domingo, 30 de novembro de 2008

Ministério do Esporte e COB na berlinda

Do blog de Alberto Murray Neto


MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Procuradoria da República no Distrito Federal


PORTARIA Nº 39/2008
O Ministério Público Federal, no uso das atribuições constitucionais conferidas pelo art. 129 da Constituição da República, e considerando:
a) o rol de atribuições elencadas no art.6.º da Lei Complementar nº 75/93;
b) a incumbência prevista no 7º, inciso I, da mesmaLei Complementar;
c) o disposto na Resolução nº 23, de 17 de setembro de 2007, do Conselho Nacional do Ministério Público;
d) o recebimento e distribuição de peças de informação com o seguinte teor:
Peças de Informação: 1.16.000.003459/2008-13


Autor da Representação: ALBERTO MURRAY NETO


Pessoas citadas: MINISTÉRIO DOS ESPORTES - COMITE OLIMPICO BRASILEIRO


Objeto:


SUPOSTAS IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO DE VERBAS DESTINADAS À CANDIDATURA RIO 2016 AOS JOGOS OLÍMPICOS POR PARTE DO COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO. CONVÊNIO Nº 121/2008 PELO QUAL O MINISTÉRIO DOS ESPORTES DISPONIBILIZA MAIS R$3.644.498,09, SOMANDO AOS R$85.000.000,00 ANTERIORMENTE DADOS, PARA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE TERCEIROS, NO BRASIL E NO EXTERIOR, PARA A CANDIDATURA RIO 2016 AOS JOGOS OLÍMPICOS. NÃO REALIZAÇÃO DE LICITAÇÕES.


Determina:
1 – A instauração de Procedimento Preparatório para apurar eventual irregularidade descrita nos fatos noticiados na presente peça de informação.
2 – A publicação e registro da presente Portaria, bem como sua imediata conclusão para a análise das diligências iniciais.Brasília, 11 de novembro de 2008.
http://albertomurray.wordpress.com/

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ética no futebol

Com as muitas decisões nas duas pontas da tabela, e nas duas séries do Brasileiro, o homem da mala vai viajar como nunca por esse país. Um dos jogos visados é o do Figueirense contra o Botafogo, aparecendo o Vasco como interessado em derrota catarinense. Renato Gaúcho foi muito claro ao dizer que seu clube deveria incentivar os jogadores do Botafogo com a chamada mala branca. É um procedimento normal, entendem alguns. Eu já acho que a ética impede esse tipo de ação. Quem oferece dinheiro por vitória, pode muito bem aceitar um prêmio equivalente a suborno. Como os jogadores nunca se manifestam e costumam encarar com naturalidade o incentivo à vitória – obrigação de qualquer profissional da bola – deixamos o assunto passar sem maiores aprofundamentos. É aquela história de que o uso do cachimbo deixa a boca torta e ninguém acha nada estranho. Principalmente em se tratando dos bastidores do futebol. Poucos se lembram da máfia da loteria esportiva, desmascarada pela Revista Placar na década de 80, e muitos já esqueceram o episódio de 2005 do arranjo de resultados envolvendo o ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho.

A Federação não se manca

A Federação insistiu em manter jogos da Copa SC para o meio da semana e deu no que deu. O ônibus do Cidade Azul saiu de Tubarão e ficou retido na estrada, provocando o adiamento da partida com o Joinville para a sexta-feira. O jogo do Brusque com o Avaí também foi confirmado. Tudo isso com o estado chorando seus mortos, desabrigados e lamentando prejuízos incomensuráveis. Para a FCF, no entanto, parece que nada aconteceu. Não mexeu um dedo, mesmo com sua sede localizada em uma das regiões mais atingidas pela enchente.

O outro lado

Já os clubes fazem a sua parte. O Avaí vai arrecadar alimentos na partida contra o São Caetano, o Figueirense lotou três caminhões e uma van com doações e o quase campeão São Paulo, de Morumbi lotado domingo, também lembrou da tragédia catarinense, pedido aos torcedores que façam suas contribuições. Imaginem o quanto será arrecadado só nesse jogo em São Paulo.

Jogadores e comentaristas

Paulo Brito, comentarista da Rádio CBN, volta ao assunto.

Sobre aquela citação dos que acreditam que só quem tem prática do futebol são os donos do conhecimento e só eles podem falar, dos ex-jogadores que nem sabem responder as perguntas dos repórteres e que agora deram para louvar o Senhor, na tentativa de justificar as derrotas e vitórias. Eles acreditam que, ao deixarem de jogar, são os únicos com capacidade e sabedoria para falarem sobre o futebol como falar, comentar e escrever – no caso deles só falar – é igual à de chutar uma bola. Volto ao assunto porque quero te passar o que o Horacio Pagani, um cronista argentino pensa a respeito.

“César Menotti disse a alguns anos, num rasgo de soberba que 97% dos jornalistas esportivos não sabem nada de futebol. Procurava desclassificar alguns críticos. É moeda corrente entre os atores (do futebol) depreciar, expressa e veladamente, as opiniões diferentes. Há dezenas de argumentos que se pode usar contra tal disparate – inclusive reconhecendo as particularidades psicológicas e emocionais, intransferíveis, que experimentam os jogadores e treinadores – o que resulta ingênuo pretender que as testemunhas, jornalistas ou torcedores façam análises do fenômeno que é o futebol só sob o ponto de vista do jogador ou do treinador.

Assim poderíamos dizer que 99% dos treinadores e jogadores não entendem nada de jornalismo. Futebol e jornalismo são coisas distintas. Nós dominamos os códigos ou somos capazes de resolver, com nosso corpo, os aspectos técnicos do jogo, para entender o tema e transmitir seus pensamentos, sempre em atenção aos interesses dos receptores.
Mas há quem contrate essas figuras do esporte – com interesses comerciais – para cumprir missão de “símil-periodismo”. Como por exemplo, montar um programa de televisão com um grupo de jogadores e treinadores, encerrados em seus próprios códigos, que os impedem de realizar umas autocríticas sobre companheiros e colegas – realizando um simulacro de uma profissão alheia, sem conhecer seus postulados, seu espírito e sem contar com uma formação mínima para exercê-la.

Porque as habilidades “futeboleras”, por mágicas que sejam em uma cancha, não se projetam em um estúdio ou em uma redação. Cada um com sua missão. Um jornalista não necessita ter sido um esportista profissional para cumprir com seu ofício, nem esportista ou jogador estão impedidos de exercer a função de jornalista. Mas necessitam de uma formação e responsabilidade para cumprir com seus princípios.

Carlos Bilardo, num programa de rádio, em que trabalhou, contestou as criticas que recebeu quando treinador por expressarem opiniões diferentes sobre o fenômeno do futebol. “Agora sou jornalista e tenho o direito de opinar como tal”, desautorizando Enrique Wolf – da ESPN – ex-jogador e em eficaz exercício da profissão por 10 anos.

Mas Pagani ainda acrescenta que não é casual que agora – em tempos de uma modernidade frívola – quando um meio de comunicação elege uma figura (ou ex-figura) de uma atividade não jornalista para que expresse sua opinião relacionada com a sua profissão, normalmente este meio é de característica audiovisual. Porque para quem não tem história na atividade, é mais fácil falar do que escrever. Há exceções que justificam a regra. Eles assinam notas e passam a ser antigas e contemporâneas figuras ou estrelas nos meios gráficos – jornais. Mas em geral, seus textos são corrigidos por jornalistas verdadeiros que, respeitando a idéia do autor, colocam o texto de forma adequada aos interesses do leitor. Esse anônimo, que aporta conceitos, conhecimento e princípios - não é reconhecido publicamente pelas empresas, que usam como desculpa o objetivo de convencer os receptores de que o texto responde letra por letra a opinião do autor contratado de maneira ocasional ou definitiva.

