. Quando ele e a direção se deram conta da iminência de um desastre com a ameaça de rebaixamento, pararam de inventar e o Avaí reagiu para fazer uma bela campanha.


E por fim, já estão preparando a virada de mesa pra botar a Chapecoense de novo no campeonato principal. Deu pra perceber nas declarações de domingo do Delfim e do vice jurídico, Rodrigo Capela. Empurraram o assunto para o Tribunal de Justiça, uma pizzaria que tem servido bem a clientela.

Decisões dominicais


O Avaí é o barbadão domingueiro


O domingo promete, principalmente para avaianos, gremistas e santistas. Os adversários envolvidos nas decisões de Florianópolis, Porto Alegre e São Paulo, as principais do dia, devem se agarrar com todas as rezas e todos os santos que estiverem ao alcance.

O Avaí é pule dez, gíria turfística para apontar um favorito descarado. Devolve o dinheiro da aposta. O Joinville tem que marcar três gols e não tomar nenhum para levar o caneco, Uma façanha difícil de acreditar que aconteça em plena Ressacada. A não ser que o técnico Chamusca esteja naqueles dias de mágico às avessas, quando afronta a inteligência e o bom senso, prejudicando não só o time, mas também a garotada revelada ali mesmo, perto do aeroporto.

O torcedor q ue for ao estádio Olímpico vai assistir algo parecido com a Ressacada. O Grêmio é favoritíssimo diante do Inter, cujo treinador, medroso de carteirinha, às vezes parece trocar experiências (negativas) com Chamusca. Fossati como técnico foi um grande goleiro. Só os dirigentes acreditam no homem das missões impossíveis, reverter a vantagem gremista na decisão do Campeonato Gaúcho e na Libertadores liquidar os argentinos do Banfield para quem o colorado perdeu fora de casa por dois gols de diferença.

Em São Paulo a festa santista só não acontece se o time inteiro tiver uma crise de apendicite aguda, patologia adotada no Fluminense em semana de decisão. O Santo André é um sparring valente, daqueles que se atrevem de vez em quando a dar uma estocada no adversário muito mais forte. Não mais que isso. Aposto todas as minhas fichas nos meninos da Vila. O título paulista é do Santos e ninguém tira.

E o Adriano, hem? Jorginho, o auxiliar técnico do Dunga, foi ao treino do Flamengo sábado para ver o jogador e conversar com ele, mas bateu com o nariz na porta. Por coincidência, depois de uma festa na Vila não sei qual, sexta-feira à noite, a mãe do rapaz teria passado, quem sabe preocupada com as travessuras do filho. Foi a justificativa para mais uma ausência do Adriano, que já deixara mais cedo o treino da sexta por causa de uma hipotética dor nas costas, talvez se poupando para o compromisso importante da noite. Não sei quanto ao Flamengo, mas já estou acreditando na falada coerência do Dunga, ou seja, não teremos um Imperador travesso na Copa da África.

É muita aposta para um domingo apenas. Corro o risco, confiante em um bom índice de acertos, até mesmo envolvendo possíveis decisões da Comissão Técnica da seleção brasileira.

sábado, 1 de maio de 2010

O Haiti é aqui

O título não é muito criativo, mas não é hora de criatividade, e sim de prestação de contas e atendimento aos nossos flagelados que são muitos e continuam desassistidos. Claro que ações de solidariedade em favor das vítimas do terremoto no Haiti são sempre bem vindas, como a que aconteceu no meio da semana na Ressacada, no jogo entre amigos do Zico e amigos do Falcão. Só acho que o Haiti já está sendo socorrido por organizações internacionais e governos de muitos países, incluindo o Brasil. Ao contrário, os desabrigados ou desalojados de várias regiões brasileiras seguem abandonados e enganados, especialmente pelo governo federal.


Lembrem que o ex-Ministro da Integração Nacional, o baiano Gedel Vieira Lima, esteve por aqui fazendo promessas e desviou para seu estado 60% dos recursos destinados a socorrer vítimas de tragédias como a nossa. O presidente Lula também fez parte dessa enganação. Não sou só eu que digo. Vejam o que escreveu Guilherme Balza, para o site Uol, da Folha de São Paulo.


