domingo, 2 de agosto de 2009

Tem que tirar o fone do gancho

O ouro de Cielo é só dele (foto CBDA)

Os triunfos de César Cielo no Mundial de Natação em Roma são pessoais e intransferíveis. Ele treina nos Estados Unidos com um técnico australiano. Ficasse no Brasil Cielo não teria chegado aonde chegou. Tem sido assim ao longo dos anos nos nossos esportes individuais. Tivemos o exemplo recente e emblemático do Guga, que só apareceu para o mundo como o maior tenista brasileiro de todos os tempos graças ao seu talento e ao esforço de meia dúzia de pessoas muito ligadas a ele. Guga não foi o resultado de projeto, de planejamento e trabalho em cima da modalidade. Pelo contrário, Guga chegou, venceu e foi embora sem deixar rastros. Como ele, Cielo e outros são a repetição do óbvio. Nossos atletas, com as exceções de praxe, vão às quadras, piscinas, tatames e onde mais existir prática esportiva individual, por conta e risco próprios, de familiares e algum mecenas que estiver disposto a ajudar. As empresas privadas, em sua maioria, as universidades, salvo exceções, e o poder público de um modo geral, dão as costas para a prática esportiva.

Por isso César Cielo estava cheio de razão quando se negou a atender um telefonema de Lula depois de ter conquistado ouro nos 100 metros. Parece que foi determinação do seu treinador para evitar que o atleta perdesse, com demagogia de político, a concentração para a prova dos 50 metros que acabou vencendo no dia seguinte. É isso mesmo, tem que tirar o fone do gancho. O incentivo ao esporte nesse país não passa por ministérios e muito menos pela presidência da República. Ali só lembram de Santa Bárbara quando troveja.

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