Uma mentira.

Só aqueles que permanecem por muito tempo na intimidade das redações vão descobrindo os segredos do ofício e quem sabe descubram uma vocação, terminando exercendo o ofício como dignidade. Temos exemplos no Brasil...
O jornalista esportivo não nos define como forma explicita e sim uma característica parcial dos jornalistas. Deves ser primeiro jornalista no sentido integral da palavra, depois vem à especialização que não significa que se desmembrou da profissão. Por que sua missão básica é informar, com o compromisso que deve ter com o receptor, protagonistas e fontes, e com responsabilidade ética para facilitar a interpretação geral dos fatos. Seu objetivo é formar uma opinião, com sua própria opinião bem argumentada e desenvolvendo a apaixonante tarefa com humildade e respeito, partindo da premissa que o receptor é alguém que conhece o tema e neste exército brinda a todos com uma visão subjetiva dos fatos, sem “desbordes tecnicistas”.
No futebol todos tem o direito e condições de opinar publicamente, inclusive o torcedor, que define o tema como menos comprometido, pelo menos com os interesses políticos e econômicos da empresa. O esporte, ainda que profissional, é para o torcedor um entretenimento que se pode enquadrar como uma questão menor. Das coisas menos importantes no mundo, o futebol é o mais importante por ser popular, porque desperta uma voracidade de informações diretamente proporcional a esse interesse.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Antes tarde do que nunca

Tava todo mundo reclamando que o Lula ainda não tinha aparecido em Santa Catarina para ver o que aconteceu por aqui, além de trazer a solidariedade de um Presidente. Pois o homem está chegando, sem pressa, com alguns dias de atraso, repetindo Bush e New Orleans. Vem, segundo se anuncia, com uma medida provisória pronta para liberação imediata de recursos que devem atender as necessidades urgentes do Estado. Pensei que teríamos que esperar as águas baixarem para reeditarmos, ainda em novembro, algumas festas chopeiras de outubro para motivar a viagem de Lula. Nada mais inoportuno, claro Enfim, parece que a bronca por toda Santa Catarina deu certo. Nosso governador globetrotter e a senadora Ideli Salvatti, ultimamente desatenta às coisas da sua terra, resolveram se mexer, dando uma cutucada no Luiz Inácio.

O futuro do Figueirense

Os resultados do final de semana em certa medida favoreceram o Figueirense na sua luta para permanecer na série A. Mas a situação ainda é grave para quem tem apenas 38 pontos. Dois pontos acima está o Náutico e abaixo estão Vasco e Portuguesa com 37. O Ipatinga tem só 34 e não escapa da queda. A esperança é que, depois do Náutico, os desinteressados Botafogo e Internacional façam a sua parte, abrindo caminho para a salvação do Figueira. Quem acredita? Além da matemática nosso representante precisa da combinação de resultados paralelos e um pouco mais de futebol nas duas últimas rodadas.

Vale tudo

A direção do Figueirense continua fazendo de tudo acreditando na permanência na primeira divisão. A decisão de levar já na quarta-feira – o jogo contra o Botafogo é só domingo – o time para o Rio de Janeiro, fugindo da chuva e do clima de pressão da torcida e imprensa, dá bem a medida da esperança que habita o Orlando Scarpelli. No Rio, longe dos maus fluídos domésticos, haverá mais tranqüilidade para os treinos, concentração e mobilização do grupo.

Alienígena

O ex-jogador Neto e hoje comentarista da TV Bandeirantes disse antes da partida entre Corinthians e Avaí no Pacaembu, que torcia pela permanência do Figueirense na série A. Com dois times catarinenses na primeira divisão todos ganhariam, inclusive os jornalistas, radialistas e profissionais de tevê, que teriam ampliado suas oportunidades de emprego. Essa conclusão do Neto é típica de quem não conhece nada da aldeia e muito menos seus caboclos. Além do que, a vaga por ele ocupada no nosso mercado de trabalho pertence a um jornalista, não a um ex-atleta.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Pavões, hienas e urubus

Que coisa! Prejuízos materiais incalculáveis, por enquanto 45 mortos, milhares de desabrigados e desalojados, destruição por todo o canto, imagens e números impressionantes. Nada disso sensibiliza oportunistas sempre a postos para tentar faturar prestígio em cima de tragédias como mais esta que vivemos. Não nos livramos deles. São umas hienas. Ou uns Pavanos como alguns secretários regionais mais conhecidos. Tem gente dando entrevista e aparecendo na televisão sem o que dizer, ocupando o espaço de técnicos realmente capacitados para falar e para agir em situações como a que nos deparamos agora por causa das chuvas que inundaram parte do Estado. Deram um chega prá lá até na Defesa Civil. O episódio do deslizamento na SC-401, rodovia que nos leva ao norte da Ilha, é sintomático e muito esclarecedor. Certos urubus travestidos de autoridades e políticos mudaram o sentido da palavra emergência, que agora passa a ser entendida como aquilo que pode ser transferido para mais tarde, até para o dia seguinte, caso da remoção de lama e rochas em uma das estradas das praias. A decisão esdrúxula partiu dessas mesmas pessoas que admitiram a possibilidade da existência de gente soterrada no local. Exceção da Celesc que, justiça seja feita, agiu de acordo com o exigido pela “emergência”, enquanto outras instituições esperaram por um milagre dos céus, que estavam mais era para inferno. A Casan, por exemplo, arrumou todo o tipo de desculpa para não sair na chuva e se molhar. Mas continuem votando neles, elegendo principalmente esses deputados festeiros que fazem tudo por uma homenagem a qualquer pé rapado incompetente que ascenda a cargos, nunca por mérito, e sim por espúrias conveniências políticas. O momento exige cancelamento de determinados rapapés e prometidas homenagens aos verdadeiros responsáveis por ações desastrosas e calamidades anunciadas, não um simples adiamento como já apregoaram as trombetas palacianas.

domingo, 23 de novembro de 2008

Nosso mordomo é a chuva

Para quem conhece a piada em cima do jargão dos romances policiais sabe o que significa a frase acima. Para quem não é familiarizado com esse tipo de literatura, explico: o serviçal é sempre o primeiro suspeito na investigação de algum crime. Na dramática situação vivida pelos catarinenses no momento as autoridades não cansam de repetir: a culpa de todos os desastres ocorridos em função da chuva interminável é ela, a chuva. Claro, como agente de efeito, não resta a menor dúvida da culpabilidade desta senhora hoje tão execrada. Mas, como causa, os muitos buracos são mais em baixo. Ou em cima, como queiram. Começam os estragos e lá vem as justificativas. Serve pra tudo, desde deslizamentos, destruição de estradas, alagamentos, enchentes, ruas esburacadas, falta de água e energia, queda de pontes, rompimento de adutoras, casas soterradas, tudo vai para a conta da intensidade da chuva. Pensemos um pouco. Existe, por exemplo, algum trabalho consistente e preventivo para contenção de encostas? A ocupação irregular de áreas de risco contribui em que medida para essas tragédias? A proliferação descontrolada de favelas nas periferias das cidades é responsabilidade de quem não fiscaliza ou não impede o agravamento deste problema social. Pelo que se observa a cada repetição destes fenômenos climáticos, definição pernóstica e pomposa para as enxurradas – um jeito de passar imagens mais fortes para aumentar o tamanho das desculpas -, o material utilizado para recapeamento de estradas e ruas é de última. O tapete preto do prefeito Dário Berger é o melhor indicativo para diagnosticar a porcaria que foi feita em vários bairros de Florianópolis. Vale o mesmo para muitas estradas recém entregues ao tráfego. A Casan explica a cada rompimento de cano que a pressão da água é o fator determinante nesses casos de chuva intensa. A Celesc faz a mesma coisa com a queda de postes ou outros defeitos no sistema. Ora bolas, será que a tecnologia aliada à engenharia moderna ainda não descobriu algum material mais resistente à pressão d’água, ao vento, à queda eventual de barreiras, ou outro tique nervoso da natureza? A cada interrupção nas redes de água e luz, a desculpa é sempre a mesma. As lições do apagão e outras anteriores não foram assimiladas. Nossas autoridades preferem olhar para tudo isso com aquela cara de coitadinhas, vítimas da chuva que nem precisa ser tão forte para provocar tantos estragos como os de agora. O pior é que, independente da estação, sempre haverá um mordomo de plantão para justificar a criminosa incompetência e omissão de quem deveria zelar pela tranqüilidade e segurança da população que paga impostos sem retorno em serviços.