A tragédia que assolou Santa Catarina em 2008 completará um ano e meio no mês que vem. Durante esse período, as áreas de Saúde e Defesa Civil receberam, juntas, menos da metade dos recursos anunciados pela União na época das chuvas, que mataram mais de 130 pessoas e desabrigaram ou desalojaram milhares de famílias.


O anúncio dos repasses ao Estado foi feito no dia 26 de novembro de 2008, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter sobrevoado a área mais atingida pelo desastre. Na data, Lula assinou uma medida provisória por meio da qual liberava R$ 1,6 bilhão para os Estados afetados pelas chuvas, dos quais cerca de R$ 700 milhões seriam destinados à SC.


Do montante, R$ 350 milhões seriam usados nas obras de restauração do porto do Itajaí, com recursos repassados diretamente ao município. Pela MP, o governo do Estado deveria receber R$ 130 milhões para a reconstrução das estradas, R$ 100 milhões para gastos com saúde e R$ 100 milhões para Defesa Civil.

A Prefeitura de Itajaí recebeu, da Secretaria de Portos da Presidência da República, R$ 378 milhões. Os recursos para a reconstrução das estradas e obras de infra estrutura também superaram o previsto: R$ 255 milhões.


No entanto, segundo relatório da Secretaria Executiva de Articulação Nacional, órgão do governo do Estado, a Secretaria de Saúde e a Secretaria Estadual de Defesa Civil receberam, respectivamente, R$ 70 milhões e R$ 46 milhões, dos ministérios da Saúde e da Integração Nacional.


Também foram repassados a SC R$ 26 milhões para a recuperação de escolas, construção de casas e assistência social. Completam os gastos para reparar as consequências do desastre R$ 49 milhões do orçamento estadual, R$ 29 milhões da Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), R$ 2 milhões da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), além de R$ 20 milhões provenientes de doações de pessoas físicas e jurídicas.


Além de não ter recebido parte dos recursos previstos na MP, o Estado de Santa Catarina não recebeu R$ 15 milhões para a instalação de um radar meteorológico na região oeste do Estado, verba que o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) havia prometido repassar até o final do ano passado.


Os radares são capazes de informar sobre um fenômeno entre uma e três horas antes de sua ocorrência em determinado local, tempo que permite às defesas civis alertarem as populações que vivem em áreas de risco e prestarem a devida assistência. O equipamento que seria instalado com os recursos do MCT cobriria o oeste do Estado, região por onde entram os sistemas climáticos, como tornados, vendavais e enxurradas.


O radar poderia ajudar a minimizar os efeitos das enxurradas que atingiram SC nos últimos dias e afetaram principalmente cidades do centro e do oeste do Estado, deixando mais de 40 cidades em situação de emergência e mais de 10 mil desalojados e desabrigados. O MCT foi procurado diversas vezes pela reportagem do UOL Notícias, mas não informou o motivo pelo qual os recursos não foram direcionados à Santa Catarina.

Notícias (engraçadas e trágicas) do nosso futebol


Também temos um sapo barbudo para engolir (foto FCF)

O presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, vai proferir dia 15 de maio a aula inaugural da Escola de Árbitros Gilberto Nahas. O que será que o Delfim tem de tão importante e significativo para dizer aos candidatos a empunharem apito e bandeira com o escudo da FCF? Levando em conta o que um dirigente faz para garantir mandato por um quarto de século, coisa boa não deve ser.

Se não, vejamos. Em Assembléia Geral Ordinária (bota ordinária nisso) na última segunda-feira, presidentes de clubes e ligas aprovaram por unanimidade e por baixo do pano o relatório geral das atividades administrativas e financeiras de 2009 da Federação, bem como suas contas e o balanço.

Como dizia Fernando Collor, não tem ninguém com aquilo roxo para contestar 25 anos de contas mal explicadas, de nepotismo y otras cositas mas. É um rebanho de vaquinhas de presépio sacudindo a cabeça para mais um capítulo vergonhoso na história do futebol catarinense. Sem esquecer a omissão completa da mídia, esportiva ou não.