As sete pragas do Egito do nosso futebol

Sou leitor diário do blog do jornalista Juca Kfouri, um crítico de texto excelente e sempre atento, oferecendo algo mais para ler de algum colaborador do mesmo nível. Como a postagem que segue, uma boa análise das mazelas do nosso esporte, especialmente do futebol.

Por WILSON MERLO PÓSNIK

Ementa Um: como todo cristão deve ter ouvido falar, as ‘Pragas do Egito’ (segundo alguns, teriam sido sete, para outros dez), seriam uma série de flagelos, segundo a Bíblia, enviados por Deus sobre aquele País para obrigar o faraó a deixar partir os hebreus: (1) a água do Nilo, transformada em sangue, (2) invasão de rãs, mosquitos e moscas, (3) peste dos animais, (4) úlceras, no corpo das pessoas, (5) chuva de pedras, (6) invasão de gafanhotos, após a ação da chuva de pedras, (7) trevas sobre o País e (8) a morte dos primogênitos de todas as famílias egípcias.

Ementa Dois: como todo brasileiro é um técnico ou mesmo, profundo conhecedor do que a pompa dos locutores de rádio de outros tempos chamava de ‘esporte bretão’, deixo a critério de cada um dos leitores deste libelo, a definição da ordem decrescente de sua importância, a substituição de algumas, ou mesmo a complementação da lista. Afinal, sete ou dez ‘pragas’ podem ser pouco !

(01) A praga da péssima organização interna dos nossos clubes e demais instituições envolvidas, com baixíssimos índices de profissionalização; em se tratando de um aparato para gerar um produto importante na nossa sociedade – o futebol profissional. Embora não se trate de um carrinho de pipoca ou boteco, a informalidade das transações vai da incompetência à malversação de recursos, estes sempre expressivos;

(02) A praga da perpetuação dos dirigentes, do tipo capitanias hereditárias - viciosa e antidemocrática: na Confederação, nas federações, ligas e clubes; neste caso, à semelhança da célebre expressão de Lampedusa: mudar, para que nada mude. Neste caso, nada deve mudar, para que tudo fique como está, no reino da Dinamarca, digo CBF !

(03) A praga da formação precária dos nossos técnicos; na sua grande maioria, tocam de ouvido, ou seja, foram formados na tradição oral e na experiência prática - estão portanto, ainda na pré-história. Muitos são quase que incapazes de exprimir suas idéias. Chamados de professores, mal conseguem articular discurso razoável – que ajudará a formação das entrevistas do atletas. Só para citar um exemplo: acompanhar, comparar e avaliar um jogo como Batatais X Pão de Açúcar (Série B Paulista) - daqueles que passam inadverditamente e em horários exóticos na 'Rede Vida', com outro jogo qualquer do Brasileiro - Série A, fica evidente as diferenças na qualidade individual dos jogadores, mas é extremamente difícil encontrar diferenças táticas significativas. Será que o Maradona tinha razão ao afirmar, quando assumiu recentemente a Seleção Argentina, que não havia mais nada a inventar no futebol ? Ou continuamos prisioneiros, nós e eles argentinos, de um mesmo ciclo permanente, de um sem número de talentos individuais e da estagnação, da modorra na organização do jogo ? Aliás, nunca vimos tanta penalidade máxima perdida, escanteios mal cobrados, bicos de zagueiros para qualquer lado etc. A propósito: jogar pelos lados geralmente, só faz parte do discurso ! Com a palavra, ‘São Telê’ !

(04) A praga da omissão do estado nas atividades de lazer (esporte, cultura e turismo); falta de ampliação do acesso ao lazer e aos esportes nas comunidades, escolas e entes associativos da periferia; o lazer orientado previniria quase tudo nestes lugares providos de quase nada !

(05) A praga das torcidas organizadas, como integrantes de uma dialética política perversa, no nosso futebol; estimuladas por dirigentes oportunistas, cumprem um papel de ocupar os estádios vazios, de forma a mascarar a péssima qualidade, muito comum nestes espetáculos. Seus deslocamentos com hordas, a caminho ou à volta dos estádios, mesmo que tangidos preventivamente pela polícia, provocam muitas vezes, conflitos com outras torcidas, depredações de imóveis, veículos, ônibus etc. sempre acobertados pelo manto da impunidade;

(06) A praga da mídia esportiva, tal qual os demais entes envolvidos no esporte, com um número considerável de profissionais sem formação sólida e em muitos casos, a serviço de perversões no nosso sistema esportivo: promove, destaca ou privilegia, como toda a mídia comercial, os negócios e o lado grotesco do espetáculo. Parece que o lado ruim sempre vende mais e melhor ! A dialética entre comerciais X programa passa a ser balanceada, de modo que se faça um bom contraponto, entre os devaneios consumistas do público e a triste realidade que parece ser o nosso dia-a-dia, vista por estes olhares ! Quanto pior for o quadro, melhor o recall dos reclames !

(07) A praga dos empresários esportivos que acompanham os atletas, desde que os mesmos largam as fraldas e se acham mentores da sua formação e desenvolvimento – numa espécie de escravidão branca, muitas vezes, com a participação ativa de pais ou responsáveis ! Por que será que os Conselhos Tutelares e órgãos afins, não intervêm neste assunto ? Afinal de contas, isto é tão perverso quando a pedofilia;

(08) A praga da multiplicação dos técnicos-empresários – misturam tarefas eticamente incompatíveis; assediam, participam daqui e d’acolá, colocam em jogo seus favoritos ou os dos seus amigos, recomendam promessas ou bondes – qualquer coisa por qualquer trinta dinheiros !

(09) A praga das transações econômicas encobertas e obscuras, que vão desde a participação de grandes mafiosos de algumas nacionalidades, a bicheiros e outros espécimes de contraventores, além dos clubes laranjas; falta uma definição clara e objetiva de regras nacionais e internacionais entre os entes do futebol profissional, desde as suas bases de formação, até as questões de previdência e assistência a atletas;

(10) A praga do baixo nível de escolarização dos nossos jogadores, desde as categorias de base - geralmente oriundos de segmentos da sociedade, com pouco acesso aos processos de educação formal e regular; o processo de profissionalização não poderia estar dissociado da educação básica – assinou o primeiro contrato, deveria ter garantida a escolarização;

(11) A praga do mau uso do esporte pelos políticos, como objeto de manobras ou plataformas para discursos demagógicos e eleitoreiros, envolvendo clubes e seus aficionados, federações, ligas etc. na sua ânsia de assumir, por todos os meios disponíveis, posições de poder formal; como que a sinalizar que eles próprios mobilizariam os recursos do estado, na solução dos problemas da área. Na verdade, o que se espera deles é o exercício de sua liderança junto ao segmento que vierem a representar, para que este, engajado a outros com os mesmos interesses, ajude a formular e concretizar essas soluções. Afinal, lazer sempre foi questão de iniciativa da sociedade (e não do estado) e cabe àquela se organizar melhor, para indicar ao estado, os caminhos a serem seguidos - as tais políticas públicas republicanas !

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Bandeiras da discórdia

Desde que resolvi morar em Florianópolis, em março de 1972, ouço aquela máxima da “cidade dos casos e ocasos raros”. Sempre vi nisso certo exagero, quase um estigma, mas depois do episódio da semana sou obrigado a admitir um tantinho de verdade na afirmativa. O Figueirense teve sua bandeira colocada nos mastros que sustentam as bandeiras do Brasil, do Estado e da Capital na entrada da cidade, no contorno da ponte Pedro Ivo, o que aconteceu logo após a conquista do titulo catarinense de 2008. O prefeito Dário Berguer, não esqueçam, é torcedor do Figueira e, por razões óbvias, muito próximo à direção do clube. Em seguida à confirmação do acesso do Avaí à primeira divisão, alguém do paço municipal e, claro, simpático às cores azul e branca, decidiu fazer a mesma homenagem pela recente conquista. Prá que? Rebuliço total nos dois lados das pontes. Mesmo em viagem de trabalhou ou turismo – ainda não está bem esclarecido – o Prefeito aceitou algumas “orelhadas” e determinou a retirada da bandeira avaiana que, talvez volte por mais uma semana ao mastro de onde saiu. Como sempre achei que lugar de material de clube é junto à torcida, sala de troféus ou nos mastros de estádios, considero a polêmica da semana previsível e por isso mesmo totalmente evitável. São poucas as cidades com rivalidades bi polarizadas como Florianópolis. São os exemplos de ânimos mais acirrados, independente da importância dos times e do tamanho da população, razão para muita cautela. Imaginem, por exemplo, uma camisa de Grêmio ou Inter vestindo a estatua do Laçador, monumento orgulho da gauchada e colocado na entrada de Porto Alegre, próximo ao aeroporto Salgado Filho. Já deu encrenca, e da braba, quase uma “guerra civil”.

A omissão a serviço do esporte

Nossa maior competição esportiva caminha para sua 50ª edição – 2010 em Brusque – e ainda não conseguiu solucionar problemas sérios vividos por algumas modalidades. O atletismo, por exemplo – começa segunda-feira -, é o que mais sofre com o mau tempo, e já teve competições canceladas, uma decepção muito grande para atletas e dirigentes em função da sua importância e do seu charme. Temos uma mísera pista sintética, criminosamente abandonada em Itajaí. A de Blumenau, no SESI, está chegando e a de Jaraguá ainda é promessa. Com sedes itinerantes os Jogos Abertos nunca mereceram a atenção dos governos estaduais e dos municípios gerando grandes dificuldades para uma das principais modalidades do evento. E quem, como Blumenau e Jaraguá, não tem tanta bala na agulha para melhorar seus equipamentos esportivos, continuará olhando para o céu e torcendo por informações positivas da meteorologia.

Festa bem Brasília

O cassado Zé Dirceu nos camarotes, como convidado especial, imagino eu do PT, e Zezé di Camargo cantado o Hino Nacional. Festinha mais brasiliense que essa para o jogo entre Brasil e Portugal, impossível.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O de sempre

O festival de besteira que assolou a mídia brasileira na discussão sobre o futuro de Dunga impressionou até os menos chegados ao assunto futebol e seleção. Os dias que antecederam ao amistoso contra Portugal foram plenos de boatos, especulações, noticias esquentadas, anúncios, previsões, comentários e indicações de prováveis substitutos do atual treinador. Com as exceções de praxe o foco ficou em cima dos últimos resultados do time brasileiro e apresentações distantes da qualidade do futebol que estamos acostumados a ver. Li e ouvi que o emprego de Dunga dependeria do resultado do jogo contra os portugueses. Quer dizer, o raciocínio da maioria dos críticos é simplista, bem como as respostas de Dunga, que não ajudam em nada a melhorar sua imagem. Centrar a discussão sobre resultados pontuais e a campanha nas eliminatórias desvia as atenções sobre o problema central que é a inexistência, até agora ao menos, do esboço de uma equipe que possa enfrentar com segurança a Copa de 2010 na África do Sul. A não ser pelo goleiro Júlio César, por Kaká e Robinho, ninguém sabe que nomes poderão compor o conjunto que vai defender a excelência do nosso futebol. Aí está o xis da questão. O pecado de Dunga é não ter aproveitado até agora todas as chances que teve para fazer experiências que mostrem alguma perspectiva de montagem de uma boa equipe, de um grupo confiável, enfim. Ele continua insistindo com bananeiras que já deram cacho, com jogadores que não têm mais nada a acrescentar a uma seleção com o peso da nossa. Resumindo, não temos zaga, o meio de campo é uma incógnita e, a partir dos testes com o desconhecido Afonso, o ataque passou a ser uma caixa preta. No mais o que acontece hoje com Dunga é uma repetição enfadonha das situações vividas por Felipão, Parreira, Zagalo, Luxemburgo e outros menos votados.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

É ele

A imprensa esportiva do Rio e São Paulo trata desde a semana passada da substituição de Dunga por Muricy Ramalho na seleção brasileira. De especulação o nome do atual treinador do São Paulo passa a ser quase uma certeza. É o que diz o colunista Juca Kfouri em post do seu blog nesta segunda-feira, ao estranhar – e é mesmo muito esquisito - que o nome de Muricy não esteja entre os cinco relacionados para ser indicado como o melhor do ano. A festa acontece no dia seguinte ao final do Brasileiro e é promovida pela CBF que relaciona os mais votados para a escolha dos melhores entre jogadores e técnicos. Por ordem alfabética a lista tem Adilson Batista, Caio Júnior, Celso Roth, Dorival Júnior, Vagner Mancini e Vanderlei Luxemburgo. É claro que, às portas de sua terceira conquista consecutiva de um título brasileiro, Muricy tinha que estar nessa. Se não está, aí tem a impressão digital de Ricardo Teixeira.

A decadência de Luxemburgo

Coluna de Juca Kfouri na Folha de São Paulo desta segunda-feira bota o dedo na ferida em que se transformou Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras. Por obra e graça, segundo Juca, da fogueira de vaidades em que está sendo cremado.
"Vanderlei Luxemburgo acordou sábado com dor no cotovelo, fruto de uma luxação ao cair no chão do aeroporto de Congonhas, ao furar um chute num desses membros de torcidas uniformizadas que sempre sustentou.
Para piorar, no próprio sábado leu, nesta Folha, jornal de maior circulação do país, que Muricy Ramalho está prestes a superá-lo também nas estatísticas do Campeonato Brasileiro, depois de tê-lo deixado para trás nas preferências gerais para a seleção brasileira.
Como se não bastasse, ao acordar no domingo, no Rio, cotovelo ainda dolorido, viu, no "Globo", duas páginas quase inteiras dedicadas a Muricy, apresentando-o com uma simpatia que não chega a ser sua marca registrada.
Porque desde que Luxemburgo disse à rádio Globo que era melhor que o técnico do São Paulo, ele só vem colhendo reações que comprovam que apenas ele, e alguns fãs, pensam igual.
Pois não só virou alvo de chacota, como viu o rival ganhar espaço até onde supunha ter cadeira cativa.
Na verdade, Luxemburgo surtou desde que a coluna de Renato Maurício Prado, exatamente no "Globo", informou que o treinador tricolor estava bem cotado na CBF.
Bem no primeiro jornal que o presidente da entidade lê diariamente.
Daí para frente, até Síndrome do Pânico, esta terrível doença moderna, houve quem, no Palmeiras, diagnosticasse nele, embora ele tenha passado mesmo por uma crise depressiva, outro transtorno desses dias estressantes.
Porque, desde que dormiu no Palácio da Alvorada, tinha certeza de que seria o ungido para o cargo hoje ocupado por Dunga na seleção.
Se ciúmes de homem é o pior tipo de ciúmes e se ele atingiu Romário, Edmundo, Marcelinho Carioca, São Marcos etc, está claro que nada pode fazer em relação a Muricy Ramalho, que fez do antimarketing seu melhor marketing, além de ter recuperado seu time e jogadores, como Hugo e Borges, que pareciam condenados.
Luxemburgo, então, aprofundou suas manias e superstições, com atitudes que não ficam bem para quem se acha moderno e profissional.
Começou a mandar o time usar a camisa de cor de marcar texto para dar sorte, porque assim foi orientado pelo além, como botou na cabeça que Lenny se consagraria contra o Grêmio, com resultado conhecido.
Aliás, de Preá a Lenny, como se jogou dinheiro fora no Palmeiras, graças ao dedo de Luxemburgo, que é bem capaz de confundir Rosa de Luxemburgo com Joana D'Arc, mas não foi esperto para perceber que seria cremado na fogueira da vaidade que ergueu para si.
Foi o que se viu na goleada impiedosa do Flamengo, que pode custar até a Libertadores.
Luxemburgo ainda é suficientemente moço para dar a volta por cima e recomeçar uma trajetória de vitórias esportivas, desde que se concentre na sua atividade principal.
Porque também os abalos na imagem de iniciativas como a do seu instituto acabaram por fazer com que ele desviasse a atenção do coração de seu negócio e perdesse, para usar uma expressão de que gosta, o foco.
A ponto de virar, de novo, alguém que torcedores ou conselheiros menos civilizados achem que podem passar a mão.
CORREÇÃO: O Dr. Rubens Sampaio, ortopedista do Palmeiras, informa que Luxemburgo teve uma fratura no cotovelo, não uma luxação. E que o tratamento será conservador, sem necessidade de cirurgia."

Só ficando em casa

Wanderlei Luxemburgo continua sob pressão, conseqüência do que vem acontecendo ultimamente com seu time. É a vítima mais recente do momento decisivo do Campeonato Brasileiro. No final de semana não escapou da selvageria de torcedores do Palmeiras no aeroporto de Congonhas e, dos males o menor, porque não provoca lesões físicas, ainda saiu do Maracanã com um saco de gols nas costas. Wanderlei se queixa com razão da estupidez de meia dúzia de boçais travestidos de palmeirenses, violência que começa nas arquibancadas do país inteiro e passa até por invasão de sedes dos clubes e seus campos de treinamento. Ninguém vai preso, não há nenhum tipo de punição para os infratores de plantão, as autoridades públicas e esportivas se omitem e continua tudo como dantes. Onde estão os criminosos que aleijaram um torcedor do Criciúma? Assim, quem pode paga pra ver os jogos em casa, quem não pode tem que vestir colete a prova de bala ou armadura para enfrentar o risco que representa pagar ingressos caros para freqüentar estádios desconfortáveis, sob sol ou chuva e utilizar banheiros imundos. A comida é de quinta e bíblica, geralmente cachorro quente com pães da Santa Ceia. O transporte é escasso e de última, e os estacionamentos têm preços de flanelinha. Salve o “pay per view”.

Joga pedra na Geni

Quer dizer então que Mário Sérgio é o responsável pela provável queda do Figueirense para a série B. Interessante por criativa e nova essa tese defendida pela diretoria do clube, jogando nas costas do técnico a culpa pelo fracasso do time. A três rodadas do rebaixamento a cartolagem descobriu que trocando de treinador – vem aí o Pintado, a quinta "Geni" do ano – pode mudar o destino traçado por uma temporada cheia de erros cometidos por ninguém mais que os componentes do departamento de futebol. Um deles de sangue nobre e herdeiro de uma dinastia criada a partir do milagre da “multiplicação de recursos”. Ainda que consiga transformar em nove pontos salvadores as três ultimas rodadas, a torcida não esquecerá o sofrimento e as humilhações de 2008. E vai cobrar a conta pela soberba e incompetência, como deveria ter feito a mídia baba ovo no dia-a-dia do Campeonato Brasileiro.

Respeito é bom e todos gostam

O Corinthians, mesmo classificado para a série A com seis rodadas de antecedência, e também campeão antecipado da série B, contina utilizado o time principal. Silas, o treinador do Avaí, iniciante na profissão, deveria seguir o exemplo do corintiano Mano Menezes, que continua encarando a competição com respeito. Escalar reservas quando muitos interesses de terceiros estão em jogo é falta de respeito com torcida e adversários. Como aconteceu com o Avaí, que sábado escapou por pouco de fazer um papelão no interior de São Paulo onde enfrentou o Bragantino que, junto com mais três equipes ainda lutava por uma das vagas na primeira divisão.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A Copa é nossa mesmo?

A Infraero anunciou oficialmente que as obras de ampliação do Aeroporto Hercílio Luz só ficarão prontas em 2012, dois anos mais tarde do que havia prometido ao Governo do Estado e à população de Florianópolis. Sem aeroporto decente, com seus acessos comprometidos, somados aos acenos demagógicos e oportunistas de outras soluções para o nosso sistema viário, com que roupa vamos fazer da cidade uma das sedes da Copa em 2014?

Esporte popular

O amistoso da seleção brasileira contra Portugal em Brasília tem ingressos de R$ 180,00 a R$ 250,00. Não sei de onde a CBF tirou que o torcedor comum, o chamado “arquibaldo”, tem condições de pagar esse preço por uma partida de futebol. Enquanto isso o governo do Distrito Federal está distribuindo cerca de cinco mil convites para os apaniguados de sempre.

Nem sempre a propaganda é a alma do negócio

No esporte brasileiro e nas suas estratégias de marketing algumas situações retratadas especialmente pelo futebol me chamam a atenção. Falo daqueles momentos em que o nome dos patrocinadores acaba subtraído, seja por ações involuntárias, ou por premeditação dos veículos de mídia. Os jogadores costumam comemorar um gol levantando a parte da frente de camisa geralmente para demonstrar seu amor por Jesus. Acontece também, após uma conquista – a do Avaí, por exemplo – do jogador simplesmente tirar a camisa do clube na volta olímpica e ficar sob a mira de fotógrafos e tevês quase despido. Ou então, como fizeram alguns atletas avaianos, colocam um colete ou outra camiseta estampando sua crença ou amor por filho, mulher, namorada e o escambau. A essas alturas o nome do patrocinador desapareceu. A premeditação acontece nas entrevistas onde o cinegrafista é orientado para evitar o boné do entrevistado. O sujeito só aparece da testa até o pescoço, pra evitar alguma identificação de patrocínio no boné ou na camisa. É necessário, ainda “esconder” o painel que costuma aparecer ao fundo nas entrevistas coletivas. Não tenho conhecimento, até hoje, que algum dirigente ou patrocinador tenha se rebelado contra isso. Nos esportes de quadra os times têm o nome de empresas trocadas nas transmissões pelo nome da cidade que representam. Assim é, por exemplo, com a Cimed (Florianópolis). A Stock Car, principal categoria do automobilismo brasileiro e que tem na TV Globo sua grande parceira de mídia, não esconde sua frustração pelo fato de a emissora omitir a marca da Nextel durante as suas transmissões. São muitos os exemplos em que a visibilidade do patrocínio é mascarada ou simplesmente evitada e justamente no esporte, um segmento bastante carente de recursos da iniciativa privada.

A matemática do desespero

O Figueirense e seus torcedores passarão pelo menos as duas próximas rodadas de calculadora na mão. Dependendo dos resultados esse equipamento nos dois últimos jogos, contra Botafogo no Rio e Inter em Florianópolis, não terá a menor serventia. Vale o mesmo para o Criciúma, que já subiu no banquinho e botou a corda no pescoço. São situações semelhantes por razões distintas: o desespero para evitar o rebaixamento, por si só uma tragédia, no caso do Figueirense ganha contornos mais dramáticos por causa do acesso do Avaí à série A. A torcida avaiana sabe bem o sentimento que toma conta da maior rival nesse momento. No Criciúma, que está virando o campeão do rebaixamento e conhecedor de todas as três divisões, a proximidade de mais uma temporada na série C é bastante concreta. Na real a matemática diz que o Figueirense precisa de nove pontos em doze e o Criciúma não pode mais nem empatar um dos seus três jogos restantes. Em ambos os casos estamos perto de milagres, coisa que passa bem longe do futebol e das minhas crenças.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Raquete por chuteiras

O que ele podia fazer pelo tênis foi feito. Infelizmente o tênis brasileiro não tirou nenhum proveito do sucesso de Guga, a não ser durante o período em que esteve em quadra conquistando torneios, projeção internacional, divulgando Santa Catarina e sua Capital. Agora o mané Guga só pode ser visto nos camarotes da Ressacada, acompanhando seu clube do coração. O Avaí e o futebol catarinense ganham mais divulgação com a participação do seu torcedor ilustre, como acontece no momento em que outro time do Estado chega à série A do Brasileiro. E o tênis? Bem, o tênis passou, não existe mais para a torcida de Santa Catarina e do Brasil. O maior atleta da modalidade em toda sua história agora só quer saber de futebol e do Avaí.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A nossa bendita gangorra

Depois do Corinthians o primeiro da fila para subir à série A tinha mesmo que ser o Avaí. Não só pela vice-liderança, posição ocupada durante maior parte do campeonato. Mas principalmente pela campanha de muitos bons momentos e raríssimos tropeços, desempenho que garantiu uma vaga na primeira divisão com três rodadas de antecedência. É o acesso à elite do Brasileirão depois de 29 anos de espera e com o clube sendo dirigido por um dos presidentes mais contestados de sua história. João Nilson Zunino bateu muita cabeça até encontrar em duas empresas (LA e Traffic) a parceria ideal para organizar um pouco o seu Avaí, contaminado por administrações amadoras de muitas décadas. A rivalidade da Capital era o que vinha mantendo o Avaí de pé. Quanto mais o Figueirense subia, mais os avaianos lutavam para não deixar a peteca cair totalmente. Agora a situação pode estar se invertendo no interminável sobe e desce que alimenta essa paixão do torcedor de Florianópolis. Uma razão de peso para as direções dos dois clubes pensarem a temporada de 2009 com muito mais cuidado e bastante planejamento.

Quem mandou votar neles

Claro que a torcida do Avaí merece fazer a festa que bem entender, lotando a Ressacada, entupindo de gente e de carros as vias de acesso ao sul da Ilha, parando o trânsito, fazendo carreata, soltando foguete, tudo, enfim, que estiver de acordo com a lei e com a alegria pelo acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro. As conseqüências todo mundo já sabe, principalmente os usuários do aeroporto Hercílio Luz e moradores da região. Bem feito, quem mandou assistir passivamente a omissão das autoridades que engambelaram a população todos esses anos. E, pior que isso, elegendo e reelegendo um bando de incompetentes e mentirosos. Que vão continuar engambelando e mentindo enquanto for possível sustentar a fantasia de uma sede da Copa de 2014 em Florianópolis. Gostaria de saber a opinião dos membros destas comissões e institutos que têm passado pela cidade a pretexto de analisar nossas potencialidades e estrutura para abrigar parte de um evento tão importante quanto uma Copa do Mundo. Acharia interessante ouvi-los depois que experimentassem sair do aeroporto ou chegar no horário de vôo em dia de um jogo com as dimensões deste programado para a noite da terça-feira na Ressacada.

Se eu fosse presidente do COB

Por ALBERTO MURRAY

Se eu fosse Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, eu:

- teria vergonha de ver meu nome estampado na primeira página do maior jornal da minha Cidade, acusando-me de ter feito uma reeleicao sorrateira;
- ficaria enrubescido no corpo inteiro ao ver o outro grande jornal da minha Cidade, acusando-me da mesma coisa que o outro;
- teria dores de estômago ao perceber que a mídia de todo País condenava os meus métodos de reeleicao;
- setirme-ia- pior ainda ao verificar que ate a mídia não especializada desviara atenção para a minha reeleicao, acusando-a de ilegitima;
- pediria para sair se constatasse que o que eu fiz não agradou a ninguem, principalmente aos Atletas, que deveriam ser a voz mais importante a ser ouvida;
- enfiaria a cabeça no primeiro buraco da praia de Ipanema, feito um siri, ao prometer mundos e fundos em algum dossie de candidatura em realização de obras de infra-estrutura para o povo da minha Cidade e não ter cumprido uma meta sequer. Não teria coragem de jogar a culpa disso em cima dos Poderes Públicos;
- teria catapora ao mostrar aos membros da Organização Desportiva Pan-Americana ("ODEPA") que não fiz construir uma única dessas obras e que os "elefantes brancos" que edifiquei não ficaram, ao menos, à disposição do povo para, livremente, praticar esportes;
- ficaria sem voz ao constatar que, apesar dos bilhoes de Reais de dinheiro público empenhados nos Jogos Pan-Americanos, a opinião especializada concluísse que o legado para a minha Cidade fora zero;
- não saberia aonde enfiar a cara se o Tribunal de Contas do meu próprio País desse um retumbante NÃO à minha prestação de contas sobre alguma competiçao internacional realizada sob os meus auspicios;
- não faria de nenhuma Cidade do meu Pais candidata à sede de Jogos Olimpicos enquanto não fossemos uma potência economica com distribuição justa de renda, em saúde, educação, transporte, moradia, segurança, meio ambiente, cultura e tantos outros itens;
- pediria ao Governo que, em vez de empenhar milhões e milhões de Reais em uma candidatura fadada ao fracasso, aplicasse esse dinheiro na base do esporte, nas escolas públicas de ensino elementar. Eu colocaria minha experiência à serviço do Governo para auxiliar nessa tarefa. Chamaria de demagogo o Prefeito, Governador, ou Presidente que quisesse trazer uma Olimpíada para o Brasil;
- eu respeitaria a lei e faria licitação para todos os servicos contratados com terceiros;
- eu acabaria com intermediários, desnecessários, como agências de viagens, que ganham comissões às custas das reservas de passagens e hoteis comprados à partir do Comitê;
- eu não deixaria que qualquer membro do Comitê tivesse qualquer relacionamento empresarial com interesses financeiros ligados à àrea de esportes;
- eu tentaria passar ao povo a mensagem de que ser potência olimpica a qualquer custo é uma idiotice. Eu diria que mais importante do que contar medalhas é desenvolver na juventude o gosto pela prática do esporte para se ter uma nação mais saudável. Que após muitos anos, criando-se no País uma mentalidade Olimpica, da quantidade tiraríamos a qualidade:
- aliás, lutaria para que o Ministerio da Educação incluisse em seu programa básico de ensino a obrigatoriedade de aulas de Olimpismo, na disciplina de educação fisica, ou de história. Isso também obrigaria aos Professores estudar a materia;
- não "babaria ovo" para Presidente, Ministro, Secretário, patrocinador ou quem quer que fosse. Agiria com educação, mas não me afastaria, nunca, de meus princípios olímpicos, sendo capaz de criticar, publicamente, qualquer autoridade que eu achasse que devesse ser criticada. E de elogiar quem eu achasse que deveria ser elogiado;
- não teria o rabo preso com ninguém;
- estimularia às críticas dos outros a mim mesmo e as analisaria com humildade para, quem sabe, corrigir rumos;
- responderia a todas as perguntas da imprensa, sem destratar qualquer repórter, mesmo quando julgasse que algumas perguntas fossem provocativas. Esse, também, é o oficio deles;
- faria definições claras para a distribuição do dinheiro da Lei Piva;
- certamente, não faria sozinho esses critérios. Chamaria as Confederações, Federações, Clubes e Atletas a dar sugestoes;
- não concordaria com a "meritocracia" em que os esportes mais ricos, por terem outras fontes de renda, estariam sempre em primeiro lugar;
- tentaria achar uma forma justa de dar mais a quem tem menos, as chamadas Confederaçoes menos prestigiadas;
- exigiria das Confederações que, como um dos critérios para o repasse de verba, fosse apresentado ao Comitê a realização de trabalhos sociais, do desenvolvimento do seu esporte em comunidades pobres;
- acabaria com essas seleções permanentes e centros de excelência "de faz de conta". Ao mesmo tempo em que exigiria disciplina dos Atletas de alto rendimento, o deixaria livres para treinar em seus clubes (célula mater do esporte brasileiro), vivendo em suas Cidades, ao lado de suas familias. As seleções poderiam reunir-se, talvez, uma vez por mes. Por princípio, os Atletas de alto rendimento devem ser responsáveis por sua vida regrada. Temos que confiar no bom senso de cada um deles;
- repassaria a maior parte do dinheiro público às Confederações, às Federações, aos Clubes e ao Atletas, porque quem menos precisa de dinheiro é o proprio Comitê, cuja função não é formar o Atleta. É a de dar condições para isso;
- acabaria com verbas altíssimas de "manutenção da entidade" e daria outra destinação a essas quantias. Certamente iria para o desenvolvimento do esporte;
- daria menos festas;
- não faria publicidade nem do Comitê, muito menos de mim mesmo, com dinheiro da entidade;
- exigiria prestação rígida de contas e não admitiria um só deslize. Tratar com dinheiro publico é coisa muito séria;
- eu daria liberdade de Associação à Academia Olímpica Brasileira, deixando com que seus próprios Membros escolhessem a sua diretoria;
- apoiaria os Estudos Olímpicos, pois a base de tudo isso nada mais é do que o Olimpismo como uma filosofia de vida a ser difundida na sociedade;
- não faria média com Confederações, levando à Jogos Olimpicos Atletas com índices fracos, apenas para inchar a delegação e sair por ai dizendo "essa é a maior delegaçao bla, bla, bla…" E daí que é a maior delegação? Jogos Olímpicos coroam a vida de um Atleta e não é lugar para se ganhar experiência;
- reduziria meu próprio mandato para uma eleição de quatro anos, com direito a uma única reeleição;
- lutaria para que o mesmo fosse feito com as Federações e Confederações;
- eu revogaria, de cara, o artigo 26 dos Estatutos do Comitê, que impede que qualquer cidadão brasileiro seja candidato à Presidente e Vice-Presidente da entidade, a qual, hoje, vive do dinheiro do povo;
- faria constar dos contratos de patrocínio assinados com empresas privadas, uma cláusula inversa à de confidencialidade. Uma cláusula que exigisse do Comitê dar publicidade àqueles contratos. Se as partes não têm nada a esconder, esse é o único caminho;
- incentivaria a literatura olímpica e esportiva de uma maneira geral, de forma mais democrática;
- tentaria dar aos nossos talentos excepcionias o tratamento especial que eles merecem. Mas não os confinaria em "campos de concentração". Eu teria que acreditar no bom senso desses Atletas e em sua auto-disciplina. Se ele quer ser um grande Atleta, deve partir dele, antes de tudo, a responsabilidade pelos seus atos. Atleta-talento sem responsabilidade não é Atleta. Quem tem a perder é somente ele. E perderia mesmo, se fosse um irresponsável e não soubesse aproveitar as boas oportunidades;
- eu daria mais ênfase às competições nacionais estudantis e universitárias. O esporte universitário é uma das coisas mais bonitas que existem nesse meio;
- lutaria pela criação de uma agência nacional de esportes, a ser tocada por técnicos com mandato, livres de influências politicas, para fazer um planejamento a longo prazo para o esporte brasileiro;
- eu acabaria com a Casa Brasil em Jogos Olímpicos, que acaba não servindo para nada. Ou se quisessem fazê-la, que fosse por conta e ordem da iniciativa privada;
- eu não levaria presentinhos para os Membros do Comitê Internacional Olímpico. Isso não dá prestigio a ninguém. Eu tentaria obter o prestígio deles pela seriedade e clareza de minhas posições;
- exerceria a função com autoridade, mas, nunca, com autoritarismo;- eu acho que eu seria o maior crítico de mim mesmo, que seria capaz até de me fazer auto-oposição em alguns momentos.
Postado no blog de Juca Kfouri na segunda-feira
http://albertomurray.wordpress.com:80/

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Salve-se quem puder

O Avaí joga às 19h30 desta terça-feira contra o Brasiliense no estádio da Ressacada. A perspectiva é de casa cheia porque uma vitória colocará o Avaí na série A. A direção do clube admite que dormiu no ponto e tentou muito tarde a mudança, perdendo o prazo de dez dias previsto pelo Estatuto do Torcedor para alterações de horário ou local das partidas. Tudo bem que temos uma legislação a cumprir, mas faltou força política e de argumentação para convencer a diretoria da CBF sobre a impropriedade do que determina a tabela. Nesse caso o bom senso e questões de segurança deveriam se sobrepor, uma vez que o fluxo de trânsito no horário previsto para a partida deixará parte da Ilha paralisada. Usuários do Aeroporto Hercílio Luz e moradores da região, principalmente, conhecerão o inferno.

É uma casa brasileira, com certeza

A CBF faz jus hoje, como nenhum outro estabelecimento do gênero, à denominação de “casa da Mãe Joana”. Como justificar um amistoso em Brasília semana que vem contra Portugal em cima da fase final do Campeonato Brasileiro e da Copa Sul-Americana? São Paulo, candidato ao título da competição nacional, e Internacional, na semi-final sul-americana, têm jogadores convocados. A burrice e a irresponsabilidade andam juntas nesse episódio. Acrescentemos, ainda, a viagem de Dunga a Portugal para promover o amistoso. E desde quando a seleção brasileira precisou de promoção para seus jogos? Ricardo Teixeira e sua trupe não cansam de se superar.

O Gallo cantou certo

O técnico Alexandre Gallo saiu do Figueirense porque não aceitou as diretrizes do departamento de futebol do clube e a fragilidade do time para enfrentar o Campeonato Brasileiro. Na época, lembro bem, Gallo pediu a contratação de reforços de qualidade e não apenas de jogadores que viessem a aumentar o come e dorme, como acabou acontecendo. O treinador abandonou o barco antes que afundasse, realidade atual para desespero do seu torcedor, enganado antes, durante e depois do canto profético do Gallo. A situação do Figueirense hoje já é pior do que a do Criciúma, porque abaixo, na primeira divisão, tem somente o Ipatinga. Na série B o CRB de Alagoas está matematicamente rebaixado.

A "via crucis"

A possibilidade de rebaixamento para dois times catarinenses é concreta. O Figueirense é o penúltimo da série A com 35 pontos e quatro jogos a cumprir: São Paulo (f), Náutico (c), Botafogo (f) e Inter (c ). O Criciúma é o primeiro na zona de rebaixamento da série B, 36 pontos, e também com quatro jogos pela frente: Marília (f), Gama e Santo André (c ) e Ponte Preta (f). A diferença é que na série A as quatro vagas estão em aberto.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Campeão de audiência

Outro dia fiz um comentário sobre as qualificações de Muricy Ramalho e Mano Menezes, para mim os melhores técnicos em atividade hoje no futebol brasileiro. Por inúmeras razões, uma delas descrita abaixo, deixei fora da análise Wanderlei Luxemburgo, até dias atrás o mais badalado de todos. No dia em que a coluna foi publicada fiquei sabendo da participação de Wanderlei como comentarista da Globo no jogo em que o time B do Palmeiras enfrentava fora de casa o Argentino Juniors pela Copa Sul-Americana. Além de não viajar para a Argentina – a pretexto de preparar o grupo que ficou em São Paulo para o confronto contra o Grêmio pelo Brasileiro -, ainda mandou um grupo de apenas 14 jogadores, entregues pelo seu comandante à fúria dos argentinos que prometiam forra das brigas que aconteceram no jogo de ida no Parque Antártica. Alguns conselheiros palmeirenses foram tirar satisfações da diretoria pela postura nada profissional do seu treinador, useiro e vezeiro em incidentes extra-campo, além da inconveniente duplicidade de ações, como técnico e agenciador de jogadores. Que a Globo se preste, aceitando o homem como comentarista eventual, vá lá, é briga por audiência, coisa e tal. Mas é com esse e outros comportamentos similares que Luxemburgo derruba seu currículo de técnico competente, cheio de conquistas. Os holofotes e a mídia fazem muito mal ao Luxa e lhe tiram, (e felizmente, a meu modo de ver) qualquer possibilidade de um dia virar empregado de Ricardo Teixeira na CBF.

Circo mambembe

Façam uma visita aos principais equipamentos esportivos existentes em Florianópolis e tentem descobrir algum que hoje possa receber um grande evento. A busca será infrutífera. Não temos nada que preste, apesar das muitas promessas de candidatos ou mesmo prefeitos eleitos. Como piada li e ouvi outro dia sobre a possibilidade de se construir uma Arena em Canasvieiras, pasmem, para apenas cinco mil pessoas. Para a cobertura poderão utilizar aquelas lonas remendadas dos cirquinhos mambembes que circulam pelo interior do Brasil.



quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O crepúsculo da autoridade

No final da tarde da quarta-feira sai de casa de carro, no meio de mais um temporal que em poucos minutos inundou ruas, desligou semáforos e deixou o trânsito daquele jeito que todo mundo imagina. Policiais militares e guardas municipais nessa hora devem correr pra baixo das marquises ou para seus quartéis, o que é mais provável. Desaparecem todos das ruas, justamente no momento em que a cidade mais precisa deles. Os tapetes pretos do Dário espalhados pela Capital dão a sua contribuição ao caos, graças à péssima qualidade do asfalto e aos bueiros rebaixados servindo de armadilhas para rodas e suspensões de nossos carrinhos populares. Além de não darem conta da vazão da enxurrada, inundando ruas e avenidas, ditas vias de escoamento rápido. Só se for dos policiais e guardinhas, pela rapidez com que desaparecem. A propósito, vou lançar campanha para aquisição de capas e guarda-chuvas para que a chuva não volte a intimidar nossas autoridades do trânsito e assemelhados. E também vou ficar torcendo para que a bandidagem não se dê conta do estado de abandono a que fica submetida a população ao cair da tarde.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Invasão de privacidade

“Há muito tempo o jornalismo esportivo deixou de ser uma atividade do jornalismo, porque qualquer um pode ser comentarista, até ex-jogador que não domina a escrita e muito menos sabe falar. Pela lógica de quem os contrata, o juíz e o delegado para julgar e prender um ladrão terá que ser um ex-ladrão.Na verdade, estamos cheios de torcedores privilegiados que ganham para torcer e não para relatar os fatos. O que interessa é o Brasiiiiillll e não o evento, o esporte e a reputação deste”. (Paulo Brito, jornalista e comentarista da Rádio CBN) Esse assunto levantado pelo colega da RBS já vem me incomodando há muito tempo, na verdade desde que os primeiros casos começaram a acontecer nas emissoras de rádio. As tevês abertas seguiram o rastro e passaram a ter comentaristas “convidados” – para burlar a lei - entre ex-jogadores e treinadores ainda em atividade. Estes últimos invadiram o espaço dos jornalistas como um jeito de permanecer na vitrine, fazendo um conveniente vai-e-vem entre as duas profissões. Agora as tevês por assinatura estão enchendo suas transmissões esportivas e programas de debates com a mesma toada de ex-atletas, alguns sem terem passado pelo Mobral. A ausência do senso crítico e a falta de preparo, trocados pelo ufanismo inconseqüente, tiraram do telespectador/ouvinte a possibilidade de receber a informação séria e condizente com os princípios básicos do bom jornalismo.

Bons moços

A escolha de Maradona para técnico da seleção argentina virou polêmica no mundo inteiro, basicamente por causa do envolvimento com drogas no seu tempo de jogador. Ele já foi pré-julgado sem ao menos sentir o gostinho dos primeiros passos em sua nova profissão. As discussões continuam em cima também da sua inexperiência, a exemplo do que aconteceu com Dunga que agora começa a ser duramente contestado por causa dos resultados da seleção brasileira. Num e outro caso as críticas deveriam se resumir ao trabalho, ao desempenho como comandantes de grupos importantes como são as seleções destes dois países. A não ser que a vida particular interfira, hipótese que mistura o passado com o presente de Maradona. Nada a ver, acho eu. O bom mocismo de Dunga por enquanto não tem ajudado muito na sua função de treinador.

Muricy Menezes

Muricy Ramalho e Mano Menezes são os melhores técnicos em atividade hoje no Brasil. O trabalho dos dois, um provável campeão da série A com o São Paulo, o outro da série B com o Corínthians, os coloca em evidência não só no Campeonato Brasileiro, mas também como sérios candidatos a um futuro na seleção brasileira. O único empecilho para ambos seria, quem sabe, a política que permeia as relações da CBF e Ricardo Teixeira com os profissionais escolhidos para o cargo. Muricy e Mano têm um traço comum, às vezes confundido com mau humor, que é a seriedade com que encaram a profissão. Ao contrário de outros treinadores em atividade, muito suscetíveis à mídia e às luzes da ribalta.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tapando o sol com a peneira

A delegação do Figueirense voltou de Porto Alegre reclamando muito da arbitragem do baiano Jaílson Macedo Freitas. As críticas mais contundentes partiram do técnico Mário Sérgio que classificou Jaílson de árbitro caseiro, uma queixa comum nesta fase final do Campeonato Brasileiro. Concordo com o xará no que se refere a alguns lances no empate com o Grêmio no Olímpico e acrescento minha opinião no que diz respeito à arbitragem de um modo geral, uma porcaria este ano. No jogo em questão, não se justifica a escalação de um árbitro de segunda linha em confronto que envolvia, até então, o líder da competição. No mais o Figueirense começa a perder a razão com a falta de qualidade do time, principalmente dos atacantes. Contra o Grêmio eles apenas aumentaram a série impressionante de gols perdidos e que têm derrubado a equipe em vários jogos. As arbitragens são muito ruins, tenho dito, mas não muito abaixo da condição técnica exibida atualmente pelo Figueirense, razão principal para sua colocação na zona de rebaixamento. A situação é tão ruim que, em outros tempos, um empate na casa do Grêmio seria comemorado como vitória e serviria para melhorar ainda mais a classificação e não para empurrar o time para o grupo da morte.

Ganhou mas não levou

Foram tantas as trapalhadas da Ferrari em 2008 que nem uma vitória em casa do seu piloto número um no último GP serviu para salvar a temporada de Felipe Massa, encerrada com o pódio mais triste de um vencedor de prova. A equipe tem uma grande dívida a saldar com o brasileiro tantos foram os erros de box no ano. Em Interlagos Massa foi campeão por exatos 38 segundos, o tempo que Lewis Hamilton levou para garantir o quinto lugar e o título na última curva na última volta da última prova.